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Cachoeiras da Adaga Sitiada
Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira,
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira
Personagens principais da aventura:
Os
Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli).
Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor.
A Meia-elfa: Elen Laure. O Halfling: Bingo Playamundo.
Participação Especial: Lorde Randal Morn.
Cachoeiras da Adaga Sitiada
A
Comitiva da Fé, Randal Morn, seus soldados e os cativos libertados
da prisão de Gothyl preparavam-se para retornar para Cachoeiras
da Adaga, levando também Galaeron, único sobrevivente
da expedição de Evereska. Encontraram uma carroça
na caverna de Gothyl e dentro dela colocaram os equipamentos e as
barracas do acampamento, assim como os pertences deixados dos elfos
e seu comandante, o convalescente Galaeron, que se encontrava em
estado crítico. Os heróis e aqueles mais debilitados
para caminhar montaram nos cavalos que haviam, enquanto os demais
tiveram que prosseguir a pé. O grupo, mesmo em pouca velocidade,
estimava chegar aos portões de Cachoeiras da Adaga ao final
da tarde. Seria o fim daquela missão para Randal Morn, porém,
para os membros da Comitiva, muitos mistérios permaneciam.
Danthius,
um dos homens de Randal, foi à frente colocando-se como batedor.
Depois de alguns minutos na estrada, o soldado retornou em direção
de seu Lorde. Sua expressão estava alterada. Não haviam
dúvidas que algo havia acontecido. Logo após, Randal
Morn parou o avanço do grupo e aproximou-se com seu cavalo
da Comitiva que ia reunida.
"Amigos.
Temos problemas à frente. Danthius encontrou um goblinóide
a frente e lutou contra ele, mas não conseguiu capturá-lo
com vida. A criatura parecia estar vigiando algo. Isto vem a confirmar
o relato da atividade goblinóide nesta área."
"Pensei que a presença destas criaturas fosse conseqüência
da influência de Gothyl.", disse Mikhail.
"Lembre-se,
Mikhail, que já fomos atacados antes na entrada de Cachoeiras
da Adaga, por aqueles goblinóides comandados por aquele tal
de Korb. É um adversário que ainda está a solta
e que pode nos espreitar. Uma parte de nós deve ir à
frente e outra ficar em algum lugar seguro com os humanos.",
sugeriu Kariel.
"Eu fico!", voluntariou-se Limiekli. "Conheço
uma clareira na floresta, além daqueles morros e poderei
levá-los. Os soldados de Randal podem vir conosco enquanto
vocês partem a diante."
Randal
Morn assentiu e seus soldados foram com Limiekli. A Comitiva da
Fé, o Lorde de Cachoeiras da Adaga desmontaram de seus cavalos
e os cederam para alguns dos humanos. Preferiam partir a pé.
Seria mais fácil, desta forma, surpreender os adversários
que por ventura estivessem a frente. E assim então dividiu-se
o grupo e os heróis partiram para verificar a estrada que
prosseguia. Melegaunt, um dos cativos de Gothyl, insistiu muito
em ir e acabou por acompanhar o grupo, mesmo sob os protestos de
Kariel, que temia por sua segurança. Em breve o elfo veria
que não haveria porque se preocupar.
Arthos
foi na dianteira, enquanto os demais ficaram um pouco atrás,
preparados, armas em punho e cordas dos arcos em riste. O elfo de
cabelos vermelhos enxergou com a visão privilegiada de sua
raça o inimigo a frente e fez um sinal para seus companheiros
esperarem. Com a habilidade de quem por bastante tempo espreitou
pelos becos escuros de Portal de Baldur, Arthos foi sorrateiro e
misturou-se as folhagens e pedras enquanto se aproximava de um goblin.
Chegando, perto, em um rápido movimento, imobilizou o adversário,
colocando sua adaga contra seu pescoço.
"Diga,
criatura. O que guarda? Por quem espera?", perguntou Arthos
Fogo Negro, enquanto seus companheiros se aproximavam. A criatura
não respondeu.
"Vamos. Sua vida miserável não significa nada
para mim. Vamos! Fale!", insistiu e começou a pressionar
o aço contra a pele esverdeada do pescoço do goblin.
Este ainda sim resistiu e nada disse. Arthos, ainda mantendo o inimigo
preso, retirou a adaga do pescoço da criatura e deu-lhe um
golpe, cortando-lhe um dos dedos.
"Arthos!
Não é desta maneira que o faremos falar.", protestou
Mikhail, clérigo de Mystra. O seu companheiro porém
não deu-lhe ouvidos e disse para Kariel, que encontrava-se
já próximo.
"Kariel,
você que fala o idioma destas coisas, diga a esta criatura
que posso provocar mais dor se ele não revelar o que queremos!"
Kariel
então falou no idioma orc com o goblin e perguntou-lhe o
que fazia na estrada. A criatura enfim cedeu e disse-lhe que havia
um acampamento nas proximidades, liderado por um orog chamado Norda,
e que sua missão era esperar pela passagens de humanos ou
elfos e avisar os seus companheiros para que estes atacassem. Segundo
ele, Norda e seu grupo queriam tomar a área das Montanhas
Boca do Deserto, que reclamavam como sua. Kariel ordenou que o prisioneiro
os levasse então ao tal acampamento. O goblin, como garantia,
pediu que o Escolhido jurasse pelos seus deuses que o deixaria viver
se fizesse o que estava pedindo. Kariel concordou, mas fez a ressalva
de que, caso fosse um embuste, a jura de nada valeria. Perguntou
também o mago da Comitiva quantos haviam no acampamento.
O inimigo respondeu que mais dez como ele, além do próprio
Norda. Kariel traduziu a conversa para o idioma comum, informando
seus companheiros.
"Comitiva",
iniciou Randal, "Não podemos permitir esta ameaça
goblinóide. Temos que destruir este acampamento e estes inimigos.
Nenhum deve sobreviver!."
Terrível Emboscada
Os
heróis concordaram com o Lorde. Sabiam que aquelas criaturas
simbolizavam uma grande ameaça para a população
de homens e elfos, e que agora, com o conflito em Cormyr, estavam
mais perigosas do que nunca. Jamais se saberia que tipo de reforços
um grupo de goblinóides poderia trazer naqueles dias sombrios.
O grupo conversou e resolveu acompanhar o goblin, evitando andar
muito próximos, por conta de eventuais armadilhas ou outras
coisas traiçoeiras. Os aventureiros percorreram trilhas e
caminhos tortuosos e passaram por uma grande clareira, onde todas
as suas precauções mostraram-se inúteis. Cercando-os,
revelaram-se dezenas de goblins, ao solo e nas copas das árvores,
portanto arcos e espadas. Eles estavam prontos para disparar ao
menor sinal de movimento. Havia uma pequena colina a frente, de
onde surgiram três figuras de destaque: um orog trajando uma
armadura onde era possível distinguir o símbolo de
Grumsh, deus maior dos goblinóides, um outro de grande estatura,
talvez um dos maiores orogs já vistos por aqueles experientes
aventureiros, que trajava vestes de combate e um elmo ornado com
imensos chifres, e o outro era um humano. Este chamou a atenção
em especial. Trajava um roupa nobre, de finíssimo tecido
negro. Seu rosto e nome eram familiares, especialmente a Lorde Randal
Morn e a Arthos Fogo Negro. Era Garekh Inklas, nomeado Lorde Provisório
pelo próprio Randal e quem auxiliou Arthos a descobrir as
informações que levaram a Comitiva a derrotar o vampiro
Gryvus.
"Maldito
seja!", praguejou Arthos, espantado.
"Que sortilégio
é este!", falou, incrédulo, Randal Morn.
"Ora Randal.
Você é um idiota. Pensou que poderia deixar sua cidade
longe de nossa influência por tanto tempo?", iniciou
Garekh Inklas
"O maldito
é do Zentharim!", exclamou Arthos, constatando por fim
toda a verdade.
"Você,
Randal, e seus aliados, não são os primeiros a nos
enfrentar e não serão os últimos que venceremos.
Não podem mais retornar a Cachoeiras da Adaga. A cidade agora
é minha. Enquanto aos estrangeiros, gostaria de agradecer
por terem se livrado de Gryvus. Ele era um obstáculo no meu
caminho. Obrigado especialmente ao elfo de cabelos vermelhos. Disse-lhe
que pagaria pelo seu empenho, mas ao invés de moedas ofereço-lhe
outra recompensa. Deixo que saia daqui vivo, ainda que tenha que
quebrar suas pernas antes para que não me siga!"
"Porque
não vem pessoalmente tentar quebrá-las!", desafiou
Arthos.
"Tenho
outras coisas para fazer. Uma cidade para governar...", respondeu
Inklas.
"Cão.
Você acha que é diferente dos outros que já
derrotei? Farei o mesmo com você.". Randal esbravejou.
"Cuidado
com a língua, Randal. Esqueceu que tenho sua esposa e filho?
Aliás, Madelyne me dará uma bela consorte!"
"Se tocar
a mão nela vou ...", Randal ameaçava Inklas,
mas foi interrompido por Melegaunt, que disse para o grupo acuado.:
"Vocês
todos, cheguem mais perto de mim, rápido!"
"Agora
chega!", olhou Garekh Inklas para os lados onde se escondiam
seus soldados. "Acabem
com eles!". Em seguida deixou a colina, sumindo das vistas
dos aventureiros.
Naquele
segundo, Melegaunt conjurou um encanto e um domo invisível
de energia mística envolveu os heróis. A atitude foi
providencial, pois pouco depois uma chuva fatal de flechas, vindas
de todos os lados, caiu sobre o escudo de energia. Em seguida, o
mago ainda lançou outro feitiço e uma névoa
surgiu, encobrindo a visão dos membros da Comitiva. Melegaunt
avisou que iria dispersar o escudo e que aproveitassem a fumaça
e a surpresa dos adversários para posicionarem-se e atacar.
E assim fizeram todos, correndo em várias direções
da floresta, assim que avisados da suspensão do encanto de
proteção, a fim de contra-atacar os inimigos. Os aventureiros,
procuraram se dispersar, mas infelizmente não puderam evitar
a chuva de flechas que ainda caía. Sirius, Magnus e Kariel
foram levemente feridos, mas prosseguiam. De algum lugar, partiu
uma bola de fogo, que cruzou o ar e explodiu na direção
de alguns goblins.
Uma
outra visão, ainda mais impressionante, tomou lugar: um dragão
dourado adulto, desceu do céu e pairou sobre o campo de batalha,
cuspindo um cone de fogo sobre algumas árvores onde se entrincheiravam
goblins. As criaturas esqueceram seus arcos e espadas, e temendo
por suas vidas correram floresta a dentro. O sacerdote de Gruumsh
escondeu-se, mas o guerreiro orog não atemorizou-se e partiu
na direção do novo inimigo. Alguns outros, que disparavam
contra os heróis voltaram sua atenção agora
para o novo alvo. A Comitiva e seus aliados também se surpreenderam,
mas como o dragão havia atacado os goblins, acreditaram que
este, por algum motivo desconhecido, estava do seu lado e resolveram
continuar suas batalhas. Neste caso, o único que não
havia se surpreendido foi Kariel, o autor da ilusão que criou
o dragão, distraiu os seus inimigos e concedeu tempo para
que seus companheiros avançassem sobre seus oponentes. Sirius
e Arthos aproveitaram para abater os inimigos que corriam desesperados.
Mikhail, Magnus, e Randal também combateram corpo-a-corpo,
enquanto Bingo atirava flechas. De um lado, goblins emitiram um
grito e caíram ao solo misteriosamente. De outro, Kariel
lançou um relâmpago de suas mãos, destruindo
outros goblinóides. A medida que o combate foi se tornando
mais próximo, os goblins mais afastados guardaram seus arcos,
sacaram suas armas e foram ao encontro dos aventureiros. O combate
se tornou acirrado e mais equilibrado, graças a debandada
de alguns inimigos e a morte de outros tantos, devido as magias
invocadas por Kariel e pelo oculto Melegaunt, além das muitas
baixas provocadas por Magnus. Todos agora batalhavam frente a frente
contra seus inimigos. A força e a experiência dos heróis
fez a diferença, e a balança do combate começou
a pesar desfavoravelmente para o lado dos goblins e estes, percebendo
que inferiorizados não poderiam vencer, ajoelharam-se e largaram
suas armas, rendendo-se. Ao fim do combate Melegaunt, que estava
invisível, revelou-se. O dragão ilusório invocado
por Kariel desapareceu do ar. Arthos e Sirius então correram
até a colina onde estavam o sacerdote de Gruumsh e o guerreiro
orog, mas nãos os encontraram. Sirius ajoelhou e verificou
as marcas na terra.
"Eles
tinham cavalos, Arthos. Desta forma jamais vamos alcançá-los.
O jeito é voltarmos, informarmos os demais e invadir aquela
cidade"
"É
Sirius...vamos enfrentar aquele traidor!"
Um Recanto Pacífico
Os
aventureiros amarraram os goblins rendidos. Mikhail e Magnus usaram
seus poderes divinos para curar os ferimentos de seus companheiros.
Decidiram voltar e procurar o restante do grupo, que foi conduzido
por Limiekli. Foram até o ponto onde haviam se separado e
Sirius rastreou a trilha do grupo. Em alguns minutos chegaram a
um descampado amplo próximo a uma parede rochosa de uma montanha,
onde encontraram os demais. Os soldados de Randal e Limiekli rapidamente
se aproximaram
"O
que houve com vocês?", perguntou Limikeli vendo os trajes
ensangüentados de seus amigos.
"Uma batalha
contra goblins. Uma emboscada armada por Garekh Inklas", respondeu
Magnus. "O maldito é um zentharim e tomou a cidade de
Cachoeiras da Adaga."
"Pela deusa!',
exclamou o ranger.
Randal
Morn conversou com seus soldados e aproximou-se da Comitiva da Fé.
"E
agora, Comitiva. Têm algum plano?"
"Poderíamos
fazer um reconhecimento da situação de Cachoeiras
da Adaga antes de atacá-la", sugeriu Mikhail.
"Sim, mas
há o problema dos humanos. Com esta atividade de goblins
na região, eles precisam de proteção. Não
podemos deixá-los guardados aqui com um contingente pequeno.",
ponderou Kariel.
"Amigos...",
interferiu Limiekli, "Conheço um lugar onde poderíamos
deixar estes homens e descansar um pouco, mas existem algumas dificuldades..."
"O que
quer dizer?", perguntou Magnus.
"É
um refúgio secreto e seguro. Pouquíssima gente conhece
a entrada, mas eles não aceitam a presença de estranhos
facilmente. Vou conversar com alguém de lá e já
volto."
Limiekli
não deu mais detalhes e partiu em seu cavalo, deixando os
seus companheiros curiosos e apreensivos. Enquanto esperavam, os
aventureiros conversavam e aproveitaram para descansar. Alguns montavam
algumas barracas. Arthos então teve uma idéia: mexer
nos objetos de Galaeron em busca de pistas. Entrou então
o elfo na carroça e começou a vasculhar. Mikhail percebeu
e foi ter com Arthos.
"O
que faz aí, entre os pertences de Galaeron?"
"Estou
procurando pistas.", disse Arthos sem parar de remexer em papéis.
"Você
gostaria que estranhos vasculhassem seus objetos Arthos?"
"Bem...
se eu não percebesse, não me importaria.", disse
sorrindo o elfo.
"Você
é quem sabe... cuidado para não encontrar alguma surpresa
desagradável na bagagem do mago!", preveniu Mikhail
e retirou-se do local, deixando Arthos, de pernas para o ar, lendo
um pequeno volume manuscrito.
E
Arthos leu coisas interessantes. Segundo os escritos, os padres
de Corellon e os altos magos de Evereska receberam avisos de que
algo de errado aconteceria nas proximidades do deserto de Anauroch.
Reunidos, após algumas verificações e rituais,
detectaram um padrão anormal de magia nas montanhas Boca
do Deserto. Preocuparam-se com o rompimento de algo chamado 'A Muralha
Sharn', que infelizmente não era descrito no volume. Por
conta deste temor, enviaram Galaeron e seus soldados para investigar.
Os outros escritos nada mais acrescentavam em informação.
Mexeu então Arthos em outras coisas. Encontrou dois frascos.
Um metálico e outro de vidro, com o símbolo de Evereska
nos rótulos. Arthos saltou da carroça com os frascos
na mão e andou em direção de Kariel.
"Kariel.
Sabe por acaso que poções são estas?",
perguntou entregando os frascos ao seu amigo de cabelos azuis.
"Onde as
encontrou?", perguntou.
"Por aí.",
disse simplesmente.
Kariel abriu
as tampas e cheirou o conteúdo com cuidado. Depois percebeu
nos rótulos o brasão do reino de Evereska.
"Não
sei do que se trata, Arthos, mas você não está
saqueando os pertences de Galaeron, está?"
"Não
veja isto como um saque, Kariel. Podemos precisar destas coisas
caso aconteça algo!", respondeu.
"Cuidado
com este hábito. Não devemos agir como ladrões.",
aconselhou o Escolhido.
"Prometo
que devolverei, caso não precisemos. Obrigado, Kariel!"
Arthos
então deixou a presença do seu amigo e foi em direção
de Melegaunt. Afinal, ele mostrou-se um arcano e quem sabe, poderia
entender da alquimia das poções. O homem disse que
sem um laboratório adequado não poderia precisar o
efeito daquelas poções. Arthos então retornou
e colocou as poções de volta, sob o olhar satisfeito
de Mikhail. Kariel também foi conferir o retorno de Arthos
à carroça.
"Então
Arthos. Ainda está mexendo nas coisas alheias? É melhor
você vir ajudar a armar as barracas. Já estão
falando por aí que você está descansando enquanto
os outros trabalham.", disse Kariel.
"Já
vou. Estava apenas devolvendo as poções. Kariel ...
descobri algo. Os elfos de Evereska vieram aqui para descobrir algo
sobre uma perturbação na magia ligada a um possível
rompimento de algo chamado 'Muralha Sharn'. Sabe o que é
isso? Até os deuses os alertaram!"
"Nunca
ouvi falar nada sobre esta tal 'Muralha', mas suponho que realmente
seja algo de muita importância para um mago do poder que demonstrou
Galaeron se envolver pessoalmente."
Minutos
depois, organizou-se uma pequena reunião entre os membros
da Comitiva e Randal Morn e seus soldados, que estavam extremamente
abatidos pelo destino que sofria sua cidade. Pensavam em uma estratégia
para retomar Cachoeiras da Adaga. Após algumas conjecturas,
houve a idéia de enviar um pequeno grupo de membros da Comitiva
para sondar as cercanias da cidade e analisar a melhor forma de
invadi-la. Ainda não se havia decidido quem comporia o grupo,
pois havia mais voluntários do que realmente seria possível
levar em uma missão de espionagem. Antes que este assunto
fosse resolvido, o cavalo de Limiekli retornou e o ranger desmontou
próximo a fogueira onde todos debatiam.
"Senhor
Randal, amigos. Vamos!"
"Vamos
para onde?", perguntou Arthos.
"Confiem
em mim. Desmontem as barracas e vamos partir logo.", disse,
enigmático, Limiekli.
Assim
desmontaram tudo que haviam acabado de montar, um tanto insatisfeitos
pelo trabalho dobrado, mas em geral felizes pela oportunidade de
estarem em segurança no refúgio encontrado pelo ranger.
Partiram, lentamente, em cavalos, na carroça e a pé,
e percorreram por três horas caminhos tortuosos em uma floresta
de vegetação densa. Alguns acreditavam ser impossível
que Limiekli não estivesse perdido. Mas finalmente, encontraram
uma trilha e ela os levou a um campo em meio a floresta, onde haviam
muitas casas, de diversos tamanhos e arquiteturas. Chegando mais
perto viram andando calmamente nas ruas da pequena vila goblins,
orcs, e humanos, aparentemente em harmonia. Os aventureiros reagiram
com apreensão, mas Limiekli pediu para que permanecessem
calmos e não atacassem nenhuma criatura daquele local. O
ranger os guiou até uma cabana de madeira, onde um homem
de cabelos curtos e vestes sacerdotais com o símbolo de Lathander,
esperava de pé na porta. Ao aproximarem-se os aventureiros,
perguntou:
"Quem
de vocês é o Lorde Randal Morn de Cachoeiras da Adaga?"
"Sou eu.",
identificou-se o nobre.
"Sou Ravien
Nemedis. Bem vindos á Aldeia do Amanhecer."
"Nunca
ouvi falar deste lugar!", exclamou Arthos.
"E espero
que assim sempre seja! Esta é uma aldeia pacífica
e um refúgio. Encontramos harmonia e paz aqui para todas
as raças, com a graça de nosso senhor Lathander!"
"Senhor
Ravien Nemedis. Espero que nosso amigo ranger tenha explicado-lhe
nossa situação. Poderia nos autorizar ficarmos em
sua vila hoje?"
"Sim. Têm
minha autorização, Lorde, desde que não tomem
atitudes violentas aqui dentro, ou serão expulsos.".
O homem olha para os prisioneiros goblins cativos e complementa.
"E enquanto a estes goblins?"
"São
prisioneiros. Nos atacaram e nosso desejo é levá-los
a justiça de Cachoeiras da Adaga.", respondeu Randal.
"Devem
libertá-los. Não mantemos ninguém amarrado
aqui na Aldeia do Amanhecer!"
"Senhor,
como acredito que estas criaturas são perigosas e podem chamar
por mais reforços, não gostaria de vê-las soltas.
Proponho-lhe o seguinte. Guarde-os sob vigilância e se desejar,
os libertem assim que terminar o conflito com os goblins nesta região."
Ravien
Nemedis ponderou e assentiu. Um ogro, para nova surpresa do grupo,
chegou a porta da casa e foi orientado pelo líder da aldeia
a levar os recém chegados para uma área onde poderiam
armar acampamento. Galaeron foi levado a uma tenda, onde ficou sob
observação médica. Após montar as barracas
e colher lenha para a fogueira, a Comitiva reuniu-se em volta da
fogueira. Conversavam sobre as preocupações de sua
aventura, a invasão de Cachoeiras da Adaga, a segurança
de Laure, companheira da Comitiva que havia ficado na floresta próxima
a cidade, e principalmente sobre as misteriosas criaturas que escaparam
durante o ritual na caverna de Gothyl. Um pequeno kobold, criatura
humanóide com aparência canina, aproximou-se, entregou
aos heróis um cesto de frutas e sentou-se com o grupo. Agradeceram
a gentileza, mas havia um certo mal estar que todos tentavam disfarçar,
afinal, criaturas como os kobolds, além dos goblins, orcs
e ogros que ali viviam costumavam ser freqüentes inimigos nos
caminhos da Comitiva. A pequena criatura, que chamava-se Plínio,
iniciou um bate-papo com Bingo. Alguns minutos depois, Ravien Nemedis
aproximou-se para dar-lhes a notícia de que seus poderes
não eram suficientes para restaurar a saúde de Galaeron.
Porém havia a esperança de que um sacerdote com habilidades
mais elevadas pudesse fazer algo para restabelecer a mente do elfo.
Mikhail já havia suspeitado que a enfermidade de Galaeron
somente pudesse ser curada por um clérigo poderoso e esperava
que Temeron, sacerdote mor de Lathander em Cachoeiras da Adaga,
ainda estivesse vivo e em condições de restituir a
saúde do mago, cuja mente poderia ser a chave para muitos
mistérios.
A
Comitiva então permaneceu em volta da fogueira. Arthos sentiu
falta de música, e a Comitiva concluiu que seria uma forma
de retribuir a gentileza da Aldeia do Amanhecer. Kariel buscou sua
flauta e Mikhail sua citara. Tocaram esplendidamente uma música
que transmitiu uma bucólica alegria aquela noite, suavizando
um pouco o coração pesado de angústia dos habitantes
de Cachoeiras da Adaga, que temiam pelos seus entes queridos.
Reunindo o Exército
A
manhã chegou e todos se prepararam para partir. Randal reuniu
a Comitiva para discutirem novamente a estratégia, continuando
a reunião interrompida no dia seguinte. O Lorde teorizou
que Inklas, usando o poder como soberano da cidade na sua ausência,
deveria ter afastado para longe os pelotões que protegiam
a cidade, enviando-os para alguma missão falsa ou mesmo para
uma emboscada, afim de desguarnecê-la e facilitar a tomada.
Acreditava que fosse possível que os soldados estivessem
vivos e, assim como eles, planejando em algum lugar uma maneira
de combater os inimigos. Informou haver um ponto norte de Cachoeiras
da Adaga, onde os soldados costumavam se reunir quando estavam fora
da cidade. Resolveram partir para lá para tentar encontrá-los.
Partiram então a Comitiva, Randal e seus soldados, e Melegaunt.
Cavalgaram
por algumas horas. Limiekli foi a frente como batedor. Repentinamente,
o ranger ouviu o ruído metálico do combate e aproximou-se
para verificar. Viu a meia-elfa de pele negra e cabelos verdes,
chamada Laure, que havia encontrado semanas atrás no castelo
de Randal Morn, lutando contra dois goblinóides. Com muita
graça no manejo de sua espada bastarda, Laure venceu os dois
adversários antes que Limiekli precisasse realizar qualquer
intervenção. O ranger então aproximou-se da
guerreira.
"Laure!
Espero que lembre-se de mim, Limiekli. Seus companheiros da Comitiva
estavam preocupados com você!"
"Será
bom encontrá-los. Leve-me até eles!"
Laure
foi com Limiekli até o grupo que vinha atrás. O que
contou sobre os acontecimentos confirmou as teorias de Randal Morn.
Os soldados haviam sido retirados do castelo. Laure então
afirmou saber onde eles estavam acampados e a expedição
começou a seguir suas orientações. Perguntada
em reservado por Kariel e Arthos sobre os Harpistas desaparecidos
cujo paradeiro ela investigava na floresta, a meia-elfa revelou
que encontrou documentos diversos, mas não haviam pistas
sobre Danicus Gaundeford e seu parceiro Klerf Maunader. Kariel informou-lhe
sobre o que passaram até aquele momento e como a meia-elfa
procurava o pai desaparecido, sugeriu que mostrasse o medalhão
da sua casa élfica paterna, que levava consigo, a Galaeron,
caso este recobrasse consciência. Quem sabe, com um pouco
de sorte, aquele elfo, mais antigo e experiente, conhecia aquele
símbolo.
Uma
hora de caminhada depois, por um terreno montanhoso de difícil
acesso, chegaram ao acampamento dos soldados. Não haviam
barracas, somente abrigos improvisados feito com folhas e galhos.
Não estavam preparados para ficar muito tempo fora da cidade.
Os homens exibiam um semblante abatido, que foi amenizado com a
presença de seu líder.
"Lathander
seja louvado!", exclamou um dos soldados do pelotão
de cerca de trezentos homens." É bom vê-lo, meu
senhor!"
"Sim! Sabemos
de tudo o que se passou e iremos retomar a cidade das mãos
de nossos inimigos", falou Randal com convicção.
"Lorde
Randal", interrompeu Kariel, "Vamos fazer o reconhecimento
da situação da cidade. Sugiro um pequeno grupo formado
pela Comitiva"
"Concordo.
Partam o quanto antes!"
Foram
com Kariel, Mikhail, Arthos e Bingo. Rumaram por uma colina onde
podiam ver do alto boa parte do perímetro da cidade. Bingo
adiantou-se e subiu em uma árvore. O halfling pôde
ver duas tropas: uma a frente do portão principal e outra
em uma das paredes laterais da muralha que cercava a cidade. As
muralhas encobriam completamente a visão do interior de Cachoeiras
da Adaga, mas podia-se ver uma coluna de fumaça negra que
saia de dentro da cidade em direção ao céu.
Kariel teve uma idéia. Acionou seu elmo encantado e tornou-se
invisível. Em seguida, lançou sobre si um encanto
de levitação e do alto pôde ver, com seus olhos
aguçados de elfo, a movimentação de tropas
na cidade. Eram regimentos de goblins, orogs e humanos. Kariel avistou
o orog sacerdote de Gruumsh, que participou do combate no dia anterior
e um homem de cabelos compridos e bigode negros, que identificou
como sendo o humano chamado Korb, que havia comandado o ataque à
Comitiva quando esta chegava pela primeira vez em Cachoeiras da
Adaga para investigar os desaparecimentos. Estes inimigos instruíam
suas tropas. O Escolhido de Mystra olhou também a direção
da fumaça e viu o templo de Lathander ardendo em chamas.
Então o mago desceu a altura do solo, cancelou seus encantamentos
e fez um breve comentário sobre o que viu.
"Amigos.
Pelo que pude notar, o inimigo possui cerca de quinhentos a seiscentos
soldados, cerca de trezentos deles fora das muralhas, divididos
em três pelotões, próximos aos portões
leste e norte e na muralha sul. Também existem arqueiros
nos muros.", Kariel tinha alguma habilidade em fazer estimativas
de tropas, resquícios do tempo que liderou um exército
de elfos zenthilares. "Devemos retornar para informar a Lorde
Randal e planejarmos a investida", finalizou.
Retornaram
até o acampamento, definiram a estratégia e partiram
para as cercanias da cidade. Dividiram-se em três grupos,
cada um com um contingente de aproximadamente cem homens do exército
de Cachoeiras da Adaga. No primeiro grupo, que atacaria o pelotão
de inimigos que guardava o portão norte, foi o mago Melegaunt,
que já havia provado seu poder no combate anterior, no segundo
grupo, que atacaria o portão principal no leste, estavam
Arthos, Kariel, Magnus, Bingo e Randal Morn e no terceiro, que combateria
a tropa estacionada na parede sul da muralha estavam Sirius, Mikhail,
Limiekli e Laure.
Kariel
daria o início a refrega. Invocou uma ilusão e surgiram,
à distância, as imagens de Randal Morn e seus homens,
montados, com espadas em punho, que gritavam como se pudessem enfrentar
todo o exército da cidade invadida. Naquele momento, uma
fração do contingente que guardava o portão
principal deslocou-se em direção aos inimigos ilusórios.
Foi o sinal
para começar o ataque.
Três ataques simultâneos
O portão norte
Todo
o pelotão que guardava o portão norte da cidade se
distraiu com as ilusões provocadas por Kariel, alguns deles
pensaram em abatê-los, mas deixaram esta tarefa para o pelotão
que guardava o portão principal. Composta em sua maioria
por humanos mercenários e alguns goblinóides, este
contingente nem imaginava o que estava para acontecer. Bastou o
sinal das ilusões para que Melegaunt Thantul invocasse uma
terrível esfera em chamas em direção ao portão
norte. A explosão aniquilou boa parte dos soldados inimigos.
Estes, assustados começaram a atirar para direção
de onde veio a esfera, porém os soldados que acompanhavam
o mago já tinham se preparado antes e se protegeram soberbamente.
Melegaunt, ignorando os projéteis inimigos, invocou outra
esfera em chamas no mesmo local gerando assim um incêndio
no portão, desta forma, os inimigos que guardavam o portão
por dentro e por fora se afastaram pelo calor. E com a saraivada
de flechas realizada pelo contingente de Melegaunt mais inimigos
foram rechaçados.
O portão principal
A
guarnição do portão principal estava dividida,
quando os guerreiros de Randal começaram o ataque com flechas.
O grupo que havia se distanciado em direção a ilusão
demoraria para retornar e talvez, quando o fizesse, já encontrasse
o combate decidido. Kariel lançou de suas mãos dois
encantos, uma após o outro, e duas bolas de fogo explodiram,
eliminado dezenas de inimigos. O avanço do grupo foi ordenado
e em breve os dois exércitos se chocariam. Algumas flechas
atirada dos muros atingiram mortalmente alguns soldados, mas a maioria
continuava correndo até que o ruído de metal contra
metal pudesse ser ouvido. As baixas provocadas pelos encantos e
a divisão da guarnição inimiga enfraqueceu
os inimigos e aos poucos os heróis ganhavam a batalha. Magnus
era sem dúvida o mais perfeito entre os combatentes, abatendo
com fúria muitos adversários. Bingo, de longe, atirava
flechas contra os arqueiros no topo da muralha. Kariel e Arthos
lutavam com suas lâminas e tentavam se aproximar do portão.
Quando a inferioridade tornou-se insustentável, os goblinóides
largaram suas armas. O contingente que retornava, após descobrirem
a farsa de Kariel, viu seus companheiros subjugados e fugiram. Uma
parte do grupo vitorioso foi encontrar-se com os companheiros que
combatiam na muralha sul, que estavam em dificuldades. Depois de
algum tempo, todos retornaram junto com os demais combatentes. Kariel
aproximou-se do grande portão de madeira. Concentrou-se,
proferiu algumas palavras mágicas e fez um movimento com
as mãos. Surgiu então uma linha de energia que percorreu
a madeira e criou uma passagem retangular como uma porta, no portão
maciço. Dentro da cidade podiam ver novos inimigos, mas também
que seus aliados do portão norte já haviam conseguido
penetrar na muralha e que travavam um combate no centro de Cachoeiras
da Adaga.
A muralha sul
No
terceiro grupo estavam Laure, Mikhail, Sirius e Limiekli por parte
da Comitiva. As flechas dos soldados que os acompanhavam derrubaram
alguns dos adversários, porém as baixas não
foram tão grandes quanto poderia se esperar. A maior parte
dos inimigos conseguiu erguer seus escudos a tempo e revidaram o
ataque de setas, deixando muitas perdas para o lado dos libertadores
de Cachoeiras da Adaga. Os dois grupos correram então um
na direção do outro e era visível que nas trocas
de ataques com flechas, os orcs e goblinóides tinham levado
vantagem. Tinham maioria sobre os heróis, o que tornou o
combate dramático. Após o início da troca de
golpes em combate franco, a derrota parecia vir de encontro aos
aventureiros. Ao longe podia se ouvir que o combate no portão
principal terminava. Alguns soldados de Randal bradavam pela aquela
primeira vitória. Limiekli afastou-se e tocou uma trombeta
de chifre, que carregava consigo, em um pedido de ajuda, conhecido
pelos soldados dos Vales. Então uma parte dos guerreiros
do portão principal se deslocou em auxílio aos seus
companheiros.
Assim
prosseguia o combate pelo destino de Cachoeiras da Adaga.
Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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