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Por Sabrina Lattanzi





Homeland Parte 2
(Dark Elf Trilogy Book I)

de R. A. Salvatore

Na primeira parte dessa resenha, vimos como funcionam os principais aspectos da sociedade drow. Na parte a seguir, veremos como a trama se desenrola e como Drizzt decidiu seguir o caminho oposto aos seus semelhantes, rumo à solitária vida que ele levará no Subterrâneo em Exile (Exílio), o segundo livro da série.

A queda da casa DeVir e a ascensão da casa Do’Urden

A história começa de uma maneira bastante incomum: no meio de uma verdadeira ‘guerra’ entre duas casas drow. Na verdade, ‘guerra’ não é bem a palavra que possa descrever o conflito inicial do livro, afinal, a casa DeVir está em completa desvantagem ao se ver em desfavor com Lolth. Podemos dizer que a história começa com a aniquilação da casa DeVir.

Como vimos na resenha anterior, estar em desfavor com Lolth é estar à mercê do pior destino que se possa imaginar. E o desfavor no qual a casa DeVir se encontra será o motivo que a levará para a destruição. Aproveitando-se desse momento, a casa Do’Urden, sob o comando da matrona Malice, a atacará para se tornar a nona casa na hierarquia de Mezoberranzan.

Drizzt nasce exatamente no meio desse conflito. Enquanto todos os seus familiares estão agindo para exterminar a casa DeVir, a matrona Malice usa a própria dor do parto para atacar a casa inimiga diretamente. E assim Drizzt nasce, com um único propósito: ser sacrificado a Lolth, como todo terceiro filho homem de uma família drow. Mas, por um acaso do destino, Dinin, irmão mais velho de Drizzt, resolve aproveitar-se do conflito e matar o irmão mais velho de ambos, para assim tornar-se o primogênito. Considerando esse fato um ‘sacrifício’ aceito por Lolth, Drizzt é poupado.

Embora a casa Do’Urden consiga realizar seu objetivo com bastante facilidade, eles deixam apenas um sobrevivente do massacre: o aprendiz da academia de magos Alton DeVir. Decidido a se vingar da casa que exterminou a sua, ele mata seu mestre (chamado de ‘O Sem Rosto’ por ter sido deformado por seus próprios experimentos. Ele fez um acordo com a casa Do’Urden para exterminar o jovem Alton, em troca de uma solução para sua aparência. Mas ele falha em sua incumbência) e toma seu lugar, aguardando o momento certo para descobrir a casa autora do massacre. Logo ele recebe o apoio de outra casa, e é ‘adotado’ pela matrona SiNafay, da casa Hun’ett, que certamente deseja se aproveitar da falha da casa Do’Urden para usá-la em um momento propício (como é de se esperar de toda casa drow):

“O clamor de Alton DeVir contra a casa Do’Urden pode trabalhar em nosso favor. Ele era um nobre da casa, com direitos de acusação (...)”
“Você quer usar a acusação de Alton DeVir para fazer as grandes casas punirem a casa Do’Urden?”
“A casa Do’Urden executou a destruição da casa DeVir quase com perfeição – morte limpa. Falar abertamente contra a casa Do’Urden agora levantaria a ira das grandes casas sobre nós (...) Mas com a acusação de Alton DeVir nas orelhas certas, o conselho poderia ver de outra forma, se uma casa sozinha tomasse a vingança de Alton para si.”
“Para quê? (...) Você arriscaria as perdas de uma batalha pela destruição de uma casa menor?”
“Assim pensava a casa Do’Urden (...) No nosso mundo, precisamos nos preocupar tanto com as casas grandes quanto com as menores.”


A adolescência de Drizzt e a Academia de Melee-Magthere

Durante os 16 primeiros anos de vida, Drizzt é praticamente criado por sua irmã Vierna, que pode ser considerada a mais ‘bondosa’ de todas as drows que Drizzt conhecia até então. Após esses 16 primeiros anos nos quais ele passou sob chicotadas e tarefas simplórias de cuidado com o templo, aprendendo as bases da linguagem, magia e costumes do seu povo, Drizzt é encaminhado para continuar seus estudos. Mas, por uma razão desconhecida, desde cedo Drizzt aparenta ser diferente dos outros, como observa sua irmã Vierna:

“Esse é diferente (...) mais do que na cor dos olhos.”
“De que jeito? - perguntou Zaknafein (...)
“É difícil dizer (...) Ele é tão inteligente quanto qualquer criança que conheci, ele podia levitar aos cinco anos. Ainda assim, após ele se tornar um pagem, eu levei semanas o punindo para fazê-lo manter seu olhar no chão, como se esse simples ato não fosse natural à sua personalidade.”


Zaknafein, pai de Drizzt, vê nessa diferença uma possibilidade de tornar aquele jovem diferente dos outros, como se ele pudesse se redimir daquela vida através de Drizzt. Zak parecia o único drow em toda aquela cidade que compreendia os caminhos de sua raça, que sentia um peso no peito ao cometer atos que ele, e apenas ele, considerava um crime. E então assim que convence a matrona Do’Urden a permitir que Drizzt seguisse o caminho da espada e assim ficar sob sua tutela (ela desejava que Drizzt se tornasse um mago), Zaknafein tentará ‘salvar’ Drizzt daquela terrível realidade. Mas Zak não terá muitos problemas em fazê-lo: Drizzt parece naturalmente inclinado a não aderir aos modos de seu povo ao se horrorizar naturalmente com a naturalidade do assassinato e da crueldade ao seu redor. Porém, percebendo essa ‘falha’ na personalidade de Drizzt, sua própria mãe e irmãs tentarão, por diversas vezes, destruir o que elas denominam como um guerreiro drow ‘que não se encaixa’. Drizzt perderá sua ‘inocência’ ao ser obrigado a matar pela primeira vez, para em seguida seguir seu caminho rumo à Academia, destino esse temido por Zaknafein:

“Não o envie! (...) Eles o arruinarão!”
“Ele vai – [Malice] disse calmamente (...) Há outras lições para ele aprender.”
“Lições de traição? – Zak atirou (...)”
“A lição delas quase acabara com o menino e, talvez, tenha tirado para sempre os ideais que Drizzt agarrava com tanto carinho. Drizzt acharia sua moral e princípios difíceis de acreditar agora que o pedestal de pureza havia sido retirado bem de baixo dele.”


Dessa maneira, com seus princípios inconscientes abalados, Drizzt é enviado para a Academia, e lá passará os próximos dez anos, muito bem resumidos nas seguintes palavras:

“Todos os dias, Drizzt e seus colegas de classe eram sujeitos a vários elogios à Rainha Aranha, contos e profecias de seu poder e das recompensas que ela dava a seus serviçais fiéis.
Escravos – teria sido uma palavra melhor, Drizzt percebeu, pois em lugar algum dessa grande escola à deusa drow ele encontrou qualquer sinônimo ou sequer uma dica da palavra amor (...)
Tudo parecia errado no coração de Drizzt.”


Após todas as provações pelas quais passou durante seus anos de Academia, tentando adaptar-se à sua realidade mas sentindo um desejo inconsciente de negá-la, Drizzt estava perdido entre as supostas verdades contadas por seu povo e a forte dúvida em seu peito. Talvez a única prova concreta da tendência de Drizzt até então seja a afeição natural que Guenhwyvar, um ser mágico que está em poder de um outro drow da família Hun’ett, sente por Drizzt. Mas é após sua primeira ida à superfície que Drizzt define de vez sua natureza e seus sentimentos.

“Enquanto os outros pareciam nervosos sob aquelas luzes reveladores, Drizzt descobriu seu olhar na direção do céu para os incontáveis pontos místicos piscantes. Banhado na luz das estrelas, ele sentiu seu coração ascender (...)Transfigurado pela alegria das brincadeiras dos elfos da superfície, Drizzt mal notou os comandos de seu irmão na linguagem de sinais. Muitas crianças dançavam em meio aos outros (...)
Eles pareciam tão inocentes, tão cheios de vida e anseios, e obviamente estavam ligados uns aos outros por uma amizade mais profunda do que qualquer outra que ele jamais conheceu em Mezoberranzan (...)
Drizzt queria parar seu irmão e os outros, queria fazer eles esperarem e observarem os elfos da superfície que eles tão rapidamente chamavam de inimigos (...)
Ódio, horror, angústia e uma dúzia de outros sentimentos invadiram Drizzt naquele momento. Ele queria escapar de seus sentimentos, queria se perder no frenesi cego de seus semelhantes e aceitar aquela terrível realidade (...)
Ele quase o fizera. Ele quase havia tirado a vida dos olhos brilhantes daquela criança. No último momento, ela olhou para ele, os olhos dela como um espelho escuro dentro do coração negro de Drizzt. No reflexo deles, a imagem reversa do ódio que guiava sua mão, Drizzt Do’Urden encontrou a si mesmo.”


Após decidir definitivamente sua posição em meio aos seus, Drizzt caminha para a conclusão da história e para a decisão que mudaria sua vida para sempre.

Conclusão

Após negar por completo os caminhos de seu povo, Drizzt não mais conseguirá esconder sua aversão, e ela será definitiva para o destino que cairá sobre sua família. Ao se recusar a matar a jovem elfa da superfície, Drizzt fez com que Lolth desfavorecesse os Do’Urden, e cada ação sua daquele ponto em diante seria definitiva para a queda deles, inclusive quando Drizzt também poupa a vida de Belwar, um gnomo das profundezas que se tornará um fiel companheiro em sua caminhada pelo Subterrâneo no próximo livro. Mas o ‘novo’ coração de Drizzt não poderia ficar em segredo por muito tempo, e logo a matrona Malice descobre a verdade sobre ele. Decidida a mais uma vez reduzir o número de casas diante da sua derrotando a casa Hun’ett, Malice se vê em desfavor com Lolth e precisa desesperadamente reparar o erro de Drizzt. Zaknafein, convencido de que seu filho poderia se salvar, decide entregar-se em sacrifício a Lolth no lugar de Drizzt.

Em um último gesto de sobrevivência, Drizzt decide acaba matando Alton DeVir e Masoj Hun’ett: Alton, que desejava vingança pelos crimes do passado; Masoj, que desejava eliminar seu inimigo em potencial por inveja e poder. Mas aquelas duas mortes pesam no coração de Drizzt a ponto de ele jurar a si mesmo que jamais mataria outro drow novamente. E mesmo após inconscientemente ajudar sua família na luta pelo poder, Drizzt descobre o sacrifício de seu pai e decide abandonar de uma vez sua cidade natal e os caminhos cruéis de seu povo, levando consigo a pantera que seria sua única companheira por tanto tempo. Dessa maneira, ele anuncia finalmente sua postura à sua mãe, e torna-se inimigo daqueles que um dia foram sua família, deixando tudo para trás em busca de uma vida melhor, onde quer que ela estivesse:

“Você me diz para servir seus planos ruins (...) Eles são uma mentira, assim como nosso - não – seu povo é uma mentira!”
“Sua pele é tão escura quanto a minha – Malice lembrou a ele. – Você é um drow, apesar de jamais ter aprendido o que significa!”
“Oh, eu sei o que significa.”
“Então aja conforme as regras! – a matrona Malice demandou.”
“Suas regras? – Drizzt gritou de volta. – Mas suas regras são uma maldita mentira também, tão mentirosas quanto essa suja aranha que vocês chamam de deusa (...) Um deus verdadeiro amaldiçoe vocês todos (...)”


“Que lugar é esse – Drizzt perguntou ao gato em voz baixa – que eu chamo de lar? Esse é meu povo, por pele e hereditariedade, mas não sou parente deles. Eles estão perdidos e sempre estarão.
Quantos serão como eu, eu me pergunto (...) almas condenadas, assim como Zaknafein, pobre Zak. Faço isso por ele, Ghenhwyvar; eu vou embora pois ele não pôde ir. A vida dele foi minha lição (...)”


“Drizzt deu um passo na direção do túnel, atrás de Ghenhwyvar e deixou Mezoberranzan para trás.”



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