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À maneira como humanos mensuram tais
coisas, Lua Argêntea é uma cidade
surpreendentemente antiga. Em suas partes mais
velhas (as ruas do Aterro Norte, a oeste do
Mercado e mais próximas ao rio), algumas
das mais humildes construções
permanecem mais ou menos intocáveis por
quase seis séculos – ao passo que
estruturas maiores são mais novas ou
modificações ou reconstruções
de suas formas originais.
A
maior parte da "velha Lua Argêntea"
contém vigorosas construções
de troncos de madeira, e compartilham algumas
características comuns: não existem
janelas ou somente aberturas altas e estreitas
nos lados em que sopram os ventos (norte e nordeste),
e mais portas de entrada elevadas (contra a
obstrução por neve) nas paredes
localizadas mais ao sul. Uma escada exterior
sobe as paredes ao sul, vinda do leste, protegida
por uma parede que forma um "escudo de
neve" no oeste, que se projeta do edifício
como um suporte para dar alguma proteção
contra o congelamento dos degraus, ou os ventos
penetrantes que sopram quando a porta é
usada. As paredes são grossas, às
vezes divididas em uma parte interna, um intervalo
preenchido com cascalho, e a parede externa.
Os telhados são feitos com telhas de
ardósia ou madeira, com um declive acentuado
a fim de fazer a neve escorrer. Ripas verticais
se projetam do plano do telhado sempre os adornando
(como os que são feitos hoje) e a neve
e o gelo são quebrados em finas cascatas
quando caem, ao contrário do que acontece
nos telhados com grandes dimensões que
deixam cair grandes quantidades de neve que
podem causar atordoamento ou mesmo matar aqueles
que estão embaixo.
As construções mais modernas em
Lua Argêntea sempre têm telhados
ondulados e polidos que formam canais de drenagem
e tentam direcionar os ventos que passam, mas
entre os mais recentes e os pequenos prédios
da velha Lua Argêntea (geralmente estruturas
retangulares que possuem lojas no nível
da rua, com depósito de artigos embaixo
e um ou dois pisos de apartamentos acima) são
muitos os que compartilham uma característica
arquitetônica muito popular na cidade
de Lua Argêntea: "as portas lunares."
Quem colocou este nome nestas portas em miniaturas
ninguém sabe, mas ele é obviamente
derivado da lua que se apresenta tão
proeminente no nome e lendas da cidade. Portas
lunares não têm nada a ver diretamente
com o luar, mas podem ter vários usos
noturnos; são escotilhas ou "portas
para gatos" feitas nas portas normais maiores
(do tamanho humano) – em outras palavras,
são "portas dentro das portas".
Portas lunares são obviamente um risco
à segurança dos ocupantes e dos
alimentos dentro de uma casa, principalmente
se eles não tiverem os trincos ou trancas
comuns às portas maiores – e nos
tempos mais antigos e sem leis, o risco deveria
ser bem maior do que hoje. Ainda assim, quase
todos os prédios que não são
cívicos ou religiosos na Gema do Norte
possuem portas lunares – e estas são
quase sempre são ornamentadas ao invés
de terem traços discretos.
Portas lunares foram usadas para o que ainda
hoje é chamado de "entregas"
(recepção de pacotes, mensagens
escritas [incluindo pagamentos, contas e notícias
cívicas], e até leite fresco),
bem como para o tráfego de animais de
estimação. Inevitavelmente, com
o passar do tempo, tais "animais"
incluíram criaturas intrusas indesejadas,
treinadas por espiões e ladrões.
Com a prevalência de belas, largas e mágicas
janelas de vidro na Gema do Norte hoje, entradas
forçadas de pequenas criaturas são
tanto possíveis e mais prováveis
do que na menor e mais cuidadosa Lua Argêntea
do passado. Entretanto, as portas lunares caíram
de moda com as construções modernas,
mais aptas a esconderem uma escotilha separada
ou uma pequena porta atrás de feras esculpidas
ou pilares nas laterais da entrada, ou entre
colunas que se projetam da parede (mas que são
separadas da mesma), ao invés de entalharem
uma pequena porta diretamente sobre o material
da porta maior.
Freqüentemente, feitiços ilusórios
ou entalhes hábeis escondem as portas
lunares que existem em construções
recentes de Lua Argêntea, e as portas
também permitem entrada não diretamente
ao interior, mas em uma cavidade de pedra que
possui uma segunda porta interior (fortemente
trancada e aferrolhada ou impedida), com um
"olho mágico" de vidro ou mica
conectando-a ao interior do edifício.
Assim, as coisas que entram na porta podem ser
examinadas antes de passarem completamente.
Também, e não menos importante,
ninguém pode usar uma porta lunar para
acertar uma flecha de fogo ou um virote de besta
no corpo de alguém do outro lado da porta
(o velho ataque "bate e incendeia").
Entretanto, algumas poucas portas lunares ainda
estão sendo construídas em Lua
Argêntea por motivos menos mortais e desagradáveis…
Leia mais sobre os tipos de portas lunares
que você pode encontrar em Lua Argêntea
na próxima parte deste artigo.

Sobre o Autor
Ed Greenwood é o homem que lançou os Reinos
Esquecidos em um mundo que não os esperava.
Ele trabalha em bibliotecas, escreve fantasia,
ficção científica, terror, mistério e até estórias
de romance (às vezes coloca tudo isto em um
mesmo livro), mas está ainda mais feliz escrevendo
Conhecimento dos Reinos, Conhecimento dos Reinos
e mais Conhecimento dos Reinos. Ainda existem
alguns quartos em sua casa com espaço para empilhar
seus escritos.
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