Os Últimos Dias
de Glória
O que é RPG
Página Principal
A Comitiva da Fé
Definição
Histórias
Última História
Personagens
Jogadores
Galeria de Arte
Diversos
Forgotten Realms
 Definição
 Geografia 
 Divindades
 O Mundo
 Organizações
 Personagens
Artigos
 Galeria
Suplementos
Autores
Site
 Matérias
 Downloads
 Notícias
 Parceiros
Links
 Sobre o Site
 Glossário
 Créditos
Mensagens Arcanas
E-mail


powered by FreeFind


Que Caiam os Zhentarim

Descrita por Ricardo Costa.
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira



Personagens principais da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli). Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor. A Meia-elfa: Elen Laure. O Halfling: Bingo Playamundo. Participação Especial: Lorde Randal Morn.


Que Caiam os Zhentarim
     

     Lorde Randal Morn e seus aliados prosseguiam a terrível luta contra os exércitos goblinóides e humanos, liderados por Garekh Inklas, usurpador do comando de Cachoeiras da Adaga e agente da nefasta rede conhecida como o Zhentarim. Os heróis combatiam divididos em três grupos e cada um possuía a força de cem homens remanescentes do exército da cidade, leais ao seu Lorde legítimo. O primeiro, que lutou na entrada norte das muralhas e contava com o apoio do arcano Melegaunt, conseguiu se opor a resistência inimiga, destruiu o portão e passou a combater dentro da cidade. O segundo, no qual combatiam Arthos, Kariel, Magnus, Bingo e o próprio Randal Morn, derrotou seus inimigos à frente do portão principal, a oeste, e graças a uma passagem aberta pela magia de Kariel, começava agora a enxergar o interior de Cachoeiras da Adaga. Já o terceiro, onde lutavam Sirius, Mikhail, Limiekli e Laure, travava uma batalha muito mais dramática do lado de fora da cidade, na muralha sul. Em inferioridade numérica, causada pelos reveses da sorte, tentavam superar seus adversários.

Duas Frentes de Batalha

O Portão Principal

     A magia de Kariel riscou uma linha luminosa do imenso e rústico portão de madeira, determinando o desenho de uma porta, que logo se tornou uma passagem. Era possível ver que haviam dentro da cidade ainda centenas de adversários, muitos dos quais se encontravam a poucos metros de distância, prontos para rechaçar uma invasão. Mais ao longe, próximo ao castelo do Lorde de Cachoeiras da Adaga havia intensa movimentação e ruído, indicando que o portão norte também fora rompido e que os soldados e Melegaunt já haviam levado a guerra para o interior da cidade. Apesar de ter aberto a passagem, não foi o elfo Escolhido de Mystra o primeiro a atravessá-la e sim seu amigo Arthos. O ágil elfo de cabelos vermelhos entrou correndo. Parecia que iria chocar-se com um grupo de orcs, mas pulou, e com uma acrobacia projetou-se no ar e, ao mesmo tempo, usou seu sabre atingindo um dos inimigos. Em seguida pousou Arthos ás costas das criaturas, pronto para atacá-las.
     Kariel entrou em seguida, ainda em tempo de ver a acrobacia do seu amigo. Mas o príncipe da distante Kand procurava outra coisa, a alavanca que abria o portão principal. Sabia ele que a passagem que abrira era pequena para a entrada do contingente que aguardava do lado de fora e que tal afunilamento poderia resultar em perdas irreparáveis para os libertadores da cidade. Rastreou com os olhos as correntes do portão e viu a grande alavanca, assim como dois orcs que a guardavam. Neste momento, Lorde Randal também passou pelo portão e estava ao lado de Kariel, que lhe apontou a alavanca. O Escolhido então fez alguns gestos e pronunciou palavras em língua arcana e partiram de suas mãos cinco projéteis luminosos de energia, que atingiram os que guardavam o mecanismo de abertura do portão. Em seguida, junto com Randal, correu na direção da alavanca, empurraram juntos e o portão abriu-se para a entrada dos soldados.
     Os soldados e os membros restantes da Comitiva daquele grupo entraram. No local onde Arthos batalhava havia um grande número de cadáveres de goblins. Magnus correu e se juntou a ele, enquanto Kariel e Randal Morn combatiam mais atrás. Um orc mais próximo brandiu um machado a frente de Kariel, mas foi abatido por duas flechas certeiras. Kariel virou-se e viu o pequeno Bingo, que acabava de usar seu arco, ajudando o mago, que agradeceu ao halfling com uma rápida reverência.
     Repentinamente, onde lutavam Arthos e Magnus, os inimigos recuaram para dar passagem a duas figuras: um era um gigantesco orog, que haviam encontrado na emboscada, há dois dias passados, outro era o humano do Zentharim, cabelos negros, compridos e amarrados, e vestes escuras, conhecido como Korb, e que lhes haviam armado uma cilada há semanas atrás. O orog foi em direção de Magnus e o humano sacou sua espada e caminhou até Arthos. Notou o zentharim a "Lâmina das Rosas" de Arthos:

     "Bela arma é esta que possui. É um item para poucos.", disse.
     "É.. sou um destes poucos!", respondeu Arthos, avançando.
     "Você, herege! Cairá pela espada de Urkas, o general dos orogs!", disse com uma voz quase gutural.
     "Servo algum de Gruumsh fará frente àquele que crê no Vigilante.", respondeu o paladino apontando sua Chama do Norte.

     Então iniciou-se este combate. Arthos contra Korb, Magnus contra Urkas. A luta era franca e leal, até que Korb retirou de um dos bolsos um pequeno frasco e tomou o conteúdo. Arthos não sabia o que era aquilo, mas o humano desde então passara a dar-lhes golpes cada vez mais fortes. Kariel podia enxergar aquela movimentação de longe e sabia que aqueles deveriam ser alguma espécie de campeões dentre as forças do inimigo. Então conjurou um encanto e apontou para seus dois amigos. Então sua voz ecoou em suas mentes:

     "Estou percebendo que estão enfrentando inimigos poderosos. Desejam minha ajuda?". Por alguns instantes aquela voz vinda do nada confundiu os dois membros da Comitiva, mas reconheceram-na como sendo a de Kariel e então responderam.
     "Não, Kariel. Vencerei esta batalha contra este servidor de Gruumsh sozinho.", afirmou Magnus.
     "Bem, Kariel...este zentharim aqui tomou uma poção, que parece tê-lo deixado mais forte. Se puder equilibrar as coisas novamente...", Arthos pediu..
     Kariel ouviu as respostas e conjurou um encanto, que agiu sobre a área de combate de Arthos e Korb. Queria o Escolhido dissipar o efeito da poção de Korb, mas o sortilégio não surtiu efeito. Próximo dali, Magnus combatia ferozmente seu adversário. Após muitas trocas de golpes, Magnus avançou com fúria contra o inimigo.
     "Por Helm! Pela Comitiva!", bradou, enquanto dava um golpe poderoso, que decapitou Urkas. Tal vitória abalou a moral de muitos dos inimigos, que, ao verem seu líder morto, correram para salvar suas próprias vidas. Arthos continuava a sofrer os golpes do humano, que tinha sua força ampliada. Pediu mais uma vez a ajuda de seu amigo Kariel, com o qual ainda mantinha uma comunicação mental.
     "Kariel, preciso de uma mão aqui. Agradeceria muito a sua interferência, mas não diga a ninguém que te pedi isso!"
     Kariel sorriu com a observação e conjurou nova magia. De suas mãos partiram cinco mísseis luminosos, que vieram a explodir sobre o corpo de Korb.
     "É assim que você luta, elfo?!", protestou o zentharim.
     "Não pense que não sei o que você tomou naquele frasco. Isto vai só equilibrar as chances!", respondeu o elfo de cabelos vermelhos.

     Arthos e Korb lutaram e em uma rápida estocada, o elfo golpeou o humano que caiu ainda vivo ao chão. O aventureiro ainda o revistou para ver se encontrava mais uma daquelas preciosas poções, mas nada achou. Em seguida amarrou Korb, que estava quase morto...
Randal Morn, que também havia acabado de enfrentar um inimigo, correu desesperadamente à frente, em direção do portão de seu castelo, sendo seguido por Arthos e Kariel, que perceberam sua movimentação. O Lorde era impelido pela preocupação com sua esposa e filho e pelo desejo de vingança contra Garekh Inklas. Chegaram a entrada, que estava aberta e guardada por dois orcs. Estes foram facilmente derrotados pelas forças reunidas dos três heróis, que penetraram no edifício. Randal, sempre na dianteira, subiu rapidamente as escadas, seguido pelos seus aliados da Comitiva.

O Combate na Muralha Sul

     Em desvantagem e longe de seus companheiros, o grupo encarregado do combate na muralha sul enfrentava dificuldades, porém era importante sua missão: evitar que o batalhão goblinóide que ali estava estacionado se unisse aos demais no interior de Cachoeiras da Adaga. Os heróis lutavam cada um contra dois e, as vezes, três ou quatro adversários.
     Mikhail, o elfo clérigo de Mystra, desaparecia em meio aos inimigos. No meio do aglomerado de orcs podia-se ver seu martelo dourado sendo erguido ao ar para novamente descer e desaparecer em meio ao amontoado de inimigos, em sérios golpes. O elfo foi eliminando seus adversários, mas isto não significava que também não sofresse com eles. Um goblin aproximou-se por trás e desferiu sobre ele um ataque com um machado de guerra. O golpe atingiu a armadura de Mikhail, e o impacto causou-lhe uma dolorosa contusão. Ainda havia kobolds ao alto da muralha que disparavam flechas. Para o bem da Comitiva, os pequenos inimigos não possuíam boa pontaria e vez ou outra acertavam seus próprios pares. Uma destas flechas, por exemplo, atingiu o goblin que feriu Mikhail e a distração possibilitou ao clérigo derrotar seu inimigo. Laure lutava contra dois e seus golpes eram dados não apenas com força, mas também com bastante graça. Seu movimentos eram coreografados e sua espada precisa. A meia-elfa de pele negra, esquivou-se dos golpes e derrubou seus dois adversários. Porém haviam muitos outros e mais dois vieram bater-se com ela. Limiekli, em outro lugar da batalha, combatia com um machado em uma das mãos e a espada na outra. Com muita rapidez, usava a primeira arma para aparar os golpes dos adversários e a espada para dar cabo deles. Já Sirius, protegendo-se com seu escudo, foi perfurando o coração dos inimigos sem piedade de forma mais profissional.
     O combate, antes com uma grande desvantagem numérica em favor dos inimigos, começou a ficar equilibrado, porém os que combatiam agora pertenciam a elite de guerreiros. Muitos deles eram orogs, a espécie maior e mais violenta entre os goblinóides. E eles começaram a partir para os incômodos membros da Comitiva. Um foi em direção de Laure, que o saudou com o balançar de sua espada. Outro correu em direção de Limiekli com tanta violência, que para abrir caminho, arrancou com seu machado a cabeça de um goblin de seu próprio exército. E um terceiro atacou Mikhail.
     O combate com Laure foi entre os três certamente o mais dramático. A meia-elfa atacava o grande orog com sua espada bastarda, mas seus golpes, na maioria das vezes, caiam no vazio, ou eram contidos pelo machado do adversário. Já as investidas do orog eram mais certeiras e, em pouco tempo, o sangue começava a tingir as vestes da guerreira, que mesmo debilitada continuava o combate. O inimigo permanecia firme e Laure sentia aos poucos as forças se esvaírem de seu corpo, que tornava-se cada vez mais gélido e menos ágil. Optou então por dar meia volta e fugir daquele combate. Apesar da alternativa deixá-la frustrada, Laure decidiu que não poderia morrer desta maneira. Ainda queria conhecer seu pai desaparecido. O orog não a perseguiu, preferindo enfrentar alguns soldados mais próximos.
     Limiekli combatia goblins e um orog com suas duas armas e até aquele momento, dadas as circunstâncias, estava se saindo bem. Conseguia aplicar golpes rápidos e certeiros. Derrubou os goblins e arremessou seu machado contra o orog, cravando sua lâmina no dorso do inimigo, que revidou o golpe, atingindo-o. Após uma troca intensa de golpes, o ranger levou a melhor e seu adversário caiu morto. Mas haviam outros, e mais goblins e um orc apareceram em sua frente.
     Mikhail lutava também com um orog, que lhe aplicava pesados golpes com o machado de guerra. O clérigo de Mystra não tinha ferimentos expostos, mas os impactos dos golpes em sua armadura lhe causavam contusões das mais diversas. Mikhail conseguiu ainda defender-se e invocar um encanto divino, que o fez recobrar-se de algumas injúrias. Combateu e sofreu novos ataques, mas conseguiu vencer o orog. Mikhail então enxergou outro destes goblinóides e lançou sobre este um novo encanto. A criatura ficou paralisada e o clérigo de Mystra a mandou de encontro a Gruumsh.
     Os inimigos começaram a ser derrotados e os que restavam acabaram por fugir em direção do portão principal. Mikhail invocou sobre si outro encanto curativo e fez o mesmo a Laure, que estava muito ferida devido ao seu combate contra o orog. Logo após, Mikhail, Laure, Sirius e Limiekli, junto com os demais soldados, prosseguiram e penetraram em Cachoeiras da Adaga afinal. Viram que seus companheiros já haviam feito um considerável estrago e que as forças do Zentharim já estavam em muito debilitadas. Ao longe podia-se ver Magnus e Bingo, mas não havia sinal de Kariel, Arthos, Randal Morn, nem do mago Melegaunt. Porém ainda haviam inimigos e os aventureiros continuaram a combater.

Batalhas no Castelo do Lorde:

O Duelo Arcano

     Lorde Randal Morn subiu correndo os lances de escada de seu castelo. Passou pelo primeiro pavimento sem dar maiores atenções. Ele buscava encontrar Garekh Inklas e sua esposa e filho. Arthos e Kariel o seguiram. Ao subirem ao segundo pavimento os heróis viram duas portas que davam para um grande salão, se tratava da sala do trono. Para um se dirigiu Lorde Randal e para o outro correu Arthos. Kariel, por um instante hesita, afinal deixaria um de seus companheiros sozinho contra os possíveis perigos ocultos naquele lugar. Porém em breve o destino mostraria o caminho para o Escolhido: esferas de energia brilhantes partiram do salão e atingiram Arthos, que encontrava-se bastante ferido. Kariel sabia que Arthos não agüentaria um novo ataque mágico e que Randal Morn estava em melhor estado do que o seu amigo. Então entrou no salão, deixando Arthos do lado de fora, recuperando-se.
     Kariel olhou o amplo salão, mas não via nenhuma ameaça. Pensou o elfo mago que havia uma grande chance de seu inimigo estar invisível. Tal expectativa foi confirmada: formou-se no ar uma grande bola de fogo que foi em direção do Escolhido e explodiu em chamas. Felizmente Mystra o havia favorecido: pelas graças de Escolhido e por conta de um anel encantado seus ferimentos não foram graves. Então uma voz falou de algum lugar dentro da sala.

     "Parece que seu broche de Harpista não protege contra isto, não é? Pensei que fosse mais eficaz"
     "Ele é mais eficaz do que pode imaginar. Porque não acaba com sua covardia e fica visível para combatermos?", desafiou Kariel
     "Nós magos temos que nos precaver... mas aceito me revelar se duelar comigo."
     "Um duelo arcano? Pois bem. Revele-se e duelaremos!"

     Um homem, cerca de quarenta anos, cavanhaque e robe preto surgiu no meio do salão. Fez alguns gestos e proferiu algumas palavras arcanas. De repente, iguais a ele, surgiram outras cinco imagens idênticas ao seu redor, em uma ilusão para confundir o adversário. Kariel em resposta lançou sobre aquela área um encanto que fez surgir uma nuvem de vapores nauseantes. O inimigo saltou, junto com suas cópias, e evitou com agilidade o ataque do elfo. Kariel então lançou-lhe outro feitiço e em segundos formou-se uma névoa o teto do salão, que transformou-se em uma densa nuvem. Logo após caíram pedras de granizo sobre o zentharim, que safou-se novamente, desta vez com um encanto: entrou ele por uma porta de energia e saiu em outro canto da sala, a salvo dos efeitos da magia do elfo. Kariel preparou-se novamente para atacar, mas desta vez o humano o surpreendeu. Antes que proferisse as palavras arcanas abateu-se sobre ele outra bola de fogo, como a que recebera antes. Sofreu outros ferimentos e desconcentrou-se, quebrando o ritual e perdendo o feitiço que preparava. Kariel refez-se do ataque e jogou outro lance naquele jogo de xadrez entre magos. Ele conjurou um relâmpago e as ramas elétricas se espalharam atingindo o mago zentharim e suas duplicatas. Duas delas desapareceram após receberem a descarga elétrica. O homem então atacou, não com o feitiço, mas com um golpe de seu cajado. Kariel então resolveu partir também para o combate corpo-a-corpo. Pesou nesta decisão o fato do Escolhido, devido aos combates no campo de batalha e agora neste duelo, ter praticamente consumido seu arsenal de encantos.
     Trocaram golpes e a medida que Kariel acertava, foram sumindo as duplicatas até que restasse apenas o original. O zentharim, então, invocou um último encanto: um portal surgiu. Antes de passar pela passagem mágica disse:

     "Vamos ter que adiar este duelo, elfo, apesar de me considerar em vantagem!"
     "Isto é o que você acha!", respondeu Kariel, que tentou ainda acertar um golpe com sua espada, mas o adversário foi mais rápido, escapando pelo portal.

A Sorte de Arthos

     Arthos estava sentado do lado de fora do salão, refazendo-se do ataque que recebera. Podia ouvir lá dentro o barulho de explosões e as vozes dos magos lançando seus encantos. Estava realmente debilitado. Sofrera bastante nas batalhas, em especial contra Korb e o encanto que acabara de se abater sobre ele retirou muito de suas forças. Mas Arthos não era de ficar parado e levantou-se. Ia procurar Randal Morn. Ia, pois desceu as escadas do andar acima Norda, o sacerdote orog de Gruumsh. O grande goblinóide carregava uma maça e em suas vestes havia o símbolo de seu deus. Ao ver Arthos parou:

     "Não é possível. Meu exército ainda não se livrou de todos estes ratos!", disse em língua comum o sacerdote guerreiro do Pai dos Orcs.
     "Seu exército já foi derrotado. A cidade já foi tomada. Renda-se e admita sua derrota."
     "Jamais! Venha, lute comigo!". Norda ficou parado e com um gesto chamou Arthos para o combate..
     "Err... adoraria lutar, mas... mas existem inocentes em perigo e eu estou com pressa!", deu esta desculpa esfarrapada o elfo de cabelos vermelhos, ensaiando uma finta para fugir do combate. Arthos sabia que não ia durar muito contra este inimigo.

     Arthos correu, passou por ele, e seguiu subindo as escadas desesperadamente. O inimigo também correu, no encalço do desafortunado Arthos. O herói chegou esbaforido no terceiro andar, olhou para um lado, olhou para o outro e viu um quarto aberto. Não teve dúvidas, entrou e fechou a porta. Mas rapidamente já começou a ouvir o barulho dos chutes do inimigo, ameaçando arrombar a porta. Arthos tentou procurar uma saída daquela situação. A única que existia era a janela. Não poderia pular, mas quem sabe conseguisse escalar para o andar inferior. Esta era sua única chance e ele correu. Antes que chegasse no seu objetivo, a porta foi arrombada e Norda surgiu. O goblinóide conjurou um encantamento sobre Arthos e este ficou completamente imóvel, como se fosse uma estátua. Então, o clérigo de Gruumsh andou calmamente até o elfo, e sacou de sua cintura uma imensa maça, cuja ponta era cravejada de espinhos. Girou a arma sobre sua cabeça, procurando ampliar a potência de seu golpe enquanto sorria. Enquanto Arthos já se preparava para encontrar Kelemvor, o Deus da Morte, cinco esferas de luz partiram da entrada do quarto, e atingiram o orog, que caiu morto. Então aproximou-se de Arthos, Melegaunt.

     "Devia ter mais cuidado, elfo!", disse sorrindo o velho mago.

O Acerto de Contas

     O grupo da Comitiva que combatia no campo aberto, formado por Magnus e Bingo, Sirius, Limiekli, Mikhail e Laure reuniu-se e chegou no castelo, após derrotarem muitos soldados no campo de batalha. Subiram as escadas procurando por Randal Morn e seus amigos. No segundo andar encontraram Kariel. O Escolhido, que acabara de combater um mago em um duelo de magia, disse-lhes que separou-se de Arthos e Randal. Enquanto Kariel procurava pelo Lorde no segundo andar, o restante do grupo subiu as escadas em direção ao terceiro e último pavimento. Lá havia um corredor e várias portas. Mas o ruído de vozes chamou a atenção dos heróis para um grande portão de madeira, que estava entreaberto ao fundo do corredor. Correram e subiram uma escada que dava num terraço. Lá encontraram Randal Morn, que segurava a Espada dos Vales e olhava para Garekh Inklas, que estava do lado oposto dele. O traidor segurava em sua mão direita uma pequena besta, cuja seta apontava para o pescoço de Madelyne, esposa do Lorde de Cachoeiras da Adaga. O vilão a mantinha imobilizada em sua frente.

     "Não tente nada, Randal, ou mato sua adorada Madelyne!"
     "Covarde. Usando como escudo uma mulher indefesa. Solte-a imundo!"
     "Entregue-me seu filho e eu a solto!", propôs Garekh.
     "Não faça isto Randal!", gritou Madelyne.
     "Cale-se cadela! Diga-me onde escondeu a criança!", bradou Garekh irritado.
     A esposa de Randal, conseguiu soltar um dos braços e empurrou Garekh, tentando ir para a direção de seu marido. Naquele momento, Garekh apontou sua besta e a seta atingiu Madelyne nas costas. E ela caiu ao chão, agonizante.
     "Não! Maldito!"

      Randal projetou-se na direção de Garekh e antes mesmo que qualquer um da Comitiva pudesse tomar alguma atitude, golpeou o inimigo com fúria. A Espada dos Vales atingia Garekh implacavelmente. Em um dos golpes arrancou a mão do traidor, que ainda segurava a besta assassina, em seguida acertou-lhe o peito, fazendo-o cair ao solo. Furioso, largou sua espada e começou a esmurrar a o rosto de seu inimigo arrancando-lhes vários dentes. Quando Randal percebeu que Garekh não poderia mais resistir, então levantou o corpo do zhentarim e o atirou de cima da sacada, uma queda de vinte metros foi o suficiente para quebrar todos os ossos do vilão que gritou antes de tudo escurecer. Era o fim do traidor e seu corpo se juntou aos demais cadáveres nas proximidades do castelo. Em seguida, Randal correu para sua amada Madelyne. A Comitiva também aproximou-se para examiná-la. Não teria muito tempo de vida. Melegaunt, que assistiu a tudo, aproximou-se de Madelyne, retirou a seta de suas costas, e colocou em sua boca o conteúdo de uma poção que trazia em um frasco. O rubor voltou a face da mulher e ela engasgou. Em seguida, Randal carregou sua esposa e a levou para seu quarto, acompanhado da Comitiva. Deitou a mulher sobre sua cama e foi até uma das paredes. Tocou em um dos blocos de pedra e abriu-se um pequeno quarto secreto. De lá saiu um menino, que abraçou o pai.

     "Alars! Que bom que está bem!", disse o Lorde erguendo o garoto. Randal explicou mais tarde à Comitiva que Garekh queria matar o pequeno Alars, pois o Zentharim não deseja a formação de uma dinastia em Cachoeiras da Adaga. Então os heróis, agora vitoriosos, partiram para procurar sobreviventes e eliminar os últimos focos de resistência do exército Zentharim.

Os Dias Seguintes

     No raiar do dia seguinte, já haviam começado os esforços para a recuperação da cidade. Os corpos dos inimigos foram queimados, enquanto os dos heróis que deram suas vidas para recuperar a cidade foram enterrados. Algumas casas destruídas começavam a ser reparadas e os prejuízos calculados. A Comitiva e os soldados de Randal trouxeram de volta os moradores de Cachoeiras da Adaga que tinham sido aprisionados por Gothyl, que estavam na Aldeia do Amanhecer. Este retorno levou um pouco de alegria à sofrida população, que temia pelo destino de muitos de seus entes queridos. O clima geral na cidade não era de comemorações. Pelo contrário, o sentimento que dominava era o de tristeza e insegurança.
     O sacerdote mor de Lathander no Vale da Adaga, Temeron, fora encontrado com vida em uma masmorra, porém bastante ferido e mal tratado. Recebeu o clérigo os cuidados médicos e encantos divinos de cura de Mikhail, servo de Mystra e membro da Comitiva. Também se recuperava Madelyne, esposa de Randal.
     Haviam passado três dias do fim do conflito. Temeron havia melhorado e ajudou também a curar as injúrias dos membros da Comitiva. Lorde Randal Morn ficou todo o tempo, junto com seu filho Alars, ao lado da esposa que agora, refeita do ferimento, apenas descansava no quarto do casal. As vezes recebia, como agora, a visita da Comitiva, mas não dissera uma palavra desde o dia em que recuperara a cidade. Não parecia o governante confiante de antes e estava sempre sorumbático e com um olhar distante. A Comitiva olhava o Lorde e entendia sua dor, pois quase havia perdido sua cidade e a pessoa quem mais amava. Porém, mesmo assim, Kariel resolveu quebrar o silêncio e aproximou-se de Randal Morn:

     "Lorde Randal", iniciou o elfo em voz baixa, "Peço perdão por interromper este momento de dor, mas acredito que é nesta hora que seu povo mais precisa da força de um líder. As pessoas estão com medo de um novo ataque, de uma nova derrota. Com medo de que a cidade definitivamente caia nas mãos do Zentharim. Algumas mais desesperadas pensam em fugir daqui. Elas precisam de uma palavra de alguém que tenha força, carisma e prestígio perante eles. Talvez seja a hora de dizer ao seu povo que eles não são derrotados e sim vitoriosos!"
     "Sim, Lorde Randal! Renove as esperanças deles!", disse Arthos.
     "Você é a verdadeira muralha de Cachoeiras da Adaga!", Limiekli , completou.
     "É isto que temos para dizer, Lorde. A Comitiva o apoiará.", terminou Kariel.
      Randal Morn, que estava sentado, levantou-se e se pronunciou, após dias de silêncio.
     "Estou cansado. Queria apenas que este povo pudesse viver em paz . Nossa terra é perigosamente próxima do Norte. Se possuísse o poder dos deuses, com minhas próprias mãos retiraria esta cidade daqui e a colocaria em outro lugar, mas não posso fazer isto. Que direito teria eu para dizer a um de meus cidadãos que perdeu dois ou três parentes neste conflito, que deva ficar em Cachoeiras da Adaga? Não posso fazer isto."
     "Diga a eles que a fuga não é solução. À medida que deixarem esta cidade e se instalarem em outra, Cachoeiras da Adaga será enfraquecida e cairá e as tropas do Zentharim avançarão seus braços até a próxima cidade, reiniciando o ciclo. Não há como fugir eternamente. A única esperança é resistir. O reino de onde vim já caiu, mas nosso povo o reergueu e hoje ele se encontra firme. Não desistimos."

     Madelyne ouviu aquelas palavras, levantou-se, olhou ternamente para o marido e tocou-lhe a face. Randal viu os olhos do filho que o fitava e falou em voz firme para seu escudeiro.

     "Prepare minha armadura. Tenho um pronunciamento a fazer!"

     Randal Morn, de novo o governante confiante de Cachoeiras da Adaga, deixou o quarto e alguns minutos depois estava em uma sacada de seu castelo, onde ,em ocasiões especiais como hoje, fazia seus pronunciamentos. E estava o povo ao solo para ouvi-lo.

     "Cidadãos. Este é mais um dia de tristeza. Mais um dia em que nossa pátria foi ferida. Sei que muitos tem o desejo de abandonar a cidade, mas perguntem-se: onde neste mundo haverá lugar seguro enquanto existirem forças como a de nossos inimigos, como a do Zentharim. Acredito que o que nos faz seguros é a nossa vontade de viver e apenas isto. Vocês lutaram bem. Combateram por cada pedaço de terra de nossa cidade. São vitoriosos. O que peço a vocês é que tenham esperança e me concedam a chance de tornar este lugar um local para se viver em paz!"

     Um cidadão bate palmas, e seu gesto é repetido por outros, até que a multidão saudou o Lorde Randal Morn, governante e herói de Cachoeiras da Adaga.

Prenúncio de Uma Grande Ameaça

     Passaram-se mais dois dias. A reconstrução continuava. O templo de Lathander, quase completamente destruído pelas chamas, foi o primeiro grande prédio a ser restaurado. Enquanto sua igreja não ficava pronta, Temeron improvisou uma capela em um salão do castelo do Lorde. Finalmente o clérigo estava completamente recuperado de todas as seqüelas físicas e psicológicas da invasão de Cachoeiras da Adaga. Orava o clérigo quando chegaram até ele os membros da Comitiva da Fé. Temeron então encerrou sua prece e virou-se para os heróis.

     "Salve Comitiva! Desejam algo?"
     "Senhor Temeron", começou Kariel , "Quando encontramos o covil de Gothyl fomos acompanhados por uma expedição vinda do distante reino élfico de Evereska. Seu comandante, um mago de nome Galaeron, lutou conosco contra a bruxa e foi o único sobrevivente de seu grupo. Porém sofreu graves seqüelas em uma explosão mística e encontra-se inconsciente desde então. Ele vem sendo cuidado, mas receio que nossas possibilidades não sejam suficientes para fazê-lo se recobrar. Gostaríamos de saber se pode nos ajudar? Ele foi trazido aqui para o castelo."

     Temeron concordou e ver o elfo e foi levado pela Comitiva até o quarto onde recebia cuidados. Temeron chamou mais dois clérigos de Lathander e juntos examinaram o corpo de Galaeron. Concluíram que a mente do mago de Evereska estava inacessível. Começaram a realizar um ritual. Temeron por fim invocou um encanto divino sobre o corpo do elfo e, para a surpresa e alegria da Comitiva, Galaeron abriu os olhos.

     "Onde estou?", perguntou.
     "Está em Cachoeiras da Adaga.", respondeu Mikhail.
     "Agradeça ao humano que o curou.", falou Kariel, lembrando que Galaeron nutria preconceitos em relação aos humanos e que esta seria uma boa hora para colocá-los em xeque.
     "Quem?", perguntou.
     "Temeron, sacerdote de Lathander.", informou Mikhail.
     "Muito obrigado, humano. Mas o que aconteceu? Onde estão meus companheiros?"
     "Não se lembra? Seus soldados estão mortos. Você foi o único sobrevivente da expedição de Evereska.", disse-lhe Arthos.
     Galaeron levantou-se de seu leito desnorteado.
     "Não... não pode ser!"
     "Infelizmente não foi só isto. A bruxa Gothyl rompeu a aquela energia negra, que deve ser a tal Muralha Sharn de que falava seu diário.", continuou Arthos.
     "Sim. E dela saíram estranhas criaturas de muitos braços. Elas voaram caverna a fora.", completou Mikhail.
     "A Barreira foi desfeita?! Não! Isto não podia acontecer. Deve haver algum engano!".      Galaeron estava completamente transtornado e um sentimento de tensão se instalou em todos os presentes.
     "Sim. Vimos a explosão e as criaturas que dela saíram. Esta Barreira, como você chama, foi rompida.", confirmou o clérigo de Mystra.
     "Isto é uma catástrofe! Se o que vocês estão dizendo for verdade, os dias de Faerûn estão contados!"


Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

Os Últimos Dias de Glória © Todos os direitos reservados 2004 - Forgotten Realms™ e seus personagens são marcas registradas da Wizards of The Coast Inc.
This page is a fan site and is not produced or endorsed by Wizards of the Coast. Forgotten Realms is a registered trademark of Wizards of the Coast, Inc.