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Pelo Auxílio de Cormyr

Descrita por Ricardo Costa.
Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.


Personagens principais da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli), Sir Galtan de Águas Profundas. Os Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo. Participação Especial: Coronal Eltagrim Irithyl, Laeral Mão Argêntea, Ájax Felonte, Windolfin Braço de Clangeddin Barba de Prata e a Regente Alusair Obarskyr.


Pelo Auxílio de Cormyr

Conversas à Mesa

     Os heróis acordaram na cidade de gigantes de Celestia. Dormiram em uma daquelas grandes casas, em quartos e camas igualmente enormes. Ainda cedo, foram chamados por um serviçal do rei. Era-lhes oferecido um desjejum. Arrumaram-se e foram até a sala de jantar. Infelizmente, devido ao tamanho dos móveis, não puderam sentar-se com os gigantes. Porém, com as desculpas dos anfitriões, comeram no chão, sentados em bancos feitos com toras de madeira, em volta de uma mesa improvisada. A ceia matinal era farta de carne, legumes cozidos e frutas, algumas conhecidas e outras enormes e estranhas. Conversaram e o assunto era o mesmo que os afligiam nas últimas semanas: a ameaça dos phaerimns.

      "Fui contactado magicamente por Khelben.", disse o Coronal Eltargrim. "Ele nos pediu que tentássemos novas alianças, já que os dragões concordaram em somente combaterem os seus pares hostis."
      "Iremos então para outros reinos?", perguntou o cavaleiro Galtan de Águas Profundas.
      "Sim. É o que Khelben e Laeral estão planejando. Haverá uma missão para pedir o auxílio de Cormyr."
      "Cormyr?", interferiu Kariel, "Mas o reino está abalado. Estão combatendo Vorik Aris em seu próprio território. Duvido que tenham condições de nos mandar algum contingente."
      "Temos poucas alternativas, Kariel.", respondeu o Coronal. "Temos que tentar."
      "Pode parecer tolice, mas alguém cogitou uma aliança com os Magos Vermelhos de Thay? Prefiro que estejam do nosso lado, do que contra nós."
      "Mikhail... dificilmente os Magos Vermelhos se aliariam a seres que querem destruir a magia. Ela também faz parte de seu modo de vida. E uma aliança entre nós e os thayanos seria espúria. Acredito que os Harpistas não aprovariam tal coisa.", disse Kariel.
      "Não esteja tão certo. Os Magos Vermelhos estão sendo cogitados, porém somente em último caso. Devo-lhes informar também que temos um artefato poderoso que pode atrair todos os phaerimns para um local, um campo de batalha ainda não escolhido, mas que deverá estar nas Terras Centrais, o que facilitará o deslocamento dos nossos exércitos. Uma outra coisa: não comentem o que viram nas cavernas. Aquelas informações sobre magia podem atrair seres poderosos e isto poderia destruir este lugar."
      "Mas, Coronal Eltargrim... acredito que Khelben deveria saber disto. Ele é nosso aliado, um arquimago e Escolhido da Deusa da Magia. Gostaria de contar-lhe o que aprendemos."
      "Peço-lhe para que deixe para outro momento, Kariel, pois isto pode desconcentrá-lo de nossas prioridades. Vamos terminar nossa refeição e voltar para Evereska."

      Os aventureiros terminaram de comer. Mesmo Bingo, cujo repasto poderia rivalizar ao de um dos moradores locais, estava satisfeito. Eltargrim, em seguida, foi até o palácio e em nome da Comitiva agradeceu ao rei Brion. Os aventureiros, antes de partirem, também encontraram Kratus e deixaram seus agradecimentos por sua ajuda e coragem. Despedidas feitas, Eltargrim conjurou um portal mágico, por onde passaram, e assim deixaram Celestia.

Preparativos para uma Nova Missão

      O portal os levou até bem próximo da tenda de guerra do Coronal Eltargrim, armada no grande acampamento dos humanos de Águas Profundas. Era lá que aconteciam freqüentes reuniões entre os líderes da campanha. Não demoraram a entrar. Queriam procurar logo por notícias. Ao penetrar na tenda, encontraram Khelben e sua esposa Laeral. Foi esta que ao vê-los, pôs-se a falar.

      "Que bom que chegaram! A Comitiva estaria disposta a me acompanhar á Cormyr? Soube que possuem ótimas relações com a Regente Alusair. Isto facilitaria as negociações."
Olharam-se e Kariel respondeu pelo grupo.
      "Sim. Iremos."
      "Quanto a mim, desejo ir, mas deverei consultar meu superior, o Comandante Brian, antes de tomar uma decisão.", colocou Galtan.
      "Acredito que ele não irá se opor. No momento não há nada para um cavaleiro fazer aqui.", afirmou Laeral. "Partiremos em uma hora. Façam os preparativos que julgarem necessários neste tempo."

      Eltargrim ficou com Khelben e Laeral e a Comitiva deixou a tenda e se dividiu. Compraram mantimentos, corda e alguns objetos de viagem. Já Kariel foi até o Parlamento Élfico, onde visitou seu amigo Arthos Fogo Negro, que se encontrava preso e lhe informou sobre os acontecimentos da campanha sobre os phaerimns. Intencionalmente deixou de fora da conversa, a missão dada à Comitiva pela deusa Mystra, de escolher uma divindade para receber o poder encerrado na Orbe de Orgor e sobre as descobertas nas cavernas das Montanhas da Espada. Mikhail visitou mais uma vez seus parentes e seu cavalo Burgos e foi até Galaeron. Encontrou o nobre evereskano cabisbaixo, como sintoma da culpa que sentia pela situação em que sua terra se encontrava. O clérigo de Mystra disse-lhe algumas palavras de esperança e, como Kariel, narrou assuntos sobre a batalha contra o inimigo.

      Terminado os preparativos, a Comitiva se encontrou próximo à tenda de guerra, com bagagem e montarias prontas. Alguns estavam curiosos com a viagem a Cormyr, reino outrora famoso por sua organização e ordem.

      "Brian me autorizou a partir. Sempre quis conhecer Cormyr.", disse o Cavaleiro Galtan.
      "Eu também. Dizem que é uma terra muito bonita.", completou Limiekli.
      "Sim... era. Vivi lá durante a minha infância.", revelou Sirius. "Mas isto foi bem antes dela ser invadida."
      "Sua família ainda vive por lá?", perguntou Limiekli.
      "Meus pais estão mortos. Soube que tenho alguns parentes ainda vivos, mas não sei onde eles estão."
      "Espero que os deuses os tenham protegido, Sirius, pois a situação em que este reino se encontra é das mais graves.", colocou Kariel.
      "Amigos... por falar em deuses, não sei o que fazer para esconder de Storm a demanda que nos foi confiada por Mystra. Ela já me perguntou umas três vezes sobre a espada que o deus Helm me presenteou e não sou de mentir...", disse Magnus, um tanto incomodado.
      "Vamos contar logo! Porque ficarmos com esta preocupação só para nós!"
      "Não é bem assim Limiekli... isto é um assunto da Comitiva."
      "Isto envolve não só a Comitiva, Mikhail.", colocou Kariel. "Está em jogo um equilíbrio de poder que pode afetar Faerûn. Acho que devemos contar o que está acontecendo. Quanto a Storm, ela é minha superior na organização dos Harpistas. Não me sinto bem em esconder dela informações importantes com esta. Acho que não haveria prejuízo se contarmos."
      "Não sei não... acho que devemos deixar as coisas como estão!", opinou Sirius.
      "Como não temos consenso sobre isto, acho justo deixarmos ao seu encargo, Magnus, decidir o que achar melhor.", concluiu Mikhail.
      "Certo. Encerremos assim este assunto.", disse Kariel, vendo que se aproximava do grupo Galtan, que não sabia nada sobre esta história. "Se bem que Storm pode até mesmo ter nos ouvido. Havia esquecido, mas ela, como eu, possui o dom de ouvir as próximas palavras da pessoa que pronuncia o seu nome. Se estava com este poder ativado, com certeza já sabe..."
      "Por Helm! Também havia esquecido disto!", espantou-se o paladino. "Mesmo assim, já sei o que fazer."
      "Fazer o quê?", perguntou Galtan, chegando e ouvindo as últimas palavras de Magnus.
      "Nada... somente estávamos aconselhando Magnus a não carregar muita bagagem", despistou Limiekli. "E você, cavaleiro? Irá conosco?"
      "Sim. O Comandante Brian me liberou para esta missão."

      Neste momento, Laeral deixou a tenda. Perguntou se os aventureiros estavam prontos para partida e com a resposta afirmativa, começou a conjurar um portal. Magia executada, um a um começaram a entrar na fenda ovalada aberta no espaço e a desaparecer das terras de Evereska.

O Acampamento à Margem da Guerra

      Deixaram o portal em uma floresta, próxima a um acampamento. A flâmula cormyriana tremulava no alto das tendas e uma grande agitação tomava conta do lugar. Dragões Púrpuras, como eram conhecidos os soldados de elite de Cormyr, com rapidez recebiam suas espadas de escudeiros e montavam em seus corcéis. Outros testavam a tensão da corda de seus arcos. Um ou dois magos de guerra podiam ser vistos ao longe.

      "Onde estamos?", quis saber Sirius.
      "Na Floresta do Rei. Abri um portal que nos levasse para perto de Alusair.", respondeu Laeral.

      A Floresta do Rei, outrora bela e imaculada, tinha agora grandes clareiras e regiões incineradas. A Comitiva entristeceu-se com tal constatação e lamentou pelo que poderia ter acontecido com o restante da nação de Cormyr. Andaram em direção ao acampamento e foram observados com curiosidade pelos soldados. Kariel foi até um deles.

      "Perdoe-me, mas procuramos a Regente. Poderia nos mostrar onde ela se encontra?"
      "Naquela barraca maior.", disse apontando. "E quem são vocês?"
      "Esta é a Comitiva da Fé e Lady Laeral Mão Argêntea. Eu sou Sir Galtan de Águas Profundas.", apresentou o cavaleiro.
      O soldado olhou para Galtan e reconheceu o brasão da Cidade dos Esplendores gravado no peito de sua armadura. Perguntou-lhe então, ansioso.
      "Por Tyr. Águas Profundas nos enviará ajuda?"
      "Bem... lamento, mas o exército de Águas Profundas não poderá ajudar.", respondeu o cavaleiro embaraçado.
      "Que seja, então. Advirto que será difícil conseguir permissão para falar com a Regente por agora."
      "O que há?", quis saber Limiekli.
      "Iremos iniciar um combate com as forças de Vorik e ela deve estar reunida com os comandantes."
      "Por favor, solicite a alguém que nos anuncie. Ela lembrará da Comitiva e nos receberá.", pediu Mikhail ao guerreiro cormyriano.
      "Está bem. Pedirei a Ájax que fale a regente sobre a presença de vocês."
      "Ájax!", exclamaram em uma só voz Magnus e Kariel, que conheciam o herói.
      "Por favor, nos leve a ele. Nós o conhecemos e já lutamos ao seu lado.", insistiu Magnus.
      "Certo. Mas somente um de vocês entrará na tenda, por medida de segurança."

      O homem então guiou a Comitiva e seus aliados até a grande tenda, cuja entrada era guardada por dois Dragões Púrpuras. O grupo ficou a espera, enquanto Kariel ofereceu-se para ter com o herói de Cormyr. Então, o soldado conversou com os sentinelas, e lhe deu passagem. Dentro da tenda havia uma ante-sala e nela um homem vigoroso vestia sua armadura.

      "Ájax?"
      "Kariel?", virou-se o guerreiro na direção do recém-chegado. "É bom vê-lo, apesar das circunstâncias. Então a Comitiva resolveu unir-se a Cormyr na guerra contra Aris?"
      "Infelizmente estamos aqui por outro motivo, Ájax.", disse o mago elfo de cabelos azuis.       "Existe uma grande ameaça ao leste e precisamos falar sobre ela com a Regente Alusair."
      "O que seria tão importante a ponto de merecer a atenção da Regente em uma hora tão imprópria?"
      "Um grande perigo, adormecido há muito tempo, foi lançado sobre Faerûn e temos que impedi-lo antes que possa destruir nosso mundo."
      "Kariel... espero que não seja nada relacionado com a Orbe, nem com o deus Bane!", disse o guerreiro, lembrando dos momentos terríveis que enfrentara com a Comitiva em uma de suas aventuras mais difíceis.
      "Não. É contra outro perigo que lutamos."
      "Ainda bem. Levarei você à Regente, mas advirto que ela anda muito preocupada por conta dos acontecimentos recentes. Não sei se ela ajudará."
      "Peço que leve meus companheiros e que permita que a Senhora Laeral de Águas Profundas conduza a conversação. Ela lidera esta missão."
      "Certo.", Ájax virou em direção da porta e gritou: "Sentinelas, deixem a Comitiva da Fé entrar!"

      Os aventureiros então penetraram na tenda. Ájax conhecia, além de Kariel, somente Magnus e Mikhail, o último por avistá-lo vez ou outra em Cormyr em épocas passadas, na companhia do falecido mago Terrapin Treeworm. Os outros rostos lhes eram desconhecidos. Feitas as devidas apresentações, o herói apresentou uma proposição.

      "Meus caros da Comitiva, prometo levá-los à regente, pois conheço a índole e a coragem que os move, porém faço uma proposta... estaremos dentro de poucos instantes no campo de batalha, lutando contra um grande estrategista de Aris chamado Gilfein Windgard. Gostaria de pedir que nos ajudassem nesta batalha. Depois, sei que terão toda a atenção que a Regente puder oferecer."

      Os aventureiros entreolharam-se. Deram um sorriso contido e sacaram e ergueram suas espadas em resposta a Ájax. Há muito gostariam de combater as forças do cruel Aris e esta era uma boa oportunidade de auxiliar, mesmo que durante uma única batalha, aquele reino que já foi sinônimo de justiça e do qual alguns deles tinham boas lembranças.

      "Ótimo, amigos. Sabia que poderia contar com vocês! Acompanhem-me e escolham suas posições. Vamos à vitória!"

A Batalha

      Estavam as forças cormyrianas reunidas em uma colina. Alinhados, podiam observar o inimigo, poucas centenas de metros à frente, também se organizando em fileiras para o ataque. Naqueles tempos, combates honrados aconteciam com os exércitos frente-a-frente, preparados, sem escaramuças ou emboscadas. Aquela batalha obedecia às regras da guerra. No meio do caminho entre os dois exércitos, estavam conversando em seus cavalos, os generais de cada um dos lados. Tentavam dissuadir um ao outro da batalha, mas como a convicção de ambos era forte, deram as costas um para o outro e retornaram para seus comandados. O combate estava prestes a se iniciar.

      A Comitiva da Fé e seus aliados estavam separados, cada um na divisão que julgava mais afeita a sua habilidade em combate. Ájax e Magnus foram participar da infantaria, Galtan estava na cavalaria, Sirius, Limiekli e Bingo com os arqueiros, e Kariel junto aos magos de guerra.

      Trombetas foram tocadas. Logo uma chuva de setas foi disparada pelos arqueiros do general Gilfein, que naquela batalha estava ausente, porém liderando seu exército estava seu braço direito, Ervag Amron, um discípulo de Talos, deus das tormentas infernais. Os soldados cormyrianos levantaram seus escudos, mas alguns deles já experimentaram os primeiros ferimentos. Depois, Cormyr revidou. Mais duas saraivadas de flechas foram trocadas, até que a infantaria dos dois lados avançou, para chocarem-se metal contra metal. Junto com o inimigo, havia dois exemplares de um curioso engenho de guerra: uma espécie de parede de madeira, apoiada em rodas e empurrada por soldados. Nestas 'paredes' existiam seteiras, de onde disparavam arqueiros protegidos.

      A violência do combate se fez total quando os soldados se misturaram. De um lado, os homens de Cormyr, e de outro orcs, orogs e humanos rivais. Os golpes rápidos tingiam o chão de vermelho e no ambiente da floresta do rei, batidas metálicas se mesclavam aos gritos de dor dos combatentes. Valoroso mais uma vez mostrou-se o herói Ájax de Cormyr, desviando dos golpes inimigos e decapitando adversários com precisão. Magnus, pelo lado da Comitiva, combatia corpo-a-corpo. Galtan, montado e com uma lança, empalava os soldados invasores, tentando seguir adiante. Bingo, Limiekli e Sirius, prosseguiam disparando flechas. Este último teve a idéia de, com tiras do manto embebidas no óleo de sua lanterna, criar projéteis incendiários, os quais disparava em direção dos engenhos de guerra. Mikhail, clérigo que era, não ficou impassível vendo tantos feridos, e pôs-se, junto a outros clérigos de Cormyr, a curar aqueles que caiam, com suas orações. Kariel, que estava mais recuado, invocou uma esfera em chamas que surgiu e partiu de suas mãos, vindo a explodir nas fileiras inimigas, próximo à cavalaria, que, neste momento, iniciava seu avanço em auxílio à infantaria.

      Das janelas seteiras da parede móvel empurrada pelos soldados de Vorik Aris, partiam a toda hora cargas de flechas, que causavam grandes estragos no exército cormyriano. A ameaça chamou a atenção de Mikhail que, como Sirius, pensou em investir contra aquelas armas. Enquanto as flechas incendiárias do amigo começavam a fazer efeito na madeira de um daqueles carros, o clérigo lançou um encantamento divino e com seu poder trouxe de outro plano de existência ao campo de batalha um elemental do fogo, um ser feito de chamas, que podia controlar. Ordenou a criatura que abraçasse o outro engenho de madeira e assim ela fez. Rapidamente o carro pegou fogo e os soldados que o empurravam, bem como os arqueiros em seu interior, o abandonaram. Após cumprir esta missão, o elemental desapareceu, voltando para o mundo do qual fora invocado.

      Kariel, que estava nas últimas fileiras do exército de Cormyr, pôde enxergar com sua privilegiada visão élfica, alguns homens também ao fundo do exército inimigo. Não usavam armaduras, o que fez o elfo concluir que deveria tratar-se de magos ou clérigos. Antes que estes começassem a fazer estragos com seus feitiços e encantos, decidiu criar uma surpresa. Conjurou uma magia e teleportou-se para trás das fileiras inimigas. Assim que surgiu, lançou outra bola de fogo mágica sobre o grupo de homens que havia visto. A surpresa o favoreceu e os feiticeiros caíram mortos e alguns feridos. Porém o mago havia sido avistado e partiam contra ele agora cinco cavaleiros de espadas em punho. Apesar de Kariel ter derrotado o grupo de magos, havia outro em um ponto mais distante e eles lançaram seu ataque mágico e uma explosão de fogo abriu-se entre os soldados de Cormyr.

      Depois de alguns minutos de batalha, a situação se configurou com os dois exércitos com pesadas baixas. O campo estava cheio de corpos e os dois engenhos de guerra dos inimigos ardiam em chamas. Entre os aventureiros, Galtan fora o que mais sofrera. O cavaleiro matou vários orcs e alguns orogs que se abateram sobre ele, mas levara tantos golpes que, se não fosse o auxílio de um clérigo de Tyr que estava próximo a ele, estaria conhecendo o além vida. Magnus, o paladino, levou muitos inimigos ao encontro de seus deuses e também foi ferido, mas nada que fosse realmente sério. Limiekli também havia se saído bem. Sirius e Bingo, pouco sofreram, já que escolheram combater a distância, com seus arcos, mas ainda assim, tinham que livrar-se, vez em quando, de alguns soldados usando a lâmina de suas espadas. Mikhail preferiu usar o restante de suas forças para pedir encantos de cura à Deusa da Magia e assim fechar as feridas dos soldados caídos. Kariel conjurou um cavalo negro e com aspecto fantasmagórico e com ele cavalgou pelos céus, livrando-se de seus perseguidores e disparando flechas do alto. Então a bandeira negra de Nova Gondyr, nome pelo qual o conquistador Vorik Aris batizou as terras usurpadas da Coroa Cormyriana, fora retirada do campo de guerra, marcando o fim da batalha e a derrota dos invasores na luta de hoje. Era hora dos dois lados recolherem seus corpos e neste momento, não houve hostilidades por nenhum dos exércitos.

A Condição de Alusair

      A Comitiva da Fé e Galtan reuniram-se. Receberam bênçãos de cura de Mikhail e de alguns clérigos cormyrianos e em seguida alguns foram descansar em uma tenda oferecida a eles. Não encontraram Laeral que, no papel de negociadora de alianças, parecia ter resolvido não se envolver no embate. Mikhail e Kariel permaneceram cuidando dos feridos, quando viram Ájax passar por eles. O imponente guerreiro havia mais uma vez se destacado. Kariel então comentou com o companheiro.
      "Mikhail... já viu um mortal filho de um deus?"
      "Não, Kariel. Porque esta pergunta?"
      "Hoje você irá ampliar seu repertório de histórias. Saiba que Ájax é filho da deusa Tymora!"
      "Você deve estar brincando!"
      "Não sou tão brincalhão. Isto é característica de Arthos, não minha.", disse em um leve sorriso.
      "Impressionante!", exclamou Mikhail, prestando mais atenção ao herói cormyriano que se afastava. "Estando com esta Comitiva cada dia vejo coisas mais incríveis."
      "E perigosas também!", disse Kariel , pontuando a afirmação do amigo.

      O dia escureceu, a noite caiu sobre Cormyr e os heróis descansaram. Na manhã seguinte, chegam à porta de sua tenda duas figuras: um era Ájax e o outro era um anão familiar para alguns.

      "Wildolfin Braço de Clangeddin Barba de Prata!", disse Magnus o nome pomposo do antigo companheiro de viagem da Comitiva, na aventura da Orbe.
      "Kariel! Magnus! Onde estão os outros da Comitiva? Estão cheios de caras novas... Quem é este baixote aqui?", disse apontando para Bingo.
      "Ei... baixote não! Sou Bingo Playamundo seu anão barbudo e fedorento!", disse esbravejando.
      "Hahaha! Gostei dele.", disse o anão. "Tem fibra!"
      "Amigos... a Regente pode vê-los agora. Peço-lhes que me acompanhem!", falou Ájax.

      E então, depois de arrumarem-se, foram os aventureiros seguindo o herói. Chegaram a tenda da Regente, a maior do acampamento. Passaram por uma ante-sala e por fim por uma porta de tecido que levava a um salão. Nele, sentada em um trono, estava Alusair Obarskyr. Em tempos passados, principalmente durante a Guerra contra a Horda, ela expressava em sua face o gosto pelas batalhas. Porém, como agora lhe caia a responsabilidade da sobrevivência de um reino seu abatimento era percebido por alguns. Ao seu lado, Laeral Mão Argêntea. A Regente não parecia a mesma mulher forte e impetuosa de quando cruzou com a Comitiva, tempos atrás. O peso da guerra e as perdas para seu povo tornaram seu semblante sério e um tanto triste. A Comitiva fez uma reverência. Quando chegaram, Lady Laeral pediu permissão para iniciar o assunto que viera tratar em nome de Evereska.

      "Agora que meus companheiros de viagem chegaram, Alteza, inicio a explicação do problema com o qual nos deparamos. Começou há muitos séculos, quando a magia permitiu que os arcanos visitassem outros mundos. Nesta época, inadvertidamente, criaturas de um outro plano escaparam para Faerûn. Eram os phaerimns, seres terríveis, capazes de consumir vidas e magia. Os magos de Netheril não conseguiram destruí-los, mas os aprisionaram, graças ao sacrifício de outros seres, conhecidos como Sharns que, com sua energia, criaram uma barreira mística. Entretanto, nos dias de hoje, a Barreira Sharn foi rompida e os phaerimns libertados de sua prisão milenar. Estamos aqui, em nome de Evereska, para pedir o auxílio de Cormyr contra estes monstros."
      "Como Cormyr poderá ajudar a combater estes phaerimns, se nem os arcanos de Netheril conseguiram eliminá-los?", perguntou Alusair.
      "Khelben Arusun, arquimago de Águas Profundas, conseguiu um artefato, que reunirá os phaerimns em um único campo de batalha, que será magicamente lacrado. Eles não poderão fugir e nem usar a habilidade de devorar magias. Este momento será a nossa única chance de destruir estas criaturas definitivamente. Porém tememos que o exército de Evereska não seja suficiente para sustentar este combate."

      Alusair respirou fundo e falou com pesar.

      "Senhora Laeral... nós passamos nestes últimos dois anos por um grande problema chamado Vorik Aris. Não posso retirar meu exército daqui e deixar minha terra desguarnecida. Deverei recusar o seu pedido, infelizmente."
      "Regente...", retrucou Laeral. "Sabemos de sua situação e já prevíamos isto, mas e se conseguirmos uma aliança também com este Vorik? O assunto diz respeito a qualquer um que vive sobre Faerûn, até mesmo de fosse de Thay ou do Mar da Lua. Se não detivermos os phaerimns agora, temo que nosso mundo se extinga em pouco tempo."

      A Princesa de Aço parou por alguns segundos com uma das mãos sobre o queixo. Em seguida declarou.

      "Não a conheço, Senhora Laeral. Pedirei a opinião, se não se importar, da Comitiva da Fé."
      "Sua Alteza, nós atestamos as palavras da Senhora Laeral. O que ela diz é a verdade. Estas criaturas puseram abaixo parte das muralhas de Evereska.", disse Mikhail.
      "E quais serão as chances dos meus soldados? Não os enviarei para a morte certa."
      "As criaturas são difíceis de matar, mas as lâminas podem feri-los.", disse Kariel.
      "Temos também, além do exército de Evereska, tropas vindas de Águas Profundas.", disse Galtan.
      "Bem... lamento por todas estas questões, mas minha situação é difícil e não posso contar com a minha conselheira Caladnei, que está em Suzail neste momento. Concordo em enviar um exército para auxiliá-los, mas somente se conseguirem a cooperação de meu rival. Não sei qual é o paradeiro de Vorik neste momento, mas sugiro que tentem confabular com Gilfein, um de seus generais mais próximos. Ele está na Floresta do Rei e almeja dominar este local."
      "Como podemos encontrá-lo?", argüiu Magnus.
      "Posso enviar um mensageiro. Gilfein segue as regras do combate. Mandarei o aviso de que vocês o irão procurá-lo. Até lá, poderão aguardar aqui no acampamento e serão tratados da melhor forma que pudermos."
      "Agradecemos a ajuda.", disse Laeral, em uma reverência de despedida, repetida pela Comitiva.

      Os aventureiros então deixaram os aposentos da Regente e voltaram a sua tenda. Estavam ansiosos pela resposta do enviado de Alusair e impressionados com a ironia: teriam que pedir ajuda ao general cujas forças haviam acabado de combater. Aquele seria um longo dia.

Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

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