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Cachoeiras da Adaga Sitiada

Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira,
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira



Personagens principais da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli). Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor. A Meia-elfa: Elen Laure. O Halfling: Bingo Playamundo. Participação Especial: Lorde Randal Morn.


Cachoeiras da Adaga Sitiada
     

     A Comitiva da Fé, Randal Morn, seus soldados e os cativos libertados da prisão de Gothyl preparavam-se para retornar para Cachoeiras da Adaga, levando também Galaeron, único sobrevivente da expedição de Evereska. Encontraram uma carroça na caverna de Gothyl e dentro dela colocaram os equipamentos e as barracas do acampamento, assim como os pertences deixados dos elfos e seu comandante, o convalescente Galaeron, que se encontrava em estado crítico. Os heróis e aqueles mais debilitados para caminhar montaram nos cavalos que haviam, enquanto os demais tiveram que prosseguir a pé. O grupo, mesmo em pouca velocidade, estimava chegar aos portões de Cachoeiras da Adaga ao final da tarde. Seria o fim daquela missão para Randal Morn, porém, para os membros da Comitiva, muitos mistérios permaneciam.

     Danthius, um dos homens de Randal, foi à frente colocando-se como batedor. Depois de alguns minutos na estrada, o soldado retornou em direção de seu Lorde. Sua expressão estava alterada. Não haviam dúvidas que algo havia acontecido. Logo após, Randal Morn parou o avanço do grupo e aproximou-se com seu cavalo da Comitiva que ia reunida.

     "Amigos. Temos problemas à frente. Danthius encontrou um goblinóide a frente e lutou contra ele, mas não conseguiu capturá-lo com vida. A criatura parecia estar vigiando algo. Isto vem a confirmar o relato da atividade goblinóide nesta área."
"Pensei que a presença destas criaturas fosse conseqüência da influência de Gothyl.", disse Mikhail.
     "Lembre-se, Mikhail, que já fomos atacados antes na entrada de Cachoeiras da Adaga, por aqueles goblinóides comandados por aquele tal de Korb. É um adversário que ainda está a solta e que pode nos espreitar. Uma parte de nós deve ir à frente e outra ficar em algum lugar seguro com os humanos.", sugeriu Kariel.
"Eu fico!", voluntariou-se Limiekli. "Conheço uma clareira na floresta, além daqueles morros e poderei levá-los. Os soldados de Randal podem vir conosco enquanto vocês partem a diante."

     Randal Morn assentiu e seus soldados foram com Limiekli. A Comitiva da Fé, o Lorde de Cachoeiras da Adaga desmontaram de seus cavalos e os cederam para alguns dos humanos. Preferiam partir a pé. Seria mais fácil, desta forma, surpreender os adversários que por ventura estivessem a frente. E assim então dividiu-se o grupo e os heróis partiram para verificar a estrada que prosseguia. Melegaunt, um dos cativos de Gothyl, insistiu muito em ir e acabou por acompanhar o grupo, mesmo sob os protestos de Kariel, que temia por sua segurança. Em breve o elfo veria que não haveria porque se preocupar.

     Arthos foi na dianteira, enquanto os demais ficaram um pouco atrás, preparados, armas em punho e cordas dos arcos em riste. O elfo de cabelos vermelhos enxergou com a visão privilegiada de sua raça o inimigo a frente e fez um sinal para seus companheiros esperarem. Com a habilidade de quem por bastante tempo espreitou pelos becos escuros de Portal de Baldur, Arthos foi sorrateiro e misturou-se as folhagens e pedras enquanto se aproximava de um goblin. Chegando, perto, em um rápido movimento, imobilizou o adversário, colocando sua adaga contra seu pescoço.

     "Diga, criatura. O que guarda? Por quem espera?", perguntou Arthos Fogo Negro, enquanto seus companheiros se aproximavam. A criatura não respondeu.
"Vamos. Sua vida miserável não significa nada para mim. Vamos! Fale!", insistiu e começou a pressionar o aço contra a pele esverdeada do pescoço do goblin. Este ainda sim resistiu e nada disse. Arthos, ainda mantendo o inimigo preso, retirou a adaga do pescoço da criatura e deu-lhe um golpe, cortando-lhe um dos dedos.
     "Arthos! Não é desta maneira que o faremos falar.", protestou Mikhail, clérigo de Mystra. O seu companheiro porém não deu-lhe ouvidos e disse para Kariel, que encontrava-se já próximo.
     "Kariel, você que fala o idioma destas coisas, diga a esta criatura que posso provocar mais dor se ele não revelar o que queremos!"

     Kariel então falou no idioma orc com o goblin e perguntou-lhe o que fazia na estrada. A criatura enfim cedeu e disse-lhe que havia um acampamento nas proximidades, liderado por um orog chamado Norda, e que sua missão era esperar pela passagens de humanos ou elfos e avisar os seus companheiros para que estes atacassem. Segundo ele, Norda e seu grupo queriam tomar a área das Montanhas Boca do Deserto, que reclamavam como sua. Kariel ordenou que o prisioneiro os levasse então ao tal acampamento. O goblin, como garantia, pediu que o Escolhido jurasse pelos seus deuses que o deixaria viver se fizesse o que estava pedindo. Kariel concordou, mas fez a ressalva de que, caso fosse um embuste, a jura de nada valeria. Perguntou também o mago da Comitiva quantos haviam no acampamento. O inimigo respondeu que mais dez como ele, além do próprio Norda. Kariel traduziu a conversa para o idioma comum, informando seus companheiros.

     "Comitiva", iniciou Randal, "Não podemos permitir esta ameaça goblinóide. Temos que destruir este acampamento e estes inimigos. Nenhum deve sobreviver!."

Terrível Emboscada

     Os heróis concordaram com o Lorde. Sabiam que aquelas criaturas simbolizavam uma grande ameaça para a população de homens e elfos, e que agora, com o conflito em Cormyr, estavam mais perigosas do que nunca. Jamais se saberia que tipo de reforços um grupo de goblinóides poderia trazer naqueles dias sombrios. O grupo conversou e resolveu acompanhar o goblin, evitando andar muito próximos, por conta de eventuais armadilhas ou outras coisas traiçoeiras. Os aventureiros percorreram trilhas e caminhos tortuosos e passaram por uma grande clareira, onde todas as suas precauções mostraram-se inúteis. Cercando-os, revelaram-se dezenas de goblins, ao solo e nas copas das árvores, portanto arcos e espadas. Eles estavam prontos para disparar ao menor sinal de movimento. Havia uma pequena colina a frente, de onde surgiram três figuras de destaque: um orog trajando uma armadura onde era possível distinguir o símbolo de Grumsh, deus maior dos goblinóides, um outro de grande estatura, talvez um dos maiores orogs já vistos por aqueles experientes aventureiros, que trajava vestes de combate e um elmo ornado com imensos chifres, e o outro era um humano. Este chamou a atenção em especial. Trajava um roupa nobre, de finíssimo tecido negro. Seu rosto e nome eram familiares, especialmente a Lorde Randal Morn e a Arthos Fogo Negro. Era Garekh Inklas, nomeado Lorde Provisório pelo próprio Randal e quem auxiliou Arthos a descobrir as informações que levaram a Comitiva a derrotar o vampiro Gryvus.

     "Maldito seja!", praguejou Arthos, espantado.
     "Que sortilégio é este!", falou, incrédulo, Randal Morn.
     "Ora Randal. Você é um idiota. Pensou que poderia deixar sua cidade longe de nossa influência por tanto tempo?", iniciou Garekh Inklas
     "O maldito é do Zentharim!", exclamou Arthos, constatando por fim toda a verdade.
     "Você, Randal, e seus aliados, não são os primeiros a nos enfrentar e não serão os últimos que venceremos. Não podem mais retornar a Cachoeiras da Adaga. A cidade agora é minha. Enquanto aos estrangeiros, gostaria de agradecer por terem se livrado de Gryvus. Ele era um obstáculo no meu caminho. Obrigado especialmente ao elfo de cabelos vermelhos. Disse-lhe que pagaria pelo seu empenho, mas ao invés de moedas ofereço-lhe outra recompensa. Deixo que saia daqui vivo, ainda que tenha que quebrar suas pernas antes para que não me siga!"
     "Porque não vem pessoalmente tentar quebrá-las!", desafiou Arthos.
     "Tenho outras coisas para fazer. Uma cidade para governar...", respondeu Inklas.
     "Cão. Você acha que é diferente dos outros que já derrotei? Farei o mesmo com você.". Randal esbravejou.
     "Cuidado com a língua, Randal. Esqueceu que tenho sua esposa e filho? Aliás, Madelyne me dará uma bela consorte!"
     "Se tocar a mão nela vou ...", Randal ameaçava Inklas, mas foi interrompido por Melegaunt, que disse para o grupo acuado.:
     "Vocês todos, cheguem mais perto de mim, rápido!"
     "Agora chega!", olhou Garekh Inklas para os lados onde se escondiam seus soldados.      "Acabem com eles!". Em seguida deixou a colina, sumindo das vistas dos aventureiros.

     Naquele segundo, Melegaunt conjurou um encanto e um domo invisível de energia mística envolveu os heróis. A atitude foi providencial, pois pouco depois uma chuva fatal de flechas, vindas de todos os lados, caiu sobre o escudo de energia. Em seguida, o mago ainda lançou outro feitiço e uma névoa surgiu, encobrindo a visão dos membros da Comitiva. Melegaunt avisou que iria dispersar o escudo e que aproveitassem a fumaça e a surpresa dos adversários para posicionarem-se e atacar. E assim fizeram todos, correndo em várias direções da floresta, assim que avisados da suspensão do encanto de proteção, a fim de contra-atacar os inimigos. Os aventureiros, procuraram se dispersar, mas infelizmente não puderam evitar a chuva de flechas que ainda caía. Sirius, Magnus e Kariel foram levemente feridos, mas prosseguiam. De algum lugar, partiu uma bola de fogo, que cruzou o ar e explodiu na direção de alguns goblins.

     Uma outra visão, ainda mais impressionante, tomou lugar: um dragão dourado adulto, desceu do céu e pairou sobre o campo de batalha, cuspindo um cone de fogo sobre algumas árvores onde se entrincheiravam goblins. As criaturas esqueceram seus arcos e espadas, e temendo por suas vidas correram floresta a dentro. O sacerdote de Gruumsh escondeu-se, mas o guerreiro orog não atemorizou-se e partiu na direção do novo inimigo. Alguns outros, que disparavam contra os heróis voltaram sua atenção agora para o novo alvo. A Comitiva e seus aliados também se surpreenderam, mas como o dragão havia atacado os goblins, acreditaram que este, por algum motivo desconhecido, estava do seu lado e resolveram continuar suas batalhas. Neste caso, o único que não havia se surpreendido foi Kariel, o autor da ilusão que criou o dragão, distraiu os seus inimigos e concedeu tempo para que seus companheiros avançassem sobre seus oponentes. Sirius e Arthos aproveitaram para abater os inimigos que corriam desesperados. Mikhail, Magnus, e Randal também combateram corpo-a-corpo, enquanto Bingo atirava flechas. De um lado, goblins emitiram um grito e caíram ao solo misteriosamente. De outro, Kariel lançou um relâmpago de suas mãos, destruindo outros goblinóides. A medida que o combate foi se tornando mais próximo, os goblins mais afastados guardaram seus arcos, sacaram suas armas e foram ao encontro dos aventureiros. O combate se tornou acirrado e mais equilibrado, graças a debandada de alguns inimigos e a morte de outros tantos, devido as magias invocadas por Kariel e pelo oculto Melegaunt, além das muitas baixas provocadas por Magnus. Todos agora batalhavam frente a frente contra seus inimigos. A força e a experiência dos heróis fez a diferença, e a balança do combate começou a pesar desfavoravelmente para o lado dos goblins e estes, percebendo que inferiorizados não poderiam vencer, ajoelharam-se e largaram suas armas, rendendo-se. Ao fim do combate Melegaunt, que estava invisível, revelou-se. O dragão ilusório invocado por Kariel desapareceu do ar. Arthos e Sirius então correram até a colina onde estavam o sacerdote de Gruumsh e o guerreiro orog, mas nãos os encontraram. Sirius ajoelhou e verificou as marcas na terra.

     "Eles tinham cavalos, Arthos. Desta forma jamais vamos alcançá-los. O jeito é voltarmos, informarmos os demais e invadir aquela cidade"
     "É Sirius...vamos enfrentar aquele traidor!"

Um Recanto Pacífico

     Os aventureiros amarraram os goblins rendidos. Mikhail e Magnus usaram seus poderes divinos para curar os ferimentos de seus companheiros. Decidiram voltar e procurar o restante do grupo, que foi conduzido por Limiekli. Foram até o ponto onde haviam se separado e Sirius rastreou a trilha do grupo. Em alguns minutos chegaram a um descampado amplo próximo a uma parede rochosa de uma montanha, onde encontraram os demais. Os soldados de Randal e Limiekli rapidamente se aproximaram

     "O que houve com vocês?", perguntou Limikeli vendo os trajes ensangüentados de seus amigos.
     "Uma batalha contra goblins. Uma emboscada armada por Garekh Inklas", respondeu Magnus. "O maldito é um zentharim e tomou a cidade de Cachoeiras da Adaga."
     "Pela deusa!', exclamou o ranger.

     Randal Morn conversou com seus soldados e aproximou-se da Comitiva da Fé.

     "E agora, Comitiva. Têm algum plano?"
     "Poderíamos fazer um reconhecimento da situação de Cachoeiras da Adaga antes de atacá-la", sugeriu Mikhail.
     "Sim, mas há o problema dos humanos. Com esta atividade de goblins na região, eles precisam de proteção. Não podemos deixá-los guardados aqui com um contingente pequeno.", ponderou Kariel.
     "Amigos...", interferiu Limiekli, "Conheço um lugar onde poderíamos deixar estes homens e descansar um pouco, mas existem algumas dificuldades..."
     "O que quer dizer?", perguntou Magnus.
     "É um refúgio secreto e seguro. Pouquíssima gente conhece a entrada, mas eles não aceitam a presença de estranhos facilmente. Vou conversar com alguém de lá e já volto."

     Limiekli não deu mais detalhes e partiu em seu cavalo, deixando os seus companheiros curiosos e apreensivos. Enquanto esperavam, os aventureiros conversavam e aproveitaram para descansar. Alguns montavam algumas barracas. Arthos então teve uma idéia: mexer nos objetos de Galaeron em busca de pistas. Entrou então o elfo na carroça e começou a vasculhar. Mikhail percebeu e foi ter com Arthos.

     "O que faz aí, entre os pertences de Galaeron?"
     "Estou procurando pistas.", disse Arthos sem parar de remexer em papéis.
     "Você gostaria que estranhos vasculhassem seus objetos Arthos?"
     "Bem... se eu não percebesse, não me importaria.", disse sorrindo o elfo.
     "Você é quem sabe... cuidado para não encontrar alguma surpresa desagradável na bagagem do mago!", preveniu Mikhail e retirou-se do local, deixando Arthos, de pernas para o ar, lendo um pequeno volume manuscrito.

     E Arthos leu coisas interessantes. Segundo os escritos, os padres de Corellon e os altos magos de Evereska receberam avisos de que algo de errado aconteceria nas proximidades do deserto de Anauroch. Reunidos, após algumas verificações e rituais, detectaram um padrão anormal de magia nas montanhas Boca do Deserto. Preocuparam-se com o rompimento de algo chamado 'A Muralha Sharn', que infelizmente não era descrito no volume. Por conta deste temor, enviaram Galaeron e seus soldados para investigar. Os outros escritos nada mais acrescentavam em informação. Mexeu então Arthos em outras coisas. Encontrou dois frascos. Um metálico e outro de vidro, com o símbolo de Evereska nos rótulos. Arthos saltou da carroça com os frascos na mão e andou em direção de Kariel.

     "Kariel. Sabe por acaso que poções são estas?", perguntou entregando os frascos ao seu amigo de cabelos azuis.
     "Onde as encontrou?", perguntou.
     "Por aí.", disse simplesmente.
     Kariel abriu as tampas e cheirou o conteúdo com cuidado. Depois percebeu nos rótulos o brasão do reino de Evereska.
     "Não sei do que se trata, Arthos, mas você não está saqueando os pertences de Galaeron, está?"
     "Não veja isto como um saque, Kariel. Podemos precisar destas coisas caso aconteça algo!", respondeu.
     "Cuidado com este hábito. Não devemos agir como ladrões.", aconselhou o Escolhido.
     "Prometo que devolverei, caso não precisemos. Obrigado, Kariel!"

     Arthos então deixou a presença do seu amigo e foi em direção de Melegaunt. Afinal, ele mostrou-se um arcano e quem sabe, poderia entender da alquimia das poções. O homem disse que sem um laboratório adequado não poderia precisar o efeito daquelas poções. Arthos então retornou e colocou as poções de volta, sob o olhar satisfeito de Mikhail. Kariel também foi conferir o retorno de Arthos à carroça.

     "Então Arthos. Ainda está mexendo nas coisas alheias? É melhor você vir ajudar a armar as barracas. Já estão falando por aí que você está descansando enquanto os outros trabalham.", disse Kariel.
     "Já vou. Estava apenas devolvendo as poções. Kariel ... descobri algo. Os elfos de Evereska vieram aqui para descobrir algo sobre uma perturbação na magia ligada a um possível rompimento de algo chamado 'Muralha Sharn'. Sabe o que é isso? Até os deuses os alertaram!"
     "Nunca ouvi falar nada sobre esta tal 'Muralha', mas suponho que realmente seja algo de muita importância para um mago do poder que demonstrou Galaeron se envolver pessoalmente."

     Minutos depois, organizou-se uma pequena reunião entre os membros da Comitiva e Randal Morn e seus soldados, que estavam extremamente abatidos pelo destino que sofria sua cidade. Pensavam em uma estratégia para retomar Cachoeiras da Adaga. Após algumas conjecturas, houve a idéia de enviar um pequeno grupo de membros da Comitiva para sondar as cercanias da cidade e analisar a melhor forma de invadi-la. Ainda não se havia decidido quem comporia o grupo, pois havia mais voluntários do que realmente seria possível levar em uma missão de espionagem. Antes que este assunto fosse resolvido, o cavalo de Limiekli retornou e o ranger desmontou próximo a fogueira onde todos debatiam.

     "Senhor Randal, amigos. Vamos!"
     "Vamos para onde?", perguntou Arthos.
     "Confiem em mim. Desmontem as barracas e vamos partir logo.", disse, enigmático, Limiekli.

     Assim desmontaram tudo que haviam acabado de montar, um tanto insatisfeitos pelo trabalho dobrado, mas em geral felizes pela oportunidade de estarem em segurança no refúgio encontrado pelo ranger. Partiram, lentamente, em cavalos, na carroça e a pé, e percorreram por três horas caminhos tortuosos em uma floresta de vegetação densa. Alguns acreditavam ser impossível que Limiekli não estivesse perdido. Mas finalmente, encontraram uma trilha e ela os levou a um campo em meio a floresta, onde haviam muitas casas, de diversos tamanhos e arquiteturas. Chegando mais perto viram andando calmamente nas ruas da pequena vila goblins, orcs, e humanos, aparentemente em harmonia. Os aventureiros reagiram com apreensão, mas Limiekli pediu para que permanecessem calmos e não atacassem nenhuma criatura daquele local. O ranger os guiou até uma cabana de madeira, onde um homem de cabelos curtos e vestes sacerdotais com o símbolo de Lathander, esperava de pé na porta. Ao aproximarem-se os aventureiros, perguntou:

     "Quem de vocês é o Lorde Randal Morn de Cachoeiras da Adaga?"
     "Sou eu.", identificou-se o nobre.
     "Sou Ravien Nemedis. Bem vindos á Aldeia do Amanhecer."
     "Nunca ouvi falar deste lugar!", exclamou Arthos.
     "E espero que assim sempre seja! Esta é uma aldeia pacífica e um refúgio. Encontramos harmonia e paz aqui para todas as raças, com a graça de nosso senhor Lathander!"
     "Senhor Ravien Nemedis. Espero que nosso amigo ranger tenha explicado-lhe nossa situação. Poderia nos autorizar ficarmos em sua vila hoje?"
     "Sim. Têm minha autorização, Lorde, desde que não tomem atitudes violentas aqui dentro, ou serão expulsos.". O homem olha para os prisioneiros goblins cativos e complementa. "E enquanto a estes goblins?"
     "São prisioneiros. Nos atacaram e nosso desejo é levá-los a justiça de Cachoeiras da Adaga.", respondeu Randal.
     "Devem libertá-los. Não mantemos ninguém amarrado aqui na Aldeia do Amanhecer!"
     "Senhor, como acredito que estas criaturas são perigosas e podem chamar por mais reforços, não gostaria de vê-las soltas. Proponho-lhe o seguinte. Guarde-os sob vigilância e se desejar, os libertem assim que terminar o conflito com os goblins nesta região."

     Ravien Nemedis ponderou e assentiu. Um ogro, para nova surpresa do grupo, chegou a porta da casa e foi orientado pelo líder da aldeia a levar os recém chegados para uma área onde poderiam armar acampamento. Galaeron foi levado a uma tenda, onde ficou sob observação médica. Após montar as barracas e colher lenha para a fogueira, a Comitiva reuniu-se em volta da fogueira. Conversavam sobre as preocupações de sua aventura, a invasão de Cachoeiras da Adaga, a segurança de Laure, companheira da Comitiva que havia ficado na floresta próxima a cidade, e principalmente sobre as misteriosas criaturas que escaparam durante o ritual na caverna de Gothyl. Um pequeno kobold, criatura humanóide com aparência canina, aproximou-se, entregou aos heróis um cesto de frutas e sentou-se com o grupo. Agradeceram a gentileza, mas havia um certo mal estar que todos tentavam disfarçar, afinal, criaturas como os kobolds, além dos goblins, orcs e ogros que ali viviam costumavam ser freqüentes inimigos nos caminhos da Comitiva. A pequena criatura, que chamava-se Plínio, iniciou um bate-papo com Bingo. Alguns minutos depois, Ravien Nemedis aproximou-se para dar-lhes a notícia de que seus poderes não eram suficientes para restaurar a saúde de Galaeron. Porém havia a esperança de que um sacerdote com habilidades mais elevadas pudesse fazer algo para restabelecer a mente do elfo. Mikhail já havia suspeitado que a enfermidade de Galaeron somente pudesse ser curada por um clérigo poderoso e esperava que Temeron, sacerdote mor de Lathander em Cachoeiras da Adaga, ainda estivesse vivo e em condições de restituir a saúde do mago, cuja mente poderia ser a chave para muitos mistérios.

     A Comitiva então permaneceu em volta da fogueira. Arthos sentiu falta de música, e a Comitiva concluiu que seria uma forma de retribuir a gentileza da Aldeia do Amanhecer. Kariel buscou sua flauta e Mikhail sua citara. Tocaram esplendidamente uma música que transmitiu uma bucólica alegria aquela noite, suavizando um pouco o coração pesado de angústia dos habitantes de Cachoeiras da Adaga, que temiam pelos seus entes queridos.

Reunindo o Exército

     A manhã chegou e todos se prepararam para partir. Randal reuniu a Comitiva para discutirem novamente a estratégia, continuando a reunião interrompida no dia seguinte. O Lorde teorizou que Inklas, usando o poder como soberano da cidade na sua ausência, deveria ter afastado para longe os pelotões que protegiam a cidade, enviando-os para alguma missão falsa ou mesmo para uma emboscada, afim de desguarnecê-la e facilitar a tomada. Acreditava que fosse possível que os soldados estivessem vivos e, assim como eles, planejando em algum lugar uma maneira de combater os inimigos. Informou haver um ponto norte de Cachoeiras da Adaga, onde os soldados costumavam se reunir quando estavam fora da cidade. Resolveram partir para lá para tentar encontrá-los. Partiram então a Comitiva, Randal e seus soldados, e Melegaunt.

     Cavalgaram por algumas horas. Limiekli foi a frente como batedor. Repentinamente, o ranger ouviu o ruído metálico do combate e aproximou-se para verificar. Viu a meia-elfa de pele negra e cabelos verdes, chamada Laure, que havia encontrado semanas atrás no castelo de Randal Morn, lutando contra dois goblinóides. Com muita graça no manejo de sua espada bastarda, Laure venceu os dois adversários antes que Limiekli precisasse realizar qualquer intervenção. O ranger então aproximou-se da guerreira.

     "Laure! Espero que lembre-se de mim, Limiekli. Seus companheiros da Comitiva estavam preocupados com você!"
     "Será bom encontrá-los. Leve-me até eles!"

     Laure foi com Limiekli até o grupo que vinha atrás. O que contou sobre os acontecimentos confirmou as teorias de Randal Morn. Os soldados haviam sido retirados do castelo. Laure então afirmou saber onde eles estavam acampados e a expedição começou a seguir suas orientações. Perguntada em reservado por Kariel e Arthos sobre os Harpistas desaparecidos cujo paradeiro ela investigava na floresta, a meia-elfa revelou que encontrou documentos diversos, mas não haviam pistas sobre Danicus Gaundeford e seu parceiro Klerf Maunader. Kariel informou-lhe sobre o que passaram até aquele momento e como a meia-elfa procurava o pai desaparecido, sugeriu que mostrasse o medalhão da sua casa élfica paterna, que levava consigo, a Galaeron, caso este recobrasse consciência. Quem sabe, com um pouco de sorte, aquele elfo, mais antigo e experiente, conhecia aquele símbolo.

     Uma hora de caminhada depois, por um terreno montanhoso de difícil acesso, chegaram ao acampamento dos soldados. Não haviam barracas, somente abrigos improvisados feito com folhas e galhos. Não estavam preparados para ficar muito tempo fora da cidade. Os homens exibiam um semblante abatido, que foi amenizado com a presença de seu líder.

     "Lathander seja louvado!", exclamou um dos soldados do pelotão de cerca de trezentos homens." É bom vê-lo, meu senhor!"
     "Sim! Sabemos de tudo o que se passou e iremos retomar a cidade das mãos de nossos inimigos", falou Randal com convicção.
     "Lorde Randal", interrompeu Kariel, "Vamos fazer o reconhecimento da situação da cidade. Sugiro um pequeno grupo formado pela Comitiva"
     "Concordo. Partam o quanto antes!"

     Foram com Kariel, Mikhail, Arthos e Bingo. Rumaram por uma colina onde podiam ver do alto boa parte do perímetro da cidade. Bingo adiantou-se e subiu em uma árvore. O halfling pôde ver duas tropas: uma a frente do portão principal e outra em uma das paredes laterais da muralha que cercava a cidade. As muralhas encobriam completamente a visão do interior de Cachoeiras da Adaga, mas podia-se ver uma coluna de fumaça negra que saia de dentro da cidade em direção ao céu. Kariel teve uma idéia. Acionou seu elmo encantado e tornou-se invisível. Em seguida, lançou sobre si um encanto de levitação e do alto pôde ver, com seus olhos aguçados de elfo, a movimentação de tropas na cidade. Eram regimentos de goblins, orogs e humanos. Kariel avistou o orog sacerdote de Gruumsh, que participou do combate no dia anterior e um homem de cabelos compridos e bigode negros, que identificou como sendo o humano chamado Korb, que havia comandado o ataque à Comitiva quando esta chegava pela primeira vez em Cachoeiras da Adaga para investigar os desaparecimentos. Estes inimigos instruíam suas tropas. O Escolhido de Mystra olhou também a direção da fumaça e viu o templo de Lathander ardendo em chamas. Então o mago desceu a altura do solo, cancelou seus encantamentos e fez um breve comentário sobre o que viu.

     "Amigos. Pelo que pude notar, o inimigo possui cerca de quinhentos a seiscentos soldados, cerca de trezentos deles fora das muralhas, divididos em três pelotões, próximos aos portões leste e norte e na muralha sul. Também existem arqueiros nos muros.", Kariel tinha alguma habilidade em fazer estimativas de tropas, resquícios do tempo que liderou um exército de elfos zenthilares. "Devemos retornar para informar a Lorde Randal e planejarmos a investida", finalizou.

     Retornaram até o acampamento, definiram a estratégia e partiram para as cercanias da cidade. Dividiram-se em três grupos, cada um com um contingente de aproximadamente cem homens do exército de Cachoeiras da Adaga. No primeiro grupo, que atacaria o pelotão de inimigos que guardava o portão norte, foi o mago Melegaunt, que já havia provado seu poder no combate anterior, no segundo grupo, que atacaria o portão principal no leste, estavam Arthos, Kariel, Magnus, Bingo e Randal Morn e no terceiro, que combateria a tropa estacionada na parede sul da muralha estavam Sirius, Mikhail, Limiekli e Laure.

     Kariel daria o início a refrega. Invocou uma ilusão e surgiram, à distância, as imagens de Randal Morn e seus homens, montados, com espadas em punho, que gritavam como se pudessem enfrentar todo o exército da cidade invadida. Naquele momento, uma fração do contingente que guardava o portão principal deslocou-se em direção aos inimigos ilusórios.      Foi o sinal para começar o ataque.

Três ataques simultâneos

O portão norte

     Todo o pelotão que guardava o portão norte da cidade se distraiu com as ilusões provocadas por Kariel, alguns deles pensaram em abatê-los, mas deixaram esta tarefa para o pelotão que guardava o portão principal. Composta em sua maioria por humanos mercenários e alguns goblinóides, este contingente nem imaginava o que estava para acontecer. Bastou o sinal das ilusões para que Melegaunt Thantul invocasse uma terrível esfera em chamas em direção ao portão norte. A explosão aniquilou boa parte dos soldados inimigos. Estes, assustados começaram a atirar para direção de onde veio a esfera, porém os soldados que acompanhavam o mago já tinham se preparado antes e se protegeram soberbamente. Melegaunt, ignorando os projéteis inimigos, invocou outra esfera em chamas no mesmo local gerando assim um incêndio no portão, desta forma, os inimigos que guardavam o portão por dentro e por fora se afastaram pelo calor. E com a saraivada de flechas realizada pelo contingente de Melegaunt mais inimigos foram rechaçados.

O portão principal

     A guarnição do portão principal estava dividida, quando os guerreiros de Randal começaram o ataque com flechas. O grupo que havia se distanciado em direção a ilusão demoraria para retornar e talvez, quando o fizesse, já encontrasse o combate decidido. Kariel lançou de suas mãos dois encantos, uma após o outro, e duas bolas de fogo explodiram, eliminado dezenas de inimigos. O avanço do grupo foi ordenado e em breve os dois exércitos se chocariam. Algumas flechas atirada dos muros atingiram mortalmente alguns soldados, mas a maioria continuava correndo até que o ruído de metal contra metal pudesse ser ouvido. As baixas provocadas pelos encantos e a divisão da guarnição inimiga enfraqueceu os inimigos e aos poucos os heróis ganhavam a batalha. Magnus era sem dúvida o mais perfeito entre os combatentes, abatendo com fúria muitos adversários. Bingo, de longe, atirava flechas contra os arqueiros no topo da muralha. Kariel e Arthos lutavam com suas lâminas e tentavam se aproximar do portão. Quando a inferioridade tornou-se insustentável, os goblinóides largaram suas armas. O contingente que retornava, após descobrirem a farsa de Kariel, viu seus companheiros subjugados e fugiram. Uma parte do grupo vitorioso foi encontrar-se com os companheiros que combatiam na muralha sul, que estavam em dificuldades. Depois de algum tempo, todos retornaram junto com os demais combatentes. Kariel aproximou-se do grande portão de madeira. Concentrou-se, proferiu algumas palavras mágicas e fez um movimento com as mãos. Surgiu então uma linha de energia que percorreu a madeira e criou uma passagem retangular como uma porta, no portão maciço. Dentro da cidade podiam ver novos inimigos, mas também que seus aliados do portão norte já haviam conseguido penetrar na muralha e que travavam um combate no centro de Cachoeiras da Adaga.

A muralha sul

     No terceiro grupo estavam Laure, Mikhail, Sirius e Limiekli por parte da Comitiva. As flechas dos soldados que os acompanhavam derrubaram alguns dos adversários, porém as baixas não foram tão grandes quanto poderia se esperar. A maior parte dos inimigos conseguiu erguer seus escudos a tempo e revidaram o ataque de setas, deixando muitas perdas para o lado dos libertadores de Cachoeiras da Adaga. Os dois grupos correram então um na direção do outro e era visível que nas trocas de ataques com flechas, os orcs e goblinóides tinham levado vantagem. Tinham maioria sobre os heróis, o que tornou o combate dramático. Após o início da troca de golpes em combate franco, a derrota parecia vir de encontro aos aventureiros. Ao longe podia se ouvir que o combate no portão principal terminava. Alguns soldados de Randal bradavam pela aquela primeira vitória. Limiekli afastou-se e tocou uma trombeta de chifre, que carregava consigo, em um pedido de ajuda, conhecido pelos soldados dos Vales. Então uma parte dos guerreiros do portão principal se deslocou em auxílio aos seus companheiros.

     Assim prosseguia o combate pelo destino de Cachoeiras da Adaga.


Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

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