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Arthangh, O Rei Supremo,
e a Chama do Norte
Descrita por Marcelo Piropo e Ricardo Iglesias
Personagens
da aventura:
O
anão: Feldim Braço Forte. Os humanos: Ajax filho de Felonte,
Herói de Arabel; Kantras de Vale das Sombras; Adom de Mystra; A
Bruxa Coral; Diana de Tymora; Frogsong; Kelta Westingale; Adsartha;
Iorek Jester Bergson de Moradin, Defensor de Aglarond; Magnus de
Helm; Tilwar de Tymora. Os elfos: Arthos Darkfire; Feargal
Rhal; Kariel Elkendor; Elder Villayette "Moonblade" Elkendor; Halaur
de Evereska; Parliin de Evereska; Siali de Evereska; Torcond de
Evereska; Maith Slenderbow
Arthangh, O Rei Supremo,
e a Chama do Norte
O Encontro
Kelemvor,
Deus da Morte e dos Mortos, Juiz Derradeiro, Senhor dos Condenados,
Mestre do Cristal Espiral, recostou-se em seu trono supremo. Aguardava
a chegada da alma do seu pior inimigo. Ao contrário do modo
como tem se apresentado nestes últimos dias de glória, Kel', desfez-se
da sua negra capa de Morte. Estava trajado muito parecido
como quando ainda era mortal, e para compreender a cena que se desenrolará
diante de vós, atentos leitores, retrocedamos um pouco no tempo.
Para o tempo em que Kelemvor Lyonsbane era membro de um dos
mais bem sucedidos grupos de aventureiros dos Reinos, A Comitiva
da Fé.
Ele, Midnight,
Adon, Arthos, Iorek, Kelta e Garth, dentre outros, batalharam contra
as forças da vilania para restaurar a paz em Faerûn, devolvendo
as fabulosas Tábuas da Fé, usurpadas por Bane, aos Céus. Kel'
fora morto à covardia pelo pérfido Cyric, ainda mortal nesta época.
Estes eventos levaram Cyric ao patamar de Deus e Kelemvor
a tornar-se uma alma sofredora, aprisionada à espada que fora ferramenta
da sua morte.
Esta espada,
Godsbane, havia sido roubada por Cyric de um halfling que vivia
na Floresta do Rei, em Cormyr, durante o Tempo das Perturbações.
Não sabia, contudo, que muito do poder da arma adivinha do
Deus Máscara, que tinha se disfarçado, ou se refugiado (as lendas
divergem neste sentido), na espada.
Cyric, feito Deus das Mentiras,
Morte e Destruição, tomou posse do Reino da Morte, conhecido como
Cidade da Destruição, em Hades, centro de poder na Perdição Cinza.
Sentou-se no trono do Castelo dos Ossos, construído com as
partes de todos os inimigos dos soberanos que lá reinaram. Muitos
eventos ocorreram; fora Cyric um Deus cruel e sanguinário, patrocinador
de cruzadas e perseguições contra todos aqueles que não aceitavam
o seu dogma.
Anos depois,
durante uma revolta na Cidade da Destruição, Cyric convocou o poder
da espada. Tendo a lâmina se negado a atender às ordens do
quase insano Deus das Mentiras, ele a partiu, num acesso de fúria.
O ato libertou a alma de Kelemvor e pareceu matar a essência
de Máscara. Kelemvor, que durante anos sofrera no interior
do metal, e sendo um guerreiro decidido e intrépido, não hesitou,
agarrou os restos de Godsbane e feriu mortalmente Cyric. Da
ferida profunda, contam os escribas antigos, derramou-se parte do
poder de Cyric e, ato contínuo, Kelemvor tornou-se o novo Deus da
Morte. Perdendo sua energia, Cyric fugiu. Contam que
foi abrigar-se no plano do Pandemônio; ele, que reinara na Perdição
Cinza.
Kelemvor
vestiu-se com o manto do Juiz. Ponderou e achou aquele reino
escuro demais, assim baniu o Castelo dos Ossos, erguendo em seu
lugar o Cristal Espiral, clareando a obscuridade, demonstrando qual
seria a tendência do seu governo. Quaisquer rebeliões tombaram,
a luz aumentou a dor das almas condenadas e dos demônios, e todos
renderam vênias ao novo imperador. Como Senhor dos Mortos,
Kelemvor planejou levar justiça à terra de Hades, e livrá-la do
estigma de Cyric. Depois falou na consciência de homens valorosos
a sua mensagem de esperança:
"A morte
não é o fim, mas o começo; não uma punição, mas uma necessidade.
Não haverá dor ou caos na morte, mas um processo ordeiro."
Para este
fim, Kelemvor tinha uma grande aliada: Mystra, que fora no passado,
Midnight, sua companheira. E neste momento, sentado no trono
do Castelo de Cristal, aguardando, ele a tinha ao lado; trocariam
ainda algumas palavras, mas a alma de Cyric finalmente surgiu diante
dos seus olhos.
"Não...!"
Pronunciou Cyric que ainda sentia, no pescoço, a lâmina de Iorek.
Outro "não!" se ouviu quando compreendeu a extensão da sua
infelicidade. Caiu de joelhos, apertando uma mão contra a
outra em atitude de prece. Rogou: "Kelemvor, tem piedade do
meu espírito! Ó, vê o que aquela malvada Comitiva fez comigo! Puni-os,
puni-os, Kelemvor!"
Midnight fez-se visível. O
Deus da Morte ergueu-se. Apontou:
"Nunca esqueça, 'Coisa', que
nós, eu e Mid, também somos membros da Comitiva da Fé."
"Mas vós sois Deuses!"
"Então, assuma que a Comitiva
tem um braço divino."
"Ó, Mid, querida, não permitais
que Kel' use um julgamento tão duro contra mim. Mid, vós sabeis
ter sido eu, o pobre Cyric, teu fiel amigo. Piedade, piedade."
E pôs-se a chorar.
"Não sabes, Cyric, como desejei,
nas profundezas da minha alma, amar-te como a um irmão. Contudo,
hoje, envergonho-me dos tormentos que espero, sejam lançados contra
a tua alma." disse Mystra. Calando-se, sacou um medalhão negro,
depositando-o na mão de Kel'.
"Cyric, foste condenado, és
uma alma plenamente corrompida. Condeno-te a passar a eternidade
na solidão do medalhão. E, enquanto eu existir como Deus,
a sentença não poderá ser anulada."
Cyric esperniou, rolou no chão
pleno de dor dizendo:
"Não, Kelemvor, não, jogue-me
em Hades, deixe-me sentir o calor do inferno, mas não, não o cristal
negro."
"És ardiloso demais para vagares
entre as outras almas. Dentre os vilões és o maior. Não
subestimaremos a tua capacidade de influenciar...", Mid deu uma
pausa, "Aceite este destino, 'coisa', pois não sabes o quando me
dói fazer-te sofrer tão pouco."
Assim falou o Senhor de Hades:
"Que a sentença se realize."
Cyric se encolheu qual uma serpente,
mas seus esforços foram em vão. Num átimo estava aprisionado
no interior do cristal negro, gritando gritos que ninguém escutava.
Kelemvor sopesou o medalhão.
Apertou com força nas mãos cerradas.
"Acabou, Mid, acabou. O
cão pagará pelo meu sangue e pelo sangue de todas as suas vítimas."
Mystra apertou, num gesto de
confirmação, os ombros de Kel'.
A Comitiva sob a Montanha
Escuridão,
era tudo que a Comitiva tinha ao redor após terem atravessado o
portal. Os elfos e o anão agraciados com a infravisão percebiam
seus companheiros.
Kariel, Dileto de Mystra, aproximou-se
de Elder, seu tio, que o perguntou:
"Kariel, não seria esta a hora
de ativar a sua espada?"
"Mas meu tio, eu pensava que
ela somente acendia quando estávamos batalhando." Respondeu
o dileto de Mystra.
"Não. Está enganado. Ela
acenderá quando for sua vontade, nos momentos em que achar necessário."
concluiu Villayette, antigo possuidor daquela espada.
Kariel retira a espada da bainha
e com uma voz de comando diz: "Pois que acenda!" Então de
sua lâmina, uma luz branco-azulada iluminou o lugar, revelando seus
segredos.
Uma grande câmara se apresentou. Suas paredes
eram recobertas em toda a sua extensão por várias tapeçarias, como
se fosse um cortinado. O Dileto de Mystra, ao aproximar-se,
percebeu que aquela tapeçaria era confeccionada com sedas de aranhas.
O portal permanecia ao centro, e dali eles ainda puderam perceber,
mais adiante, uma imensa passagem também coberta com um cortinado
de teias, que ocultava o corredor.
Kelta, novamente
demonstrava sua preocupação, e alertou a Comitiva sobre os perigos
das armadilhas daquele complexo. Kariel também preocupado,
não com as armadilhas e sim com o seu tio, pede que ele siga ao
seu lado e não se afaste. Ao que o mesmo indagou:
"Por que me pede isso?"
"Por causa do mago que domina
este lugar. Ele pode querer aprisionar-lhe novamente." Respondeu
o dileto de Mystra.
"Não se preocupe, Kariel. Fique
tranqüilo" disse Elder mais preocupado com o sobrinho e seus
companheiros do que com ele mesmo. Ele não tinha a menor intenção
de ficar preso ali novamente.
Após uma
rápida análise do aposento e verificação se haviam armadilhas em
seu caminho, a Comitiva seguiu adiante e adentrou o corredor.
Diana de
olhos de esmeralda, atrasando o passo, segurou o braço de seu amado,
Arthos Fogo Negro, o qual por seus atos, na maioria das vezes inconseqüentes,
deixavam-na desesperada, e com sua voz carregada de preocupação
disse:
"Arthos, quero que me prometas
uma coisa."
"O quê, minha querida?" perguntou
inocentemente o inconseqüente marido.
"Que não vai morrer neste calabouço,
e que não vai sair por aí, tentando acionar tudo que é armadilha,
ou enfrentar todos os perigos sozinho." Explicou a desesperada
amante. Arthos Fogo Negro, que nunca tivera tal tipo de preocupação,
respondeu meio sem jeito.
"Não se preocupe, minha amada.
Eu não vou morrer, e só me arriscarei em caso de extrema necessidade.
Não se preocupe" Mas o inconseqüente, que não é chamado
de inconseqüente em vão, esqueceria o que prometera em breve.
Diana, tentando acreditar naquelas
palavras, deu-lhe três tapas e um beijo apaixonado em seu marido.
A jovem aprisionada
E o restante
do grupo seguiu na escuridão através do corredor. Uma nova câmara
se apresentou revelada pela tênue luz em sua parede leste. Um
altar havia e sobre este, um imenso ídolo-aranha. Também haviam
duas figuras negras, prostradas à frente do altar e, entre as patas
curvas do ídolo-aranha, uma jovem elfa da lua aprisionada. Villayette
e Kariel, que iam adiantados perceberam os dois elfos de peles e
armaduras negras. Enquanto se aproximavam, Villayette sussurrou
para seu sobrinho:
"Tenha cuidado Kariel. Vamos
ver o que está acontecendo, não vamos nos precipitar. Eles podem
ferir a jovem."
Kariel assentiu com a cabeça
e os dois seguiram em prontidão.
"Villayette. São drows
e têm uma jovem aprisionada. Ela será sacrificada" estas palavras
vieram do elfo Feargal, selvagem na raça e nas palavras.
"Sim, eu estou vendo, mas tenham
cuidado. Eles não devem estar sozinhos. Devem haver
outros escondidos" disse Villayette.
Suas palavras carregavam a verdade,
pois, naquele momento, por detrás do altar, na proteção do ídolo,
sete silhuetas puderam ser vistas. O Dileto de Mystra, Kariel,
percebendo que agora que a luta era inevitável, deu voz a sua indignação.
Gritou para os dois drows a sua frente:
"Libertem-na. Ela não
servirá ao seu sacrifício para Lolth."
Os dois Drows sacaram suas espadas,
quase ao mesmo tempo em que eles ouviram uma voz feminina conjurando
algum tipo de encantamento.
Villayette, que já fora um arcano,
parou, tentando descobrir qual o encantamento. Kariel também
aguardava.
No corredor, Ájax se adiantou,
pondo seu imenso escudo circular, de um metro e meio de diâmetro,
como barreira. Ele ouvira falar dos encantamentos dos elfos
das trevas e não queria ser atingido por nenhuma bola de fogo ou
relâmpago por eles lançados.
rthos Fogo Negro, para desespero
de sua esposa, que há poucos minutos o havia advertido, correu em
direção ao altar e lançou duas adagas na direção da voz ameaçadora,
na tentativa de impedir que alguma espécie de encantamento fosse
conjurada, mas suas adagas resvalam no ídolo, errando o alvo.
Villayette
conseguiu identificar o feitiço quase ao mesmo tempo em que fora
lançado. Uma magia de escuridão plena fora conjurada. Kariel,
dileto de Mystra e conhecedor dos encantamentos, disse cheio de
autoridade:
"Dissipe, tenebrosa magia!"
E a magia não se dissipou. Ficou o Escolhido todo vexado.
Envoltos em uma escuridão total, que nem a infravisão dos
elfos penetravam, eles iniciaram o combate. Arthos foi cercado
por três elfos negros, mas conseguiu desviar-se dos ataques, no
contra-ataque atingiu dois de seus oponentes. Seria uma situação
tranqüila para alguém que viveu anos se escondendo nas sombras,
mas a suposta Sacerdotisa Drow, ainda não se sabe ao certo, conjurou
um novo encantamento e anéis de energia prenderam Arthos. Deixando-o
à mercê dos seus adversários.
Villayette
"Lâmina Lunar" seguiu caminhando na escuridão em direção ao ídolo
e também foi atacado na escuridão. Desviou-se de todos os
ataques, e ficou aguardando, às cegas, para contra-atacá-los.
No corredor,
a druida Adsartha, sacou a cimitarra conjurando um encantamento
de Luz. Todos voltaram a enxergar, mas o alcance da magia
era limitado, clareando apenas o corredor e uma pequena área do
cômodo onde parte da Comitiva combatia. No limite havia uma
visível parede de negrume. Ao fim do raio do alcance da luz,
os que ainda estavam no corredor conseguiram ver Kariel. Arthos
e Villayette estavam envoltos nas trevas. Diana desesperou-se.
Naquele momento os gemidos de Arthos encheram a atmosfera subterrânea.
Fora o elfo de cabelos de fogo duramente atingido por seus
oponentes traiçoeiros. Diana, então, pôs-se a gritar, desesperada.
"Ajudem-no, salvem-no...."
Feldim Braço Forte, que andara
abatido, triste, correu para libertar Arthos, não porque dele gostasse,
mas porque gostava tanto de Diana que a não poderia ver sofrer.
Foi-se com os dizeres:
"Eu o libertarei em sua homenagem"
E desapareceu na escuridão.
Feargal, selvagem na raça e
no agir, sacou suas espadas e também correu para as trevas. Ele
não deixaria o anão matar mais inimigos do que ele.
Kariel novamente
tentou dissipar o encantamento, disse, desta vez, à guisa de Dileto
e Escolhido da Senhora da Magia, impondo mais majestade a sua voz:
"Dissipe, magia tenebrosa!"
E a magia, uma vez mais, não obedeceu. Ficou, vexado, o mago
Kariel.
Talvez fosse anelo de Mystra
que eles ainda permanecessem nas trevas. Com esta máxima retira-se
dos ombros de Kariel um pouco da vergonha.
Arthos, preso
pelo encantamento e em visível desvantagem, ainda tinha tempo de
ofender seus atacantes.
"Elfos das trevas covardes,
atacam-me porque estou preso..." E gemeu ao ser cortado por uma
lâmina traiçoeira.
Os gritos desesperados de sua
amada Diana de olhos de esmeralda, ecoavam. Mas não sendo
ele deus ou semideus, foi atingido ainda algumas vezes. Novamente
gritou e novamente Diana se viu desesperada.
Villayette foi novamente atacado,
contudo desviou-se dos primeiros oponentes, falhou tremendamente
com o terceiro. Uma lâmina (o pavor dos morféticos venenos
veio a sua cabeça) abriu-lhe a carne. A fúria lhe agraciou
com um contra-ataque preciso. Pensou Villa haver ferido dois
deles.
Kariel mais
uma vez tentou dissipar a escuridão. Não querendo, entrementes,
incorrer em falha e aumentar ainda mais a sua vergonha, inflou os
pulmões e até de gestos, estes que ele, como Escolhido, há tempos
abandonara, tomou como artifício. E não apenas isto, voltou
toda a sua mente para Mystra, e secretamente entoou louvores.
"Dissipe...",
fez os gestos, bateu o pé e cerrou o punho, terminando em carranca,
"...magia tenebrosa!" impôs tanto poder no ato que os seus olhos
se inflamaram como se fossem saltar das órbitas e as veias dos mesmos
pulsaram como nunca antes.
Mas a tenebrosa magia obedeceu?
Tomou, a tenebrosa magia, consciência deste Escolhido? Respeitou,
a magia tenebrosa, a ordem proferida por uma sumidade de Mystra?
Não. E, não teve tempo, Kariel,
de cobrir a face, coberto de vexames, pois Adsartha, orando para
a Deusa Chauntea, disse:
"Em nome
da mãe, dissipe magia tenebrosa!"
A tenebrosa magia, não se sabe se por enfraquecimento ou maior temor
a Chauntea, foi-se. Foram-se também os anéis mágicos que aprisionavam
Arthos Fogo Negro.
Libertado, sorriu Arthos. Tocou a ponta da sua própria espada,
uma rapieira, envergando-a tenuemente. Ajeitou o chapéu na
cabeça, tocando-o com apenas dois dedos, em atitude de desafio.
Estava cercado por três antagonistas. Eles vieram.
mão esquerda de Arthos foi para a cintura e o pé direito, posicionou
um pouco mais à frente. O primeiro oponente desenhou um arco
com a veloz lâmina... Arthos o desarmou. O segundo antagonista
teve o mesmo destino; aproximando pela direita, não esperava que
Arthos se voltasse na velocidade do raio. Arthos poderia matá-lo,
mas seu caráter inclinou-o a brincar com seu inimigo. O terceiro
desferiu um ataque tão enfadonho, que Arthos ainda girou sua capa
antes de desarmá-lo e jogá-lo ao chão.
Feargal chegara
correndo. Socou um dos inimigos de Arthos. Semelhante
ação foi a de Feldim. Arthos, dispensado da refrega, e tendo
já provado seu valor, correu em direção à jovem para tentar libertá-la.
A suposta,
pois ainda não se confirmara, sacerdotisa conjurou um novo sortilégio,
e Villayette, após se defender de seus inimigos, decidiu atacá-la.
Kelta, vendo seus companheiros cercados, beijou Coral de cabelos
de ondas douradas, e partiu para o combate. Postou-se ao lado
do elfo Villayette e lutaram juntos. Feargal, selvagem na
raça e nas ações, distribuía socos nos elfos, fazia-os sentir a
rigidez das suas manoplas. Não ia Feldim dar machadadas em
atacantes desarmados, mesmo que fossem drows. Deu-lhes socos
e, creiam, as mais dolorosas torções.
"Você não
quer me atacar, você não me atacará." Era a, suposta, Sacerdotisa
de Lolth que tentava inutilmente encantar o elfo Villayette.
"Cale-se!" respondeu Villayette
para o vulto que se ocultava atrás do ídolo de pedra; arremessou
sua Lâmina Lunar na silhueta, mas como teve que desviar de novos
ataques, falhou o arremesso. Sua espada cravou-se na parede,
atrás do alvo.
Kariel, no íntimo buscando redenção,
e até temendo haver sido privado (por um pecado?) dos poderes mágicos,
intentou erguer um anel de fogo ao redor da, suposta (não nos cansemos
de dizer) sacerdotisa. Ia usar gestos e todas aquelas formalidades
dos magos prosaicos. Mas não, deve ter pensado, sou um "Escolhido",
então apenas ponderou no anel de fogo...
E eis que a mulher e seus guarda-costas
foram aprisionados numa cela de chamas.
Boa oportunidade para Iorek
de Moradin, lançar suas flechas, mas elas acabaram consumidas pela
parede de fogo. Os elfos de Evereska, liderados por Halaur,
apontaram com grande deliberação, medindo longamente os oponentes
e a distância com os olhos, enquanto distendiam os arcos a todo
o comprimento de seus braços esquerdos e a corda até junto das orelhas
pontudas. Entretanto aguardaram, não queriam ferir seus companheiros.
A suposta,
Sacerdotisa tentou dissipar o encantamento do Dileto de Mystra.
"Ó, magia luminosa, dissipe!"
E dissipou?
Coisa nenhuma. Deu o troco
o mais que vexado Kariel.
Adsartha lançou outro feitiço.
Pediu a Chauntea que as armas e armaduras dos drows queimassem
como brasas. Um dos antagonistas tombou agonizando, sua armadura
em fogo vivo.
Arthos, aproveitando-se da folga,
pois os inimigos agora tinham outras preocupações, libertou um dos
braços da jovem elfa, que estava desesperada. A pobre criança
jamais vira tamanha selvageria ou muito menos mortes.
Villayette, sem sua espada,
abriu a mão e concentrou-se. Lâmina Lunar moveu-se um pouco,
na parede onde repousava. Villa elevou sua vontade. A
espada moveu-se mais uma vez. Esticou todo o braço, arregalou
os olhos e só faltou dizer: vem, espada!
A espada mágica, marcada com
nove runas de grande poder, cada uma assinalando uma habilidade
diversa, retornou às mãos do seu mestre... e antes mesmo que ela
sutilmente pousasse em sua mão, ele avançou, tomou-a pela empunhadura,
usando a velocidade da arma como balanço, partindo novamente para
a refrega.
Kariel se juntou a Kelta e combateu
os drows, utilizando-se desta vez de sua espada.
Os elfos de Evereska, liderados
por Halaur, decidiram seguir os alvos escolhidos por Iorek. Derrubaram
alguns dos inimigos que lutavam contra Kelta e Kariel.
A, ainda suposta, Sacerdotisa
drow tentou novamente dissipar a parede de chamas, mas conseguiu?
Conseguiu não! Para gozo de Kariel.
Os drows que ainda estavam de
pé, vendo-se cercados, aceitaram a derrota e se renderam. Villayette,
Iorek e os elfos de Evereska puseram-se em frente à coluna de chamas,
prontos para atacar. Pediu Iorek:
"Kariel, cesse seu encantamento."
E antes mesmo que ele o fizesse, a, ainda suposta, Sacerdotisa,
sem alternativa, aceitou sua derrota dizendo:
"Tolice matar-me, agora entrego-me
como tua prisioneira, de modo que já não pertenço a mim, mas a vós.
O dileto de Mystra desfez a
prisão de fogo. A elfa negra prosseguiu:
"Dar-lhe-eis, como é a praxe
nestas situações, todo meu tesouro para que eu mesma pague meu resgate.
Não apenas tesouros, também poções como resgate dos
meus filhos e escravos."
"Não sei por meus companheiros,
mas não me interessa seu ouro. Eu só quero a jovem elfa.",
disse Villayette.
Perguntou Kariel:
"O que ia fazer a esta pequena?"
"Hecatombe à Deusa Lolth! Mas
não me julguem, é a minha fé... Digam-me vós uma coisa. Como
chegaram a tão reservado sítio dedicado a Lolth, Rainha Demônio
das Aranhas?"
"Isso não nos importa. Da
próxima vez escolha um filho ou filha dela para ser sacrificado
e não uma filha de Corellon" vociferou Villayette.
"Se soubesse que o pai da garota
era tão rico, a ponto de contratar um pequeno exército para libertá-la,
não a teria trazido" disse a Sacerdotisa, revelada pela autoridade
com que falava, Matrona de uma casa Drow.
"Onde a pegaram? E como a trouxeram
para cá?" perguntou o dileto de Mystra.
"Nós a pegamos nas ruas de Águas
Profundas, mas só isso posso revelar. Não posso simplesmente
contar-lhes segredos tão guardados" confessou a Matrona. Continuou:
"Deixem-me ir com meus filhos, e o tesouro será seu" pede novamente
a Matrona. Ao mesmo tempo um dos drows, atendendo ao sinal
de sua mãe, foi até o altar e retirou um baú com jóias e poções.
"Não sei como vocês conseguiram entrar neste lugar, ainda
mais com cavalos, mas curvo-me, derrotada diante de vós. Saibam
que na parede norte deste aposento existe uma porta oculta há muito
bloqueada. Nós evitamos aquele lugar. Retiro-me derrotada,
vencida, mas aviso-os: retornarei com um exército. Darei a
vós tempo suficiente apenas para deixarem este sítio sagrado" Termina
a Matrona.
"Precisaremos de mais tempo.
Como a senhora mesmo disse, a passagem está bloqueada. Precisamos
de mais tempo para sair deste lugar" observou Kariel.
"Então, ao chegar em meus aposentos
darei a vós o tempo de uma ampulheta. Não mais que isso, e
então retornarei." Advertiu deixando a câmara em direção ao portal.
"Não quer levá-los?" perguntou
Villayette apontando os drows mortos e feridos, fazendo uma breve
vênia à Senhora, que respondeu sem voltar-se:
"Esse seria um outro tópico
a ser conversado. Deixe-os aqui, nós os pegaremos depois.
Agora vão, darei o tempo prometido." Com estas palavras,
a Matrona e os drows sobreviventes atravessam o portal.
Vencedora,
a Comitiva parou um segundo para respirar, e após examinar rapidamente
a garota, Arthos partiu para examinar cuidadosamente outra coisa
mais interessante. E o baú é revirado. Kariel aproximou-se
da jovem que estava visivelmente assustada. Ela aparentava
ter somente 40 anos, ainda era uma criança para os padrões élficos.
O dileto de Mystra argüiu:
"Está bem?"
A jovem encolheu-se assustada,
balançando a cabeça afirmativamente. Então Kariel continuou:
"Diga-nos, como se chama, minha
jovem?"
"M-maith... Maith Slenderbow"
respondeu a assustada garota.
"De onde vem?" Kariel quis saber.
"Venho da Floresta Alta, estava
indo com meus pais para Águas Profundas Meu pai é fabricante de
flechas de boa qualidade. Estávamos indo para lá para vendê-las."
"Ó, veja, meu tio, está aqui
uma conterrânea. Já ouviste falar do pequeno reino de Kand?"
A menina negou com a cabeça,
mas Kariel prosseguiu sorrindo.
"Iremos levá-la para casa."
Iorek se aproximou deles e então
tirou uma maçã, num gracejo mágico, da orelha da jovem.
"Estais com fome?" E antes que acabasse de formular a pergunta,
a maçã já ia meio devorada.
E sucessivas ações simultâneas ocorreram: Kariel conversava
com a garota e Iorek a empanturrava de frutas. Arthos, olhava
o tesouro, Feargal, selvagem na raça e em suas atitudes, espoliava
os corpos dos vencidos. Kelta novamente perguntava a Coral
se ela estava bem; Magnus lutava com o desejo de destruir o ídolo-aranha;
Ájax ameaçava sacar o gládio da sua grossa coxa se a drow retornasse;
Adon apressava os companheiros...
Atendendo a admoestação de Adon,
Villayette seguiu em direção à parede norte, pois ele queria procurar
a passagem.
Kantras de Vale das Sombras,
que tivera a mesma idéia, acompanhara o elfo e enquanto eles procuram
disse:
"Veja, Villayette. Sei
que já me repreendestes antes, mas olhemos para esta Comitiva. Nós
temos o tempo de uma ampulheta e eles não parecem se importar com
isso."
Com um rápido aceno de cabeça,
Elder concordou com as palavras do jovem ranger e Príncipe de Vale
das Sombras, dizendo em seguida:
"Esqueça-os Kantras. Eles
não fazem por mal, mas nós precisamos achar logo esta passagem"
enquanto procuravam conversaram um pouco. Kelta junta-se a
eles e Kantras finalmente encontra a porta..
O Rei e a Chama do Norte
Um novo corredor
se apresentou, escuro como tudo naquele lugar. Outra porta
impediu a passagem da Comitiva, mas Feargal e Feldim puseram-na
abaixo e em seguida o elfo entrou com a tocha iluminando o cômodo.
Ao centro deste outro, um portal mágico formado por duas colunas
curvas que quase se juntavam para formar um arco era visível e uma
porta de madeira no outro extremo da câmara. Kariel grudava
em seu tio, não o deixava prosseguir sozinho, parecia uma sombra
seguindo seu dono na penumbra. Diana vendo, os ferimentos
de Arthos, o repreendeu por sua atitude irresponsável assim:
"Não ouviu o que eu disse? Mas
será que nada entra nesta cabeça? Você poderia ter morrido. Retire
o seu colete, vou cuidar desses ferimentos."
"Não foi nada, eu estou bem",
respondeu Arthos displicentemente.
"Esses ferimentos podem dar
doença ruim." Disse Diana ao irresponsável. "Como pode fazer
isso comigo, eu quase, no desespero, revelo meu segredo para lhe
salvar." Soubesse a Comitiva sobre a história deles, estaria
naquele momento a se perguntar, quem defende quem neste relacionamento?
Com um defensor como Arthos, todo cuidado é pouco, pode-se acabar
tendo que tirá-lo de alguma enrascada, pondo-se em perigo.
Kelta aproximou-se do portal
e o examinou, chegando a conclusão de que ainda estava ativo. Villayette
e Arthos, parados diante do portal, revelaram seu interesse por
atravessá-lo. Villayette de súbito desistiu da idéia. Seria
mais prudente seguir pela porta. Lá, eles decidiram como abrí-la.
Arthos não pôde destravá-la, de modo que, não havendo Feargal
e Feldim se pronunciado, Villayette deu um violento chute na porta,
abrindo-a.
Kariel, que já examinara todas
as poções e informara aos demais suas propriedades mágicas antes
do grupo prosseguir em exploração, decidiu distribuí-las de acordo
com suas propriedades. Kariel ainda conjurou um olho arcano
e o mandou através do portal mágico. Do outro lado o Dileto
de Mystra viu uma extensa biblioteca - ninguém se interessou em
ir até lá naquele momento.
Tudo resolvido,
as poções distribuídas, a porta aberta, e a Comitiva já iniciava
sua saída do aposento, quando Kariel, voltando-se para o seu tio,
disse:
"Vamos, meu tio, siga ao
meu lado, não se afaste."
"Kariel, está começando a me
irritar com isto." resmungou Villayette.
"E o senhor está começando a
me irritar com sua teimosia." rebateu o Kariel, benjamim de
Mystra.
Villayette limitou-se a sorrir
da situação, pensando em seu irmão Reliel. Seu sobrinho parecia
ter herdado toda a preocupação dele.
E eles seguiram
pelo corredor. Mais a frente uma nova porta. Esta, Arthos
finalmente abriu. Lá dentro, o aposento apresenta-se: uma
câmara mortuária. Ao centro, uma tumba de vidro intacta. Ao
chão, próximo à porta, jazia uma mão decepada, ao vê-la, Villayette
sentiu um aperto no estômago, ao recordar-se dos acontecimentos
na floresta de Silvanum. Parecia que o espectro daquela mão
pulsante, que ainda trazia sua faca curva o atormentava e atormentaria
para o resto da vida. Do outro lado da sala, um grande e pesado
portão de metal, com suas barras inferiores retorcidas, provavelmente
o ex-dono daquela mão fugira por ali, pois, algum encantamento camuflava
a passagem por onde a comitiva viera. A porta violada por
Arthos desaparecera, tornara-se como que parte da parede. Arthos
retornou. Era alguma espécie de ilusão. Na tumba, a
seguinte inscrição:
Aqui Jaz Arthangh
Rei de Emberden
não deveria ter perecido...
Dentro do
sarcófago, um corpo em perfeito estado de conservação jazia trazendo
ainda na face a imponência de seu título. Da sua majestosa
armadura completa emanava honra e glória. Repousava sobre
o esquife a mais bela espada já vista pela Comitiva. A lâmina
era tão polida que refletia melhor que o mais polido dos espelhos.
O inconseqüente Arthos Fogo Negro subiu os degraus e parou
diante do magnífico féretro. Leu as inscrições que se lhe
apresentaram numa língua antiga. Nisto, ecoou em sua mente
uma voz dizendo:
Esta é a Chama do Norte
somente os que têm muita honra
devem empunhá-la.
Arthos não
tocou na espada, mas comunicou aos demais o nome do falecido, dito-lhe
por algum tipo de magia na mente. Seu nome era Arthangh Rei
de Emberden. Villayette recordou que seu pai a muito lhe contara
algo sobre aquele Rei, mas eram apenas lembranças de histórias há
muito tempo narradas. Magnus, o Paladino de Helm, aproximou-se
e pegou a espada. Não havia dúvidas em sua cabeça. Se
era para um homem honrado, ele o era.
Eles decidiram descansar naquele
local, pois ali curiosamente o ar era suave e eles se sentiam bem.
Todos que precisavam descansar dormiram. Então Kariel,
Dileto de Mystra e hoje sobrinho irresponsável, seguiu para a biblioteca.
Após uma consulta, encontrou vários livros de registros contábeis,
atlas, livros sobre histórias dos reinos e dois grimórios, um de
capa revestida com escamas de dragão negro e outro de capa confeccionada
com um estranho tipo de couro. Ele retornou trazendo um dos
antigos atlas e um livro sobre a Guerra dos Dragões. Após
o despertar dos outros, contou sobre a sua visita à biblioteca e
prontamente foi repreendido pelo tio:
"Foi sozinho para lá? Ficou
louco Kariel?"
"Não se preocupe, não havia
perigo." Respondeu o jovem dileto de Mystra.
"Não faça mais isto", pediu
Villayette.
Arthos, interessado no que ouvira,
retornou com Kariel para a biblioteca. les procuraram
mais mapas. Quem sabe encontrariam mapas do complexo
em que estavam. Kariel decidiu trazer os dois grimórios.
Eles procuraram uma passagem secreta, só para descargo
de consciência, e Arthos encontrou-a após puxar um dos livros da
estante. Um estreito corredor se apresentou. Kariel
retornou pelo portal enquanto a inconseqüente maneira de Arthos
o instigava a seguir pelo corredor.
Na Câmara
mortuária, Ájax levantou-se e pediu que os demais se adiantassem.
Diana desesperou-se, pois Arthos ainda não retornara. Ájax
disse essas palavras.
"Quando a água que beberei secar
dos meus lábios, partirei."
Kariel retornou sem Arthos.
Ájax deu o prazo por esgotado, seguiu até as grades e arrancou
o portão, liberando a passagem.
Arthos encontrou uma porta e
escutou vozes através dela. Ao abrí-la, conseguiu distinguir
as vozes de seus próprios companheiros, e, para a felicidade de
sua amada Diana, correu até ela. Deu-lhe Diana três tapas
e um beijo.
Mais um corredor e uma nova
porta se apresentou. Nela uma placa com a inscrição:
A tumba do Rei Supremo Arthangh
Arthos mais
uma vez tentou seguir à frente, mas foi repreendido por Diana de
olhos de esmeralda. Kariel e Villayette, o impediram também
e seguiram na frente. Após uma breve caminhada, a Comitiva
chegou em uma encruzilhada. Três caminhos se apresentavam.
Decidiram continuar em frente,
e ao se aproximarem de uma outra porta, um humano saiu desesperado
e surpreso:
"Quem são vocês? Ah! os
seqüestradores. Soltem a garota e eu os deixarei vivos". disse ao
ver a garota sobre um dos cavalos.
"O que veio fazer aqui homem?"
esta pergunta fez Kelta.
"Saibam que sou um enviado de
Khelben 'Cajado Negro', e vim resgatar esta jovem..."
"Nós a salvamos a pouco, chegou
tarde." Este foi Iorek.
Kariel, notando o broche Harpista,
disse.
"Não há porque se preocupar
nobre Harpista." E mostrou seu broche.
"Grande Tymora, Harpistas! Vocês
sabem como sair deste lugar não sabem?" perguntou
"Bem, tínhamos a esperança de que nos dissesse como entrou, poderíamos
voltar pelo mesmo lugar..." Esta conjectura fez Kelta.
"Eu tinha um mapa, provisões,
tudo. Encontrei uma passagem e caí em uma armadilha, Tymora
me ajudou, eu me esquivei de várias setas, e caí em um salão, entrei
em um portal e saí em uma sala cheia de drows, e foi a sorte de
Tymora que me fez conseguir escapar de novo... Chamo-me
Tilwar e vocês quem são?"
"Eu sou Kelta Westingale..."
"Nós somos um pequeno grupo
conhecido como a Comitiva da Fé.", emendou Villa.
"Comitiva da Fé? nunca ouvi
falar." disse Tilwar.
"Sem um mapa ficará difícil
sairmos daqui. Poderíamos voltar por onde ele veio e tentar
recuperar seus pertences." pitacou Villayette.
"Está louco? Eles eram drows
poderosíssimos, vocês não conseguiriam derrotá-los." Observou Tilwar.
Villa o achou tolo, afinal ele
não sabia nada sobre a Comitiva, muito menos de suas proezas. Tolo
era Villa. Seria o fim da Comitiva se caíssem no território
de Al'urar.
Naquele momento
Arthos Fogo Negro resolveu retornar e rumou para a passagem esquerda
na encruzilhada. Os demais o seguiram. Lá, vêem uma imensa
porta feita de ouro. Arthos tentou abrí-la debalde. Tilwar
tomou a frente.
"Ah! Para isso a Deusa Tymora
ainda me agracia." E então destrancou a fechadura com um encantamento.
Um grande cômodo dourado fez-se
ver. No centro havia um pedestal com 25 anéis dourados.
"Cuidado. Deve ser uma
armadilha." estas palavras disse Kelta.
"Sim, deixe-me analisá-los."
pediu o dileto, Kariel, que tentou detectar maldade. "Não
sinto vilania, nem energias negativas emanando destes anéis." afirmou
"Mas lembrem-se, isso pode ser
uma armadilha." Instou Kelta.
Kariel olhou ao redor e percebeu
que no chão havia antigas inscrições em élfico. Ao ler as inscrições,
o dileto de Mystra anunciou:
25 anéis criados pelos grandes ....
somente aqueles que possuem muita
honra devem usá-los.
Villayette
se aproximou do pedestal e colocou a mão sobre os anéis, nada sentindo
de diferente, ele os pegou, entregando-os a Kariel.
"Não senti nada, podem ser úteis."
Kariel, com os anéis nas mãos,
analisava-os e novamente nada detectou. Devolveu 10 anéis
para seu tio, que por ter sido um arcano, sabia que a forma mais
rápida de se descobrir o funcionamento de itens mágicos era utilizando-os.
Villa, Villa, Villa, qualquer um sabe disto! Arcano ou não
arcano! mas, não se duvide da nobreza de Elder, o elfo colocou um
dos anéis no dedo e uma visão lhe veio à mente. Um campo com
árvores e montanhas surgiu. Ele só teve tempo de dizer:
"Vejo o exterior, ar...." e
desapareceu, deixando cair o restante dos anéis que estavam em seu
poder.
Os demais estavam parados, não
sabiam o que acontecera, mas ouviram as últimas palavras de Villayette
e então decidiram utilizar os anéis para sair daquele lugar.
O Trono de Ouro
A escuridão
tomou conta dos olhos de Elder. Villayette não entendia...
Vira a floresta, as montanhas, no entanto ele estava em um lugar
que mais parecia um esgoto. Um rio subterrâneo corria com
suas águas fétidas. Ele não compreendia, até que um por um
seus companheiros foram aparecendo. Eles haviam montado nos
cavalos e teletransportaram-se utilizando os anéis.
"Meu tio, onde estamos?", perguntou
Kariel acendendo a espada.
"Não sei, parece uma espécie
de esgoto. Talvez estejamos sob a cidade, existe uma subida
por ali." observou Villayette, apontando para uma subida estreita
e afunilada. Curiosamente isto ocorria de dentro para fora.
"Na próxima vez que você se
separar de mim, chame por meu nome e diga onde está", disse Kariel
ao tio.
"Tudo bem", respondeu Villayette,
sem compreender o motivo das palavras de seu sobrinho.
Diana aproximou-se de Arthos
e desesperada sussurrou em seus ouvidos.
"Estamos no covil de um dragão
de escamas azuis."
"Como sabe disto? Como pode
ter certeza?"
"Sinto o cheiro dela, uma fêmea,
e lembrei de uma antiga história sobre um dragão azul aprisionado
aqui em Montanha Subterrânea por Halaster. Este dragão era
uma fêmea que ainda jovem foi enganada pelo mago. Ela fez
um acordo com ele e foi traída."
"Estamos mortos. Eu sou
um dragão jovem, comparada a Aragautos... não terei chance de lutar
contra ela..." Continuou Diana, com o mesmo tom de desespero na
voz.
Arthos estava em silêncio. Teria
que repassar tal informação para seus companheiros, mas não queria
comprometer sua amada. Então, ele narrou os fatos, omitindo
certos detalhes.
Foi quando dois olhos e uma boca surgiram na escuridão. Villayette
sentiu um mal-estar ao reconhecer a voz.
"A única saída deste lugar é
sentar-se no trono dourado que se encontra no covil do dragão!"
Então desapareceu, deixando a brava Comitiva desenganada.
"Como fui tolo. Deixei-me
enganar pelos anéis. Era uma armadilha dele. Por minha
culpa todos nós estamos em perigo." Dizia Elder Villayette
com as mão cobrindo a face, estava completamente inconsolável, por
causa da sua atitude impensada.
Kariel convocou novamente seu
olho arcano e enviou-o através da correnteza. Havia uma passagem
submersa, mas muitas eram as pedras e a força das águas poderia
afogá-los. Ao examinar a outra passagem que subia, Kariel
viu, através de seu encantamento, vários pedaços de ossos sobre
os degraus de uma escadaria, um grande tesouro, e sobre este, um
imenso dragão azul. Mais ao fundo um trono dourado.
"Diana, você poderia conversar
com o dragão. Quem sabe ele não nos deixa passar sem luta?
Eu iria sozinho, mas infelizmente eu não conheço sua língua...",
perguntou o Dileto de Mystra, que compartilhava o segredo da mulher.
"Será perigoso, é melhor não,
Kariel", disse Arthos.
"Eu a deixarei invisível, para
que não desconfiem de nada..." Replicou Kariel.
Diana aceitou e subiu, levando
consigo a proteção do encantamento do Dileto de Mystra. Depois de
um tempo retornou.
"Será impossível. Ela
está enlouquecida, parece selvagem, mal consegue falar... não teremos
chance de passar sem combatê-la."
Kariel e Arthos compartilharam
a informação com os demais e eles começaram a se organizar para
enfrentar o dragão. Ájax tomou para si a obrigação de organizá-los.
Disse, retirando o gládio da sua grossa coxa.
"Deveremos escolher entre nós
os campeões que serão lembrados. Eu mesmo irei, e acredito
que os mais fracos devam ficar. Eles receberão as glórias
por nossos atos, eles serão os vitoriosos, se morrermos!"
Magnus de Helm, Feargal,
Frogsong, Villayette, Feldim, os Elfos de Evereska, Kariel, Kantras,
Adsartha, Tilwar e Iorek de Moradim: estes foram os seguidores de
Ajax, Filho de Felonte e de Tymora, Herói de Arabel. Kelta
se apresentou para desespero de Coral. Ele queria redimir-se...
também lembrou-se da Trombeta do Valhala. Defenderia a passagem
dos mais fracos.
"Não! Não vá, por favor! Você
está fazendo isso por orgulho?" Perguntava chorando a mulher
de cabelos de ondas douradas.
"Não! Meu orgulho foi despedaçado.
Jurei a mim mesmo que a protegeria durante toda a jornada
de qualquer coisa que lhe fizesse mal. Mas falhei, deixei
aquela imundície tomá-la como refém."
"Não! Não se culpe, não tinha
como saber..." Desfez a amada.
"Ela está certa Kelta!" interrompeu
Adon. "Algumas vezes, nestes últimos anos, eu fiquei várias vezes
lamentando o fato de não ter impedido a 'coisa' de matar Kelemvor
e se tornar deus. Entretanto, percebi que era inútil chorar
por algo perdido. Além do mais, uma vez que se é deus não
se esquece de certas coisas. O famigerado é mais rápido que
uma raposa, e pode driblar qualquer ouvido élfico. Você não
tinha como impedir, ninguém tinha."
"Kelta! Sendo mais velho e portanto
mais sábio, digo que seus conselhos nos afastaram de vários problemas.
Fique com sua esposa, ela não é como nós, guerreiros orgulhosos
pela batalha a ponto de perder a vida." Definiu o jovem Kantras,
Príncipe de Vale das Sombras
Villayette, levando a mão ao ombro do amigo, concordou dizendo:
"Kelta, não vá, fique aqui.
Lembre-se de que se morrermos lá em cima, Coral ficará a mercê
de nossos inimigos."
"E Adon carrega a Orbe e a chave.
Se o dragão pegar a todos, Halaster vencerá. Se for
por questão de tocar a trombeta, eu mesmo o farei." completou Ájax.
Kelta, comovido, com lágrimas
nos olhos, abraçou todos os seus companheiros. Parecia que
eles nunca mais se veriam. Coral, abraçada à jovem elfa, sentiu
grande angústia.
"Coral, gostaria de lhe pedir
desculpas pelo que aconteceu. Não tive coragem de pedir-lhe
antes, mas peço que me perdoe pelo seu sofrimento." disse Vilayette,
pois ainda trazia consigo a culpa da traição de Cyric.
"Não precisa se desculpar, Villayette."
respondeu Coral de ondas douradas no cabelo.
Foi quando Kelta teve uma idéia:
orar para os deuses eternos para que a trombeta, quando tocada,
trouxesse não apenas um guerreiro, mas um campeão nos céus e na
terra. Adsartha, que entendia dos assuntos divinos, disse
então que cada um deveria fazer um voto e escolher secretamente
um nome. Kelta fez votos e orou para que o falecido rei Azoun
IV de Cormyr viesse. Magnus, entretanto, pensou consigo, e
houve verdade em suas palavras. Ficaria dez anos sem conhecer
mulher, ele que nunca as conhecera, e jejuaria e oraria um mês inteiro
se Arthangh, o rei supremo, visse. Kelta soprou a trombeta
e...
"Ergue-te nobre paladino e luta
ao meu lado. Dá-me, contudo, a Chama do Norte, para que eu,
Arthangh, não entre desarmado na refrega!"
E todos levaram as mãos aos
céus e agradeceram os Deuses.
Fora uma
dura batalha. O Dragão lançava seus relâmpagos, o rei defendia-se
com a espada. Arthos aproveitando sua proximidade, tocava
o rei para não sofrer com o ataque. Feargal foi lançado ao
chão junto com Magnus. Ájax com seu gládio em punho e o escudo
à frente, barrou o ataque. Villayette defendeu parte dos raios,
mas Iorek, debilitado pelos combates anteriores, não teve condições
de combater. Desistiu; foi para junto de Kelta e Coral no
buraco. Kariel correu por entre os raios, defendendo-os com
as mãos nuas.
O Rei, Kariel e Magnus, atingiram
a fera. Kariel cravou sua espada no dragão. Os elfos
de Evereska atacaram com suas flechas, ainda sob a proteção da espada
de Villayette. Feldim, experiente matador de dragões, se abrigou
da descarga elétrica, e atacou furiosamente a pata da fera, que
após urrar de dor o atacou.
Kariel utilizou um encantamento
de expandir e dobrou o seu tamanho. Feargal, selvagem na raça
e no batalhar, acertou, abrindo um grande ferimento na besta. Feldim
tomou aquilo como uma disputa, pois nunca, mas nunca, o elfo passaria
em sua frente, e o matador de dragões ali era ele, Feldim, pelo
menos era o que pensava.
Novamente o dragão se preparou
para lançar sua descarga mortal, e Feargal, selvagem na raça e no
agir, saltou sobre a cabeça da criatura. Os elfos de Evereska,
que agora tinham a proteção das rochas e da Lâmina Lunar de Villa,
retiraram-se bastante feridos.
Debilitado pelo segundo ataque,
Villayette desceu, a procura de Adon.
"Caro Adon. Pode me curar
ou Kelemvor só concede tal dádiva a Adsartha?"
"Infelizmente, Villayette, eu
não sou um padre de cura. Meu envolvimento com Mystra é outro...
"Gostaria de poder ajudá-los, me desculpem!"
"E você, Coral, tem o poder
de curar?" perguntou Villayette para a esposa de seu amigo
Kelta.
"Eu só tenho o poder de curar
os corações. Não posso curar ferimentos, me desculpe." Responde
visivelmente sentida a Bruxa Coral.
"Bem, obrigado assim mesmo.
Por favor preciso de flechas." Os Elfos de Evereska
entregam suas flechas a Villayette com um semblante de vergonha,
pois não esperavam que ele voltasse sozinho, e tão debilitado. Ele
estava indo para a morte...
Lá em cima o restante do grupo
resiste, não se sabe por quanto tempo mais. Adsartha vai de
encontro ao seu esposo, tenta em vão levá-lo para baixo, mas o jovem
príncipe não aceita sair da luta. Ficam a espera do golpe
final, pois estavam bastantes debilitados. Kariel vendo-os
juntos desiste de atacar a criatura e prosta-se a frente do casal
convocando a Mão Defensora de Halaster. Encantamento curioso.
Conta-se que o mago Halaster criou este encantamento defensivo justamente
para protegê-lo deste mesmo dragão. Eis que ele é utilizado
novamente para defender não o mago mas Adsartha e Kantras. O
rei ataca e em seguida é mordido e lançado nas paredes pelo dragão.
Arthos ataca e é bem sucedido, mas uma coisa é certa: Feldim
Braço Forte faz a diferença e vendo seu amigo Feargal agarrado e
cravando a espada no crânio da criatura, imita-o abrindo outro grande
buraco. Aquilo irritou a criatura que lança os dois para trás.
Caem sobre o tesouro, ambos perdem suas armas. E então
princípio básico de sobrevivência, pegam as primeiras armas que
encontram no tesouro. O dragão que preparava nova leva de
raios, volta-se para eles e com a voz carregada de ódio diz:
"Larguem meu tesouro!" e prepara
o ataque contra os dois, ignorando os demais.
Feargal e Feldim dois seres
distintos, acuados por um imenso dragão. Não existia saída.
Feldim põe-se de frente a Feargal e recebe a baforada total
da criatura, e milagrosamente permanece em pé. Feargal, vendo
o que Feldim fez, ataca novamente e desta vez com ódio e fúria ferindo
bastante o dragão. O anão arremessa a lança e esta atravessa
o crânio da criatura matando-a.
Villayette chegava com o arco
pronto para desferir seu ultimo ataque quando vê o dragão morto
e os demais levantando-se. Respira aliviado e agradece ao
grande Corellon por sua vida.
O grupo se reúne e decide levar
o tesouro do dragão. Daquele tesouro, Feldim escolheu a lança
que acabara de matar o dragão, e depois que todo ele estava guardado,
eles se aproximam do trono onde uma pilha de crânios jazia esquecida,
troféus do dragão. Feldim joga-os ao chão e senta-se, mas
nada acontece.
Feargal e Feldim conversam e
o anão, que sempre se gabava de ser o melhor matador de dragões
confessa ao elfo.
"Feargal grande parte do meu
mérito foi por causa desta lança. Quando eu a peguei ela falou
comigo dizendo que era uma matadora de dragões. Esse será
nosso segredo, ok?"
Tilwar começa
a dizer vários impropérios à Deusa Tymora, o elfo Villayette dá
um tapa nele para que ele retome a razão, Tilwar volta-se para ele
e revela ser um clérigo de Tymora e que este tratamento é aceito
pela deusa da sorte e dos aventureiros. Bem... os elfos não
costumam ofender seus deuses, mas como os humanos são estranhos
Villayette permanece em silêncio.
Tilwar continua com seus impropérios e em seguida diz:
"Vejam, a grande Tymora dá e
tira. Ao mesmo tempo que nós estamos ricos devemos deixar
toda essa fortuna para trás. Vejo que o único caminho é pelo
rio então encontro vocês lá fora." Terminando o louco Tilwar,
joga suas armas, mochilas, armadura ao chão e lança-se, confiando
na sorte de sua deusa, nas correntezas do fétido rio.
Eles estavam surpresos, não
tinham como levar o tesouro, e até mesmo suas armas deveriam ser
deixadas para trás, mas Ájax olhando para os demais anuncia:
"Meus amigos, não precisamos
deixar nossas armas pois a solução está com nosso companheiro Villayette"
e em seguida volta-se para o Elfo.
"Tens uma bolsa encantada que
pode levar todas nossas armas correto?" Pergunta Ájax.
"Sim, caro Ájax. Possuo
tal bolsa e posso levar os itens." responde o Elfo com um sorriso.
"Nós temos ainda as poções que
encontramos com os drows, e Kariel pode fazer com que alguns de
nós sigamos sob a água, desta forma enganaremos minha mãe não uma,
mas três vezes: a primeira conseguindo sair deste lugar, a segunda
levando nossas armas e armaduras e a terceira levando todo o tesouro."
Conclui Ájax.
Mas ainda havia os cavalos.
Quem apresentou solução para eles foi Villayette.
"Kariel, podes fazer um portal
para fora deste lugar não pode?" Pergunta o elfo ao sobrinho.
"Sim, meu tio. Posso criar
este portal nas proximidades do pântano onde combatemos contra o
ruivo." responde Kariel, referindo-se a batalha contra a tropa de
Fzoul Chembryl.
"Os cavalos conhecem aquela
região. Conseguiriam voltar para Evereska a salvo." isto disse
Halaur de Evereska.
"Sim, mas devemos mandar uma
mensagem avisando que estamos bem, junto com eles." continua Villayette.
Planos elaborados, tesouro guardado,
cavalos libertos. Kariel invoca um encanto, deixado a todos
imateriais e a Comitiva lança-se nas águas pútridas do rio, depois
de algumas horas eles saem em uma nova caverna e lá ouvem uma voz,
que vem de uma fresta ao alto.
.
"Está faltando, está faltando,
Xanathar não vai gostar nada disto." O grupo reconhece o dono da
voz e o nome de seu chefe. Alguns tiveram que segurar Feargal
que queria se vingar de uma certa mulher de nome Avereena. Então
mergulham novamente para desta vez sair nas proximidades de Águas
Profundas
Enquanto caminham pela cidade,
Kariel, invisível, distribui quase todo seu tesouro aos pobres.
Não precisava de riqueza e a própria Mystra recomendava-o
uma vida austera. Enquanto dava o dinheiro dizia: "que a sorte
de Tymora o acompanhe", dando início a uma pequena lenda sobre a
deusa. Villayette fez algumas doações nos templos, mas manteve
ainda uma boa parte do tesouro pois precisaria de algum dinheiro
para resgatar sua esposa.
Ao chegar na torre negra de
Khelben. Adon bate á porta e o arcano ao vê-lo junto a Kelta,
Iorek e Arthos, esbraveja:
"Se vocês estão aqui é por que
tudo aquilo está acontecendo novamente, não é?"
Arthos que nunca foi de esconder
nada responde.
"É, está acontecendo tudo de
novo."
"Vamos entrem....." Pede Khelben
Bastão Negro Arusun.
Do lado de fora da cidade, nas
montanhas um fabuloso exercito aguarda, centenas de mortos-vivos
estão esperando o momento de atacar...
Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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