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O Rompimento da Muralha Sharn
Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira,
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira
Personagens da aventura:
Os
Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli).
Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor.
O Halfling: Bingo Playamundo. Participação
Especial: Lorde Randal Morn.
O Rompimento da Muralha Sharn
Através
de uma sacada, Randal Morn, o lorde de Cachoeiras da Adaga, fazia
reflexões consigo mesmo enquanto observava seu povo. A visão
das pessoas caminhando pelas ruas o tranqüilizava bastante,
porém uma dúvida incomodava sua alma, onde estarão
os demais desaparecidos? Ninguém mais do que ele sabia do
sofrimento que seu povo viveu durante os últimos anos. Sua
proteção era a única esperança que tinham
para a felicidade, pois o medo de uma nova invasão por parte
do povo do Mar da Lua e de outros exércitos incitava nos
moradores uma idéia de abandonar a cidade e habitar os outros
vales. Um homem de meia idade adentrou a sala interrompendo os pensamentos
do lorde.
"Senhor,
nada mais posso fazer pela Comitiva. A saúde deles está
intacta, mas seus corações ainda choram pelas vítimas
de Gryvus."
"Sim
Temeron, eu percebi. Sei também que não temos remédio
para isso, mas acredito na coragem deles."
"Sinto
um pesar em suas palavras milorde, algo o aflige além destes
fatos?"
"Na
verdade sim, Temeron, o que teria acontecido se a Comitiva não
viesse nos ajudar? Seria eu capaz de salvar a cidade? Será
que eu ainda sou necessário para o povo? Ou apenas servi
para remover o poder zhentarim daqui?"
"Mas
senhor, não seja tão duro consigo mesmo. Você
é o lorde Randal Morn, o senhor sempre será necessário
para o povo, seja de qualquer maneira. Não deixe que a dúvida
o atrapalhe."
"Obrigado
Temeron, mas o que poderia me deixar satisfeito seria usar minha
espada mais uma vez, e com ela perfurar o âmago de meus inimigos."
Uma
bela mulher surge no ambiente ouvindo as palavras do lorde, prontamente
Temeron a cumprimentou e pediu licença aos dois deixando-os.
Percebendo a melancolia nos olhos de seu marido, Madelyne pergunta:
"O
que acontecerá agora, querido? Você .."
"Sim
meu amor, irei para as Montanhas da Boca do Deserto. Temos esperança
de encontrar os outros desaparecidos."
"Mas
este lugar é habitado por monstros, pode acontecer algo terrível
.."
"Madelyne,
eu não posso ficar me escondendo atrás da Comitiva.
Esse é um problema nosso. Além do mais eles não
estarão aqui sempre. Eu preciso da confiança de meu
povo."
"Sim,
eu sei .." Disse ela abrançando-o com medo que voltasse
como um defunto.
"Querida,
será apenas uma pequena viagem. Cuide de Alars. Voltarei
o mais rápido possível." Terminou ele dando um
beijo na testa de Madelyne, e em seguida na sua boca.
Antes
de sair do quarto, pegou a Espada dos Vales e a colocou na cintura.
A partida
A
Comitiva queira partir no dia seguinte à batalha contra o
vampiro Gryvus e seus asseclas. Havia tanto do desejo de vingança
quanto a urgência em salvar as pessoas que ainda se encontravam
desaparecidas, porém todos ainda tinham que se recuperar,
tanto fisicamente, quanto mentalmente, depois dos horrores que testemunharam
nas catacumbas sob a mansão de Gryvus. Sendo assim, por recomendação
de Temeron clérigo-mor de Lathander no Vale da Adaga, ainda
permaneceram em Cachoeiras da Adaga por três dias. Neste período
foram enterrados os corpos retirados do santuário de Velsharoon.
Aqueles que puderam ser identificados receberam uma lápide
e o choro de seus familiares, mas outros tantos, tal o estado que
se encontravam, foram sepultados em uma cova coletiva, com a esperança
de seus parentes que estes restos não fossem de seus entes
queridos e que estes estivessem ainda vivos, esperando para serem
libertados por Randal Morn ou pelos estrangeiros do grupo conhecido
como Comitiva da Fé.
A
sacerdotisa de Velsharoon, capturada pela Comitiva e mutilada em
uma ação isolada e oculta de Sirius, pagou pelo seus
crimes com a pena capital: foi decapitada em praça pública
e hostilizada pelos moradores de Cachoeiras da Adaga, desejosos
de vingança. Sirius foi o único da Comitiva a estar
presente a este evento e quando o machado do carrasco se abateu
sobre a condenada, o aventureiro sorriu. "Era o fim de um grande
mal", pensou.
Na
manhã do terceiro dia, Lorde Randal foi até o aposento
onde estavam hospedados os membros da Comitiva. A visita foi recebida
com satisfação, pois era o sinal que a espera terminara
e que poderiam então partir para o caminho indicado no mapa
encontrado na propriedade de Gryvus e, esperavam, poderiam encontrar
as pessoas desaparecidas e devolver a tranqüilidade aos habitantes
daquele Vale.
"Comitiva.
Podemos partir hoje? Acreditamos que já estejam satisfatoriamente
recuperados.", disse o Lorde.
"Sim,
Lorde Randal. Quanto mais rápido formos, mais chances terão
aquelas pessoas desaparecidas.", respondeu Kariel.
"Concordo.",
afirmou Magnus.
"Não
sei nem porque demoramos tanto aqui. Por mim já devíamos
ter ido.", disse Arthos. O elfo de cabelos vermelhos, desacordado
que estava, não presenciou a cena macabra do ritual de Velsharoon
e desta forma não compreendia que aquele tempo de convalescença
servia também para limpar a mente de tão grotesca
visão.
"Pois
bem.", concluiu Randal, "Então preparem-se e nos
encontraremos no pátio.". Em seguida, o Senhor de Cachoeiras
da Adaga deixou o quarto.
Após
os preparativos, desceram os aventureiros às escadas e foram
até o pátio. Lá estava Randal, pronto para
a viagem e com ele haviam seis guerreiros, cinco homens e uma mulher.
A Comitiva argüiu o Lorde sobre a identidade daqueles soldados.
"Estes
são Myron, Danthius, Borna, Veltrin, Ronus e Khaitlin",
apresentou em ordem os homens e a mulher. "São nossos
soldados mais qualificados. Mas não devemos perder mais tempo
com amenidades, meus amigos. Vamos partir"
O
grupo montou em seus corcéis e partiram. Deixaram o castelo,
e passaram pelo centro da cidade em direção ao portão
norte de Cachoeiras da Adaga. O povo, ao ver seu Lorde e aquela
Comitiva aproximou-se formando uma aglomeração. Começaram
a ser ouvidos aplausos. Randal saudou os seus cidadãos e
por parte da Comitiva fizeram o mesmo Kariel e Arthos (este último,
retirou o seu chapéu e com ele fez várias deferências).
Randal perguntou aos demais.
"Porque
não acenam para o povo?"
"Acho
que apenas fizemos nossa obrigação e nada mais.",
disse Mikhail.
"Devem
acenar. Retribuir a gratidão do povo é também
uma maneira de oferecer-lhe esperança e confiança.
Depois que tornei-me Lorde entendi isto."
"É,
pessoal! Retribuam o carinho do público!", comentou
Arthos.
Então
a Comitiva toda saudou o público, enquanto se afastava das
construções e atravessava os portões rumo às
Montanhas Boca do Deserto.
Conversas pelo caminho
Os
heróis cavalgaram e viram aos poucos a vegetação
ir se alterando. As árvores frondosas foram substituídas
por outras mais frágeis, de tronco retorcido e fixadas em
um solo seco e arenoso. Depois de algumas horas de cavalgada silenciosa,
Randal perguntou a Comitiva.
"Vocês
têm alguma idéia sobre o que poderemos enfrentar?"
"Ainda
acho que encontraremos a bruxa Gothyl, e temo, outros inimigos a
exemplo de Gryvus"
"Devo-lhes
contar-lhes mais sobre o que sei sobre Gothyl. A bruxa me prendeu,
anos atrás, em uma espécie de globo de energia enquanto
preparava um ritual. Fui salvo, mas ela conseguiu aumentar seus
poderes e fugir. Vocês irão notá-la. Ela nunca
toca os pés no solo. Sempre está flutuando."
"Não
a perseguiu depois disto?", quis saber Sirius.
"Ela
desapareceu. Nunca consegui encontrá-la novamente. Devo-lhes
alertar-lhes também que, quando me capturou, Gothyl tinha
a aparência de uma morta-viva e que depois do ritual, assumiu
um aspecto mais humano, ainda que sua pele acinzentada ainda denunciasse
sua essência maligna."
"Magnus.",
chamou Kariel a atenção do paladino, "Será
que esta Gothyl é uma lich?"
"Kariel,
apesar de termos combatido o lich Morienus, acho que você
é mais indicado para fazer estas distinções."
"O
que vocês estão falando? O que é um lich?",
perguntou Limiekli que não estava entendendo nada.
"É
uma espécie poderosa de morto-vivo. Normalmente magos que
renunciaram a vida para aumentarem o seu poder. Caso ela seja uma
lich, teremos bastante trabalho."
"Espero
que minhas armas funcionem contra esse tal lich.", falou Sirius
olhando para sua espada.
"Elas
terão que ser encantadas para atingir tal criatura. Mas a
especulação é inútil. O que quer que
seja teremos que enfrentar."
"E
essa Gothyl, Lorde Randal... adora alguma divindade, comanda algum
tipo de culto?", questionou Mikhail, clérigo de Mystra.
"Não
que eu saiba. Ela normalmente possui escravos goblinóides,
que comanda magicamente.", respondeu o Lorde.
"Bah!
Vocês estão se preocupando a toa. A Comitiva já
enfrentou um monte de inimigos e sempre venceu!", disse o valente
halfling Bingo.
"Existe
uma lei que percebo em nossas andanças: por maior que seja
os nossos inimigos, sempre parece haver algum ainda mais poderoso.",
falou Kariel.
A
Comitiva cavalgou durante a manhã e no início da tarde
chegaram á um sítio plano, aos pés das montanhas.
Randal Morn parou seu cavalo e informou aos demais sua intenção
de acampar naquele local. De lá poderiam partir em expedição
para explorar as vizinhanças. Os seus companheiros de viagem
concordaram e começaram a montar as barracas. Foi interessante
notar a disposição de Randal, que mesmo nobre, não
se esquivou do trabalho de armar as tendas junto com seus soldados
e com os membros da Comitiva. Após o trabalho feito, Randal
sugeriu o envio de um batedor para averiguar as redondezas. Limiekli,
o ranger, se ofereceu e partiu. Voltou cerca de quarenta minutos
depois. Vinha apressado e desmontou na direção onde
se reuniam os membros da Comitiva e Lorde Randal.
"Vocês
têm que ver isto!", exclamou.
"Ver
o quê?, perguntou Sirius.
"Existe
um outro acampamento aqui perto. Cinco barracas.", respondeu
o ranger.
"Acampamento?
Humanos, orcs?", Arthos questionava ansioso.
"Elfos!",
disse Limiekli.
"Elfos!?",
exclamaram em uma só voz Arthos, Mikhail e Kariel, que não
esperavam que um grupo de sua raça estivesse em um lugar
desolado como esse.
"Vamos
até lá!", Arthos deu a idéia.
"Tenham
cuidado. Estes elfos podem ser também inimigos!", advertiu
Mikhail.
"Sugiro
irmos juntos e armados! Preparados para quaisquer eventualidades.",
sugeriu Randal. Assim, então, eles partiram em seus cavalos.
Cavalgou
o grupo poucos minutos, através de uma trilha sinuosa em
meio à vegetação rasteira e logo surgiram as
cinco tendas brancas. Não eram simples barracas, como as
armadas pelos soldados de Randal. Eram tendas de elfos e como tais
refletiam o gosto destes pelas coisas belas. Para os verdadeiros
elfos nada devia ser comum, e não eram comuns aquelas tendas:
tinham uma base pentagonal e o tecido era fino, ornado com desenhos
e inscrições. Protegiam o acampamento dois elfos,
que agitaram-se, sacaram suas armas e foram em direção
dos aventureiros que se aproximaram.
"Alto.
Quem são vocês?", falou o sentinela na língua
do povo antigo.
"Viemos
em paz.", disse Arthos.
"Sou
Lorde Randal Morn, do Vale da Adaga. Estamos em viagem, acampados
próximo daqui. Talvez fosse interessante trocarmos algumas
informações.". Os elfos pouco deram valor às
palavras de Randal, apesar de terem entendido a fala no idioma comum.
Neste momento, Mikhail reconheceu um símbolo que constava
na armadura de um dos guardas e os saudou.
"Salve,
irmão de Evereska! Sou Mikhail Velian e também vim
de seu reino."
"É
um Velian? Realmente há uma Casa Velian em Evereska. Neste
caso sejam bem-vindos. Sou Gwaveron. Vou levá-los ao nosso
comandante. Porém peço que apenas os elfos e o humano
nobre venham comigo."
O
restante da Comitiva, mesmo um pouco chateado por ter sido excluído
da entrevista, resolveu concordar e permanecer do lado de fora,
a espera dos companheiros. Gwaveron caminhou com os quatros visitantes
até em uma tenda majestosa, a maior delas. O guarda elfo
pediu para que aguardassem do lado de fora e entrou. Poucos minutos
depois retornou e mostrou o caminho até um dos quartos da
tenda. Havia uma bela cama e prateleiras com frascos e objetos decorativos,
um luxo que os humanos não consideravam em uma moradia provisória
como um acampamento. Sentado em uma escrivaninha estava um elfo
de cabelos negros, trajado em um robe fino, que falou em élfico.
"Chamo-me
Galaeron Nihmedu de Evereska. Quem são vocês?"
"Salve!
Sou Mikhail Velian e estes são meus companheiros Arthos,
Kariel e o Lorde Randal Morn, do Vale da Adaga. Estamos surpresos
em encontrar um acampamento élfico em lugar tão isolado."
"O
mesmo digo de encontrar três elfos rodeados de humanos."
"Diga-nos,
senhor.", falou Arthos, "O que traz vocês aqui?"
"Investigamos
uma atividade mágica na região."
"Também
procuramos por algo. Pessoas desaparecidas do Vale da Adaga",
comentou Mikhail. Neste momento, Lorde Randal interferiu também.
Apesar de não falar élfico, o Lorde disse em comum,
acreditando na compreensão de Galaeron de seu idioma.
"Procuramos
por uma bruxa chamada Gothyl. Ela raptou muitos de meu povo."
"Gothyl?
Nunca ouvi falar.", disse também em comum Galaeron.
"Porém meus soldados estão procurando algo na
região. Enquanto a vocês, acho que não deveriam
permanecer aqui. Há notícias de criaturas perigosas
na área. Deixem este problema conosco e partam antes que
se machuquem.".
"Ora!",
Arthos começou e todos já sentiam que ele iria dizer
algo impensado, "Você nos subestima e a seus inimigos.
Quem age desta forma não pode ser sábio!". Porém,
Galaeron não se abalou e disse apenas.
"Por
enquanto a audiência termina aqui. Podem acampar nas proximidades
se desejarem.", disse o elfo, agora voltando seus olhares para
alguns documentos que começou a escrever. Gwaveron, o guarda,
então os reconduziu para junto dos outros. Então a
Comitiva da Fé, Randal Morn e seus soldados voltaram para
o acampamento de onde haviam partido.
Estavam
aborrecidos com o tratamento frio dispensado pelos elfos e em especial
Arthos, que vivera muito tempo entre os humanos e não conseguia
se habituar com o tom de superioridade de alguns de seu povo. Mikhail
justificou a distância entre elfos e humanos referindo-se
a conflitos históricos do passado e Kariel lembrou a Arthos
que a falta de conhecimento da sociedade humana é que geram
as generalizações e o preconceito de alguns povos
élficos. Já Sirius estava confuso, pois sempre pensou
que todos os elfos eram amistosos como os que lhe acompanhavam naquele
instante e começava a concluir que aqueles não faziam
parte da regra, e sim da exceção. Além da distância
dos elfos de Evereska, outro assunto tomou corpo nos debates: o
motivo pelo qual um povo de um reino tão distante estaria
aqui nestas montanhas. Deveria ser algo grave, oculto por Galaeron,
era o que pensavam.
A
noite caiu e os aventureiros dormiram, a exceção de
Kariel e Arthos, que resolveram fazer uma visita oculta ao acampamento
de Evereska, em busca de alguma pista do motivo da presença
daqueles elfos nas Montanhas Boca do Deserto. Porém a busca
foi em vão: penetrar nas tendas era arriscado demais e não
queriam ter aquele povo como inimigo. Voltaram. Na manhã
seguinte, logo cedo, dois guardas de Evereska chegaram no acampamento
e pediram que os elfos os acompanhassem. Kariel, Arthos e Mikhail
atenderam o pedido e foram novamente levados a presença de
Galaeron. O comandante da expedição de Evereska lhes
revelou que seus batedores haviam descoberto uma caverna guardada
por dois orogs e que iriam penetrá-la no nascer do sol do
dia seguinte. Se desejassem, poderiam unir-se a eles na empreitada.
Ficaram então os elfos de perguntarem a Lorde Randal o que
ele achava da proposta e assim a questão foi levada ao Senhor
de Cachoeiras da Adaga. Randal deixou claro que não se considerava
líder da expedição e que estava em igualdade
com os membros da Comitiva na tomada de decisões. Ouviu então
o Lorde a sugestão de concordar com a proposta de Galaeron
e assentiu, sendo seguido pelos demais aventureiros. Então
resolveram unirem-se aos elfos de Evereska ao raiar do dia.
A Noite no Acampamento
Aquela
era a noite que antecedia o início da missão com os
elfos de Evereska. A Comitiva de maneira geral já estava
acostumada com este tipo de acontecimento, afinal já haviam
experimentado muitas situações semelhantes, mas para
os soldados de Randal, enfrentar monstros e ver tantos elfos de
uma só vez era uma grande novidade. Os aventureiros, nesta
hora tardia, já dormiam, a exceção de Sirius
que conversava com os soldados Myron, Danthius, Veltrin e Khaitlin,
sentados em volta de uma fogueira, e de Magnus, que ajudava Borna
e Ronus na ronda noturna. Em volta da fogueira, Danthius iniciou
uma conversa.
"Estes
elfos...viram as barracas de acampamento deles? São enormes
e tão bem trabalhadas. São obras de arte!"
"Não
se espante, Danthius! Estes elfos são assim mesmo. Pense
bem... conheci um deles chamado Villayete. Tinha mais de quinhentos
anos de idade. Eles vivem tanto que podem se dar ao luxo de gastar
tempo para fazer uma barraca como aquelas. Não devem ter
muito o que fazer. Aposto que passaram dez anos somente para projetar
aquelas tendas.", comentou Sirius.
"Você
disse quinhentos anos de idade? Não é possível?
Como podem viver tanto? E estes que estão aqui?", perguntou
Myron.
"Os
outros não sei ao certo, mas Arthos tem mais de 100 anos
com certeza!"
Khaitlin
não prestava atenção sobre o assunto dos elfos.
A jovem somente esperava ansiosa o seu colega Ronus retornar de
seu turno de vigia no lado leste do acampamento para substituí-lo.
Poderia parecer ao desavisado que Khaitlin tinha um grande senso
do dever, mas seus motivos não eram tão profissionais.
Era que Magnus, o paladino de Helm, também estava guardando
o lado leste e sua beleza tinha feito mais um coração
cativo. Era uma oportunidade, quem sabe, de iniciar uma aproximação
com o belo guerreiro da Comitiva. Ronus, após intermináveis
minutos para a Khaitlin, chegou próximo da fogueira.
"É
sua vez, Khaitlin!"
"Ótimo!",
disse sorridente. "E Magnus!? Ele está lá, não!?"
"Estava
até a pouco. Agora está na ala oeste!"
Neste
momento, o sorriso da moça desapareceu e a ronda deixou de
ser interessante. E assim a noite passou e o dia começou
a raiar.
Um Novo Mestre
Em
outro lugar de Faerûn, especificamente numa fortaleza conhecida
por Amyr Ibicus, localizada em Cormyr. Um homem, o senhor do forte,
pensava em como as coisas poderiam ser diferentes. Um mago de guerra
estava a sua presença no seu gabinete.
"Torkan,
meu amigo, recebi a poucos dias uma mensagem da corte real. Eles
estão muito descontentes com meus serviços, marcarão
meus passos a partir de agora. Serei excluído das missões
mais importantes. Isso tudo só pode ser culpa de Thistle
e aquele bando de aventureiros. Eles atraíram aqueles vilões
para cá e agora eu sou o responsável pelo fracasso
em proteger o herdeiro."
"Que
terrível notícia, Lovering. Pensaremos numa medida
estratégica para recuperar seu respeito."
"Na
verdade eu já pensei. Participarei da guerra mais ativamente.
Se minhas tropas recuperarem uma cidade nossa das mãos de
Vorik, então será o início de uma reconciliação.
Por isso enviei vários homens as fileiras do norte onde o
combate é mais intenso."
Não
sabia Lovering, mas sua decisão fora inoportuna, talvez por
azar de Beshaba, pois fora dos portões alguns homens esperavam
a ordem de seu líder que desejava invadir Amyr Ibicus.
"Senhor,
estamos prontos. É só dar a ordem." Disse um
sacerdote de Bane.
"Ótimo,
ataquem agora, mas lembrem-se, não matem o anfitrião."
Ordenou um homem em armadura negra, debaixo de seu braço
repousava um elmo em forma de crânio.
Um
mercenário pulou os enormes muros e burlou os guardas com
bastante habilidade, foi até a alavanca que movia a ponte
levadiça que dava acesso a fortaleza e cortou a garganta
do guarda que a tomava conta. Destravou a alavanca e abriu os portões,
os soldados se assustaram com aquilo e foram em disparada ver o
que estava acontecendo, infelizmente foram vítimas de um
estranho gás que os deixou atordoados, com isso ficaram vulneráveis
a disparos de flechas que tiraram suas vidas. Os mercenários
foram abatendo os soldados facilmente pelo fator surpresa. Se todo
o contingente estivesse ali não seria tão fácil
uma invasão.
De
repente uma esfera em chamas dizimou vários dos invasores.
Fora lançada por um mago de guerra. O sacerdote de Bane se
apresentou a batalha e após um combate mágico, pegou
sua maça e esmagou o crânio do mago. Conseguiram eles
abrir caminho até o salão principal, lá finalmente
o invasor ficou frente a frente com o senhor local, o cavaleiro
Lovering.
"Você?
Foi você que estava aqui naquele dia combatendo a Comitiva!"
Disse Lovering perplexo ao ver um homem em armadura negra com um
crânio incandescente.
"E
você é o idiota que manda aqui. Implore e eu não
o matarei."
"Nunca,
nunca sem lutar." Desembainhou então uma espada e foi
de encontro ao ser das trevas.
O
ser negro sacou um cabo de espada com uma lâmina de energia.
Defendeu o golpe de Lovering facilmente e completou com um soco
na face do cavaleiro fazendo-o cair longe.
"Você
é apenas um inseto para mim, não perderei mais tempo
com você. Ficará vivo junto com a vergonha de ser um
fracasso." Decidiu o ser, deste modo os mercenários
amarraram Lovering e o encarceraram.
Logo
depois, o guerreiro de armadura negra foi até um determinado
corredor e abriu uma passagem secreta que dava acesso a um refúgio
oculto. No final chegou a uma caverna subterrânea onde uma
nau flutuava. O ser deu uma boa olhada em seu veículo e quando
estava prestes a entrar nele ouviu uma voz.
"Voltou
aqui como eu supunha. Se quiser ser alguém neste mundo deve
tomar certas precauções." Disse uma figura nas
sombras.
"Quem?
Quem está aí?"
"Com
o tempo você aprenderá, mas tudo depende de seu discernimento.
Você é o pai do deus falecido Cyric, e ficou conhecido
por Nêmesis, o arauto da morte. Atente para sua posição
e talvez alcançará sucesso."
"O
quê? Você? Eu não imaginava .." Disse Nêmesis
surpreendendo-se com a identidade da misteriosa figura.
"Seu
antigo mestre era um tolo imbecil, una-se a mim e seu poder será
elevado."
Após
um momento de hesitação, Nêmesis lentamente
se ajoelhou e disse "Sim meu mestre."
"Ótimo
pegue sua nau e vá até este lugar." Disse a figura
entregando-lhe um pequeno mapa.
Nêmesis
se levantou, foi até seu spelljammer e lembrou-se "Mestre,
o que faremos com a Comitiva da Fé?"
"Por
enquanto nada, temos coisas mais importantes a fazer." Disse
o ser misterioso antes de desaparecer nas sombras.
A Missão
O
dia chegou e a Comitiva, Randal Morn e seus soldados estavam prontos
na frente do acampamento, onde aguardavam o batedor dos elfos para
guiar o grupo conjunto à entrada da caverna. Galaeron, que
portava um cajado, e três guardas esperavam também.
Eis que então chegou o aguardado batedor. Antes de seguirem,
o elfo, que apresentou-se ao grupo vindo do Vale da Adaga como sendo
Ephastomeles. Galaeron sugeriu a Randal que não levasse todos
os seus soldados. Disse ele que poderia ser muito perigosa a empreitada
para aqueles homens. Randal ponderou e decidiu acatar a sugestão,
levando Veltrin e Ronus e ordenando os demais que guardassem o acampamento.
Alguns membros da Comitiva não gostaram da sugestão.
Afinal, se os soldados elfos de Evereska poderiam lutar, porquê
não os humanos do Vale da Adaga? E foi Sirius falar sobre
isto em voz baixa com Randal Morn.
"Lorde
Randal. Não estou agüentando a prepotência destes
elfos. Dispensar os nossos soldados enquanto os deles podem combater?
Porque o senhor concordou com isto?"
"Entendo
o seu descontentamento, mas estou incerto sobre o que encontraremos.
Estes soldados já combateram homens, mas monstros nunca.
É melhor que a maioria fique. Não quero mais familiares
lamentando mortes de entes queridos em Cachoeiras da Adaga."
Então,
partiram Galaeron e seus quatro soldados, Randal Morn e seus dois
e a Comitiva da Fé com seus sete membros. Percorreram por
cerca de quarenta minutos uma trilha montanhosa até uma planície
onde se podia ao longe ver a entrada de uma caverna, bem como os
sentinelas orogs, grandes goblinóides, que guardavam a entrada.
Ao chegarem Efastômeles anunciou.
"Irei
com Moruntyr dominar os orogs. O restante deve ficar. A luta pode
ser perigosa!"
"Eu
irei também!", voluntariou-se Kariel. Arthos, porém
chegou-se ao amigo, segurou-lhe o braço e na surdina disse-lhe:
"Deixe
eles irem, Kariel. Vamos ver se são tão bons como
fazem parecer."
Kariel
assentiu e assim foram os dois elfos de Evereska, observados a distância,
em direção a caverna. Ephastomeles e Moruntyr foram
silenciosos e sorrateiros, escalando uma parede rochosa e se colocando
sobre a entrada guardada pelos orogs. Posicionaram-se acima de seus
inimigos e quando encontraram o momento adequado saltaram sobre
eles. Começou então o combate. Os inimigos, surpresos,
sofreram os primeiros golpes sem oferecer resistência. Enquanto
Ephastomeles combatia com sua espada um dos inimigos, Moruntyr afastou-se
e velozmente pôs seu arco em ação, disparando
setas contra o outro. O orogs esboçaram uma reação:
o que lutava contra Ephastomeles golpeou-lhe, tingindo sua cota
de malha de sangue e o adversário de Moruntyr, mesmo com
três flechas no corpo, aplicou-lhe um potente soco, fazendo-o
derrubar o arco. Apesar dos reveses, os elfos triunfaram: após
mais alguns ataques, os orogs se renderam e foram levados até
os invasores ocultos. Arthos, não perdeu a chance de provocar
os elfos, vendo que os soldados voltaram feridos do combate.
"Galaeron.
Deveria ter trazido soldados de elite para uma missão como
esta."
"A
escolha de soldados é assunto que diz respeito à corte
de Evereska.", falou secamente.
Longe
de provocar algum constrangimento, isto divertiu Arthos e outros
membros do grupo vindo do Vale da Adaga, ansiosos por revidar o
tom de superioridade com que os elfos de Evereska os tratavam. Magnus
foi quem pediu para quem o elfo parasse com este tipo de provocação.
Kariel aproximou-se dos orogs e iniciou um diálogo no idioma
orc, que aprendera em seu reino natal. Porém, antes que qualquer
frase fosse terminada, foi interrompido por Galaeron, que bradou
indignado.
"Um
elfo falando orc?! Gastou seu tempo aprendendo esta língua
imunda!". Kariel virou-se e respondeu.
"Deveria
ser mais inteligente. Falar a língua do inimigo pode ser
essencial para descobrir seus planos. Aprendemos isto em meu Reino!",
rebateu Kariel.
"E
deveria ser menos arrogante também. Poderia começar
revelando o que realmente veio fazer aqui!", disse Mikhail,
que estava irritado com o comportamento de Galaeron. Este então
respondeu ao clérigo de Mystra.
"Nada
devo a vocês. Apenas respondo a corte de Evereska. Vieram
conosco porque assim quiseram. Não há mais nada para
dizer. Se quiserem interrogar estas criaturas, que o façam."
Galaeron então afastou-se alguns metros com os seus elfos.
Kariel então reiniciou seu diálogo com as criaturas.
"Vocês
estão derrotados. É melhor nos darem informações,
caso contrário não terão mais nenhuma serventia
para nós!"
Os
orogs ficaram em silêncio. Kariel insistiu novamente, mas
não obteve resposta. Veio então Arthos e chamou-lhe,
junto com outros membros da Comitiva. Tinha uma idéia: os
dois orogs estavam bastante feridos e poderiam fazer uma barganha.
A sugestão de Arthos era cuidar dos ferimentos do orog que
fornecesse algum tipo de informação e libertá-lo.
Aquele que não colaborasse continuaria ferido e sujeito a
ter sua condição de saúde sob risco, e ainda
iria enfrentar a justiça do Vale da Adaga. Mikhail, que conhecia
como parar sangramentos e fazer curativos e talas, não gostou
muito da idéia de suas técnicas médicas naqueles
inimigos, mas ao fim concordou. Então retornou Kariel aos
orogs.
"Pois
bem. Eu e meus companheiros resolvemos a situação
de vocês. Aquele que falar terá cuidados médicos
e libertado após o término desta situação.
O que continuar escondendo o que sabe continuará ferido e
será levado conosco, se resistir, para as masmorras. Vocês
escolhem!"
"Como
saberemos se diz a verdade!?", falou em fim um orog.
"Criaturas
como vocês não tem honra, mas nós temos. De
qualquer forma terão que confiar. Na posição
de vocês não há escolha."
Os
orogs se olharam durante alguns momentos, até que um deles
recomeçou a falar, afoito.
"Eu
digo! Eu digo! Eu sei mais que ele. Me libertem."
"Espere!",
olhou o outro para o seu colega ao lado, "Porque você
sabe mais, seu idiota?"
"Eu
sou o líder, seu estúpido!", respondeu.
"A
senhora Gothyl disse que não há líderes!"
"Seu
idiota. Está falando antes da hora!"
Os
orogs começaram uma briga entre si. Mesmo amarrados procuravam
dar cabeçadas, chutes e mordidas um no outro. A preocupação
da Comitiva era que, com os dois bastante feridos, acabassem se
matando e ninguém então saberia de nada. Então
separaram os orogs e Kariel disse-lhes.
"Não
é necessário matarem-se, criaturas! Os dois podem
ser libertados caso nos dêem alguma informação!"
O
orogs então começaram finalmente a falar. Disseram
que eram servos da bruxa Gothyl e que havia mais alguns da raça
deles dentro da caverna, em uma sala onde não tinham acesso.
Informaram também que muitos humanos haviam sido levados
para dentro por um homem e uma mulher, alguns dias atrás.
A descrição fornecida pelos orogs era muito semelhante
a de Lorde Gryvus. Não sabiam muito mais. Então, no
cumprimento do acordo, Mikhail retirou de sua bagagem ungüentos
e faixas, dando os primeiros socorros aos seus adversários,
que depois de uma batalha e da briga entre si, dificilmente resistiriam
por muito tempo sem aqueles cuidados. Após o atendimento,
os orogs foram novamente amarrados e levados ao acampamento pelos
soldados de Randal. Somente seriam libertados após o término
da missão, afim de evitar possíveis traições,
algo muito comum na cultura destas criaturas.
Após
o retorno dos soldados humanos, os elfos de Evereska novamente se
aproximaram. Era possível notar que Ephastomeles e Moruntyr
não estavam mais feridos, provavelmente curados por algum
tipo de encanto. Decidiram prosseguir e adentraram a caverna, iluminados
pela lanterna de Bingo e uma outra levada por um soldado de Evereska.
Porém o aposento não estava em trevas. Tochas iluminavam
o ambiente e pôde-se ver feno no chão e cavalos. Era
uma espécie de estábulo. O grupo seguiu adiante por
um corredor que se revelava a diante e acabou chegando em outro
salão, muito maior que o anterior, tanto na largura, quanto
na altura. Um dos trechos do enorme salão era iluminado por
uma grande abertura no teto. Enquanto os exploradores percorriam
com os olhos o local, uma voz potente e gutural pôde ser ouvida
vinda da escuridão.
"Quem
invade os domínios de Nabanascor?"
"Viemos
pelos humanos!", disse Kariel.
"E
por Gothyl!", completou Arthos Fogo Negro.
"Os
humanos são nossos e eu protejo a senhora Gothyl. Serei clemente
com vocês. Deixem imediatamente este local e não serão
molestados."
"Não
queremos a clemência e iremos lhe livrar do encargo de protetor
de Gothyl", bradou Arthos.
"Eu
os preveni. Agora morrerão!"
De
uma parte escura do gigantesco salão, saiu uma também
gigantesca criatura. A visão aterradora de um dragão,
de escamas negras e ao mesmo tempo translúcidas, que pareciam
aprisionar algum tipo de energia sombria, projetou-se para a frente.
Neste momento, os soldados de Randal, recuaram e ficaram imóveis.
Nunca foram preparados para tal terror. O monstro inflou o peito,
abriu sua enorme boca e expeliu uma nuvem negra que atingiu Arthos
e Kariel. Imediatamente os dois sentiram-se enfraquecidos, como
se parte de seu vigor físico fosse-lhes arrancada de repente.
Os demais sacaram suas armas, mas foram interrompidos por Galaeron.
O elfo pediu para que aguardassem por um momento e conjurou um encanto.
Assim que terminou de proferir as palavras mágicas, surgiram
quatro esferas, incandescentes como magma, sobre o corpo do dragão.
Em seguida, elas desabaram sobre o inimigo, causando uma explosão
que fez a criatura urrar de dor. Então os exploradores partiram
para o combate. A maior parte da Comitiva aproximou-se do dragão
para desferir seus golpes, enquanto os soldados de Evereska escolheram
utilizar de seus arcos para tal tarefa. Mikhail lançou um
encanto divino, que influiu na precisão dos golpes de seus
aliados e em seguida usou seu martelo contra a criatura. Magnus
e Bingo atacaram em um dos flancos e Arthos e Kariel em outro. Limiekli
e Sirius disparavam suas setas, porém sem obter sucesso.
O combate prosseguiu com intensidade. A criatura proferiu algumas
palavras no seu estranho idioma e parte de seus ferimentos magicamente
se fecharam. Foi a hora do revide. Com grande velocidade, Nabanascor
atingiu Magnus com um poderoso golpe de sua pata dianteira, ferindo
bastante o paladino de Helm. Mikhail correu para acudi-lo e lançou
sobre ele um sortilégio de cura. Galaeron lançou outra
de suas magias e brilhantes pontos de luz deixaram suas mãos
para atingir a criatura. Magnus refizera-se e deu um novo golpe,
desta vez mortal, fazendo tombar o monstro. Parte da Comitiva estava
surpresa.
"Pensei
que este combate duraria mais!", falou Arthos, lembrando de
seus outros encontros com dragões.
"Vocês
tiveram sorte. Este não é um Grande Ancião,
mas um dragão de menor poder.", disse Galaeron.
As
curas divinas foram ministradas por Mikhail, sobretudo em Magnus,
que foi o mais atingido. Arthos, que já fora mago no passado,
e Kariel, mago e Escolhido da Deusa da Magia estavam impressionados
com algo durante a batalha. Sabiam eles que o primeiro encanto utilizado
por Galaeron somente poderia ser conjurado por um arcano poderosíssimo.
Aquilo aguçou a curiosidade de Arthos, que comentou com o
comandante da expedição de Evereska.
"Reconheço
aquele encantamento que lançou em Nabanascor. Somente o vi
sendo lançado pelo deus Bane e por Elminster. Isto me impressionou.
Deve ser um arcano de grande poder e pessoas assim não se
metem em aventuras a toa. Novamente nos encontramos com a questão:
o que realmente veio fazer aqui? O que esconde de nós."
Galaeron,
voltou-se sério para o grupo e respondeu a Arthos.
"Não
lhes escondo nada, justamente por não ter o dever de dizer
nada a vocês. Somente devo respostas a corte de Evereska."
"Não
questionamos seu dever, mas tudo seria mas fácil se soubéssemos
todas as informações.", insistiu Kariel.
"Repito
que a decisão de vir foi de vocês. Também estou
aqui investigando e não tenho nada a dizer. Façam
apenas a sua parte.", disse Galaeron, afastando-se.
A
Comitiva não compreendia e estava visivelmente descontente
com o comportamento de Galaeron. Randal Morn dispensou seus guardas,
que pediram desculpas por ficarem sem ação diante
do dragão, e os mandou de volta. O Lorde de Cachoeiras da
Adaga compreendeu a situação daqueles homens. Sabia
que eles ainda teriam que aprender muito antes de enfrentar grandes
perigos como aquele. O grupo então explorou melhor o salão
e descobriu a continuação da caverna. Entraram em
um novo corredor e chegaram em um novo salão.
Corrupção na
Arte
No
novo salão da caverna haviam construções, quatro
galerias formadas por celas. Os aventureiros se aproximaram e encontraram
algo que vieram buscar nas Montanhas Boca do Deserto: os desaparecidos
do Vale da Adaga. Randal Morn usou uma propriedade mágica
de sua espada, que fez abrir as fechaduras dos portões da
cela. Estavam quase todos ali. Segundo alguns dos prisioneiros,
outros haviam sido recentemente levados. Imediatamente temeu a Comitiva
por um ritual macabro, como o ocorrido nas catacumbas de Gryvus.
Os recém libertados instruíram os heróis sobre
o caminho a seguir, mas é claro, todos se dirigiram para
fora dali. Apenas os aventureiros continuaram a exploração.
Após
percorrerem um corredor, enfim chegaram a um imenso espaço,
bastante iluminado, desta vez por archotes colocados nas paredes
rochosas. Era o maior dos salões cavernosos que haviam encontrado.
Possuía um formato retangular, com cerca de cinquenta metros
de largura por uns cento e cinqüenta de comprimento. O piso
era irregular, com muitas elevações naturais e níveis.
Mas os aventureiros pouco olharam para estes aspectos. Estavam mais
preocupados com aqueles que se encontravam no local. Haviam doze
orogs espalhados pelo salão e no final dele, em um nível
elevado, uma espécie de plataforma natural feita na rocha.
Nela estava Gothyl afinal. A bruxa flutuava e para suas mãos
tinha os cabelos negros e uma pele estranhamente azulada, vestia
um traje verde sumário, coberto por um robe cinzento, que
estava aberto e esvoaçava. À esquerda haviam dois
globos de energia, que brilhavam e emitiam um zumbido estridente.
Dentro deles podiam-se ver silhuetas humanas. Do lado direito mais
dois, com o mesmo aspecto. Raios elétricos deixavam estes
globos e eram canalizados para um outro globo de energia, que estava
posicionado em um buraco escavado na parede de pedra atrás
da plataforma. Este globo era diferente dos outros. Havia uma força
incandescente dentro dele, esta que ficava cada vez mais forte a
medida que recebia energia dos demais globos. Deste último
globo saía um poderoso raio que tentava quebrar um estranho
campo de força que se encontrava no buraco, era feito de
uma energia negra pulsante, que se debatia provocava ondulações
em sua superfície.
Naquele
momento, os aventureiros foram vistos. Gothyl gritou em sua direção:
"Malditos
sejam, invasores! Não conseguirão interromper o ritual!"
"Bruxa
inconseqüente! Está fazendo uso não sancionado
da magia!", disse Galaeron, lançando logo após
uma magia sobre si, fazendo-o voar. E voando partiu o mago de Evereska
em direção a Gothyl.
Os
orogs que guardavam o local do rito partiram contra a Comitiva e
seus aliados. Entre os heróis, o primeiro a atacar foi Sirius,
que retirou seu arco das costas e preparou uma seta na direção
de Gothyl. O projétil alçou vôo e percorreu
a grande distância do salão na direção
de seu alvo, porém, chegando a poucos metros de seu alvo,
perdeu toda a força, caindo ao chão, como se a toda
a sua velocidade tivesse sido subitamente roubada. Entendeu Sirius
que tal efeito somente poderia ser fruto de bruxaria e decidiu concentrar-se
nos demais inimigos. Os orogs que estavam posicionados mais ao fundo
do salão também tinham arcos e dispararam. Seus alvos
eram Magnus, Bingo, Kariel e Arthos, que andavam adiantados no grupo.
Por sorte, as setas dos inimigos somente atingiram superficialmente
Kariel. Os elfos de Evereska responderam com seus arcos e fizeram
feridos do lado inimigo. A medida que os dois grupos se aproximavam,
iniciava-se o combate corpo a corpo. Magnus, Bingo, Limiekli, Mikhail
e Randal batiam-se contra seus inimigos, Sirius disparava flechas,
Arthos, decidiu por desviar de seus adversários e avançar
em direção a plataforma onde encontrava-se Gothyl
e Kariel concebera um plano usando sua magia. O Escolhido de Mystra
invocou o encanto que ergueu uma parede de fogo, e cercou três
orogs dentro de um círculo flamejante, em cujo interior ardia
um calor infernal. Em seguida, Kariel, imune ao efeito de seu feitiço,
penetrou na muralha e retirou o seu arco. Seus inimigos não
conseguiam aproximar-se do elfo, devido ao calor das paredes de
chamas e fugir através do fogo lhes custaria muito. Então
Kariel disparou suas setas e somente se deteria se os goblinóides
se rendessem, o que não aconteceu, para a felicidade do Escolhido
que sempre detestou aquela raça, que sempre havia sido uma
ameaça ao seu Reino.
Quando
já estava perto de sua adversária era Galaeron, que
em vôo, lançou algumas esferas de energia tentando
interromper o controle de Gothyl sobre o globo de energia. As esferas
chegaram rapidamente no corpo da bruxa, no entanto, ela deu pouca
atenção, pois o feitiço foi rebatido por uma
camada de energia emanada do seu corpo. Galaeron seria atingido
pelo seu próprio feitiço caso não se precavesse
antes: uma tela azul surgiu na sua frente barrando as esferas de
energia.
"Sua
bruxa estúpida, não sabe o que está fazendo!"
Disse ele.
"Sei
sim, elfo tolo, e você será vítima disso."
Respondeu ela sem se desconcentrar.
Numa
corrida frenética, Arthos se aproximava da plataforma, ele
deu um salto e girou no ar escapando de dois orogs que estavam prontos
para agarrá-lo. Sirius, Bingo e Kariel continuavam castigando
seus inimigos com flechas. Magnus, Randal Morn e Limiekli lutavam
corpo a corpo abrindo a carne dos orogs com suas respectivas lâminas.
O soldados de Evereska ignoraram os orogs e apenas se dirigiam para
a plataforma no intuito de ajudar seu líder contra a bruxa.
Quando já estavam bem perto, Gothyl, sendo mais rápida
que Galaeron, invocou um feitiço. Ao término das palavras
mágicas, de modo fantástico, o tempo simplesmente
parou naquela área. Com exceção é claro
da própria Gothyl que aproveitou para lançar outros
feitiços. Um foi uma esfera de fogo que ia em direção
dos soldados élficos, e que ficou congelada no ar. Outro
feitiço iria se materializar perto de Arthos. Kariel, de
muito longe, atirou uma flecha na bruxa, mas o projétil também
ficou congelado no ar. Quando o encantamento cessou, os soldados
élficos foram totalmente queimados e caíram sem vida.
Arthos conseguira libertar uma pessoa dentro de um dos globos, era
a bela Lucille, porém quando a donzela estava salva, uma
mão gigante e espectral surgiu atrás do elfo e o prendeu
num grande aperto. Galaeron, irado com a morte de seus companheiros,
lançou um raio de energia em Gothyl, este também foi
rebatido e voltou. Galaeron, a pouco segundos antes do tempo parar,
tomou cuidado de erguer um campo defletor assim como o de Gothyl.
Então o raio voltaria novamente, porém o choque entre
a magia de Gothyl e a dele causou uma corrupção na
Arte, esta gerou uma reação em cadeia no globo energético
de Gothyl que explodiu. Com isso uma onda de choque atingiu a todos,
mas ninguém se feriu, embora fosse suficiente para depreciar
as propriedades mágicas do estranho campo de força
negro que estava no buraco, fazendo-o romper. De repente, milhares
de seres de aparência bizarra saíram do campo negro,
eles pareciam peixes e tinham quatro braços ao redor de uma
enorme boca. Todos passaram voando numa grande velocidade, ignoraram
todos os ali presentes e se dirigiram para fora da caverna. Após
passarem todos, os heróis conseguiram se levantar, recuperando-se
do golpe da onda de choque e viram uma estranha fumaça negra
envolver o corpo inerte de Gothyl. Quando a nuvem se dispersou a
bruxa havia sumido. Restando apenas Galaeron no chão, Mikhail
aproximou-se de seu corpo e determinou que o mago entrara em coma
profundo.
Depois
daquilo tudo, com todos os orogs mortos e as vítimas salvas,
os heróis se prepararam para irem embora quando viram um
pequeno nicho ao lado da plataforma. Lá havia um outro globo,
dentro dele estava um homem de idade avançada com cabelos
e barba branca, vestia um bonito robe. Arthos e Magnus conseguiram
removê-lo do globo e o levaram junto.
Chegando
a superfície, Randal, feliz com o resgate dos desaparecidos,
mandou seus homens prepararem tudo para o retorno para casa. Antes
deram de comer para aquelas pessoas que estavam mal alimentadas.
Galaeron foi colocado numa carroça, enquanto o outro homem
acordava. Ao fazê-lo, foi atendido por Kariel e Mikhail.
"Hã?
O quê? O quê aconteceu? Onde estou?" Disse o homem
de cabelos grisalhos.
"Estamos
nas Montanhas da Boca do Deserto. Você estava preso num globo
mágico feito por Gothyl."
"Gothyl?
Quem é Gothyl?"
"Uma
bruxa, ela ..."
"Há
sim, uma mulher de cor azulada. Sim, eu combati ela e um dragão,
depois não me lembro de mais nada."
"Quem
é você?"
"Eu
sou Melegaunt Thantul, muito obrigado por salvarem minha vida. Eu
vim de Halruaa. Meus mestres me enviaram aqui para investigar uma
estranha emanação mágica vinda daqui, depois
fui capturado."
Então
Kariel e Mikhail se dispuseram a contar o acontecimento a Melegaunt.
Randal estava feliz, conseguira o que queria, para ele o problema
havia terminado. No entanto, todos pensavam, o que seriam aquelas
criaturas que saíram voando depois de rompido o campo de
força negro?
Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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