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Santuário de Moradin

Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira,
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira



Personagens da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; ; Siegel O'Blound (Limiekli); Sirius Lusbel. Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo. Participação Especial: o gnomo Madarn


Santuário de Moradin

     

     Quando o sol raiou na pequena vila gnoma de Stormpenhauer, a Comitiva da Fé e seu guia já estavam na trilha em meio as densas árvores da Floresta das Aranhas, guiados pelo gnomo chamado Madarn. Segundo o pequeno guia, a viagem duraria dois dias, em passos apressados. A Comitiva seguiu atenta aos possíveis perigos daquele lugar, em especial o ranger humano conhecido por Limiekli. Os olhos do homem procuraram galhos partidos, teias, pegadas. Por fim encontrou algumas destas últimas, as quais identificou como sendo de um felino, não tinha certeza qual espécie era. Passaram-se as horas e a noite caiu. Acamparam em uma clareira e descansaram, sem que fera ou criatura se abatesse sobre eles.
     Logo cedo, estavam novamente de pé. Limiekli olhou ao redor e para as árvores. Teve uma estranha sensação.
     "Amigos", disse, "Acho que estamos sendo espreitados. Sinto como se algo nos observasse."
     "Então você também percebeu? Pois é, estava com algumas dúvidas mas agora tenho certeza: são leopardos."
     "Leopardos? Já ouvi falar deles, mas nunca os vi." Observou curiosamente o ranger.
     "É...eles estão muito escassos por estas bandas, mas temi que fossem eles. De caça querem virar caçadores. Estão procurando comida. Por favor não os ataquem. Vamos apenas ficar atentos."

     A caminhada se reiniciou e o cenário lentamente começou a se modificar. As frondosas árvores deram lugar a troncos sombrios e retorcidos, e o cantar dos pássaros foi substituído pelo absoluto silêncio. Aquilo deixou apreensivos os membros da Comitiva.

     "Vejam!", Limiekli apontou, "Um leopardo, deve estar nos seguindo."
     Ao avistarem o felino selvagem, alguns puseram as mãos em suas espadas, quase como em um reflexo, porém Madarn interrompeu este ímpeto levantando suas mãos e dizendo.
     "Não ataquem! Só querem comida. Devem ter visto a desolação que se abateu por esta área. Os animais desta região estão morrendo de fome."
     "Poderia dar um pouco da carne de minha ração para ele." Kariel mencionou uma aproximação, sendo interrompido por Madarn.
     "Não, elfo. Deixe o ranger fazer isto. Ele deve ter mais intimidade com os animais."

     Limiekli se aproximou e ofereceu ao leopardo um pouco da carne seca que levavam como ração. O felino calmamente aproximou-se da comida. Um outro também surgiu dos arbustos e juntos saciaram sua fome. Limiekli já estava ao lado dos animais e acariciou as feras como se gatos fossem. O sacerdote de Mystra, Mikhail Velian também chegou-se aos animais. Desejava saber mais: gesticulou e repetiu algumas palavras em língua sacra. Em seguida falou na linguagem dos animais.

     "Por que nos seguiam?"
     "Fome. Animais morrer. Comida acabar", respondeu o leopardo.
     "O que houve com os animais?"
     "Besouros grandes matam animais. Três, um grande e dois pequenos."
     "Tenham cuidado e vão para o norte da floresta. Lá não existe esta desolação e certamente encontrarão mais caça." Aconselhou o elfo.

     Os animais partiram e Mikhail traduziu sua conversa para os demais companheiros, que preocuparam-se com esta nova sombra de ameaça. Mas deviam prosseguir e enfrentar, fosse o que fosse. Afinal assim procedia a Comitiva frente a seus objetivos. Ao fim da tarde encontram uma velha cabana de madeira em um descampado, pelo qual passava um pequeno riacho. Madarn então anunciou para o grupo.

     "Descansaremos aqui. Podem entrar na cabana e dormir."

     A Comitiva alegrou-se de ouvir aquilo, mesmo sendo o interior da cabana desprovido de móveis ou palha. Pelo menos era um lugar protegido, o que lhes daria maior tranqüilidade.      Alguns se banharam no riacho antes de dormir. Kariel e Arthos subiram no telhado de madeira. O primeiro escreveu algumas páginas de seu diário de viagem, sob uma luminosidade tênue emanada de sua espada encantada, enquanto o elfo espadachim tentava se ajeitar como podia e dormir. Não era uma tarefa fácil esta de Arthos, pois o frio da noite aumentava e os ventos faziam ruídos aterradores por entre as árvores. Convencido pelo seu amigo Kariel, por fim desceu e uniu-se aos outros no interior da cabana.

     Na nova manhã, acordaram Madarn (o gnomo dormira mais do que deveria). Limiekli, que se embrenhara no mato logo cedo, encontrou uma grande pegada e mostrou-a ao grupo.
     "Nunca vi algo assim", disse Madarn "Certamente não é um urso."
     Prosseguiram na mata e poucas horas depois avistaram uma nova clareira e algumas ruínas.
     "É aqui!", anunciou Madarn "Aqui são as ruínas da torre."
     "Isso é a torre?", indagou Limiekli, que esperava encontrar uma alta construção e não um punhado de pedras e uma ruína que não era muito mais alta que a cabana na qual haviam dormido na noite passada.
     "Não se engane, amigo", disse-lhe Magnus, Paladino de Helm, "Eu e Kariel adentramos no Norte uma torre, que ao invés de seguir ao alto, descia para o subterrâneo."
     "Bem...fico por aqui! Boa sorte para vocês!"
     "Vai nos esperar aqui?" Perguntou Mikhail.
     "Não, não!", respondeu o narigudo gnomo balançando o dedo indicador, "Não vou ficar aqui entediado esperando vocês voltarem. Podem me procurar em Stormpenhauer quando acabarem! Tchau!"
     Madarn, acenou e entrou no meio da vegetação, desaparecendo, deixando os heróis diante da torre.

A Torre Arruinada

     A Comitiva procurou em meio as ruínas uma entrada. Encontram uma porta, que Arthos e Bingo examinaram em busca de armadilhas. Afastado este perigo, os aventureiros acenderam suas lanternas e seguiram. Estavam em um salão arruinado, empoeirado e escuro. Em suas laterais encontravam-se duas escadas: uma, á esquerda, que subia, mas estava bloqueada por um soterramento de pedras e outra, á direita, descia para um subsolo. O grupo, antes de resolver descer a escada e explorar as profundezas da torre ainda percorria o salão que, em determinado ponto, terminava em um amontoado de rochas e um grande buraco. Arthos, que um dia já foi um mercenário, examinou e descobriu um mecanismo avariado, portanto determinou que aquele buraco outrora fora uma mortal armadilha, acionada por algum incauto infeliz.

     Em frente à escada, Kariel pediu para Limiekli procurar em meio à poeira dos degraus se existiam rastros recentes de alguma criatura. O ranger encontrou marcas estranhas, como pequenos círculos ou pontos, deixados no pó.

     "Estes rastros podem ter sido feito pelas patas de uma aranha. Tenham cuidado", deduziu Kariel.

     A escada descia em helicoidal, até que por fim acabou chegando em um vasto cômodo. Notaram que estavam logo abaixo do salão superior, pois viram no teto o buraco que examinaram minutos atrás e este, conforme previra Arthos, era realmente uma armadilha: quem quer que nele caísse, despencaria em uma jaula colocada logo abaixo do fosso. Andaram então com cuidado para frente, buscando, com a limitada fonte de luz das lanternas e da espada Goliath de Kariel, enxergar o fim daquela sala. Avistaram um corredor partindo de uma parede à esquerda e uma grande runa desenhada ao chão. Iam prosseguir mas, da escuridão, uma aranha gigantesca pulou do teto sobre Limiekli. O ranger foi atingido e enquanto recuava, pôde ver a rápida reação de Arthos Fogo Negro, que tirou de um bolso um frasco de fogo grego e arremessou na criatura, que emitiu um chiado aterrador enquanto ardia nas chamas. Magnus e Mikhail adiantaram-se e distribuíram seus golpes, o paladino teve mais êxito com um golpe brutal na cabeça do monstro. Em seguida Arthos esquivou-se com graça dos tentáculos mortais da aranha para perfurá-la com sua atraente Lâmina das Rosas. Kariel também reagiu àquele momento e conjurou um encanto, fazendo que um jato de chamas partissem de suas mãos em direção ao monstro. O ranger ignorou a dor que sentira e atacou, mas seu golpe não teve força suficiente para atravessar a couraça natural do aracnídeo, Sirius e Bingo estavam recuados disparando flechas, mas com muito cuidado para não acertar os companheiros. A aranha contra-atacou e seu alvo era Arthos. O monstro levantou seu corpo esticando suas patas e depois direcionou sua parte traseira apontando-a para frente, dela foi expelido um jato de teia, imobilizando o elfo de cabelos escarlates. O monstro ainda golpeou Magnus com força e também o prendeu em suas teias. Mikhail ergueu sua maça, mas o golpe não teve sucesso. O mesmo não aconteceu com Limiekli: o ranger conseguiu dar um golpe certeiro entre os oito olhos da aranha, que tombou inerte.

     Porém, não houve tempo para se refazerem, nem ao menos tomarem algum fôlego. Das sombras outra aranha surgiu. Esta parecida com as que enfrentaram na floresta. O animal atacou Kariel e recebeu um golpe de Mikhail. Arthos e Magnus, libertos da teia da primeira aranha, partiram com fúria, ferindo bastante o monstro. Porém, o golpe de misericórdia foi novamente de Limiekli.

     Findado o combate, as atenções se voltaram para o corredor seguinte. Eles seguiram o caminho e encontraram um pequeno quarto. Sob uma espécie de mesa de pedra, alguns esqueletos jaziam inertes. Arthos e Limiekli remexeram os ossos e encontraram um anel e algumas moedas de ouro, tudo isso sob os protestos de Mikhail que os advertiu sobre respeitar os mortos. Não houveram mais caminhos visíveis. Todos procuraram por algum tipo de mecanismo, alguma passagem secreta, mas foi em vão. Resolveram então novamente subir ao andar térreo para examinar novamente. Lá em cima, Bingo, inocentemente chutou uma pedra, esta foi em direção a uma parede da escada que estava bloqueada por pedras, quando ia atingi-la surpreendentemente a atravessou como se não existisse. O halfling jogou outra pedra e o mesmo ocorreu.

     "Pessoal! Vocês viram isso?" Perguntou o pequenino boquiaberto.
     Todos ficaram perplexos, com exceção é claro de Kariel, o Escolhido de Mystra, que fleumático aproximou-se da parede e constatou a presença da Arte ali: se tratava então de uma ilusão.

Os Monstros de Úmbria

     Os aventureiros então se aproximaram e entraram pelo caminho oculto. Era uma passagem escavada na pedra que lentamente descia e se alargava à medida que caminhavam. Este buraco terminou numa caverna bastante profunda. Sentiram o ar ficar mais pesado e mais rarefeito, dificultando levemente a respiração. Sirius ia segurando a lanterna que revelou formações rochosas totalmente irregulares que atrapalhavam o passo. Depois de muito tempo chegaram numa grande área rochosa, totalmente irregular. No meio deste local havia uma grande fenda, cuja profundidade não era possível estimar com aquela pouca luminosidade e ao fim daquele lugar estava um corredor cavernoso.

     Enquanto examinaram o precipício, surgiram, não se sabe de onde, três criaturas estranhas, seres bípedes com aparência de insetos, com garras e presas enormes, lembrando muito besouros. Um mais alto e dois menores. Ao vê-los, a informação dada pelos leopardos começou a fazer sentido. Foram estas criaturas que dizimaram a fauna ao redor da torre. Os monstros atacaram a Comitiva iniciando um terrível combate.

     Arthos e Sirius, ao fitar o monstro maior, tiveram uma estranha reação. O primeiro ficou paralisado, olhos vidrados, alheio ao combate enquanto o segundo, passou a investir furiosamente contra seu companheiro Mikhail. Limiekli atacou um dos monstros, que num movimento rápido, esquivou-se e, ao mesmo tempo usou suas garras para atingi-lo. O paladino não hesitou, tratou de abrir fendas no inimigo com sua espada. Kariel tocou seu elmo mágico e, invisível, se afastou. Procurou uma posição privilegiada e em seguida lançou uma magia: um relâmpago partiu de suas mãos e atingiu, de uma só vez, os três inimigos. O ataque tornou-o visível novamente transformando-se num novo alvo para as criaturas. Sirius, encantado, combatia contra Mikhail. O clérigo de Mystra então resolveu lançar um encanto para prendê-lo, mas Sirius resistiu, e continuou uma investida furiosa para atingir o companheiro.

      O monstro maior, muito ferido, percebeu a derrota iminente e recuou em direção a um buraco não notado antes pelos aventureiros. Então Magnus, junto com Kariel combateram um dos "homens-besouros" menores. Goliath, a espada de Kariel, e a Chama do Norte, de Magnus foram certeiras e, ao fim, com o último golpe do paladino o monstro tombou. Limiekli se virou como podia lutando bravamente com a criatura menor, e logo depois o maior tentou puxar o menor para fugir dali, mas o ranger não pestanejou e deu-lhe uma machadada no peito do monstro fazendo-o cair. O homem-besouro maior segurou o menor tentado tirá-lo dali, e vendo a aproximação da Comitiva fez sinais com as mãos se rendendo, gesticulou desesperadamente pedindo trégua. Uma dúvida se abateu sobre o grupo, executar ou não as duas criaturas.

     "Kariel, você entende o que esta criatura está dizendo?" Perguntou Limiekli.
     "Não, é uma linguagem estranha para mim."
     Magnus concentra-se olhando para a criatura e revela.
     "Eu sinto o mal neste ser, mas é um mal semelhante aos dos goblinóides, é como se já fosse da natureza deles. Kariel, você não pode invocar um encanto que o faça entender a linguagem do monstro?"
     "Infelizmente não posso fazer isso agora, meu amigo."
     "Então eu concederei uma morte rápida e indolor." Disse Magnus atravessando sua espada no cérebro do homem-besouro maior. Mas Arthos não foi tão clemente, despertou do encanto que a criatura lhe causara e furioso com a humilhação, partiu a toda velocidade para o monstro menor que jazia ferido no chão, pegou sua Lâmina das Rosas e o esquartejou.

     Sirius também conseguiu recobrar a consciência, depois perguntou:
     "O que aconteceu? Eu estava lutando com alguém mas não reparei quem era."
     "Você estava lutando comigo. O que aconteceu com você?" Indagou o elfo Mikhail.
     "É verdade? Me desculpe amigo, eu não pretendia .."
     "Não é necessário, parece que o monstro afetou a mente de alguns."

     A Comitiva havia se ferido bastante e tratou de se recuperar. Mikhail conjurou alguns dos seus encantos sobre os aventureiros, principalmente sobre o ranger Limiekli. Arthos, que não estava muito debilitado, resolveu percorrer o buraco na parede. Andou pelo corredor escavado na rocha e encontrou a toca dos seres-besouro, que exalava um fétido odor de morte. Lá o elfo ruivo encontrou algumas peles de leopardo e para sua surpresa uma grande quantidade considerável de moedas de platina em meio aos restos mortais das presas. Deixou a toca e seguiu pelo corredor de pedra que descia. Chegou por fim ao fundo da fenda que havia no salão onde estavam. Nada havendo para explorar, retornou e juntou-se aos seus companheiros, que preparavam-se para dormir. Limiekli, sentado próximo a Magnus e Kariel, parecia impressionado.

     "Nunca combati tantas criaturas perigosas em tão pouco tempo." Comentou o ranger.
     "Meu caro, o que passamos até agora não se compara aos desafios que já enfrentamos." Disse o paladino.
     "Vocês só podem estar de brincadeira. Quer dizer que enfrentar estas coisas é coisa normal para vocês?"
     Kariel, que escrevia algumas páginas de seu diário, perguntou:
     "Sabe ler élfico, Limiekli?"
     "Não."
     "É uma pena. Se soubesse lhe emprestaria meu diário e você leria coisas que o deixariam ainda mais impressionado."

     A conversa terminou e todos estavam deitados, a exceção de Kariel, que continou a escrever, e do irrequieto Arthos, que aproximou-se do amigo.
     "Kariel...será que você pode me tornar invisível? Gostaria de fazer uma exploração para ver se esta caverna tem alguma saída."
     "Está bem, mas tenha cuidado: 'Invisibilitis reddere'", pronunciou Kariel, fazendo Arthos desaparecer. O elfo 'sem noção' andou pelos corredores escuros por algum tempo, mas nada encontrou e retornou para dormir.

Uma Antiga Cidade dos Anões

     Durante o sono, alguns membros do grupo escutaram uma voz que ecoou em suas mentes:      "O ritual precisa ser cumprido. Ajudem-me.". Ao acordarem, eles comentaram sobre o assunto. Sirius então confirmara tal mistério, não poderia ser coincidência que vários deles tivessem sonhado com a mesma coisa. Decidiram prosseguir nos confins daquelas cavernas. Limiekli decidiu levar parte da couraça dos homens-besouro. Alegou que algum curtidor bastante experiente poderia fazer uma excelente armadura. Continuaram a caminhada, que parecia nunca terminar. O ar estava cada vez mais escasso, quando passava por suas cabeças a possibilidade de voltar, surgiu uma saída, ou melhor, uma passagem.

     Tratava-se de um vão dando para uma sala. Eles entraram e sentiram um alívio, pois estavam num piso batido e podiam andar com mais tranqüilidade. Sirius direcionou a luz da lanterna para o ambiente e descobriram que estavam numa espécie de sala. Kariel, pela suas experiências com a Comitiva da Fé, logo percebeu que era uma construção feita por anões. Dali havia outra saída, avançaram sobre o pórtico e entraram num amplo salão. Sob a luz das lanternas e de Goliath puderam ver bancos de pedra, colocados em duas filas, em uma arrumação semelhante à de um templo. Eles seguiram pelo centro e aproximam-se do altar. Atrás havia uma grande estátua, que Kariel identificou para os demais como sendo de Clangeddin Barba de Prata, deus anão. Depois perceberam um trono à frente. Para espanto de todos alguém sentava-se sobre ele. Sua constituição etérea e a leve luminosidade que emanava não deixou dúvidas de que tratava-se de um fantasma de um anão.

     Um anão velho com uma grande barba, estava sentado, olhava para eles e não piscava. A Comitiva se aproximou e o fantasma não esboçou nenhuma reação. Após alguns instantes ele levantou-se e caminhou pelo altar. Sua face era muita abatida, como se um sofrimento eterno corroesse sua alma, depois quebrou o silêncio.
     "Oh, Moradin. Minhas preces foram ouvidas. Por favor o ritual tem que ser completado, tem que ser completado." Sua voz parecia vir do além e estremecia os ossos dos aventureiros. Limiekli estava chocado, nunca vira algo assim.
     "Como podemos ajudá-lo senhor?" Perguntou o elfo Mikhail Velian um pouco pasmo.
     "Obrigado por virem aqui. Sou Bhury Rocha Suprema e vocês estão em Santuário de Moradin, uma cidade dos anões outrora povoada pelo clã Woroughin. Este lugar existe há séculos. Vivíamos em grande harmonia e paz sob a benção de Moradin e Clangeddin Barba de Prata. Nosso líder era Voltan, ele governava muito bem, porém Vazegard, que sentia muita inveja de seu comando e criou um culto secreto de Abbathor, o maligno. O culto cresceu e Vazegard se tornou muito poderoso. Ele manipulou sua seita para começar uma revolução e então surgiu uma guerra sangrenta. Em meio a ela, Vazegard, que possuía um grande conhecimento em maldições, rogou uma sobre Santuário de Moradin: invocou um demônio de imenso poder que fica dentro do templo de Moradin, um lorde de Baator chamado Jhystermarex. O diabo convocou outros de Baator, os Nove Infernos, mas consegui contê-lo, realizando um contra-feitiço que impediu de Jhystermarex convocar mais demônios. Por isso, Vazegard rogou outra maldição, me prendendo aqui no templo de Clangeddin, de onde não posso sair até que esta maldição seja quebrada. Isso aconteceu a quase três séculos. Moradin permitiu que eu voltasse da morte para tentar acabar com este tormento. Além de mim, só Vazegard, que hoje existe como um morto-vivo, e os demônios de Jhystermarex habitam este lugar. Por favor nobres heróis, vocês podem ajudar a mim e a meu povo?"

     "Certamente Bhury, o que podemos fazer então para ajudá-lo?" Respondeu Kariel pela Comitiva.
     "Vocês devem primeiro ir à Mesa Suprema, e encontrar Vazegard para quebrar a primeira maldição. Este era um lugar onde nosso povo se reunia para julgar e administrar nossa cidade. Vazegard se encontra lá hoje em dia, ele sempre quis sentar no trono de Voltan. Para quebrar o feitiço vocês devem fazer Vazegard dizer meu nome, e então pegarão esta pedra que estou dando a vocês e quebrarão para que eu possa estar em sua presença. Depois temos que quebrar a última maldição: é preciso adentrar o templo de Moradin, onde está Jhystermarex. Lá estão os Obeliscos da Natureza Mágica. Se eles forem reenergizados, poderão espantar todos os males de Santuário de Moradin. Eles representam a Criação, o dom Divinatório, a Necromancia, a Conjuração, o Feitiço e as forças Astrais. Basta que conjuremos encantamentos referentes à natureza mágica de cada obelisco e o processo se iniciará."

     "Mortos-vivos, demônios... como enfrentaremos tais seres?" Perguntou Limiekli.
     "Não se aflija, concederei um armamento adequado."

     "Iremos ajudá-lo, senhor, porém peço-lhe licença para perguntar-lhe algo sobre nosso objetivo. Viemos a esta torre em busca de alguma pista sobre uma bruxa chamada Gothyl. Ela pode estar por trás de estranhos desaparecimentos no Vale da Adaga. Sabe algo sobre ela?"
     "Desconheço tal criatura, mas prometo fazer o possível para ajudá-los quando completarem o ritual."
     "Poderia falar-nos mais sobre este complexo?"
     "Além daquele portão está o nosso cemitério, segue-se a ele a Morada dos Anões, as minas, o lago, a grande forja, a Mesa Suprema e por fim o grande templo de Moradin. Agora venham comigo."

     O fantasma de Bhury Rocha Suprema foi até um ponto atrás da estátua de Clangeddin, onde havia um baú, que foi aberto, revelando diversas armas de prata, que foram escolhidas pelos membros da Comitiva. Após um breve descanso, eles adentraram o portão, em direção ao Cemitério.

Apenas o Primeiro Desafio

     Chegando na grande câmara, era repleta de túmulos. O ambiente sinistro e as névoas que recobrem o lugar deixaram os membros da Comitiva apreensivos. Queriam logo atravessar a câmara e deixar este local o quanto antes. Porém quando seguiram, lentamente viram surgir à frente a silhueta de um demônio, três metros de altura, pele vermelha coberta de espinhos e grandes chifres negros.

     "Ora, visitantes. Finalmente, é muito bom ver alguém atravessar este cemitério. O que querem aqui?" Perguntou a besta.
     "Queremos apenas passar." Respondeu Arthos.
     "Se tentar nos impedir vai conhecer o fio da Chama do Norte." Ameaçou Magnus.
     "Ah! Vocês querem prosseguir. Acham que conseguirão chegar até Jhystermarex? Bobagem, não passarão por H'Toph de Baator." Disse o demônio com um ar de superioridade.
     "Você acha que conseguirá nos deter?" Duvidou Fogo Negro.
     "Convido vocês a tentarem então."

     Por alguns momentos H'Toph, que não atacou, ficou esperando tranqüilamente por alguma reação da Comitiva. O grupo, no entanto, hesitou, diante de tanta fleuma por parte do diabo, eles tinham receio de que ele estivesse os levando a alguma espécie de armadilha. Portanto, dali mesmo onde estava, Kariel lançou esferas de energia apenas como um teste, pois ainda nutria grande ódio por demônios, as criaturas que ceifaram a vida de seu tio Elder e de seu amigo Feargal. Contudo, as esferas foram defendidas, facilmente pela criatura, que precisou apenas erguer a palma de sua mão direita. Em seguida, H'Toph apontara suas mãos para o grupo. Naquele momento, suas asas de fogo se revelaram e dele partiu um poderoso relâmpago, que atingiu em cheio Mikhail Velian, Magnus de Helm e Arthos Fogo Negro. O sacerdote de Mystra foi arremessado a uma grande distância, ferindo-se bastante. Arthos sofreu um pouco das ramas do relâmpago mas sua Lâmina das Rosas o defendeu parcialmente. No paladino aconteceu diferente, ele absorveu o raio com sua bendita Chama do Norte.

     Aquela era a hora. Arthos e Magnus partiram para cima do diabo. Das sombras surgiram mais dois demônios, à semelhança de H'Toph, porém pequenos e cinzentos. Kariel lançou sobre si outro encanto, e cresceu de tamanho. Aproximou-se para golpear a besta, mas algo lhe aconteceu. Uma sensação incontrolável de terror invadiu sua mente e ele perdeu a razão, afastando-se do combate e pondo-se a correr pela necrópole anã. Mikhail levantou-se e partiu para combater um dos demônios recém chegados, Limiekli e Sirius fizeram o mesmo com o outro. H'Toph, impiedosamente atirou seu chicote repleto de farpas e atingiu Fogo Negro com bastante violência, mas Magnus chegou a tempo e abriu a primeira ferida na criatura. Arthos, que não é de apanhar sem revidar, devolveu-lhe a pancada estocando sua espada nas costelas dele ouvindo seu urro de dor. H'Toph era muito forte e distribuiu chicotadas por todo o corpo dos dois heróis deixando-os mazelados. Limiekli viu-se em apuros, já combatera em guerras antes, mas nelas lutou contra humanóides da superfície, nunca alguém vindo dos Nove Infernos, porém no ardor da batalha ele foi se esquecendo disso e pôs sua habilidade a funcionar, trocou golpes poderosos contra o outro demônio cinzento auxiliado por Sirius que atirou algumas flechas junto com Bingo. Infelizmente eles não sabiam, mas os projéteis não feriam o demônio. O ranger, mesmo sendo atingido algumas vezes abriu a cabeça do monstro com seu machado, vira naquele momento pela primeira vez a cor dos miolos de um baatezu. Mikhail, com muita coragem, conseguiu conter as investidas selvagens do demônio cinzento, apesar do elfo ser maior em altura, o ser de Baator mostrou toda sua fúria atirando espinhos flamejantes saídos de sua cauda, mas felizmente não foi suficiente para abalar a fé do elfo da Deusa da Magia que com sua maça golpeava o monstro. Porém quem o aniquilou foi o ranger Limiekli, que também tinha acabado com o outro demônio. H'Toph havia subestimado os heróis, estava ele muito ferido, pôs-se a voar, Arthos deu um salto tentando alcançá-lo, mas não conseguiu. O paladino arriscou um arremesso de sua espada no demônio. Obteve êxito, a Chama do Norte entrou-lhe no peito fazendo H'Toph cair sem vida. Fogo Negro, para não deixar dúvidas, retalhou o corpo do baatezu.

     Momentos depois, Kariel se recuperara do pânico. Seu conhecimento sobre a magia o fez perceber que isso era fruto da natureza maligna do demônio. Explicou seu comportamento estranho aos seus companheiros, contando que fora vítima de um sortilégio do monstro para afastá-lo do combate. Mikhail, com os treinamentos concedidos por Terrapin Treeworm, iniciou seu processo de cura nos companheiros que sangravam bastante. Ficaram espantados com o perigo que haviam enfrentado, ainda mais que era apenas o primeiro deles. Muito mais haveria por vir, mas agora a Comitiva precisava descansar.


Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

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