Os Últimos Dias
de Glória
O que é RPG
Página Principal
A Comitiva da Fé
Definição
Histórias
Última História
Personagens
Jogadores
Galeria de Arte
Diversos
Forgotten Realms
 Definição
 Geografia 
 Divindades
 O Mundo
 Organizações
 Personagens
Artigos
 Galeria
Suplementos
Autores
Site
 Matérias
 Downloads
 Notícias
 Parceiros
Links
 Sobre o Site
 Glossário
 Créditos
Mensagens Arcanas
E-mail


powered by FreeFind


A Fortaleza Élfica

Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira..
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira



Personagens principais da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli). Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor. A Meia-elfa: Elen Laure. O Halfling: Bingo Playamundo. Participação Especial: Lorde Randal Morn.


A Fortaleza Élfica
     

     No rico continente de Faerûn existem reinos de diferentes tipos e culturas. Um deles é Thay. Uma terra governada pela tirania malévola dos Magos Vermelhos, sendo os zulkires regentes de tal nação. São oito o número de magos que formam o círculo interno desta organização, cada um defende sua escola de magia. Sendo os governantes, eles precisam se reunir periodicamente para fazer planejamentos, porém é muito difícil haver a presença de todos os membros, a não ser que o motivo seja muito importante. Um destes momentos estava para acontecer, pois Yaphyll, a zulkir da Adivinhação, convocou uma reunião às pressas e de suma importância deixando os outros intrigados.

     Apesar de ser a mais jovem dentre os zulkires, Yaphyll já demonstrou competência e conquistou o respeito por parte dos outros membros, com exceção da trindade que se opõe ao zulkir da Necromancia Szass Tam. Este trio é composto por Aznar Thrul, o zulkir da Evocação; Nevron, zulkir da Conjuração e Lauzoril, o zulkir do encantamento. Os três tem consciência de que há uma aliança entre Yaphyll, Szass Tam e o zulkir da Transmutação Druxus Rhym, portanto eles mantém uma cortina de intrigas que visa antecipar quaisquer planos ou estratagemas que possa prejudicá-los.

     Em Eltabbar, capital de Thay, está localizada a Torre Suprema da Magia, sede da Magocracia de Thay. Um lugar fortemente guardado que impede qualquer invasão física ou mágica. Yaphyll já se encontrava dentro da torre esperando os demais. Aos poucos os zulkires foram chegando em suas carruagens e dirigiram-se para a Sala Arcana, um ambiente de tamanho considerável e bastante luxuoso. Bem no meio dela há um símbolo enorme de uma esfera de energia e dentro dela outras oito esferas escarlates que simbolizam as escolas de magia. Por cima disso se encontram oito pequenas bancadas das quais foram ocupadas à medida que os zulkires foram chegando. Com a presença de todos, Yaphyll começou a reunião.

     "Todos aqueles que estão aqui presentes passaram pelos nossos ensinamentos acadêmicos, portanto abrigam conhecimento sobre o antigo império de Netheril. Os convoquei aqui para alertar sobre o despertar de uma ameaça vinda dos tempos deste império que poderá nos reduzir a cinzas. Os phaerimns estão de volta."

     A revelação causou estardalhaço entre os zulkires, estavam eles espantados com a possibilidade da extinção da nação de Thay. Aznar Thrul, fleumático diante de tal informação, argüiu:
     "Como podemos comprovar a veracidade disso? Não seria essa uma de suas 'supostas' visões?"
     "Zulkires do Conselho, todos sabemos da competência de nossa colega. É de suma importância acreditarmos nisso para estabelecermos nossa estratégia de defesa." Disse Szass Tam defendendo Yaphyll.
     "Defesa? Segundo nossos dados históricos, os phaerimns são quase invencíveis. Não duvido das visões de Yaphyll, mas deveríamos mesmo nos preocupar? Podemos deixar estes monstros cuidarem dos reinos opositores a nós." Expressou-se Lauzoril.
     "Não temos certeza onde exatamente eles estão, contudo devemos nos precaver diante desta ameaça." Opinou Druxus.

     Aquela seria uma extensa reunião e Yaphyll teria muito a dizer.

O Breve Relato de uma História

     A Comitiva estava em volta do leito de Galaeron de Evereska, quando, graças aos esforços de Temeron, sacerdote de Lathander, ele recobrou a consciência. Informado da queda da Barreira Sharn, o elfo continuava sua fala, incrédulo e perturbado.

     "A Barreira Sharn foi rompida! Não posso acreditar nisto!"
     "Mas foi. Estávamos lá e vimos com nossos próprios olhos", confirmou Mikhail. "Mas o que é tal Barreira?"
     "Esta barreira era nossa salvação. Era a garantia de nunca mais defrontarmos com a ameaça dos phaerimns."
     "Phaerimns? Que diabo é isso? Serão aqueles monstros que vimos sair de dentro da barreira?" Perguntou Arthos.
     "Então é verdade. Isso é uma catástrofe!" Disse Galaeron colocando a mão na face.
     "Por favor Galaeron, conte-nos o que está acontecendo." Pediu Kariel já preocupado.
     "Muito bem, eu explicarei. Há milhares de Invernos atrás, existia um conjunto de vilas pesqueiras. Seus habitantes fizeram contato com os elfos daquela época, dessa confraternização os humanos aprenderam as artes arcanas. Foi o início do Império de Netheril, pois em pouco tempo os humanos desenvolveram-se de forma assustadora. E com a descoberta dos Pergaminhos Nether, eles adquiriram um conhecimento tão grande que resolveram erguer seus enclaves aos céus, e assim o fizeram. Em meio a tudo isso, havia um humano, não me recordo o nome, ele era conhecido como o 'Barão da Morte'.."
     "Sim, eu me lembro, seu nome era Olostin." Disse Melegaunt surpreendendo a todos.
     "Olostin? Sim, isso mesmo, mas quem é você?"
     "Sou Melegaunt Thantul, vim de Halruua. Era prisioneiro da bruxa conhecida por Gothyl, até estes bravos heróis me salvarem. Desculpe a interrupção, mas a história de Netheril é um de meus assuntos favoritos, e já dei algumas aulas sobre isso nas academias de minha terra natal. Por favor, prossiga."
     "Bom, Olostin, não conhecia a magia, por isso seu ódio era tanto que ele promovia chacinas a quem se opusesse aos seus planos de conquista. Um dia ele encontrou uma estranha criatura que flutuava, tinha uma enorme boca e quatro braços. Não se sabe de onde surgiu tal ser, mas o que ocorreu depois foi horrível. Surgiram vários deles, foram chamados de phaerimns. Eles são devoradores de vida e de magia. Depois, de forma também misteriosa, surgiram os sharn, seres negros que voavam. Eles, de alguma forma conseguiram aprisionar todos os phaerimns numa espécie de barreira de energia negra. Mas como vocês mesmos me disseram, a Barreira Sharn não mais contém os phaerimns."
     "Mas que catástrofe! Temos que fazer algo a respeito." Disse Melegaunt.
     "Exato, devo retornar a Evereska para comunicar aos Anciões da Colina sobre o resultado da missão. Por isso, gostaria que vocês viessem comigo. Precisarei de seus depoimentos." Revelou Galaeron.
     "Não precisa pedir Galaeron, nós iremos com você. Acho que o resto do grupo concorda comigo." Disse Mikhail com o consentimento de seus companheiros.
     "Ótimo, eu darei um prazo de 24 horas para vocês se prepararem. Estejam aqui depois deste período."

     Os heróis então deixaram o quarto de Galaeron. Todos menos Elen Laurê, meia-elfa que havia se unido à Comitiva e Mikhail, que a aguardava. Ela aproximou-se do elfo de Evereska, que se surpreendeu ao perceber suas peculiares características físicas: pele escura, porém não tão negra como a de um drow, e cabelos verdes.

     "Lamento interrompê-lo em um momento de aflição, senhor, mas meus companheiros me disseram que vem de um reino élfico. Procuro meu pai, um elfo que desapareceu há algum tempo. Tudo que tenho para identificá-lo é este medalhão, com o símbolo de sua Casa.", Laurê retirou a peça de metal de um bolso e mostrou-a à Galaeron. "Por favor, gostaria que a examinasse e verificasse se esta é por acaso uma Casa que conheça!"
Galaeron olhou o desenho e os caracteres talhados no metal:
     "Infelizmente não conheço esta Casa e não acredito que seja de Evereska. A forma desta figura é bastante diferente das nossas Casas."
     "Laurê.", disse Mikhail, "Sugiro que você fique em Cachoeiras da Adaga e nos aguarde. Precisamos de alguém que fique aqui para o caso dos dois harpistas aparecerem. Eu perguntarei em Evereska sobre este símbolo."
     Pouco tempo depois, estava Kariel com seus companheiros, que guardavam seus objetos no aposento dedicado à Comitiva. Chegou o Escolhido para seu amigo Arthos.
     "Arthos...deverei ir ao Vale das Sombras. Storm tem que ser avisada que não encontramos os Harpistas desaparecidos e deste novo perigo."
     "Sim...e também devemos encontrar Elminster! Quem sabe ele não possa nos ajudar! Irei com você!"
     "Está bem! Vamos avisar os outros!"

     Kariel e Arthos informaram os seus companheiros de seu destino e asseguraram que a viagem seria rápida, graças aos sortilégios de Kariel. Em seguida, no meio do amplo quarto, o Escolhido fez alguns gestos e proferiu algumas palavras e um portal se fez. Passaram então por ele Arthos e Kariel, rumo ao Vale das Sombras.

A Armadura de Limiekli

     No castelo do Lorde Randal Morn, Limiekli lembrou-se de algo. Tinha que buscar uma armadura de couro de monstro de úmbria, encomendada ao anão Thaugor. Tinha receio de que, com esta guerra toda, o anão não tivesse concluído o trabalho, ou pior, tivesse convertido seu couro em alguns copos a mais na taverna. Sirius pediu para ir com ele, pois a agitação das tavernas o fazia bem e queria ver o desenrolar da história. Caminharam então para a cidade, em direção da taverna "A Rocha Vermelha". A fachada do estabelecimento estava danificada, mas pelo movimento que podia-se notar, os danos não impediram o funcionamento. Limiekli e Sirius entraram e logo viram o anão no balcão, junto com seu amigo, o gnomo Nilix. Ambos estavam enfaixados, devido a alguns ferimentos de batalha (na verdade, uma tora de madeira tinha caído sobre eles, quando uma casa desabou nos combates, mas isto eles nunca revelaram).

     "Kessla, tem uma bebida?", pediu Limiekli, enquanto sentava-se com seu companheiro ao lado de Thaugor.
     "Tenho, ainda me restaram alguns odres intactos"
     "Olá, Thaugor! Está todo quebrado, mas pelo menos está vivo!", iniciou Limiekli para o anão.
     "Como vai? Veio buscar a armadura?".
     "Sim. Isto mesmo! Ela está pronta?"
     "Já vou buscá-la. Aguarde aqui!". Limiekli esperou o anão, ainda com receio que ele desaparecesse e não voltasse mais. Mas Thaugor havia ido realmente em sua casa, que ficava estrategicamente a alguns metros da taverna de Kessla. Cinco minutos depois, ele retorna com a armadura.
     "Aqui está. Uma armadura de couro especial, bem limpa, bem costurada. Enfim, uma obra prima. Nilix me ajudou a fazê-la."
     Limiekli examinou. A armadura era bastante estranha, mas parecia oferecer boa resistência. Então, o ranger retirou do bolso um saco de moedas e colocou sobre o balcão.
     "Aí está o seu pagamento. São cinqüenta peças de ouro!"

     O anão e o gnomo não tocaram nas moedas. Somente olharam, contemplando o seu pagamento

     "Veja, Nilix! Quanto dinheiro!"
     "É mesmo Thaugor!"

     Porém, a alegria dos dois durou pouco. Kessla, a meia-elfa dona da taverna, passou a mão sobre o balcão e levou o saco.

     "Ei, Kessla!! Esse dinheiro é nosso!", protestou Thaugor.
     "Deixem-me ver...vocês me devem quarenta peças de ouro em rum, nove em vinho e uma peça por estragos. Total: cinquenta! Pronto. Estamos quites. E para não dizer que sou má, aqui está uma caneca de vinho para cada, por conta da casa!". Os dois pegaram as canecas, apesar da cara de decepção.
     "Você trabalha com mithril? Temos um pouco deste metal e queremos forjar uma armadura.", disse Sirius
     "Mithril....humm...eu até trabalhava, mas acabei esquecendo. Mas existe um anão chamado Gunthor, no Vale das Sombras. Ele deve saber como fazer."
     "Lamento, mas Gunthor não está mais entre nós.", disse Sirius pesaroso para Thaugor ao lembrar do triste fim do anão, que pereceu em uma das aventuras da Comitiva.
     "É mesmo? Que pena! Mas eu não o conhecia."

     E assim ficaram Sirius e Limiekli na Rocha Vermelha. Bebendo vinho e conversando com aqueles dois curiosos companheiros.

No Vale das Sombras

     Kariel e Arthos deixam o portal e surgem bem próximos a Torre Retorcida, lar do lendário sábio Elminster.

     "Devemos nos dividir agora, Arthos. Procure o Sábio na torre. Eu irei até o castelo de Lorde Mourngrym. Verei se encontro Storm Mão Argêntea para informá-la dos acontecimentos. Nos encontraremos no castelo."
     Arthos assentiu e os dois saíram correndo em direções diferentes. Arthos, o mais próximo, foi o primeiro a chegar. Foi até a porta da torre, bateu e chamou por Elminster uma, duas, três vezes. Ia desistir quando ouviu passos dentro do edifício e o girar da chave na fechadura. Era Lhaeo, assistente de Elminster, que abriu a porta.
     "Lhaeo! Onde está Elminister! Tenho assuntos sérios para informar!"
     "Não sei, Arthos. Aliás eu nunca sei. O Mestre sempre some e aparece dias depois."
     "Não tem como contactá-lo? Um espelho mágico ou coisa do gênero?"
     "Não. E duvido que com coisas assim eu encontrasse o Mestre. Ele sempre anda por lugares muito longínquos e até em outros mundos, dizem."
     "Então vou deixar uma mensagem.". Arthos pediu um pedaço de papel e com uma pena que Lhaeo lhe emprestou escreveu um bilhete, onde explicava o que podia sobre a nova crise que se abatera com a ameaça dos phaerimns. Em seguida, agradeceu o auxiliar de Elminster e partiu correndo para o Castelo.

     Lá Kariel, que era bom corredor, já estava chegando. Falou com os sentinelas e foi levado até o Lorde Mourngrym.

     "Saudações, Lorde Mourgrym. Gostaria de encontrar a senhora Storm. Tenho notícias graves para transmitir aos Harpistas."
     "Saudações, Kariel. Infelizmente Storm não está mais aqui. Mas que notícias são estas? Posso transmiti-las. E sobre os desaparecimentos no Vale da Adaga. Alguma novidade?
     "Os desaparecimentos em Cachoeiras da Adaga já foram felizmente solucionados. Houveram alguns desdobramentos inesperados. A bruxa que manteve cativo parte das pessoas desaparecidas destruiu um antigo encanto e liberou estranhas criaturas conhecidas como os phaerimns. Segundo um elfo mago de Evereska que encontramos neste episódio, estes tais phaerimns consomem a vida e a magia ao seu redor. Estamos nos encaminhando para Evereska em busca de maior conhecimento sobre esta ameaça. Gostaríamos que os Harpistas estivessem avisados para nos auxiliar, com informações ou no combate, assim que for possível."
     "Fez bem em nos avisar. Passarei aos demais. Se Elminster estivesse aqui poderia ajudar, mas ele sumiu em viagem, como de costume. Mas enquanto aos Harpistas desaparecidos? Vocês os encontraram?"
     "Infelizmente eles não foram encontrados. Não sabemos o que aconteceu com eles, mas com o perdão da colocação, este é a menor de nossas preocupações no momento. Pelo que disse Galaeron, os magos de Netheril não conseguiram destruir estes phaerimns. E os magos da época de Netheril foram provavelmente os mais poderosos a pisarem sobre Faerûn. Imagine então o poder de tais criaturas."
     "Então não perca mais tempo. Prossiga sua missão e tente nos manter informados. Deixarei a cidade em prontidão. Que a sorte de Tymora o acompanhe"
     "Que Mystra também nos ajude!"

     Assim, Kariel despediu-se de Mourgrym, desceu as escadas e por fim saiu pelo portão do castelo, onde encontrou Arthos, que acabara de chegar.
     "E então? Espero que tenha tido mais sorte que eu. Não encontrei Elminster, para variar! Mas deixei uma mensagem para ele por Lhaeo"
     "Também não consegui encontrar Storm, mas informei a Lorde Mourgrym sobre os acontecimentos e ele deverá transmitir as informações aos Harpistas. Agora vamos retornar. Não devemos perder tempo."

     Kariel e Arthos afastaram-se para um lugar mais isolado das vistas dos moradores do Vale das Sombras e o Escolhido abriu um portal. Este encanto em especial fora um presente da Deusa da Magia e os levaria para o último lugar onde Kariel invocou a energia conhecida como Fogo Prateado de Mystra. E assim os dois surgiram nas catacumbas da mansão do vampiro conhecido como Lorde Gryvus, nas cercanias de Cachoeiras da Adaga. O lugar ainda cheirava a morte e os incentivou a andar depressa para deixarem aquele cenário macabro em direção ao castelo.

Evendur Tem Uma Carta

     Alguns minutos depois, já estavam Kariel e Arthos novamente nos aposentos da Comitiva, quando um sentinela interpelou o elfo de cabelos vermelhos. Trazia-lhe um bilhete. Arthos o leu. Era de Evendur, o ladino que o ajudou a desmascarar Gryvus. Ele marcara um encontro no 'local secreto' de costume. Tal local era a taverna Rocha Vermelha. Então partiu Arthos para lá, afim de descobrir o que Evendur tinha para dizer. Em poucos minutos, Arthos entrava no salão principal da Rocha Vermelha. Viu seus amigos Limiekli e Sirius bebendo no balcão e conversando com o anão Thaugor e o gnomo Nilix. No alto da escada de acesso os quartos superiores, estava Evendur. Todo vestido de preto, tentando se ocultar em sua capa, enquanto chamava Arthos com gestos. Apesar de sua intenção, seu gesticular espalhafatoso e suas roupas exageradas chamavam mais a atenção do que o disfarçava. Limiekli ainda chamou Arthos do balcão.

     "Venha, Arthos. Sente-se conosco e tome uma caneca."
     "Agora não! Vou falar com Evendur lá em cima!", respondeu, destruindo a última ilusão do ladino, que ainda pensava estar oculto de todos.
Foram então para um quarto reservado para conversar.
     "Então, Evendur? O que tem para me dizer?"
     "Bem... enquanto vocês cuidavam de Garekh Inklas, eu dei uma passadinha na casa dele. Fiz uma pequena limpeza e encontrei algo que pode interessar a vocês. É uma certa carta que ele escreveu antes de invadir a cidade."
     "Hum... deixe-me ver.", pediu Arthos.
     "Bem... para isto preciso de um pequeno incentivo!", disse o ladino fazendo com os dedos um gesto simbolizando que queria um pagamento.
     "O quê! Vai me cobrar depois de tudo que fizemos por você?"
     "Eu que fiz por vocês! Dei as informações sobre Gryvus. Vocês são heróis aqui por causa de mim!"
     "Você é quem diz isto... e não vou pagar pelo que não sei se vale a pena!"
     "Pode apostar que vale. Mas vou fazer um preço barato, já que você é amigo e camarada!"
     "Que tal dez peças de ouro!", sugeriu Arthos.
     "Não recebo esmolas, Arthos. Meu preço é quinhentas peças!"
     "Você está louco! Ladrão descarado! Quinhentas peças por uma carta! Dou-lhe cem e está muito bem pago"
     "Quinhentas peças e acabou!"
     "Ora seu ladrão! Pode ficar com esta carta e enfiá-la onde achar melhor", bradou Arthos, perdendo a compostura, fechando a porta com violência e descendo as escadas.

     Procurou Limiekli e Sirius e começou a planejar algo. Falou aos amigos sobre a carta. Queria tirar Evendur do quarto para vasculhá-lo. Limiekli não quis se envolver e Sirius pensou em chamar Evendur para um banquete, mas não havia muita comida disponível na taverna naqueles dias. Sirius sugeriu então ceder. Aquela carta poderia ser importante. Deu duzentas moedas de ouro que trazia em uma bolsa para Arthos e sugeriu que negociasse com o ladino. Arthos então engoliu a raiva, subiu as escadas e abriu novamente a porta do quarto. Evendur estava sentado em uma cadeira virada para porta, com um leve sorriso nos lábios.

     "Estava coletando recursos", disse Arthos desconcertado. "Ofereço trezentas peças!"
     "Arthos, Arthos... sei que você quer muito aquela carta. Meu preço é quinhentos!"
     "Tudo que tenho aqui são quatrocentas peças!"
     "Então veja aí o que pode fazer. Arrume um trabalho ou sei lá! Peça aos seus amigos. Faço o seguinte. Fica por quatrocentos e cinqüenta."
     "Está bem, está bem! Vou pedir o restante aos meus amigos!"
     "Otimo. Me encontre próximo ao poço público no centro. Lá faremos a troca."
     "Não está com a carta?"
     "Acha que sou algum otário? É claro que não! A levarei até o porto de encontro. Não esqueça do dinheiro."

     Arthos deixou o quarto e retornou para seus amigos. Em seguida foram os três para um poço público no centro da cidade, onde as mulheres enchiam seus baldes e onde haviam soldados de guarda. O trio da Comitiva chegou primeiro e depois veio Evendur, novamente tentando ocultar-se com a capa. Evendur falou em sussurros com Arthos.

     "O que estes seus amigos estão fazendo aqui?"
     "É só por precaução. Trouxe a carta?"
     "Sim. E você, trouxe o dinheiro?"
     "Quatrocentas peças."
     "O acerto eram quatrocentas e cinqüenta."
     "Dou mais cinqüenta se a informação valer realmente a pena!"
     "Está bem. Mas espero que não trapaceie, senão jamais verá novamente alguma informação partindo de mim."
     Evendur entregou a carta e ao mesmo tempo, pegou o pesado saco de moedas. Arthos abriu e leu o seguinte texto:

"Informe Abutre 12

     O General do Novo Rei está pronto para a tomada do antigo posto avançado.
Tudo como havíamos combinado. Com esta oportunidade, o primeiro contato entre o Soberano e o Novo Rei acontecerá logo e grandes acordos poderão ser feitos."

     A carta não tinha assinatura, mas a letra era trabalhada, com a dos nobres. O papel era fino e havia vestígios do selo de Garekh Inklas. A carta devia ser mesmo legítima. Arthos pagou então as cinqüenta peças a Evendur. O ladino pegou o saco, agradeceu o negócio e partiu.

     Os três da Comitiva retornaram ao castelo e procuraram Lorde Randal Morn. Foi Sirius que mostrou-lhe a carta. O líder de Cachoeiras da Adaga leu e ao saber que se tratava de um escrito de Garekh Inklas, preocupou-se e pediu fossem chamados os outros membros da Comitiva. Logo todos estavam no salão principal, a exceção de Galaeron e Melegaunt. Tentavam descobrir o que significava aqueles termos: 'posto avançado', 'General', 'Novo Rei', 'Soberano'... todos buscavam uma explicação. Depois de algum tempo, e muito esforço, chegaram a uma hipótese, a qual acharam mais provável: O 'posto avançado' seria a própria cidade de Cachoeira da Adaga, O 'General' poderia Urkas, o grande orog que liderava as tropas goblinóides e o 'Novo Rei' deveria ser Lorde Aris, que liderava tropas goblinóides e que ainda estava em guerra na região de Cormyr. Enquanto ao Soberano, dúvidas ficaram no ar, mas todos desconfiaram de algum líder Zentharim. Porém não podiam passar o tempo todo fazendo conjecturas sobre a carta. Era noite. Tinham que descansar para a jornada do dia seguinte.

Evereska

     O dia raiou e os heróis, já devidamente equipados, deixaram o castelo em seus cavalos. Porém não iriam viajar da maneira convencional, Galaeron usaria um teletransporte fora dos limites da cidade, longe dos olhares do povo, para não assustar os menos habituados com o uso da magia. Laurê se despediu dos companheiros da Comitiva e ficou em Cachoeiras da Adaga. Iria também levar a mensagem conseguida por Arthos a Lorde Mourngrym do Vale das Sombras. Randal também se despediu e agradeceu a inestimável ajuda da Comitiva nos últimos e trágicos eventos em sua cidade.
     Os aventureiros deixaram para trás as muralhas de Cachoeiras da Adaga e, quando estavam longe o suficiente, Galaeron desmontou, seguido dos demais membros da Comitiva.

     "Vou abrir o portal para Evereska, mas antes gostaria que se submetessem a uma sondagem mística. Não posso correr o risco de levar alguém de índole maldosa para meu Reino. Vocês se submetem?", perguntou Galaeron.

     A Comitiva concordou e o mago, após proferir um encanto, sondou a presença do mal na Comitiva e nada encontrou. Magnus também reivindicou o direito de fazer o mesmo em Galaeron. O elfo se surpreendeu, mas aceitou o pedido do paladino. Magnus também não encontrou o mal em Galaeron. O elfo de Evereska então conjurou dois portais: em um deles entrou Mikhail e o seu cavalo inteligente, Burgos. No outro, passaram Galaeron, Kariel, Magnus, Bingo, Melegaunt, Arthos e Limiekli, que não se sentia confortável em viajar daquela forma e teve que ser convencido por Arthos a entrar .
     Surgiram em uma das ruas do reino de Evereska. Elfos que passavam no momento assustaram-se com a aparição repentina daqueles forasteiros e alguns soldados apontaram lanças aos recém-chegados. Galaeron logo os tranqüilizou e se identificou. Pediu aos soldados que trouxessem carruagens para levá-los até o Parlamento. Depois de pouco tempo, vieram os transportes. Eram carruagens talhadas com muitos enfeites e capricho. Subiram nela os membros da Comitiva (a exceção de Mikhail, que cavalgava Burgos), Melegaunt e Galaeron. Durante a pequena viagem até o Parlamento, os passageiros puderam contemplar a cidade. A beleza de Evereska parecia ter sido retirada de um sonho. Seus edifícios eram belíssimos, as estradas eram de tijolos cuidadosamente encaixados e talhados, formando desenhos. Possuíam jardins muito cuidados e flores exóticas. Algo chamou a atenção de todos: os cidadãos de Evereska podiam andar pelas paredes. Ante ao susto, Galaeron informou:

     "Isto é um dos efeitos de nosso mythal." Referiu-se ele a concentração de magia élfica que estava presente na cidade.
     "Quer dizer que posso fazer isto também?", perguntou Sirius.
     "Não. Somente os elfos podem fazê-lo."
     "Então eu posso subir pelas paredes?", entusiasmou-se Arthos
     "Claro.", disse Galaeron.

     Arthos deu um pulo da carruagem e andou por uma parede como se corresse pelo chão. Divertiu-se como uma criança. Em seguida voltou a carruagem.

     "Isto é ótimo!", disse.
     "É realmente interessante este efeito do mythal", ponderou Kariel.
     "Isto é uma das suas menores manifestações.", observou Galeron, com fleuma em relação a toda aquela surpresa por algo que considerava tão banal.
     "Gostaria de aprender mais sobre tal magia. Onde posso estudar estes efeitos?"
     "Temos muitas academias de magia. Pode vir estudar aqui se desejar. Temos um período de admissão de dez invernos, onde analisaremos o seu conhecimento, antes de passarmos para os estágios seguintes."
     "Virei então aqui , assim que houver possibilidade! Aproveito para revelar minha intenção de aproveitar a viagem para servir como embaixador de meu reino, Kand, e abrir a possibilidade de travarmos contatos diplomáticos. Com quem poderia tratar?"
     "No Parlamento Élfico. Lá reúne-se o Conselho dos Anciões e se decide tudo em Evereska. Porém aconselho a deixar esta tarefa para uma outra ocasião. Não haverá tempo nem disposição para outros assuntos", Galaeron olhou para o lado e viu ao longe uma alta torre branca. "Este é nossa construção mais importante: o templo de Corellon. É de lá que o mythal se irradia para toda a cidade."
     "Espero poder visitá-lo. Há tempos que não oro à Corellon em um templo élfico."
     "Sabe Kariel...", comentou Arthos, "Este lugar é interessante, mas é tudo muito perfeito. Depois de algum tempo deve ficar maçante."
     "Poderia ficar aqui uns cem anos, Arthos. Me parece uma cidade bastante agradável."
     "Cem anos aqui! Bah...você fala como um elfo Kariel!", disse Arthos, brincando com o amigo.

     As carruagens pararam diante de um impressionante e grande prédio. Não era alto, mas ocupava bastante espaço horizontal e possuía a bela arquitetura vista em toda a cidade. Os passageiros desceram. Galaeron dirigiu-se em seguida a alguns sentinelas e depois convidou os aventureiros a entrarem. O interior do prédio era tão belo e impressionante quando seu exterior. Galaeron pediu-lhes que entregassem todas as armas e itens mágicos ao sentinela da entrada. Uma das leis locais proibia a entrada no recinto com tais objetos. Após deixarem seus pertences, foram convidados por Galaeron a aguardarem em uma extensa biblioteca, enquanto este ia ter com membros do Parlamento para marcar uma audiência para o dia seguinte. No tempo em que esperavam, a Comitiva especulava sobre os tais phaerimns

     "Será que estes phaerimns virão mesmo à Evereska? Talvez já deveriam ter chegado a esta hora se este fosse o seu propósito", questionou Mikhail.
     "Não sabemos a velocidade deles, Mikhail. Mas com este mythal emanando tanta energia mística, acredito que será mesmo aqui a investida destas criaturas. Talvez o senhor Melegaunt tenha mais a nos informar.". Kariel então olhou para o mago humano.
     "Não sabemos muito, Kariel. Em Haalrua, tudo que conhecemos sobre os phaerimns vêm de escritos antigos e incompletos. O conhecimento daquela época que temos é pequeno. Desculpe mudar de assunto, sei que hora pode ser imprópria, mas tenho que expressar o que sinto. É uma grande satisfação estar nesta cidade, nesta cultura tão diversa. Jamais estive num lugar como este. Somente basta agora para mim realizar um antigo sonho. Encontrar um lendário mago, um humano que vive há mais de mil invernos. Não sei se ouviram falar dele. Seu nome é Elminster..."
     "Nós o conhecemos.", disse Kariel.
     "O que? Como! Vocês conhecem Elminster?", falou espantado Melegaunt
     "Sim. Ele foi nosso mentor durante um bom tempo."
     "Sabia que a lenda era verdade. Procurava por ele quando vim a esta parte do mundo. Onde ele vive?"
     "Elminster possui uma torre no Vale das Sombras, mas encontrá-lo é uma das tarefas mais difíceis em Faerûn. Ele sempre está resolvendo algum problema urgente neste mundo ou em outros..."
     "...ou está disfarçado como bardo de alguma taverna, ou na companhia de Simbul", completou Arthos.
     "Não faz mal. Ficarei a espera dele nesta torre, nem que leve o resto de minha vida."
     "Levar a vida esperando me parece um desperdício, Melegaunt, principalmente com a vida curta de vocês, humanos, mas se é isto que deseja, faço-lhe votos de boa sorte."
     "Me desculpem a franqueza, mas andei pensando, geralmente as ameaças que enfrentamos sempre tem haver com magos gananciosos. A existência destes phaerimns pode ser resultado de feitiçaria. Talvez o mundo fosse melhor
se não existissem pessoas que pudessem manipular a magia." Expressou Magnus.
     "Eu não penso assim Magnus. Acho que existem pessoas de boa vontade que possuem sabedoria suficiente para usar a Arte adequadamente." Opinou Kariel.
     "Eu sei meu amigo, tenho certeza que você é um deles. Mas você é apenas uma exceção diante de tantos outros inescrupulosos. Pensem bem, todos os seres tem o direito de se defender, com os punhos ou com uma espada. Mas o que poderiam fazer contra bolas de fogo que dizimam várias pessoas?"
     "Mas da mesma forma que uma bola de fogo mata, uma espada também o faz."
     "Nem todos podem fazer estas bolas de fogo como vocês magos. Apesar deste encantamento ter nos ajudado bastante, é um artifício muito covarde." Disse Limiekli.
     "Meus amigos, já tivemos debates como esse lá em Halruua, e eu acho que se existem magos que podem manipular a Arte é porque isso é natural. Se os deuses permitem isso então não podemos ignorar nosso destino." Finalizou Melegaunt a discussão.

     Galaeron retornou a biblioteca. A audiência seria no dia seguinte. O elfo convidou a Comitiva para pernoitar em sua residência e ofereceu transporte até lá. Porém Mikhail também os convidou a conhecer sua casa, ele que era natural de Evereska. A Comitiva resolveu prestigiar o amigo antes de ir até a residência de Galaeron. Foram então nas carruagens até a Casa Velian. Era uma propriedade grande e bela. Foram recebidos pelos pais e pelo irmão mais jovem de Mikhail, eram Tasardur, Geddali e Noah. Após as apresentações, Tasardur, o pai de Mikhail argüiu o filho sobre a missão da qual ele tinha sido requisitado quando saiu de Evereska, depois perguntou sobre o símbolo de Mystra que ele carregava no escudo. Ele explicou sobre sua crença na Deusa da Magia e o pai ignorou o assunto. Comeram e tomaram banho. Os forasteiros viram algo que os impressionaram na casa de banhos da família de Mikhail: água encanada!. Sirius abria e fechava as torneiras, espantado com aquela água que saía dos canos segundo seu comando. Limiekli considerou que fosse algum tipo de magia. Terminado o banho, Kariel e Mikhail foram ao templo de Corellon. Queriam orar num templo élfico novamente. Sirius, Limikli e Magnus procuraram um ferreiro e deixaram o pedaço de mithril que tinham para que fossem feitas duas armaduras. Ficariam prontas em sete meses. Era uma tempo longo (para os humanos), mas, como era raro encontrar alguém para trabalhar tal metal especial, decidiram por deixar o ferreiro de Evereska fazer o trabalho.

     Chegaram a grande catedral dedicada ao Pai dos Elfos. Kariel estava encantado: olhava para os detalhes da bela arquitetura, para a riqueza dos entalhes e para a estátua enorme do deus élfico. Também prestou atenção a magia que emanava forte daquele local. Sua contemplação foi interrompida por Mikhail

     "Nesta igreja está o patriarca de Corellon em toda Toril. Seu nome é Hyathos Venseler.
     "Podemos falar com ele?"
     "Acredito que não. Ele é muito ocupado!"

     Os dois fazem suas orações e retornam para a casa e tiveram uma surpresa. Aliás, não seria necessariamente uma surpresa, visto que de Arthos, Limiekli e Sirius poderia já esperar algo assim: a mesa principal da casa de Mikhail estava ocupada com um jogo de dados, garrafas e copos de vinho em uma farra agitada, da qual participavam os outros da Comitiva. Inclusive o irmão de Mikhail, Noah participava da diversão. Sirius, já com o rosto vermelho de tanto vinho, saudou Kariel.

     "E aí, Kariel!? Vem pra cá que isso aqui está bom de mais!"
     Kariel somente sorriu. Mikhail falou para o irmão:
     "Você acha que nossos pais vão gostar de vê-lo aqui nesta bagunça?"
     "Ah, Mikhail...isso não acontece toda hora. Não é todo dia que temos a presença destes N´Tel Quess. Está divertido."
     "Cuidado, Noah. Eles costumam exagerar!", advertiu Kariel. "E agora? Como vamos ter com Galaeron com estes nossos amigos neste estado."
     "Vão vocês lá pra casa de Galaeron. Nós ficamos aqui!", sugeriu Limiekli.
     "Não. Ele nos convidou a todos. Vou pedir para que tragam um chá que vai retirar o efeito da bebida."

     Mikhail pediu a um serviçal e minutos depois o chá foi servido e tomado, com desgosto, pelos alegres jogadores da Comitiva. Em momentos, eles retornam ao estado normal. Arthos viu naquele chá uma chance de curar futuras bebedeiras e foi até a cozinha pedir a receita. Kariel tratou de apressá-lo. Enquanto isto, Melegaunt, não acostumado a beber tanto, sentiu-se mal e se retirou. Mikhail olhava toda aquela baderna com uma flagrante expressão de desaprovação. Depois de recompostos, foram levados a uma carruagem e partiram em direção a casa de Galaeron. Viram pela primeira vez durante o caminho, elfos montados em hipogrifos e grifos, que patrulhavam os céus. Chegaram na Casa Nihmedu, lar de Galaeron. Foram recebidos por um criado, que os conduziu a uma sala de estar, e que em seguida foi avisar seu mestre. Galaeron os recepcionou e os levou até os aposentos de hóspedes, onde passaram a noite.

O Conselho dos Anciões da Colina

     No dia seguinte, a Comitiva foi até o Parlamento. Chegando no amplo edifício, foram levados a um auditório. Ao fundo, um palco com uma mesa e sete cadeiras, à frente de uma gigantesca janela adornada de vitrais. Haviam também púlpitos colocados nas laterais do salão. Estavam presentes, além da Comitiva, Melegaunt e Galaeron, dois guardas, um elfo com trajes nobres e outros dois eu pareciam ser seus assessores. O elfo de aparência nobre aproximou-se da Comitiva:

     "Sou o diretor Anskalar Duorsenna. Os Anciões irão recebê-los agora. Por favor esperem neste local", disse indicando alguns lugares à frente da mesa principal. Depois de algum tempo entraram cinco elfos e duas elfas na sala, que tomaram suas cadeiras na mesa principal, sentando-se de frente para os aventureiros. Um mestre de cerimônias anunciou um a um os nomes dos Anciões da Colina: os elfos da lua Amrod Miyeritar, Círdan Anárion, Lenwë Cyratran, Daeron Tinúviel e a elfa da lua Merenwen Othreier e o elfo dourado, Turgon Orishaar e a elfa dourada Lessien Eiellûr. Os nomes dos membros da Comitiva também foram citados. A Conselheira Lessien então começou a sessão.
     "Senhor Galaeron. Informe sobre a missão para o qual foi designado."
Galeron faz um resumo dos acontecimentos até a situação atual, narrando desde sua partida a perda dos elfos sob seu comando durante a batalha contra Gothyl e o rompimento da muralha Sharn.
     "Em primeiro lugar, gostaria de saber porque os soldados que o acompanharam foram abatidos tão facilmente. Seus inimigos não eram apenas goblinóides?", perguntou Círdan.
     "Na verdade, achei que não seria necessário ir com uma elite de guerreiros dos Espadas de Evereska para esta missão. Por isso parti apenas com soldados que ainda estavam em treinamento."
     "Isto foi uma impudência! Não sabia que perigos iria enfrentar. Você os entregou a morte."
Merenwen interferiu:
     "Não exageremos. Apenas não foi uma decisão acertada. Além disto, este assunto agora é secundário ante a ameaça dos monstros phaerimns."
     "Então, Galaeron? O que propõe?", perguntou Lessien.
     "Desejo estar ainda na missão, se assim permitirem. Gostaria de procurar os meios necessários para combater estes monstros..."
     "Combatê-los?", interrompeu Daeron, "Com que informações? Você falhou em sua missão e não sabemos nada. E a este momento, os phaerimns podem estar se encaminhando para cá. Você compreende que este poderá ser o fim de nossa raça e de Evereska?"
     "Não sei se seria uma boa idéia que você permanecesse na missão. Poderíamos designar alguém mais competente para terminar o serviço.", disse Círdan, "E, é claro, envolver os Espadas de Evereska na questão. Enquanto a você, deveria ser confinado e julgado pela morte dos soldados."
     "Acho que não devemos afastá-lo. Ele já conhece a situação e poderá ser mais útil do que em uma prisão.", colocou Merenwen.
Anrod, o mais velho entre estes elfos, que até então estivera calado, se pronunciou.
     "Vamos dar uma nova chance a Galaeron. Seria inútil continuarmos com estas discussões. Acho que ele sabe do erro que cometeu e pode tentar repará-lo. Gostaria de ouvir os estrangeiros aqui presentes sobre a visão deles sobre os acontecimentos. Acham que Galaeron foi negligente? Algum representante dentre vocês deseja falar?"
A Comitiva entreolhou-se e decidiram que Mikhail deveria falar, pois era de Evereska e poderia se sentir mais a vontade. Então ele começou a narrar:
     "Os soldados que o acompanhavam, em meio a uma batalha contra vários orogs, deixaram os inimigos e correram para a região onde se desenvolvia o combate arcano entre Galaeron e a bruxa Gothyl. Este foi um erro, pois ficaram vulneráveis a um feitiço, que os abateu, mas nisto Galaeron não teve culpa. Porém foi o choque de um de seus encantamentos com outro invocado pela bruxa que acelerou o processo que levou ao rompimento da Barreira."
     "Então este ato de Galaeron causou o problema que estamos enfrentando hoje. É obvia agora a sua culpa.", disse Lessien.
Cansado de ouvir a extensa reunião em élfico e nada entender, Sirius protestou em língua comum:
     "Não sei se me entendem, mas quando é que vamos embora combater a ameaça? Ou será que vamos ficar aqui o dia todo?"
     Anrod então falou em tom conclusivo:
     "Falaremos em língua comum para que possam todos compreender. Faremos uma reunião e deliberaremos se Galaeron continuará na missão. Enquanto a vocês, serão reconduzidos em segurança ao local de onde vieram.", disse Anrod,. Magnus porém, levantou a mão e pediu a palavra. O Conselho assentiu:
     "Senhores. Nós, humanos, a quem chamam de N`TelQuess, também somos seres vivos e temos o direito de nos defender desta ameaça tanto quanto vocês. Queremos combatê-la assim como os elfos. Proponho fazermos um acordo e unirmos nossas forças."
     Galaeron também se manifestou:
     "Conselho. Eu gostaria de reparar meus erros e levar a Comitiva comigo, pois ele assim desejam. Desta forma também, outras vidas de elfos de Evereska não serão postas em risco."
     "Está bem. Levaremos seus pronunciamentos em consideração. Nos reuniremos agora para deliberar.", disse Anrod.

     Os Anciões da Colina então deixaram a sala e, em seguida, a Comitiva, Melegaunt e Galaeron foram conduzidos a uma sala menor, onde aguardavam a decisão final. O sentimento geral era de descontentamento. Comentavam sobre a arrogância dos elfos de Evereska, que mesmo em uma situação extrema, desprezavam a ajuda que a Comitiva poderia oferecer. A vontade de alguns era a de deixá-los para serem destruídos pelo seu próprio orgulho, mas sabiam que não podiam permitir que Evereska e o restante de Faerûn pudessem ser ameaçados, e que os elfos daquele reino poderiam ajudar a solucionar a questão. Magnus pediu a Comitiva que esquecessem das diferenças e que fizessem de tudo para que os phaerimns fossem detidos. Um assessor chamou-os de volta ao salão. Os sete anciões estavam sentados. Então, Anrod ficou de pé e anunciou a decisão:
     "O Conselho decidiu que Galaeron é culpado da morte dos elfos e da destruição da Muralha Sharn. Será detido e julgado, podendo receber a pena de morte. E os estrangeiros serão levados em segurança ao seu local de origem."
     "Mas senhor!", interrompeu Galaeron, "Não faça isto. Deixe-me continuar!"
     "Preferem tirar a vida dele em uma execução inútil do que deixá-lo se arriscar para salvar seu Reino?", protestou Arthos.
     "Esperem...", interferiu Melegaunt. "Lembrei-me de algo. Não me apresentei formalmente. Sou Melegaunt Tanthul, do Reino de Haalrua. Lá praticamos magia e temos academias arcanas como as de vocês. Sou pesquisador da história de Netheril e lembrei-me de um texto que li uma vez, parte de um documento incompleto. Li que havia um artefato mágico, chamado a Pedra Karse, que teria sido usado contra os phaerimns. Lembrei-me da localização aproximada do enclave netherese onde teria sido criado no artefato. Calculo que este lugar, que era chamado Templo Karse, esteja localizado no norte da Floresta Alta."
     "Tem certeza disto, humano? Não seriam apenas conjecturas sem fundamento?"
     "Temos documentos. Existe a possibilidade de que tal artefato tenha criado as criaturas conhecidas como Sharns ou que sua energia tenha capturado ou consumido os phaerimns. É tudo que consegui me lembrar."
     "Deixe-nos ir.", pediu Mikhail.
     "Será somente esta Comitiva de estrangeiros e Galaeron, um condenado. Vocês não tem nada a perder.", insistiu Arthos.
     Anrod olhou para os demais colegas e disse:
     "Diante destes novos fatos, aqueles que concordarem em que Galaeron parta com a Comitiva da Fé e prossiga na missão, levantem a mão."
     Anrod, Lenwë, Daeron e Merenwen levantaram as mãos. Quatro contra três.
     "Aqueles que concordarem com a ida dos estrangeiros juntamente com Galaeron, levantem a mão"
     Aos anteriores, juntou-se Turgon, perfazendo o placar de cinco contra dois.
     "Fica decidido. Galaeron e a Comitiva poderão partir pela manhã. Providenciaremos transporte adequado. Esta sessão está encerrada."

Rumo a Floresta Alta

     O Conselho se retirou mais uma vez, e a Comitiva e seus aliados foram conduzidos à saída do Parlamento. De lá encaminharam-se novamente para a casa de Mikhail, onde passam a noite. Na manhã seguinte, logo cedo, seguiram para a casa de Galaeron e todos juntos foram em uma carruagem até um ponto alto na cidade. Neste local havia uma plataforma de onde partiam e chegavam elfos montando hipogrifos e grifos. Havia um grupo destes cavaleiros a espera dos aventureiros. Galaeron saudou o líder deles e o apresentou à Comitiva.
     "Este é Aubric Nihmedu, meu irmão e líder da elite dos Espadas de Evereska."
     "Os hipogrifos os levarão até o local que desejam. Será uma viagem rápida. Este...", apontou Aubric, "...é Tanthar Ar-Feiniel, líder do esquadrão dos hipogrifos. Ele escolherá os melhores animais. Iremos agora estudar os mapas."
     "Esperem... vocês não têm spelljamers?", disse Arthos, que sempre sonhou em ter uma daquelas embarcações voadoras.
     "Temos, mas o Conselho definiu que os hipogrifos seriam a maneira mais adequada.", respondeu Albric para a decepção de Arthos.

     Seguiram para uma próxima plataforma. Havia uma grande mesa onde os mapas foram desdobrados. Melegaunt definiu então o local mais provável de se encontrar o Templo Karse. Kariel viu que a rota não passaria próximo o suficiente para visitar Kand, mas pelo menos poderia rever a Floresta Alta. Após acertarem as rotas, montaram nas celas dos hipogrifos e ajustaram uma cinta de segurança. Em cada um deles ia um cavaleiro dos Espadas de Evereska, que comandava a montaria alada, e dois passageiros ( a não ser no caso de Magnus, que devido ao peso de seu equipamento, ia sozinho com o soldado élfico). Então alçaram vôo. Os hipogrifos iam velozes. Bingo divertia-se e gritava de emoção a cada rasante do animal e Limiekli não via nada: fechou os olhos e segurava-se o mais que podia na cela de sua montaria. Em poucas horas, os hipogrifos cobriram os oitocentos quilômetros que separavam Evereska do local determinado para o início da expedição. Sobrevoaram os Montes Estelares e chegaram a Floresta Alta. Próximo ao ponto de início, em uma clareira, aterrissaram.. Um dos soldados élficos avisou que ele e seus homens esperariam o retorno dos aventureiros para levá-los de volta. O grupo então montou o acampamento e preparou o almoço.

     Após um rápido descanso, aprontaram-se e começaram a caminhada por uma trilha natural, encontrada por Limiekli. O ranger foi na frente, seguido pelos demais, que conversavam.

     "Que tipo de ameaças podem se esconder nestas florestas?"
     "Não sei, Mikhail, mas só espero que não hajam dragões!", desejou Arthos.
     "Bem... existem dragões aqui na Floresta Alta", disse Kariel, que conhecia o ambiente da floresta de sua terra natal. "Mas eles são raros e não costumam aparecer."
     "Existe um ditado de onde vim, Kariel: urubu quando é azarado, o de baixo suja o de cima. Com o azar que nos temos, aposto que os dragões vão fazer uma exceção", disse Sirius.

     Limiekli, vê algo se mexer à frente. Vai oculto e vê uma criatura. Retorna para os seus companheiros.

     "Algo à frente. Uma criatura humanóide, magra e alta, com um nariz grande e pontiagudo e pele verde. Esta comendo a carcaça de algum animal. O que faremos".
     Enquanto ele dizia isto, Arthos já partia a frente. Não era à toa que era considerado inconseqüente. Felizmente, desta vez, ele só olhou e retornou.
     "É um troll.", disse.
     "Vamos deixar esse bicho lá e seguir o nosso caminho.", opinou Mikhail
     "As criaturas deste tipo que encontramos antes eram hostis, não eram? Vamos deixá-los em paz!", apoiou Kariel
     "Mas estas criaturas são inteligentes, não?", perguntou Magnus.
     "São", respondeu Arthos.
     "Então porque não perguntamos a ela se sabe o onde está o que nós estamos procurando?"
     "Pode ser. Vou lá perguntar."
     "Sabe falar a língua dos trolls, Arthos?", quis saber Kariel
     "Não, mas quem sabe ele pode falar comum.?"
     "Eu vou com você.", ofereceu-se Kariel. "Os outros podem vir depois de nós, um pouco mais distantes para não chamar a atenção."

     Os demais concordaram e Arthos e Kariel foram à frente. Arthos chamou o troll, que se aproximou lentamente.
     "Olá", disse Arthos.
     A criatura respondeu em uma língua estranha.
     "Não fala minha língua?", continuou.
     "Ele está falando um dialeto orc, Arthos. Posso compreendê-lo", informou Kariel..      "Conduzirei a conversa e traduzirei para você."
     Kariel então se referiu para a criatura.
     "Viemos em paz e não queremos perturbá-lo. Procuramos algumas ruínas, tocas de humanos a muito abandonadas. Será que não conhece algo assim?"
     "Tem uma caverna aqui perto. Existe algo assim na caverna. Pedras incomuns. Levo vocês até lá. Aguardem um momento."
     O troll entrou na floresta , voltou minutos depois e com um gesto chamou Arthos e Kariel. Os demais foram ocultos, seguindo a trilha dos companheiros. A criatura mostrou uma caverna aos dois. Assim que Kariel e Arthos se adiantaram, saltaram do alto das árvores quatros outros trolls, que atacaram os elfos. Pegos de surpresa na emboscada, receberam vários golpes simultâneos, que os feriram bastante. Kariel tentou conjurar um encanto, mas um golpe interrompeu os gestos do ritual e ele não pôde invocar o feitiço. Em seguida chegaram os outros membros do grupo e começaram a auxiliar Kariel e Arthos. Limiekli, Sirius e Bingo retiraram seus arcos e começaram a disparar suas setas. Magnus aproximou-se, sacou sua Chama do Norte e atacou um dos trolls. Mikhail foi contra outro, com seu Destruidor de Tempestades. Galaeron e Melegaunt preparam alguns encantos e dispararam bolas de fogo que dizimaram alguns deles. Arthos e Kariel se refizeram da surpresa. O primeiro pegou o seu sabre encantado, o segundo lançou sobre si um encanto de proteção. Com a participação de todos os aventureiros, as criaturas começaram a perecer. Magnus derrubou um, Mikhail outro. Alguns minutos depois, Sirius derrubou o terceiro e um encanto lançado por Kariel, derrotou o último.
Arthos e Kariel sentaram ao chão após a luta terminar. Os ferimentos que sofreram no início do combate foram intensos. Mikhail usou suas graças divinas de cura e fechou parte dos cortes dos dois companheiros. O restante do grupo amontoou os corpos dos monstros e Galaeron os incinerou com um encanto, a fim de impedir a regeneração natural dos trolls. Após isto, se rearrumaram para prosseguir. Havia a caverna à frente. Não sabiam se o troll mentiu ou não sobre esta parte, mas já que estavam tão próximos valia a pena investigar. Sirius pegou sua lanterna e a acendeu. Foi ele que começou a explorar a caverna, seguido de perto pelos demais.      Depois de andar quinze metros, Sirius encontrou um trecho da caverna forrado de palha e com restos de comida. Deveria ser a toca dos trolls. O caminho prosseguia e Sirius continuou, seguido pelos seus companheiros. Enquanto caminhava viu que a caverna se abria em um grande salão. No centro dele havia uma construção de pedra, algo bem antigo e rústico. Sirius olhou para trás e disse:

     "Pessoal: Acho que acabei de encontrar o que viemos procurar!"

Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

Os Últimos Dias de Glória © Todos os direitos reservados 2004 - Forgotten Realms™ e seus personagens são marcas registradas da Wizards of The Coast Inc.
This page is a fan site and is not produced or endorsed by Wizards of the Coast. Forgotten Realms is a registered trademark of Wizards of the Coast, Inc.