|

Palandarusk
Descrita por Ricardo Costa.
Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
Personagens principais da aventura:
Os
Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli),
Sir Galtan de Águas Profundas. Os Elfos: Mikhail Velian;
Kariel Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo. Participação
Especial: Coronal Eltagrim Irithyl.
Palandarusk
Através
dos poderes do arquimago Elros de Evereska, os heróis descobriram
o próximo intento dos seres devoradores de magia conhecidos como
phaerimns: uma aliança com poderosos dragões hostis, a fim de atacarem
novamente a cidade-fortaleza de Evereska. Diante de tal ameaça,
o Coronal de Arcorar, Eltargrim Irithyl, decidiu rumar até às Montanhas
da Espada, ao norte de Águas Profundas, juntamente com a Comitiva
da Fé, em busca de uma aliança tão poderosa quanto a feita pelo
traiçoeiro inimigo. Na procura deste objetivo, percorreram a cadeia
montanhosa até encontrarem uma cidade habitada por gigantes das
nuvens, chamada Celestia. Foram levados ao rei gigante Brion que,
como forma de auxílio, indicou dois guias para conduzir os aventureiros
até a entrada do reduto dos dragões dourados e prateados. Os dois,
Secta e Kratus, gigantes de belas formas, pele branca levemente
azulada e cabelos prateados, com mais de 4 metros de altura, levaram
aqueles heróis até a beira de um abismo e a uma ponte de madeira
que o atravessava. Do outro lado, duas colunas de pedra branca em
forma de dragões, apoiavam a estrutura e demarcavam o fim do território
dos gigantes e o começo do domínio dos colossais répteis alados.
Kratus havia decidido ficar com os forasteiros, contra as ordens
de seu rei, e partiu com a Comitiva e o Coronal Eltargrim.
A
Entrada
Os
heróis vindos de Evereska e seu novo aliado atravessaram
a ponte e passaram entre as duas estátuas. O Coronal Eltargrim,
voltou-se para o gigante das nuvens e, preocupado, disse-lhe:
"Kratus. É melhor
que retorne. Seu rei irá penalizá-lo. Pode até
expulsá-lo da sua vila por nos acompanhar."
"É tarde demais.
E se o que disse sobre aqueles tais monstros for verdade, acredito
que seja a hora do nosso povo fazer alguma coisa. Não quero
que algum dia estes seres invadam nosso paraíso."
"Agradecemos sua ajuda.
Sabe onde podemos encontrar Palandarusk?"
"Faz muito tempo que um
gigante pisou nestas terras, mas dizem que o lar dos dragões
está além desta floresta e das montanhas por trás
dela. Teremos uma jornada que poderá nos trazer perigos..."
"Que tipo de perigos?",
quis saber Sirius.
"Perigo principalmente
vindo dos jovens dragões, que costumam atacar os invasores
antes de dar-lhes a chance de se explicarem."
Esta informação
deixou os aventureiros apreensivos, pois, mesmo quando jovens, dragões
eram adversários poderosos. Começaram a caminhar em
meio a uma floresta de grandes árvores, cujas copas eram
tão altas e frondosas que mesmo Kratus podia se ocultar por
baixo delas, e revestiram-se de uma cautela ainda maior, verificando
de vez em quando o céu e ouvindo atentamente cada ruído.
Depois de mais ou menos uma hora, deixaram as árvores e chegaram
a um terreno pedregoso. Havia uma parede rochosa e, segundo Kratus,
deviam escalá-la.
A escarpa rochosa não
era muito íngreme e a subida não ofereceu grande dificuldade.
Quando terminaram viram que o que haviam acabado de escalar era
uma parede de uma imensa cratera, cujo interior era grande o suficiente
para abrigar uma cidade como Águas Profundas. A paisagem
dentro dela era pedregosa e desvelava precipícios, montes,
plataformas e formações esculpidas pelo vento, que
ora lembravam totens, ora cálices feitos de pedra. A vegetação
também se alterava e plantas rasteiras e espinhosas tomavam
o lugar da floresta exuberante do outro lado da muralha. Segundo
Kratus, agora deveriam ir até embaixo e prosseguir, até
chegarem ao outro extremo, onde estaria provavelmente a morada dos
dragões e de Palandarusk. Esta descida era muito mais alta
que o percurso que fizeram para subir à borda da cratera,
mas por sorte, a rocha formava várias plataformas naturais
que suavizavam a escalada. Mesmo assim, o trecho registrou um acidente:
o mago Kariel escorregou e caiu alguns metros abaixo, sendo amparado
por Eltargrim, que ia à dianteira, junto com Kratus. O elfo
sofrera algumas escoriações, mas nada que não
pudesse ser curado. Por fim, chegaram a um corredor entre duas paredes
de rocha, parte do labirinto esculpido pela natureza naquele local.
Caminharam por duas horas e
viram o corredor se estender e tornar-se um grande pátio
em meio aos rochedos. Aqui havia alguma vegetação
mais desenvolvida, árvores de médio porte e arbustos.
Então, em uma das paredes viram algo que lhes chamou a atenção.
"Uma caverna!", apontou
Sirius.
"Sim! Pode haver uma passagem
para o local que procuramos!", especulou Kariel.
"Sshhh!", pediu silêncio
Eltargrim. "Ouviram isso?"
"Eu percebi algum movimento
naquelas folhas", disse Limiekli, apontando para um aglomerado
de árvores, á poucos metros de distância.
Depois de alguns segundos de
tensão, viram sair daquele pequeno bosque um dragão,
de escamas prateadas e reluzentes. Devia ter cerca de três
metros de altura. Para os padrões da sua raça, era
pouco mais que uma criança. Porém, como dito, dragões,
mesmo jovens, oferecem perigo mortal a quem os confronta. Os aventureiros
resolveram se ocultarem em algumas rochas e observar. Viram, para
sua intranqüilidade, mais dois dragões prateados, aparentemente
da mesma idade, pousarem no pátio, próximo ao bosque.
Um deles volta-se na direção onde se escondiam os
aventureiros. Provavelmente seu faro apurado detectara o cheiro
dos invasores de seus domínios.
"Vão! Protejam-se
naquela caverna.", disse Eltargrim. "Eu irei segurá-los
enquanto isto!"
"Não deixarei lutar
com aquelas feras sozinho!", bradou Galtan, apertando forte
o punho de sua espada.
"Não devemos machucá-los!",
advertiu Kariel. "Viemos aqui em busca de ajuda e não
de batalhas!"
"Eu sei disto! Vou tentar
apenas distraí-los. Agora não percam mais tempo! Vão!",
comandou o Coronal.
Eltargrim saiu do esconderijo
e afastou-se dos aventureiros. Agitou sua espada para o alto, chamando
a atenção dos dragões, que começaram
a andar em sua direção. Foi a deixa para a Comitiva,
que correu desabaladamente e entrou na caverna. Kratus teve dificuldade
em passar, mas com um certo esforço e comprimindo-se bastante,
por fim conseguiu. No momento seguinte, um dos dragões despejou
em Eltargrim um hálito que congelou toda a área em
que estava o Coronal. Este, não se sabe o porquê, não
sofreu grandes injúrias, mas não ficaria ali parado.
Habilmente desviou dos dragões e também entrou correndo
na passagem estreita que dava acesso a caverna. Lá encontrou
os outros. A câmara era iluminada pela luz azulada da espada
de Kariel.
"E agora?", perguntou
Bingo olhando para os companheiros. "Estamos presos aqui e
os dragões estão lá fora, esperando para se
banquetearem!"
"Vamos procurar uma saída
nesta caverna. Particularmente, não gosto de lugares assim.
Cavernas são para drows e anões."
"Bem, Kariel... mesmo não
sendo drow nem anão, acho que aqui será muito melhor
do que lá fora!", disse Sirius.
Um
Conhecimento Perdido é Revelado
Andaram
por alguns minutos para o interior da caverna. O piso irregular
percorria um caminho em declive, indo cada vez mais para as entranhas
da terra. O percurso foi interrompido por uma fenda. Desceram pela
corda uma lanterna e viram que a falha revelava um corredor em um
nível mais baixo. Como não havia outra escolha, desceram
usando as cordas e puseram-se a seguir para frente. Chegaram, após
cerca de meia hora, em uma bifurcação.
"E agora? Para onde vamos?",
perguntou Bingo, coçando a cabeça.
Sirius pôs a mão no queixo e Kariel curiosamente tirou
uma moeda do bolso e atirou ao alto, pegando-a de volta. Sirius
então falou.
"Tentei traçar as
voltas que fizemos na cabeça e acho que o caminho da esquerda
é o que deve nos levar mais rapidamente ao norte."
"Bem, Sirius... joguei
a moeda e ela decidiu pelo mesmo lado. Se Tymora nos sorriu com
sua sorte, este deve ser mesmo o caminho certo!", disse o mago
elfo de cabelos azuis, devoto da Deusa da Sorte e dos Aventureiros.
"Então vamos logo!",
disse Magnus adiantando-se.
Foram pelo túnel e ao
se aproximarem de uma grande câmara, Limiekli deu um aviso:
sentira um odor estranho, diferente do que havia no restante do
ambiente. Logo após, avistaram uma criatura ao longe. Era
um réptil humanóide esguio, que segurava uma lança
rústica, de madeira e pedra lascada. Não era um homem-lagarto,
ser que já havia sido visto por alguns daqueles aventureiros.
Parecia uma outra espécie. A criatura agitou sua lança
e mais começaram a aparecer das rochas e sombras. Alguns,
que surgiram bem próximos aos aventureiros, começaram
um combate contra Galtan e Magnus. Eltargrim lançou um feitiço
e uma esfera em chamas explodiu em um grupo de répteis que
se aproximava.
"Temos que recuar!",
comandou Eltargrim. "Pode haver uma colônia inteira destes
seres. Vamos buscar outro caminho!"
"Corram! Farei algo para
nos dar uma vantagem!", disse Mikhail. O clérigo pôs-se
na direção dos inimigos, segurou seu martelo encantado
e dele partiu um raio de luz fulgurante, tão forte que cegou
temporariamente os répteis. Em seguida, acompanhou os demais
na fuga.
Os heróis correram. Tinham
como objetivo ir ao corredor que haviam preterido na bifurcação
anterior, mas o destino tinha outros planos. O piso sobre eles trepidou,
rachou e partiu. Caíram de uma altura de seis metros. A lanterna
de Sirius apagou-se em meio à poeira e escuridão.
Caso não fossem os heróis experientes que eram, teriam
sofrido fraturas, mas foram apenas escoriações e outros
ferimentos leves. Logo Kariel desembainhou novamente sua espada
'Goliath' e a luminosidade azul emanada de sua lâmina mágica
preencheu o ambiente. Quando se certificaram que todos estavam bem,
começaram a reparar no lugar. Não era apenas mais
um corredor rochoso. O caminho possuía formas retas e pedras
recortadas.
"Um corredor esculpido
na rocha!", admirou-se Mikhail.
"Com certeza não
parece obra de criaturas como aqueles répteis. Pelas armas
que portavam não devem possuir uma cultura muito avançada.",
observou Kariel.
"Aqueles serem eram trogloditas,
um tipo de réptil humanóide diferente dos homens-lagartos.
Certamente não foram eles que construíram este lugar.",
colocou Eltargrim.
"Acho que vamos descobrir
quem fez isto da maneira mais difícil!"
"Sim, Magnus... apanhando
de quem fez isto!", ironizou Sirius, sacudindo a poeira e acendendo
novamente sua lanterna.
Eltargrim abaixou-se e olhou com muita atenção uma
das pedras do calçamento do corredor. Em seguida anunciou.
"Pelo desgaste destas pedras,
acredito que este complexo deva ser muito antigo, de muito antes
dos tempos de Netheril. Vamos adiante. Quem sabe este lugar tão
leve a Palandarusk."
Começaram novamente a
andar. Mikhail utilizou um encanto: lançou sobre a lanterna
de Sirius um feitiço que a fez emanar uma iluminação
tão forte quanto o a luz do dia. Assim tiveram mais segurança
ao caminhar. O corredor os levou a uma sala vazia. Havia uma saída,
mas estava bloqueada por pedras de um desabamento antigo. Puseram-se
a remover as rochas e grande foi o auxílio de um gigante
como Kratus naquele momento. Após pouco mais de uma hora,
desobstruíram a passagem e recomeçaram a exploração
por um outro corredor.
Chegaram a uma outra sala. Havia
em uma de suas paredes um grande bloco de pedra maciça que
parecia vedar uma passagem. Tentaram empurrá-lo e nem mesmo
a força de Kratus foi suficiente para conseguir o intento.
Então Eltargrim encontrou algo na parede ao lado esquerdo
do bloco. Um orifício do tamanho de um punho. Corajosamente,
pôs a mão no buraco e seus dedos sentiram um mecanismo,
uma espécie de barra em ferro. O Coronal então a segurou
e a girou. O bloco de pedra, rangeu e moveu-se alguns centímetros
para dentro da parede, retornando a sua posição original
em seguida. Bingo achou outro orifício semelhante e foi idéia
de Sirius acioná-los ao mesmo tempo. Então o guerreiro
e o rei elfo giraram juntos o mecanismo. O bloco recuou na parede,
desobstruindo um corredor e uma passagem lateral que nele havia.
Ficou assim por alguns poucos segundos e logo em seguida começou
a retornar para seu lugar original, bloqueando novamente a passagem.
Ficou claro que, se quisessem prosseguir, teriam que ser rápidos.
"Sugiro que eu e o Coronal
acionemos o mecanismo, enquanto vocês passam. Somos leves
e temos pouco equipamento. Poderemos correr e ir por último."
"Sim, Kariel. Mas... enquanto
a Kratus. Com o tamanho dele será difícil que consiga
percorrer aquele estreito corredor e entrar na passagem com rapidez.",
observou Limiekli.
"Kratus... posso reduzir
o seu tamanho através de magia. Permite que lance sobre você
um encanto?"
O gigante pensou e perguntou,
desconfiado:
"Ficarei assim para sempre?
Pequenino?"
"Não. Cancelarei
o efeito do feitiço e voltará ao tamanho natural.
Enquanto estiver sob o efeito da magia será pouco maior do
que um humano."
"Está certo. Confiarei
em você, elfo!"
Kariel gesticulou e proferiu
algumas palavras estranhas. A magia fez efeito e Kratus teve seu
tamanho reduzido à metade. Tinha agora pouco mais de dois
metros. Encanto feito, chegara a vez de passarem pela passagem.
Kariel e Eltargrim acionaram o mecanismo e Sirius, Limiekli, Magnus
e Bingo passaram enquanto o bloco de pedra recuava na parede. O
obstáculo retornou e a chave foi girada novamente. Passaram
Galtan, Mikhail e Kratus. Agora somente faltavam Kariel e Eltargrim.
Estes giraram pela terceira vez o mecanismo e puseram-se a correr.
Como eram leves e rápidos, conseguiram chegar à passagem
lateral no pequeno corredor antes que o pedregulho retornasse.
A passagem levou-os a um patamar
de uma escada que descia fazendo uma curva à direita. Pisaram
os degraus cuidadosamente, temerosos por armadilhas. Depois da escada,
havia um corredor, porém em um determinado trecho, o piso
havia cedido, formando um fosso que os separavam da continuação
do caminho. Com o auxilio das cordas ultrapassaram o obstáculo
e continuaram. Encontraram uma escada e subiram seus degraus.
Chegaram a uma grande sala,
que possuía colunas de pedra a sustentar o teto. Tão
grande era o local que, mesmo com a iluminação mágica
da lanterna de Sirius e da espada de Kariel, não era possível
enxergar as paredes de imediato. Dividiram-se dentro daquele enorme
aposento. Foi Sirius que primeiro notou algo.
"Encontrei aqui na parede
um nicho... um quadrado recuado. Dentro dele existe algo..."
"São inscrições"
disse Kariel na parede oposta. "Aqui também existem
estes quadrados, mas não conheço tal linguagem. Eltargrim...
o senhor que é o mais antigo entre nós pode saber
do que se trata!"
Eltargrim se aproximou de Kariel
e examinou as inscrições entalhadas.
"Não é nada
que conheça. Alguns caracteres parecem élfico antigo
e outros dracônico. Mas não consigo compreendê-los."
Seguiram as paredes. Encontraram
vários nichos nas paredes, com muitas outras inscrições.
Depois algumas imagens desgastadas de seres semelhantes a homens,
de dragões e de um estranho humanóide, que usava um
espécie de chapéu e de cuja boca saíam quatro
línguas. Magnus porém viu algo que o surpreendeu:
"Kariel! Venha cá!
Veja isto!", grito o paladino.
Kariel correu até o local
onde estava o companheiro, que lhe mostrava uma pintura na parede.
"Por Tymora! Um desenho
da Orbe de Orgor!", disse espantado o mago elfo.
"A Orbe de Ogor? Não
era este o objeto que vocês disseram ter transportado meses
atrás?", questionou Limiekli.
"Talvez ele tenha sido
criado pelo povo que aqui viveu.", conjecturou Sirius.
Eltargrim aproximou-se dos companheiros de viagem.
"Vamos para as primeiras
inscrições. Tentarei lê-las com um encanto."
Os heróis então
foram para os entalhes descobertos por Sirius. Lá Eltargrim
executou gestos e magicamente sua mente começou a entender
aqueles sinais. Começou a lê-los.
"Registro Um: Celesin,
ordem formada por elfos de Aryvandaar e humanos de Tronomus, para
compreender o véu mágico.", pronunciou, passando
rapidamente para a próxima inscrição, ao lado.
"Registro Dois: Zorar, o mais sábio entre nós,
quis saber quem foram aqueles que trouxeram a magia à Abeir
Toril. Ele alega que foram seres vindos do céu em casulos
semelhantes à caracóis. Tinham quatro línguas."
"Zorar!", falou Magnus
novamente surpreso. "Lembra-se, Kariel? Foi aquele ser que
encontramos e que nos ajudou contra Bane, meses atrás."
"Sim. Lembro-me, amigo.
Isto é cada vez mais intrigante."
O Coronal continuou lendo os
registros. Disse algo sobre um acordo para o entendimento do véu
mágico que cobria o mundo e sobre o temor do domínio
dos dragões sobre a terra. Relatou que um mago chamado Ogor
resolveu construiu a Orbe com um recurso contra a futura ascensão
de um deus maligno. Havia a menção de um certo Azen,
que haveria construído, sem o consentimento de Zorar e Orgor,
os Pergaminhos Mágicos e que havia escrito o quinto deles.
Então as inscrições legíveis acabaram,
assim como o efeito do encanto do rei élfico.
"Pergaminhos Mágicos...
se estes seres eram tão poderosos... estes pergaminhos podem
ter sidos os Pergaminhos Nether!", deduziu o mago Kariel. "Eram
escritos com grande conhecimento mágico e graças a
eles os humanos de Netheril se desenvolveram no uso da magia!"
"Por Corellon! Este lugar
abriga muitas respostas! Porém devemos no concentrar em nossa
missão. Faremos uma pausa para descansarmos e continuaremos.",
disse o Coronal.
Durante uma hora, recuperaram
o fôlego. Mikhail usou alguns de seu encantos divinos para
curar os mais feridos, depois de tantos desafios. Após a
pausa, seguiram e subiram uma escada que descobriram na parede a
frente da grande sala.
Refeitos, subiram os degraus.
Estavam agora em uma sala menor. A luz revelou algumas estantes
de pedras, vestígios de uma antiga biblioteca. Não
havia portas no nível dos aventureiros, mas existia uma sacada
que talvez levasse a um andar superior, anteriormente ligado a este
por uma escada de madeira, há muito destruída. Os
heróis aproximaram-se da estante e viram alguns volumes antigos.
Mikhail retirou com cuidado um destes, mas ao invés de papel,
somente havia pó como conteúdo. O conhecimento se
perdera nas areias do tempo. Desfeita a esperança de aprender
algo mais sobre a origem do conhecimento arcano, concentraram suas
atenções em uma maneira de sair do lugar. Sirius pediu
a ajuda de Kratus e o gigante o ergueu até que o guerreiro
alcançasse a sacada.
"Subam! Tem uma porta aqui
em cima!", avisou Sirius.
De repente, ouviu-se o ruído
de passos.
"Os tais trogloditas! Os
malditos devem ter nos seguido!", colocou Limiekli.
"Temos de seguir em frente.",
disse o Coronal Eltargrim.
Assim, trabalhando com velocidade,
prenderam uma corda com um gancho na sacada e começaram a
escalá-la. Kratus foi o último a subir, exatamente
quando os répteis humanóides chegaram ao local, derrubando
as estantes e arremessando lanças. Tentaram as criaturas
se agarrar na corda dos aventureiros, mas Magnus e Galtan as afastaram
com suas lâminas. Mas eram muitos. Tinham que fugir e logo.
Kariel criou magicamente, abaixo da sacada, uma nuvem de gás
mau cheiroso que as manteve longe por algum tempo, enquanto fugiam.
Percorreram um corredor estreito, que era interrompido por um desabamento.
Havia uma outra passagem, porém esta não era um espaço
trabalhado por mãos de elfos ou de homens, mas sim apenas
mais um túnel cavernoso. Entraram nele e seguiram adiante
por uma hora, até que o ambiente foi ficando mais claro e
o ar mais fresco. Saíram, enfim, em uma grande abertura que
terminava a caverna. Havia um grande vale verdejante e o sol do
dia claro caia sobre ele, formando uma paisagem paradisíaca.
Saíram próximos de a parte baixa de uma alta cachoeira,
tão alta que a água evaporava antes que pudesse cair
no solo pedregoso do sopé da montanha. Kratus olhou em volta
e disse:
"Acho que estamos no domínio
dos dragões. Este vale corresponde às descrições
que conheço. Sigam-me e tenham cuidado!"
Percorreram um caminho margeando
a montanha. Olhavam atentamente para os lados e, especialmente,
para cima. Estavam em um descampado quando uma grande sombra interrompeu
por alguns segundos os raios de sol. Olharam para o alto e viram
um grande dragão dourado, o que fez muitos exclamarem. A
criatura executou um vôo rasante e pousou a frente dos aventureiros.
Minutos depois, mais cinco dragões desceram dos céus
e também aterrissaram nas proximidades do grupo de heróis.
Kratus então se adiantou. Falou com o dragão que havia
pousado primeiro, em uma língua de fonética bastante
peculiar e estranha. Depois de uma troca rápida de palavras,
a criatura alçou vôo e Kratus virou-se para seus companheiros
de viagem.
"Vamos esperar.",
disse o gigante. "Pedi para que me levasse até Palandarusk."
Aguardaram durante alguns minutos.
Viram, depois, a silhueta do dragão retornando ao longe.
Trazia em suas patas traseiras uma espécie de gaiola enorme.
Deixou o objeto perto dos forasteiros, pousou novamente e falou
com Kratus em dracônico. O gigante então virou-se para
os demais.
"Devemos entrar na grade.
Ele nos levará até o Grande Ancião."
Então, assim fizeram.
Entraram na gaiola de madeira, com o chão forrado com palha.
Haviam ossos em um dos cantos, o que fez alguns deduzirem que se
tratava de uma espécie de transporte para animais que serviriam
de alimento para os dragões. Limiekli também pensou
nisto, mas estava com medo de que eles fossem o alimento desta vez.
Entraram e fecharam a porta. O dragão bateu asas e com as
patas traseiras recolheu novamente a gaiola e alçou vôo,
sendo seguido de perto pelos seus pares.
Singraram os céus e atravessaram
a floresta. Quando chegaram a uma área montanhosa, começaram
a descer em um grande desfiladeiro. A gaiola foi então posta
com cuidado sobre uma plataforma de pedra e os dragões pousaram.
Aos poucos, foram chegando mais deles, alguns vieram voando, outros
saíram de cavernas escondidas nas paredes da montanha. Eram
mais de trinta daqueles seres, de todos os tamanhos, jovens e adultos,
entre dourados e prateados, que olhavam fixamente para aqueles aventureiros.
Ouviram-se então pequenos tremores. Então, ao longe,
andando pelo vale no meio do desfiladeiro, veio se aproximando um
dragão dourado, muito maior do que os outros. Tal era o tamanho
e a imponência da criatura que um inevitável calafrio
percorreu a espinha daqueles heróis tão acostumados
a enfrentar os mais diversos perigos. A enorme e antiga criatura
chegou perto de seus pequeninos visitantes e aproximou sua grande
cabeça deles. Disse em uma voz grave e retumbante, em língua
comum.
"Quem são vocês,
que vêm diante de Palandarusk?"
Eltargrim deu um passo a frente.
"Sou o Coronal de Arcorar,
Eltargrim Irithyl, e está é a Comitiva da Fé.
Viemos em pedido de ajuda."
"Arcorar, o antigo reino
élfico?"
"Sim. Arcorar ainda existe,
mas ela e toda a Faerûn correm perigo."
"Porque iríamos
ajudar elfos e humanos que infestam o mundo? Agora querem compartilhá-lo
conosco?"
"Houveram muitas desavenças
no passado, mas a sobrevivência de todas as raças está
em questão. Nosso inimigo em comum são os phaerimns."
"Os phaerimns são
problemas dos humanóides. Eles os trouxeram para o nosso
mundo. Não iremos consertar os seus erros."
"Porém os phaerimns
agora são aliados de dragões vermelhos, negros e azuis,
que desejam atacar Evereska, a Fortaleza Élfica."
"Nós, dragões,
temos o acordo de não atacarmos uns aos outros. Eles também
possuem o direito de habitar Faerûn. E os elfos deram parte
das terras dos dragões para os humanos, na região
hoje chamada de Cormyr. É natural que eles nutram ressentimentos.
Sinto muito. Não poderei ajudá-los."
Eltargrim baixa a cabeça,
e depois leva a mão à cintura. Retira um tubo preso
ao seu cinto, ajoelha-se e o ergue em direção ao dragão.
"Então exijo o cumprimento
do Pacto Dracônico-Élfico, feito por Vanderselt, da
Casa Orindar de Illefarn, e o grande Ancião Dourado, Umalagor!"
"O documento do Pacto Dracônico-Élfico?
Imaginei que tivesse sido destruído junto com Illefarn!"
"O meu povo o recuperou
e agora eu exijo o seu cumprimento!"
O dragão recuou a cabeça
e fez alguns segundos de silêncio. Disse em seguida:
"Em nome de Umalagor, cumpriremos
o Pacto. Porém cuidaremos somente dos dragões. Os
phaerimns serão problemas de vocês. No momento certo,
os encontraremos. Agora vão. Serão levados à
cidade dos gigantes."
Eltargrim fez então uma
reverência e entrou novamente na grande gaiola, seguido de
seus companheiros de jornada. O mesmo dragão que os trouxe
novamente os carregou. Voaram pelos penhascos, pelo vale verdejante
e além das montanhas, até avistar a cidade branca
dos gigantes das nuvens. O dragão depositou a carga ao chão
e esperou os seus passageiros saírem. Então partiu
novamente, levando a grade vazia, sob o olhar contemplativo dos
aventureiros e de alguns gigantes que se aproximavam do local.
"Vou ao Rei", disse
Kratus resignado. "Devo-lhe explicações e relatar
o que aconteceu."
"Iremos com você",
disse Eltargrim, apoiado pela Comitiva.
Foram até o palácio
de mármore branco de Brion. Subiram as suas escadas (coisa
um tanto incômoda, sobretudo para as pernas curtas de Bingo),
adentraram as salas do amplo edifício. Kratus conversou com
alguns sentinelas e eles conduziram todos à sala do tono.
No caminho, encontraram Secta, a colega de Kratus.
"Kratus! Está bem!?"
"Sim. Conseguimos falar
com Palandarusk! Mas agora devo prestar contas ao rei!", disse,
prosseguindo o caminho.
Eis que enormes portões
se abriram e chegaram à grandiosa sala do trono, onde estava
sentado o rei de Celestia. Kratus fez uma reverência ao seu
monarca e ajoelhou-se aos seus pés.
"Meu rei. Perdoe a minha
falta. Mas algo precisava ser feito. Aceitarei qualquer castigo
que queira me impor."
"Nenhum castigo que poderia
lhe dar resolveria coisa alguma. Porém, acredito que se falhasse,
todos nós pagaríamos. Mas como nada de grava aconteceu,
que este assunto seja esquecido. Fez bem!", o gigante, de barbas
longas e encaracoladas dirigiu seu olhar para o Coronal. "Se
desejarem algo mais, podem pedir."
"A ajuda dada foi suficiente,
Sua Majestade. Kratus fez mais do que podíamos imaginar.
A parte de vocês está feita. Porém, em um momento
posterior, podemos nos ajudar, mas isto é assunto para discutirmos
em outra ocasião."
"Estão está
feito. Se desejarem, terão aposentos para permanecerem até
o momento de retornar para seu reino. Kratus e Secta o conduzirão
até os seus alojamentos"
"Agradecemos a hospitalidade.",
disse Eltargrim.
Então os forasteiros
foram levados pelos dois gigantes e em imensos quartos, com camas
tão grandes quanto confortáveis. Passariam a noite
na cidade de Celestia, antes de retornar para a Fortaleza Élfica
para as próximas providências na luta contra a ameaça
dos phaerimns.
Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
|