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Adeus Feargal e Villayette

Descrita por Ricardo Iglesias e
Marcelo Piropo


Personagens da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; Laurin de Waukeen, Sir Galthar de Águas Profundas e Kinuk. Os Elfos: Elder Villayette Elkendor; Kariel Elkendor; Feargal Rahl e Lua. Os Halflings: Bingo, Owni e Karnak.


Adeus Feargal e Villayette

O Labirinto da Morte

     A batalha com os vrocks deixaram boa parte do grupo com seqüelas. Kinuk, um dos menos feridos, administrou o seu poder xamã para a cura dos mais necessitados a fim de que estivessem preparados para novos desafios o quanto antes. Invocava o idoso bárbaro seu deus Uthgar, ao qual sempre enaltecia dizento: "Hum! Uthgar maior! Ninguém maior que Uthgar!". Kinuk pediu a Raposa Ancestral, outra de suas divindades, que os guardasse enquanto dormiam. Os deuses atenderam e as árvores os protegeram durante o repouso.

     Ao amanhecer, decidem deixar a carroça e seguir a pé para a mina. Após doze horas de caminhada, às vezes parando aqui e ali para descansar, finalmente chegam às ruínas. Hora de tomar as precauções: Kariel verifica se há algum encantamento agindo sobre a porta de entrada, Karnak e Laurin verificam a presença de armadilha. Nenhum dos aventureiros descobre nada de anormal. Magnus, após estudar a entrada, falou.

     "Vamos derrubar esta porta. Estou cansado de surpresas por causa de portas se fechando. Não quero ficar preso novamente em uma sala com um gás venenoso."
     "Magnus, como pretende derrubar esta porta sem fazer barulho? Lembre-se que ela é feita de bronze. Qualquer pancada irá fazê-la soar como um sino, e todos que estiverem ai saberão que estamos chegando", disse o elfo Elder, receoso.
     "Trouxe comigo um martelo do Abismo e com ele poderíamos arrancar as dobradiças", insistiu Magnus.
     "Deixe-me fazer, Magnus", pediu Feargal, que sabia bem usar esta ferramenta, pois já fora um armeiro. Porém o paladino ignorou completamente o oferecimento.
     "Villa, me responda uma coisa...", vira-se o elfo selvagem para o companheiro, "Sou mesmo necessário nesta Comitiva? Veja como sou ignorado", comentou Feargal, sentindo-se desprezado.
     "Sim, Feargal, você será muito necessário nesta comitiva. Sua presença é indispensável", respondeu-lhe o amigo, que procurava compensar o desprezo demonstrado por Magnus.

     A porta é aberta e uma rampa se apresenta, estendendo-se até perder-se na escuridão. Karnak e Laurin não encontram armadilhas e todos seguem adiante. Ao fim da rampa, uma outra porta de bronze se apresentou. Enquanto observavam a passagem todos sentem-se ligeiramente mal, como se suas vidas estivessem se esvaindo aos poucos. Bingo não suporta aquele mal-estar e decide sair. Seu companheiro Magnus o leva fora da galeria, o halfling se esconde em uma árvore e após insistentes pedidos do pequeno para que tomasse cuidado e retornasse a salvo, o paladino volta para junto de seus amigos. A porta é aberta e segue-se um corredor e mais adiante uma porta dupla, maior que as anteriores. Laurin, após abrirem as portas, percebe que todo o cômodo está repleto de armadilhas. Do outro lado da sala duas portas podiam ser vistas. Infelizmente, não era possível desarmar os traiçoeiros ardis. Seus mecanismos estão longe do alcance das mãos habilidosas de Karnak e a Comitiva teria que se sujeitar.

     Laurin e Kariel são os primeiros a entrar e a ter seu sangue derramado: são feridos na perna por lanças que brotaram da parede. Magnus e Karnak ficam pendurados em alçapões, e Feargal consegue se equilibrar na borda de outro. Elder e Kinuk ainda permanecem do lado de fora da sala. Karnak, livra-se do fosso e consegue abrir uma das portas, mas Magnus não tem a mesma sorte e cai quando o alçapão abre novamente. Elder tem uma idéia: pega uma estátua que fazia parte da antiga decoração da mina (trabalho de anões, na certa) e arremessa sobre o piso, na esperança de que ela desative as armadilhas. Mas nada acontece. Então decide correr até onde Magnus estava e também cai em um fosso, Ao contrário do paladino ele desce suavemente (mérito de seu anel mágico). Pouco tempo depois juntam-se ao elfo e ao paladino, Kinuk e Feargal, também vítimas dos alçapões. Agora a Comitiva divide-se em duas. Uma, de Magnus, Elder, Feargal e Kinuki no fosso, e outra, formada por Kariel, Laurin e Karnak, na parte superior, sem opção a não ser prosseguir à frente .

     Lá em cima Karnak, Kariel e Laurin atravessam a porta, deixando para trás a perigosa sala de alçapões e lanças. Prosseguem em um longo e escuro corredor. Laurin não detecta nenhuma armadilha no corredor, mas percebe que o lugar é amaldiçoado. Segundo a sacerdotisa a vida de qualquer criatura do primeiro plano que ali estivesse se extinguiria lentamente. Descobre a serva de Waukeen também uma forma de evitar tal maldição: roga a deusa que a proteja do mal, e pede que Kariel e Karnak sigam próximo a ela. E então prosseguem.

      No fosso, Kinuk pede a Uthgar que ilumine o aposento e uma luz suave preenche a escuridão, somente para revelar uma estranha criatura em um dos cantos. Um ser tirado de um pesadelo, com oito tentáculos com bocas, além de uma boca central descomunal em seu corpo de réptil . Completando a aparência grotesca, uma cauda que terminava em uma pinça. Alguns já haviam cruzado com este tipo de criatura antes, mas ainda assim esta era uma visão com a qual ninguém se acostumaria. O combate então se inicia. Feargal ataca e logo o selvagemo arranca três dos oito tentáculos do monstro. Elder perde a sua Lâmina Lunar, arremessada para longe, quando o monstro antecipa seu golpe. Enquanto aguarda que ela retorne para sua mão, a criatura lança uma baforada ácida, atingindo a todos. Feargal corta mais dois tentáculos e Kinuk e Magnus também atacam. Os outros tentáculos restantes são decepados e Feargal é preso pela pinça na cauda, que o leva à boca principal. Elder tenta cortar a cauda para libertar seu companheiro, mas não consegue um corte bastante profundo. A tempo, o idoso, mas forte Kinuk dá o golpe de misericórdia eliminando a criatura. Eles escalam as paredes irregulares do fosso e sobem por onde caíram, retornando para a nefasta sala. De lá, partem para a porta, cruzada minutos antes pelo restante da Comitiva . Agora em um novo aposento mais seguro, Kinuk cura Elder que estava bastante ferido pelo ácido.

Acerto de contas

     Kariel, Laurin e o halfling Karnak avançam até um novo aposento, uma sala. Laurin verifica e percebe que existem armadilhas em alguns pontos do cômodo e eles seguem-na para evitando acionar algum mecanismo disparador. Ao chegarem no meio do cômodo, foram surpreendidos por dez seres pequenos e alados, conhecidos por diabretes. Eles tentam recuar e atacam com encantamentos. O halfling tomba e Laurin e Kariel não conseguem resgatá-lo e recuam para o corredor, tentando organizar melhor o ataque e refazerem-se da investida dos demônios. Mas são seguidos por quatro dos dez diabretes. Laurin é novamente atacada e cai desacordada. Kariel, tem pouco tempo e uma decisão difícil: quem ajudar? Resolve-se pelo halfling caído, pois o pequeno tinha menos proteção que Laurin e talvez não resistisse por mais tempo. Volta o elfo Escolhido de Mystra para a sala dos diabretes e , junto a Karnak , se vê cercado pelos pequenos demônios.

     Nesta hora de desespero, Tymora lança uma luz. No corredor, Kinuk, Elder, Magnus e Feargal ouvem os sons de luta e correm em direção ao local onde Kariel e Laurin lutavam, ignorando as armadilhas pelo caminho, que por sorte não o atingem. Ao chegarem, Kinuk vendo Laurin caída a cura. Quatro diabretes permaneciam no aposento e os heróis não sabiam onde Kariel e Karnak estavam.

      Villayette, Feargal, Magnus e Kinuk atacaram os quatros oponentes. Na sala a diante, Kariel, de posse de uma das poções de cura, faz o pequeno Karnak, que jazia inerte ao chão, beber. Após derrotarem facilmente os seus oponentes Magnus, Villayette, Feargal, Kinuk e Laurin passam para o próximo aposento, onde Kariel e Karnak preparavam-se para enfrentar os diabretes restantes. O combate não dura muito e os membros da Comitiva, com suas forças combinadas, derrotam-os facilmente, e prosseguem.

     Passam horas andando pelos caminhos escuros e empoeirados. A cada cômodo uma expectativa de um combate, de uma nova armadilha. A apreensão era constante.. Ao final da quarta hora de caminhada eles percebem que há uma trilha no pó que preenchia o chão daquela mina, a séculos abandonada. Decidem seguir o rastro e chegam à uma nova porta. Karnak analisa-a e não detecta nenhuma armadilha, e a abre. Enquanto percorrem o novo salão em direção a uma nova porta, uma armadilha é acionada: o piso desce e uma parede de pedra cai do teto, fechando o local por onde entraram. Alguns correm para a porta da saída para salvarem-se, mas não havia asída: a porta era um engodo. Ao se abrir tudo que se via era pedra. Para surpresa dos aprisionados a parede que fechava a entrada começa a mover-se para esmagá-los.

      Kinuk, Feargal e Magnus tentam segurar a parede, na vã tentativa de pará-la. Sabiam porém que tal esforço, somente estava atrasando suas mortes. Villayette, Kariel, Laurin e Karnak tentam encontrar uma passagem escondida ou um mecanismo que impedisse o avanço da muralha. Em vão. A muralha avançava lentamente. As forças combinadas de Feargal, Magnus e Kinuk não evitavam a sua aproximação, apenas a atrasavam. Kariel, o Dileto de Mystra lança um encantamento na tentativa de reduzir o tamanho da parede, mas só consegue reduzir um único bloco de pedra. Karnak tenta pôr cravos na parte superior da barreira, mas nem isso impedia o seu avanço. Kariel, a pedido de Magnus, cancela o encantamento do bloco, que retorna ao tamanho original e é colocado como obstáculo, para atrasar o avanço da armadilha. Villayette desloca-se até a parede e ajuda a empurrar. Magnus saca sua maça e defere golpes violentos no muro que se aproximava cada vez mais. Feargal, apoiando-se no buraco deixado pelo bloco retirado por Kariel, consegue retirar outro. Karnak, aproveitando de sua estatura de pequenino, atravessa pelo buraco e parte para o cômodo anterior a procura do mecanismo que desativaria a armadilha mortal. Kariel lança um sortilégio e, agora intangível, atravessa a parede. Magnus continua desferindo seus golpes na parede e Villayette o acompanha com sua espada.

      Kariel do outro lado da barreira invoca uma barreira de chamas, com vistas a destruir com o fogo uma gigantesca tora de madeira que impulsionava a parede de encontro aos seus amigos. Karnak não encontra o mecanismo de desarme. A coisa estava ficando desesperadora para Magnus, Kinuk e Feargal, que tinham grandes armaduras. O espaço agora era mínimo. Os únicos que ainda tinham um pouco de movimento, mas que também não se encontravam em boa situação, eram Laurin e Villayette. Este último, na tentativa de impedir ainda mais o avanço da barreira levanta sua Lâmina Lunar e a apóia entre a parede e a barreira, mas sabia ele que de nada aquilo adiantaria. Seria uma questão de tempo para que a lâmina se quebrasse, ou atravessasse a parede. Então um estalo em sua mente o fez gritar para seu sobrinho.

     "Kariel, lance uma bola de fogo a sala. Destrua o mecanismo com uma bola de fogo. Rápido!"
O Dileto de Mystra tinha dúvidas em relação a este procedimento, uma vez que seu companheiro Feargal estava diante da passagem aberta pelo bloco retirado do muro. Ele receberia parte da explosão, mas as vozes de seus companheiros o apressando e a falta de opções o fizeram ignorar tal fato. Então o mago elfo, afastou-se do aposento e gritou para Karnak.

     "Pequeno, proteja-se" E ao fim de seu aviso, pronunciou as palavras arcanas. Uma esfera flamejante tomou forma entre suas mãos e, após as últimas sílabas do encantamento, ele lançou-a de encontro à parede. O grande poder da explosão, para alívio dos que iam ser esmagados, fez o muro desabar.

     Após saírem dos escombros. Eles encontram uma passagem escondida e continuaram sua jornada pelo complexo labiríntico criado pelos filhos de Moradin. Diante deles três opções, havia uma passagem para a esquerda, outra a direita e uma seguia em frente. Novamente Laurin utiliza um de seus encantamentos divinatórios para descobrir o caminho a seguir e então pede a seguinte orientação:

     "Para que lado devemos seguir para encontrar Morienus?", e uma voz ecoou em sua mente      "Todos os caminhos levam ao mesmo lugar, mas não deixe de visitar o templo."
     Laurin retransmite a mensagem e eles decidem continuar seguindo o corredor à frente, evitando abrir portas ou fazer muito barulho. Após algum tempo eles chegam a uma outra encruzilhada. Uma porta brilha momentaneamente chamando a atenção dos aventureiros que seguem em sua direção. Eles a abrem e vêem ao centro uma gigantesca estátua de uma anã com seus filhos. Aquela era a estátua de Berromar, a deusa esposa de Moradin e Mãe dos Anões. Laurin e Karnak tocam a estátua e aproveitam o ambiente protegido para descansar e recuperar suas energias consumidas pela maldição imposta àquele lugar.

     Descansados, retornam para o corredor e continuam sua jornada. Finalmente encontram uma imensa porta dupla e nela uma antiga runa parecia selar a passagem. Kariel então se voltando para seu tio pergunta-o:

     "Elder, sei que conhece runas. Sabe o que esta significa?" Villayette olha calmamente para aquela inscrição e então diz aos amigos.
     "Trata-se de uma runa antiga, correspondente a letra V." Eles aproximam-se da porta e ouvem o som de alguém trabalhando, sons metálicos. Alguém estava lá. Eles preparam-se e então Feargal com a sutileza de um ogro abre a porta, deixando surpreso o maligno ocupante do aposento.
     "Mas como?! Vicárius me deu três dias! Fui traído!", disse Damien Morienus, o Lich.

     Villayette, ao ver o assassino de sua esposa, adiantou-se com as duas espadas em punho. O mesmo fez Magnus e Feargal. Karnak ativou sua misteriosa capa transformando-se em uma sombra e deu a volta pela parede. Laurin criou uma zona com ar purificado, afinal já haviam sido atacado com gás antes e o mesmo ardil não poderia se repetir. Morienus lança uma bola de fogo atingindo Kinuk, Feargal, Magnus, Kariel e Laurin. Villayette ataca Morienus com sua Lâmina Lunar, mas o lich ignora seu golpe. Kariel ataca-o com um feitiço visando neutralizar a mente do lich, mas não obtém sucesso, tendo seu golpe rebatido contra ele. Felizmente, o Dileto de Mystra nada sofre. Semelhante episódio ocorre com Laurin, que teve seu encantamento rebatido por algum sortilégio do mago Lich. Damien Morienus tenta destruir o paladino de Helm, lançando sobre este um raio esverdeado, mas este se esquiva na hora certa. Morienus lança novo feitiço: raios coloridos cortaram o ar e um de cor esmeralda atinge Villayette, que cai desacordado, como se morto estivesse. Feagal atingido por um outro, amarelo, perde sua sanidade. Magnus e Kariel receberam um golpe duro, pois a magia consumira parte de suas vitalidades. Kinuk aproximou-se do elfo caído e deu-lhe a poção que trazia consigo e Villayette desperta. Kariel utiliza uma magia de ilusão, multiplica a imagem de todos na sala, para confundir o inimigo. Kinuk usa a graça de Uthgar e cancela as defesas mágicas de Morienus, e o Lich, vendo-se em desvantagem tenta argumentar.

     "Vocês não podem me matar. Eu lhes direi os planos de Vicárius. Ele é um vassalo de Zilgrat e este, a mando de Graz'zt, deseja trazer uma horda de demônios do Abismo para este plano. Ele deseja conseguir recursos para a Guerra Sangrenta aqui...." - Villayette, Kinuk e Magnus se aproximavam - " Existe um portal que liga este mundo ao Abismo, e eles pretendem utilizá-lo para trazer os exércitos de Zilgrat..."

     "Cale-se miserável, não tenho que ouvir suas súplicas. Você não pensou nisso quando matou minha esposa", disse Villayette preparando-se para atacar, junto com Magnus e Kinuk. Mataram por fim o nefasto mago a golpes de espadas e machado. Villayette após o serviço feito pegou o seu troféu, e então ergueu a cabeça de Damien Morienus e então disse olhando para cima, como se o céu o ouvisse.

     "Aqui está minha amada, como lhe prometi. Aqui está a cabeça daquele que lhe matou. A cabeça de Damien Morienus."

     Karnak, espoliando o cadáver, se aquilo poderia ser chamado de cadáver, retirou dos dedos esqueléticos um belíssimo anel e do pescoço desprovido de cabeça um colar. Ao vasculhar os bolsos encontrou um pequeno livro de anotações. Laurin adiantando-se pega o livro das mãos do pequeno dizendo:

     "Dê-me isto!", e após ter o livro às mãos o põe em sua bolsa. Kariel atento percebe e então pergunta:
     "Que livro é esse Laurin? Por que o esconde? As coisas desta criatura maléfica devem ser destruídas."
     Magnus foi mais radical "É isto que Celerum procura! Nos dê o livro!" exigiu o paladino, indo em direção à jovem sacerdotisa. Villayette se interpôs dizendo:
     "Pare Magnus! Deixe-a em paz!", e tentou segurar o paladino, mas este foi mais rápido. Karnak tentou derrubar Magnus, colocando sorrateiramente seu pé diante do paladino, mas de nada adiantou: Magnus continuava avançando. Kinuk, em uma ultima tentativa, tenta agarrar Magnus, mas também em vão. Magnus avança e toma a bolsa das mãos de Laurin que nada podia fazer diante da fúria do paladino, que lançou os objetos da sacerdotisa ao fogo, deixando a jovem visivelmente atônita e irritada.
     "Minhas coisas! Você jogou minhas coisas no fogo!" E então a jovem deixou o aposento revoltada. Villayette virou-se para Magnus e com duras palavras disse ao amigo:
     "Tem consciência de que o que acabou de fazer foi um afronta direta a Waukeen?". Sem esperar resposta seguiu a jovem Laurin e quando a alcançou meio do caminho ao templo de Berromar pediu:
     "Tenha calma Laurin. Não se exaspere, ponha sua cabeça no lugar...". Apesar do esforço do elfo em apaziguar, a jovem explodiu:
"Não me peça para me acalmar. Vocês não tinham esse direito", disse ela.
     "Mas Laurin... nós tentamos impedi-lo. O que aconteceu foi um erro, não fique revoltada."
Laurin nada respondeu, ignorou as palavras do elfo e se fechou. Villayette ao entrar no templo vendo que nada mais conseguiria daquela mulher deitou-se sobre a mesa de pedra, e fechou seus olhos. Apesar do incidente recente, estava sorrindo, pois ainda trazia em sua mão a cabeça de Damien Morienus.

     Os demais chegaram aos poucos e eles sentaram-se ao redor da grande mesa, Villayette, sentou-se na mesa e olhando para Magnus perguntou:

     "Precisava ter jogado as coisas dela no fogo?"
     "Eu não tinha como pegar o livro dentro da sacola rápido o bastante para que vocês não me detivessem. E você está preocupado com isso? Com as coisas dela? Não pensa na traição que ela cometeu? A sacerdotisa iria entregar o livro a Celerum, o verdadeiro assassino de sua esposa e dos bárbaros Raff e Dell. Isso tudo para aquele maldito se transformar num lich, um servo das trevas que ameaça a vida de outros. É isso mesmo que você quer?", respondeu Magnus exasperado.

     Villayette nada respondeu e voltou-se para seu sobrinho:

      "Até mesmo você Kariel, compactuou com tal barbárie e nada fez para impedir. Por que fizeram isso?"    
      "Não concordo com o método de Magnus, mas prefiro ver o livro destruído do que nas mãos daquele mentiroso", completou Kariel.

     Então Villayette, amargurado com o desfecho daquela situação principalmente pela aprovaçãode seu sobrinho Kariel diante da atitude resoluta de Magnus, continuou seu discurso.

     "Você Magnus lançou ao fogo os pertences de Laurin sem ter a certeza do que se tratava tal livreto? Vejo que em sua obstinação não lhe ocorreu que aquele livro talvez fosse protegido pelo mesmo encantamento do diário de Morienus? Lembrem-se de você mesmo tentou por duas vezes destruí-lo mas não conseguiu. Talvez você tenha destruído os pertences de Laurin em vão."
     "Não podia haver dúvidas, se o livro não for mágico então deve estar em cinzas...", respondeu Magnus.

Após alguns segundos analisando as palavras do elfo, ele levantou-se foi sozinho até a sala onde antes estivera e com suas manoplas revirou as cinzas e para sua surpresa lá estava. Nem mesmo as cinzas maculavam o pequeno livro, que jazia intacto.
De posse do livro, Magnus retornou. Villayette então pediu ao paladino:
     
      "Posso ver este livro? Deixe-me ver se isto é mesmo a tal fórmula. Confie em mim."

     Magnus, a contra gosto, depositou o pequeno livro nas mão do elfo que ao folheá-lo analisando rapidamente seu conteúdo, balançou sua cabeça não acreditando no que ele via. A cada página lida, as palavras não negavam que se tratava de uma fórmula necromântica, mas não se poderia determinar seu funcionamento, somente com mais cuidado chegar-se-ia a uma conclusão. Ao virar a página central ele descobriu uma folha de papel solta que caiu. Tratava-se de um mapa daquele lugar com a localização de uma escada próxima a entrada de onde vieram.

      Enquanto Villayette examinava o mapa, Kariel pediu o livro. Villayette passou-o livro para seu sobrinho que após um rápido exame o guardou, deixando Laurin desapontada.
Karnak, que queria vasculhar o lugar, seguiu escutando pelas portas em sua forma de sombra. Ao aproximar-se de um dos inúmeros aposentos pelos quais em sua forma imaterial adentrava, ouviu uma voz feminina chamá-lo. Ele a ignorou e saiu rapidamente do lugar, dirigindo-se para uma descida que se apresentava. Ele desceu e as formas abissais podiam ser vistas nas paredes daquela escada lá embaixo: dois demônios vigiavam a descida. Ele retorna lentamente e volta para o templo de Berromar para descansar e informar seus companheiros.
Após descansarem todos saíram. Villayette tentou sem sucesso fazer com que Laurin se acalmasse e saiu desapontado do aposento. Em seguida a sacerdotisa desaparece e retorna com Giordano, seu companheiro durante o resgate da deusa Waukeen, deixando a todos surpresos. Villayette, após conversar com o pequeno Karnak , voltou-se para seu sobrinho e pediu:

     "Kariel, deixe-me ficar com o diário. Você viu quem está com Laurin? Giordano, ele é um ladino. Ele pode retirá-lo de você facilmente. Eu poderei guardá-lo. Ele não ousará tomá-lo de mim." Kariel, porém, negou-se a entregar o diário dizendo:
     "Não, meu tio. Não entregarei o diário a você. Tem o coração muito bom e às vezes isto o cega. Lamento, mas não posso atendê-lo." Villayette surpreso com as palavras do sobrinho insistiu, mas Kariel manteve-se irredutível. Elder, irritado com a atitude do sobrinho, voltou-se em particular para Karnak e disse:
     "Está com Kariel. Pode pegá-lo."
     
     Ao fim de suas palavras ele arrependeu-se amargamente do que acabara de fazer, pois naquele momento Kariel soube de seu plano. É capacidade dos Escolhidos de Mystra ouvir as palavras ditas após terem seus nomes pronunciados e Kariel ouvira a parte final do plano de seu tio para arrancar-lhe o diário. O Dileto de Mystra então entregou o diário para que Magnus o escondesse em sua armadura e voltou- se para seu tio Elder, perguntando:

     "Você iria tentar roubá-lo de mim?" Ao que Elder olhou-o nos olhos e falou serenamente.
"Sim Kariel, eu iria. Você sabe que não nos cabe decidir o destino do diário. Não temos como afirmar que ela o dará a Celerum. E depois, se for para ele, caberá a outros derrotá-lo e não nós."
     "Respeito sua opinião, mas discordo. Retendo este livro poderemos evitar que um futuro mal se apresente.", comenta Kariel, pois sendo um arcano, estava ciente de que a ambição de Celerum era se transformar em algo semelhante a Morienus.
Após estas palavras, Villayette seguiu até Laurin e continuou seu caminho e antes de chegarem na descida indicada no mapa ele parou e conversou com a Sacerdotisa:
     "Laurin deixe-me pedir o seu perdão, cometi um erro ao tentar recuperar o diário. Infelizmente não poderei dar-lhe, pois o mesmo está com meu sobrinho e ele não me entregará."
Laurin surpresa, pergunta:
     "Você iria me entregar o diário?", perguntou ela ao elfo.
     "Sim, não aprovo o que aconteceu, mas quero que saiba que não tenho como ajudá-la. Desculpe-me". E então ele e os demais se prepararam para descer a escada.

     Karnak fora o primeiro a descer e, após determinar que o local estava livre, chamou os demais. Laurin após lançar um encantamento de augúrio, obteve a informação de que não deveria atacar o ser que estava à frente. Intrigados eles seguiram pelo corredor e mais adiante avistaram um único demônio, um tipo peludo que se postou diante deles. Elder aproximou-se lentamente e quando chegou perto o demônio falou:

     "Elder....., Elder Villayette.". O elfo ficou surpreso e assim como os demais perguntou:
     "Como sabe meu nome, demônio?"
     "Elder..... sou eu..... Lua....", respondeu o demônio para surpresa geral. Era Lua, a jovem e bela elfa, transformada em um demônio, que ficara no Abismo após o resgate da deusa Waukeen. Todos acreditavam que ela estivesse morta.
     "Este é o complexo do Lorde Abissal Zilgrat. Vicárius é um lacaio dele e tem o conhecimento da presença de vocês. Fujam enquanto podem.Vão embora"
     "Não Lua. Não iremos. Nós derrotamos Morienus e sabemos da existência do portal e por isso temos que destruí-lo"
     "Vocês não entendem. Vicárius facilitou para que vocês enfrentassem Morienus. Ele sabe que vocês estão aqui e está preparando uma armadilha". Então ela explicou a todos como sobrevivera e como fora curada para que lutasse na Guerra Sangrenta. Após ouvi-la, Elder perguntou:
     "Porque quando retornou? Não tentou desfazer o encanto que a prendeu nesta forma?".
     "Eu tentei, mas de nada adiantou. Estou condenada a viver nesta forma decadente. Neste corpo de demônio", disse Lua a Elder e este sentia nas palavras da criatura que outrora fora uma bela elfa, a dor e a desesperança.
     "Saiam deste lugar, enquanto podem!", insistiu Lua.
     "Não podemos, devemos evitar que o portal seja utilizado. Devemos destruí-lo.", continuou Elder, sendo assistido por Magnus e por Kariel.
Naquele momento passos puderam ser ouvidos. Alguém se aproximava e então Lua rapidamente os alerta.
     "Vamos sair daqui. Alguém se aproxima. Sigam-me. Conheço um lugar seguro". Eles caminharam rapidamente através de passagens que somente Lua conhecia e então chegaram a um novo templo. Este dedicado ao pai dos anões Moradin. Uma gigantesca estátua ornava o aposento e sob os pés desta uma imensa bigorna. Após o último deles entrar e fechar a porta, Lua continuou.
     "Aqui estaremos seguros. Os demônios não conseguem entrar nesta sala."
     "Este então será um bom lugar para descansarmos.", disse Elder para os demais. Kinuk, Laurin e Magnus sentaram em um dos cantos do aposento enquanto Lua contava os planos de Vicárius.
     "Vicárius é um dos comandados de Zilgrat. Ele guarda o portal que liga o Abismo a este mundo. Zilgrat pretende trazer um exército para colonizar o norte. Nós temos que fugir. Temos que sair deste lugar. Eu conheço um caminho para sair daqui sem precisarmos retornar por todo o complexo."
     "Não, Lua! Devemos destruir o portal.", disse novamente Elder.
Magnus também se pronunciou: "Sim Villayette. Nós destruiremos o portal e acabaremos com Vicárius".
     "Mas o portal não se encontra neste plano. Ele está no lado, no Abismo..." Então Lua, com seu corpo de demônio, após ver estampada na face de cada um deles a obstinação de destruir o portal, não teve mais forças para tentar demover-lhes da idéia. Então, num átimo ela virou se para Elder e falou trazendo toda a sua tristeza na voz gutural.
      "Elder, deixe-me abraçá-lo..." Elder Villayette via a tristeza no olhar da criatura, sentia a dor naquela voz. Ele aproximou-se em silêncio deixou-se abraçar e correspondeu aquele abraço, ele queria confortá-la, pois sofria por ela. Imaginava o quão ela fora bela e agora presa àquela forma hedionda, presa talvez para sempre. Aquela era a pior das prisões. Após abraçá-la olhou para os olhos dela e percebeu um brilho de esperança e desejo, um olhar que ambos não conseguiam desviar. Ela aproximou lentamente sua cabeça e seus lábios de demônio procuravam os lábios dele. Elder não hesitou, nem desviou seu rosto, ele não queria fazê-la sofrer ainda mais, e foi quando seus lábios se tocaram em um beijo. Os demais ficaram paralisados pelo que viam, não compreendiam o que se passava, alguns viravam o rosto repugnados, outros simplesmente ignoravam, mas nem Lua nem Elder tomaram conhecimento disto. Após se separem ela olhou para ele com seus olhos de demônio e disse:

     "Obrigado Elder, obrigado. Quero que você saiba que eu o amo e que desde o momento que o vi pela primeira vez me apaixonei" Então se retirou para um canto afastado longe dos demais, ela queria esconder suas lágrimas, seus sentimentos.

      Elder ficou ali parado, não compreendia o que acontecera, não sabia o que fazer. Ele estava surpreso com aquela declaração. Todos foram dormir exceto ele que manteve guarda diante da porta, ainda confuso e Kariel, que descansava sentado em um canto. Seu sobrinho olhava-o e pensava no que acabara de acontecer. Para Kariel era muito estranho que Elder se envolvesse novamente com alguém tão cedo. Não compreendia o sobrinho os motivos dos atos do tio. No meio da noite Elder ainda estava acordado. Não sentiu sono apesar do cansaço, e enquanto um turbilhão de sentimentos, lembranças de sua esposa amada, seus filhos e de seu irmão lhe viam a mente, sentiu um toque em seu ombro, uma mão delicada, um toque suave. Virou-se lentamente e uma bela elfa com cabelos dourados, uma armadura brilhante e uma espada na cintura apareceu diante dele.

     "Eleannor", pensou ele, mas não, aquela não era sua amada. Era Lua que se libertara de seu encanto pelo beijo que ele lhe dera. E enquanto ele tentava retomar seu juízo ela falou.
     "Elder, salvou-me pela segunda vez. É um elfo bom, e eu o amo muito. Obrigado por me salvar novamente. Por salvar minhas irmãs e por salvar meu irmão, obrigado. Agora peço que me deixe beijá-lo, deixe-me agradecê-lo." Ele não teve chances de negar, pois mal terminara de falar Lua já o impedia de falar com um longo e apaixonado beijo, deixando-o atordoado. Após beijá-lo ela mais uma vez pediu e trazia um tom de súplica em sua voz.
     "Vamos partir. Fujamos deste lugar. Todos morreremos se ficarmos aqui. Não o quero perder. Vamos embora enquanto podemos." Mas Elder trazia um semblante sério e decidido e então disse:
     "Você sabe que eu não posso partir. É nosso dever destruir este portal, impedir que este lugar se transforme em uma extensão do Abismo." Lua desesperada interrompeu-o, "Então eu irei com você, não quero me afastar e, se você morrer, morreremos juntos." Elder balançou a cabeça negativamente em sua total desaprovação às palavras da jovem elfa, e então tomou-lhe as mãos unindo-as à suas, olhou-a nos olhos e perguntou.
     "É verdadeiro o que sente por mim? O que me disse a pouco?" Ela balançou a cabeça afirmativamente e repetiu.
     "Sim Elder, eu o amo." Ele ainda olhando-a nos olhos perguntou:
     "Faria uma coisa por mim?" Ela olhou-o desconfiada, aquela pergunta a pegara de surpresa, e com a voz trêmula e indecisa respondeu.
     "Sim, faria qualquer coisa por você." Villayette então, aproveitando-se do momento, pediu.
     "Vá embora, fuja. Saia deste lugar. Não venha atrás de mim. Eu não me perdoaria se você também morresse aqui." Ela olhou-o nos olhos, e vendo a injustiça em seu pedido disse.
     "Eu farei o que me pede, mas me prometa que vai voltar para mim, que não vai morrer neste lugar."

     Ele sorriu e com um leve sorriso disse a ela.

     "Não se preocupe, não morrerei neste lugar, eu voltarei..."

O demônio Vicarius e o portal do Abismo

. A promessa de Elder foi interrompida por uma batida insistente na porta do aposento. Magnus levantou-se sobressaltado seguido por Feargal e enquanto os dois lutavam para chegar até a porta, Elder Villayette que já estava diante da mesma a abre e olha desconfiado para o ser que batia. Um pequeno diabrete, olhou-o desdenhosamente e disse:
     "Fui enviado para levá-los à presença do meu senhor ,o grande Vicárius. E não pensem vocês insignificantes que podem derrotá-lo, pois ele é invencível. Sigam-me, insignificante Comitiva." E eles seguiram a irritante criatura que não parava um segundo de exaltar seu mestre, tendo o prazer de lembrá-los , tempos em tempos, o quão eles eram insignificantes perante ao grande Vicárius. Era o destino da Comitiva encontrar este demônio e impedir a invasão dos reinos pelas hordas do Abismo e todos seguiram o pequeno diabrete.

     Após, percorrem pelos corredores eles finalmente chegam diante de Vicárius, um ser humanóide, com um belo rosto e um corpo que demonstrava todo o seu vigor. Sua face humana contrastava com sua calda e asas de demônio. Sentava-se em um belíssimo trono, atrás de uma pequena guarda composta por 15 demônios de raças diferentes. Ao vê-los ele não perdeu tempo.
     "Darei a todos uma oportunidade de saírem daqui vivos. Entreguem o homem chamado Magnus e a mulher de nome Laurin. Ambos são inimigos do Abismo. Entreguem-os, deixem-os aqui e saiam."
     Todos sacaram suas espadas. O som das armas sendo desembainhadas foram suas respostas. Vicárius diante da recusa, ordenou aos seus soldados.
     "Matem todos". E o combate se iniciou.

     Villayette, com suas espadas em punho correu para um grupo de três vrocks, mas antes que ele os abordasse as demônios voaram e postaram-se ao redor de Magnus , que já combatia uma estranha criatura do inferno. Feargal lutava contra três baragúas, espécie semelhante a um símio, e derrotou o primeiro deles facilmente. Kinuk assim como os demais enfrentou três oponentes. O combate seguiu, Villayette correu até Magnus e atacou um dos vrocks que o cercavam. Vicárius usava de encantamentos, voando pelo alto salão. A batalha se generalizou e em certo ponto da luta, Laurin aproximou-se de Magnus e ao fazê-lo um dos vrocks sussurrou em seu ouvido:

     "Senhora Laurin, estamos aqui a serviço de Waukeen. Recuperaremos o diário."

     Magnus, atingido por seis demônios, tomba desacordado. O vrock abriu-lhe o peitoral da armadura e retirou de lá o precioso diário, afastando-se em seguida. Kinuk, que já derrotara seus oponentes, curou o paladino que deu por falta do diário e perseguiu o vrock ladrão. Villayette e Kinuk foram atacados por Vicárius, o elfo resistiu ao ataque mas o bárbaro xamã caiu diante do golpe recebido. Laurin então usa seus poderes e reestabelece Kinuk. Vicárius atacou Villayette com sua espada encantada e o elfo ao defender seu ataque teve sua Lâmina Lunar cortada. Ao ver sua espada partida, com qual possuia vital ligação, o elfo cessou momentaneamente seu ataque, aturdido, mas recuperou-se e continuou suas investidas. Vicárius atacou novamente Kinuk que tombou outra vez. Laurin, desta vez impossibilitada de reanomá-lo, tentou estabilizar os ferimentos do velho xamã. Villayette, que ainda trazia com ele uma das poções de Celerum, jogou-a para a sacerdotisa, que sem perder tempo deu-a a Kinuk. Neste mesmo instante Villayette é novamente atingido por Vicárius e caiu desacordado, quase morto. Kinuk também fora novamente atingido e caiu da mesma forma. Magnus derrotou o vrock que lhe roubara o diário e então procurou-o no corpo do demônio, mas não o encontrou, pois o mesmo já havia sido devolvido à Laurin momentos atrás. Magnus então viu seus companheiros lutando contra os demônios e viu quando Villayette tombou, e correu para ajudá-lo. Kariel lançou um encantamento e um relâmpago saído de suas mãos atingiu Vicárius e dois demônios restantes, deixando o lorde demônio bastante ferido e eliminando os seus dois asseclas. Vicárius rende-se perante a força da Comitiva:

     "Não adianta me matar. Se eu morrer nunca saberão onde está o portal. Somente eu conheço sua localização", disse o demônio.
     "Diga logo, demônio", bradou Kariel.
     "Vamos matá-lo!", resmungou Feargal aproximando-se lentamente de Vicárius.
     "Direi se prometerem deixarem-me vivo. Dêem sua palavra que me deixarão sair daqui com vida e direi onde está o portal", disse o demônio, com medo da espada do selvagem Feargal.
     "Dou minha palavra", diz Kariel. Sua posição é compartilhada por Magnus.
     "Não basta, elfo. Jure!", diz o demônio.
     "Por Tymora, Corellon e Mystra! Agora fale!", insiste apressado Kariel. Mas antes que o demônio revelasse a informação, Feargal o golpeia e Vicárius jaz inerte, com enorme ferimento de espada no peito.
     "Fergal! Não consegue segurar seus instintos?" - reclamou Kariel - "Atacou a criatura antes de termos a informação! E dei a minha palavra. Vicárius deve ser recuperado!"
     "Restaurar a vitalidade de um demônio? Devemos mesmo fazer isto?", disse Feargal.
     "É a única chance de salvarmos nosso mundo dos exércitos do Abismo.", sentenciou Kariel.

     Naquele momento Lua entrou no aposento, e ao ver Villayette caído, quase morto correu em sua direção, retirou uma de suas poções e então quando ia dar ao elfo, foi convencida a dar ao velho xamã, pois ele poderia curar tanto Villayette quanto Vicárius. Precisavam da informação que os conduziriam ao portal. Ela aceita, mesmo a contra gosto. Kinuk, restaurado, de início recusa a idéia de curar um demônio, mas após ser convencido de que somente Vicárius poderia revelar a localização do portal ele aceita fazer a cura, mas antes cura Villayette, que levanta-se em silêncio e recolhe sua Lâmina Lunar partida. Feargal de posse da espada de Vicárius aguarda. Após ser curado, Vicárius indica a posição do portal e então avisa:

     "Este não é um portal comum. Ele só funciona do outro lado do Abismo. Para desativá-lo será necessário decifrar as runas com a forma correta de retirar as chaves". Após estas instruções Vicárius, abriu a sala do portal e fugiu em seguida. A Comitiva não cogitou em perseguir o demônio, pois o portal era o que mais importava e o tempo era escasso. Diante da passagem mágica eles decidiram quem o atravessaria. Villayette, com um leve sorriso no rosto, para desespero de Lua, disse:

     "Amigos. Acho que sou único aqui que poderá ler as runas, por este motivo eu irei, mas como Vicárius disse, preciso de alguém para auxiliar-me". Diante dos protestos de Lua, Magnus se apresentou, mas o elfo não aceitou que o paladino seguisse com ele dizendo:

     "Magnus, sua bravura é necessária nos reinos e acredito que ainda tem assuntos pendentes a resolver. Não posso permitir que parta comigo nesta jornada. Será seu dever proteger os outros que ficarem." E então voltou-se para seu sobrinho, Kariel.
     "O mesmo digo para você Kariel. Não me acompanhe, pois como Escolhido de Mystra você tem outras obrigações. Além do mais seu filho precisará de você."
     Feargal, adiantou-se e postou-se ao lado de seu amigo Villayette. "Não irá só Villa. Irei com você."

Villayette e Feargal postaram-se diante do portal após a triste despedida. Talvez estivessem indo para sua última missão. Ninguém sabia o que eles encontrariam do outro lado. Lua trazia na face a tristeza e então pediu ao seu salvador:

      "Elder, deixe-me ir com você." E ele respondeu.
      "Não posso deixar que você também me acompanhe. Somente você poderá mostrar o caminho para sair rapidamente deste complexo. Você e Magnus têm um grande trabalho pela frente, salvar os demais." Lua tentava ser forte, as lágrimas umedeciam seus olhos e então ela pediu:
     "Deixe-me beijá-lo mais uma vez. Deixe-me dar um beijo de despedida." E ali diante do brilho do portal eles se beijaram. Ela o beijava apaixonadamente, pois sabia o que esperava pelo elfo e ao terminar aquele beijo, ele retirou o pingente que fora de sua esposa, depositou nas mãos daquela jovem elfa, e disse com ternura na voz:
     "Lua. Aceite isto como um presente. Saiba que este pingente é o meu maior tesouro. Dou-o a você e digo ainda que se um dia retornar, se eu sobreviver eu a procurarei". Então ele mais uma vez olhou para os amigos e acenou com a cabeça em uma grande reverência, e de sua boca eles puderam ouvir. "Foi bom conhecer a todos vocês, bravos da Comitiva. Dêem lembranças minhas a todos os outros." e então virou-se, ele e Feargal desapareceram através do portal. Kariel, ignorando as recomendações do tio, pulou logo em seguida atrás dos dois companheiros.

      Em fuga, Vicárius inconformado com a derrota, destruiu os pilares de sustentação da mina, que começou a ruir. Magnus, Laurin, Kinuk, Karnak e Giordano, ao sentirem os primeiros tremores do desabamento, apressaram Lua, que permanecia parada diante do portal.
     
"Precisamos sair logo daqui, tudo irá desabar em breve.." Mas Lua permanecia inerte, as lágrimas nos olhos, a tristeza em seu coração. Ela apertava nas mãos o pingente e então ouviu as súplicas dos demais. "...Não temos muito tempo! Vamos sair logo daqui", gritou Magnus.
"Sigam-me por este caminho!", gritou Lua ainda com a lembrança do último beijo e em seguida correu através dos corredores deixando para trás uma trilha de lágrimas

     Alguns minutos depois finalmente eles saíram do complexo que ainda desabava ruidosamente. Ninguém estava feliz. Haviam destruído o portal mas a que preço? As vidas de três companheiros. No meio da nuvem de pó eles puderam ver no céu Vicárius que fugia.

     "Eu voltarei e um dia iremos nos enfrentar!", disse o demônio que voava.
     "Hum!... Um dia não!.", falou Kinuk , "demônio morrer agora!"

     O xamã invocou mais uma vez os poderes de Uthgar e um raio celestial fulminou o demônio.
Estavam eles finalmente na superfície, o Sol veio como uma graça divina lavando o corpo e a alma. Bingo Playamundo, o hábil halfling pula de uma árvore:
      "Pôxa! Como vocês demoraram!"

     
De um lado estava Magnus, Kinuk, Lua e Bingo. Do outro, Laurin e Giordano. Magnus os encarou, poderia sacar sua Chama do Norte e exigir o diário do lich Damien Morienus e impedir que Celerum o Negro também alcançasse o poder do morto-vivo. No entanto, talvez essa não fosse a solução, pois o paladino acreditava que Helm, desde a sua estada no Abismo, estava impondo-lhe obstáculos para testá-lo, e um destes seriam inimigos dos quais Magnus jamais conseguirá derrotar com uma espada, a hipocrisia e a falsidade, adversários invisíveis e intangíveis. Não tinha certeza se fosse este o último obstáculo, provavelmente não, mas a partir daquele dia ele estaria ciente de que ser um paladino não é apenas cortar as cabeças dos seres malignos, e sim aceitar certas coisas da vida, sabia que seu ideal não agradaria a todos. Deve continuar lutando apesar de tudo. Tudo isso pensou Magnus, que por um pequeno instante refletiu e decidiu não tomar o diário, pois o verdadeiro inimigo era Celerum. Finalmente, sem dizer nada, deu as costas e perguntou:

     "Kinuk, para onde vai agora?"
     "Kinuk voltar para Vale do Vento Gélido."
     "Eu o acompanharei, pois tenho de levar Simis. Lua, venha comigo, eu sei que está amargurada. Eu a ajudarei a chegar em sua terra natal assim como Bingo e Owni.", propôs Magnus.
     
Lua apenas concordou com a cabeça ainda limpando seu rosto das lágrimas, e então os quatro seguiram para o norte. Giordano, Laurin e Karnak pegaram a carroça e seguiram para Luskan.

Laurin cumpre a sua missão

     Chegando na cidade de Luskan, Karnak procurou seus companheiros para relatar o resultado da missão. Laurin seguiu até uma mansão e foi recebido por um criado que a conduziu a um cômodo da casa. Esperou alguns segundos e então Celerum surgiu dizendo:

     "Oh bela Laurin! Você voltou! Espero receber boas notícias."
     "Sim, aqui está o diário que encontrei de Morienus.", disse Laurin entregando o livreto ao mago.
     "Sim, sim. Aqui está as informações que preciso para completar a fórmula. Logo, logo terei o que quero, mas só falta uma coisa para completar minha felicidade. Você minha bela Laurin, podíamos nos casar e morar em Athkatla. Lá poderíamos fazer uma grande fortuna, eu a cobrirei de ouro se assim permitir. O que me diz?"
     "Eu não sei, preciso voltar para Athkatla. Não posso responder agora", respondeu Laurim duvidosa.
     "Tudo bem, aqui está o pagamento pelo nosso acordo", disse Celerum dando um grande saco de moedas de ouro.
     Laurin retornou a carroça e seguiu para o sul.

A morte se apresenta

     No outro lado do portal, o som da marcha do exército de demônios podia ser ouvido. Por um breve instante os elfos da Comitiva da Fé pararam e vislumbraram o imperioso exército cujos demônios erguiam os estandartes do imperador do Reino Triplo. Ali estavam centenas de vrocks que gritavam e batiam suas asas, balragúas e diversos tipos de demônios, que para os três membros da Comitiva eram totalmente desconhecidos. Porém o mais impressionante de tal formação foi a visão de um pequeno grupo de Molideuses, poderosos demônios, que seguiam duas figuras imponentes.

     Enquanto observavam, Villayette e Feargal foram surpreendidos por Kariel.
     "O que faz aqui Kariel. Eu não disse que era para você partir com os outros?"
     "Estou aqui para ajudá-los na fuga", respondeu o Dileto de Mystra, que jamais deixaria o tio e o amigo para morte certa.
     "Já que a sua imprudência o trouxe até aqui vamos terminar logo com isso", disse Villayette e pôs-se a analisar as runas das chaves. Após alguns minutos ele finalmente passou as instruções a Kariel
     "Devemos girar os mecanismos em sentidos opostos e ao mesmo tempo, para desativar o portal. Não podemos perder mais tempo"

     Kariel acenou afirmativamente com a cabeça e ambos desativaram os mecanismos e o portal perdeu seu brilho. Rapidamente Villayette pediu ajuda a Feargal e ambos retiraram as chaves dos pilares uma a uma e as puseram lado a lado e ambos ergueram suas espadas. Feargal com a arma que antes fora de Vicárius, Villayette com o que restou de sua Lâmina Lunar, destruíram as chaves no momento exato em que o exército chegava ao portal.

     Ali diante deles estava o exército e à sua frente dois demônios se destacavam. Um enorme assecla do imperador do Reino Triplo que atendia pelo nome de Zilgrat e outro menor, porém não menos assustador. Esse trazia em sua cintura uma espada e sua mão possuía não cinco mas seis dedos. Era o próprio imperador do reino triplo, Graz'zt, que ao ver seu portal destruído dirigiu sua fúria aos três elfos.

     "Rendam-se, elfos. Ajoelhem-se diante de Graz'zt e eu darei a vocês o prazer de tornarem-se estátuas no meu salão". E com um simples gesto do imperador um mar de demônios cercou a colina. Não existiam meios de escapar.


     Villayette, Feargal e Kariel olharam para o demônio. Eles sabiam que feridos como estavam não teriam chances de lutar contra o próprio imperador do Reino Triplo, mas não se renderiam, e suas mortes não seriam em vão, afinal eles haviam cumprido sua missão. O portal estava destruído e com isso haviam impedido que aquela tropa infernal invadisse Faerûn.
Villayette fitou Graz'zt e disse sem medo, e com todo o orgulho élfico, o mesmo orgulho que naquele momento derradeiro pode-se ver nos olhos de Feargal e nos de Kariel.

     "Render-me? Ajoelhar-me aos pés de um demônio? Nunca". E pôs-se em posição de ataque com suas espadas em punho. O mesmo fez Feargal. Este, ao contrário do amigo, atacou ao mesmo tempo em que Kariel começou a conjurar um encantamento. Mas o Imperador Graz'zt foi mais rápido que ele e com um único golpe, pôs fim a vida de Feargal, o mais forte dos membros daquela Comitiva. A investida também atingiu superficialmente Kariel, que interrompeu seu ritual, perdendo seu encantamento e com ele a esperança de salvar-se e a seus companheiros. O mago elfo estava para abrir um portal e tirar a todos dali, mas agora não teria como refazer o encanto. Villayette respirou fundo e atacou. Graz'zt contra atacou e novamente, com um único golpe, levou ao chão, morto, o valente aventureiro.

     Kariel, entre a dor e o ódio, ainda tentou lançar alguns encantamentos, mas nenhum deles foi suficientemente poderoso contra um demônio como aquele. Como último recurso lançou o Fogo Prateado de Mystra. O poderoso encanto, apesar de ter sido sentido, somente teve o efeito prático de deixar Graz'zt ainda mais furioso. O imperador atacou Kariel atingindo-o. Sem opção Kariel lançou sobre si um último encanto e deu uma forma espectral ao seu corpo, o que não impediu os ataques de Graz'zt. Kariel olhou rapidamente ao redor e viu uma pequena possibilidade de fuga, um corredor entre as hordas demôniacas. Então lançou-se em fuga entre um bando de demônios inferiores. E enquanto Graz´zt preparava um encanto mortal, Kariel pôde ouvir:

     "Kariel, erga as mãos e cesse seu encantamento". Kariel olhou para a direção da voz e viu Caravan, o Harpista que auxiliou a Comitiva no Abismo, montado em um Hipogrifo. O mago elfo faz o solicitado e fica novamente sólido. Caravan o puxa para cima de sua montaria alada bem a tempo, pois o ataque de Graz'zt explodiu no meio dos demônios, deixando em seu lugar uma gigantesca cratera. Ele partiu com lágrimas nos olhos e grande era a tristeza no seu coração. Perdera seu tio e um amigo. Talvez pela sorte de Tymora, fora poupado da morte e de ver quando Graz'zt decepou as cabeças de Feargal e Villayette e jogou os corpos destes para as árvores víboras. Terminara ali a jornada de dois bravos membros da Comitiva da Fé.

     Caravan deixou Kariel em uma das diversas passagens para a Escadaria Infinita e ele seguiu pelo mesmo caminho que outrora a Comitiva utilizara, saindo dos planos do além para a cidade de Águas Profundas, no templo dedicado à deusa Selune. Triste e abatido, retornou para Kand. Daria as notícias da morte de Eleannor e Elder ao seu pai e aos seus primos.

Reencontros

     Villayette despertou. Suas vestes, antes negras pelo seu luto, agora eram brancas e ele estava só. Em meio a uma imensidão branca, uma porta abriu-se e dela um elfo chamou-o pelo nome. Com um gesto sutil pediu que ele entrasse. Ele fez uma breve saudação e seguiu através da porta. Do outro lado um local de indescritível beleza. Enquanto se acostumava com a luz nos seus olhos ouviu uma voz conhecida chamando-lhe. Ao levar seus olhos para a direção da voz ele a viu. Sua amada esposa corria em sua direção e mais atrás estava o pai de todos elfos, Corellon Larethian. Ele fez uma saudação aquele que o trouxera para perto de sua amada, mas esta fora interrompida pelos beijos apaixonados de sua amada Eleannor.

     Com Feargal algo parecido aconteceu, porém o elfo selvagem foi enviado através da ponte do arco-íris e nas terras de Uthgar ele hoje vive lutando com os bravos guerreiros bárbaros. Lá ele reencontrou amigos e lutou novamente ao lado de Ragnar, Raff e de Dell. Pôde duelar contra Ivagar, e assim ele passaria sua eternidade lutando.


Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

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