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Amargas Lembranças

Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira,
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira



Personagens da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; ; Siegel O'Blound (Limiekli); Sirius Lusbel. Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo.


Amargas Lembranças
     

     Barganhas Recusadas

     A batalha contra o demônio H'Toph terminou, e a Comitiva, refeita pelos encantos curativos de Mikhail e Magnus volta para o santuário de Clangeddin Barba de Prata, local seguro e protegido e do mal pelo próprio Pai dos Anões, o deus Moradin, para descansar. Todos preparam-se para dormir, a exceção de Kariel, que geralmente passava as noites revisando suas magias ou escrevendo suas impressões em seu diário de viagem. O elfo mago sentava-se ao lado do ranger Limiekli e do halfling Bingo. O humano, mais perto, expirou fortemente e emitiu um comentário:

     "Sabe...de onde vim lutei contra muitos homens. Mas todos eram de carne e sangue. Nunca combati demônios e criaturas como as que vi aqui acompanhando vocês."
     "Porém se saiu, muito bem, Limiekli. Foi você que deu o golpe de misericórdia na maioria dos inimigos que enfrentamos. Porém, perdoe-me a curiosidade, mas de onde você veio?", quis saber Kariel.
     Limiekli olhou para o lado e viu que Bingo estava distraído. Chegou mais perto e respondeu
     "Acho que posso falar com você. Vim de Forte Zenthil."
     "Forte Zenthil!", exclamou Kariel surpreso, "Aquele lugar é de grande mal. Passei alguns anos de minha vida servindo ao exército zenthilar, durante a inquisição de Lovering contra os elfos do Mar da Lua. Eram tempos sombrios e eu era conhecido como 'O Elfo de Coração Negro'. Felizmente deixei aquele lugar depois que o conflito terminou, antes que algo acontecesse a meu corpo ou minha alma.
     "Eu ouvi falar de você naquela época. Deixei a cidade exatamente pelo mal que nela existe. Minha cabeça está a prêmio no Forte Zenthil."
     "Irá revelar isto aos demais, Limiekli?"
     "Não, Kariel. Deixe-os saber no momento oportuno."

     Bingo voltou-se para os dois:

     "Vocês não vão dormir? Esse aí já sei que nunca dorme. E você?", perguntou o pequeno para Limiekli.
     "É verdade...você nunca dorme, Kariel?", quis saber Limiekli.
     "Somente de vez em quando. A deusa Mystra me concedeu tal dádiva. Agora durmam. Ficarei aqui escrevendo um pouco sobre o dia de hoje."

     A Comitiva dormiu. Oito horas depois levantaram-se. Mikhail, notando que a comida que trouxeram começou a escassear, rogou a Mystra e ela o concedeu um milagre, fez surgir do nada um suntuoso banquete, que saciou a fome dos aventureiros e a gula do comilão Bingo, que mesmo na hora da partida para a continuação da missão, foi mastigando e de bochechas estufadas de comida.

     Os heróis percorreram o caminho de volta, passaram pelo cemitério onde enfrentaram H'Toph e seguiram em frente. Seu próximo destino foi a Morada dos Anões. Atravessam um enorme corredor e chegaram em um gigantesco salão, onde podiam ser vistas ao lado do caminho as pequenas casas dos antigos habitantes de Santuário de Moradin. O caminho prosseguiu como se fosse uma rua. Andaram e, a medida que a escuridão foi afastada lentamente pela luz das lanternas, pôde-se ver uma praça e no meio dela uma arena. Lá havia um homem, naturalmente sentado, como se estivesse no local mais comum de Faerûn. Ele voltou o olhar na direção da Comitiva.

     "Saudações. Chamo-me X'Zurpazin. Sou habitante deste local. Era aqui que antigamente os anões testavam a força de suas armas."
     "De onde você veio? Este lugar está abandonado há séculos!", perguntou Arthos Fogo Negro.
     "Vim de longe. O que querem aqui?"
     "Queremos passar. Devemos chegar ao local chamado Mesa Suprema.", respondeu Kariel.
     "Mas não vão conseguir ir adiante sem a minha permissão.", ele olha para Bingo e continua, "Eu poderia trocá-la por um lacaio, um escravo. Este pequeno pode servir."

     "Eu tenho uma idéia melhor, eu poderia quebrar seu pescoço." Ameaçou Magnus em represália a oferta de X'Zurpazin.
     "Não cederemos ninguém como escravo para você." Completou Fogo Negro.
     "Humm....", X'Zurpazin olha para Kariel e Arthos. "Vocês tem belas espadas mágicas. Dou minha permissão em troca delas."
     "Não cederei meu sabre para você de maneira alguma.", disse Arthos.
     "Esta espada é da minha família e o único modo de tê-la será me matando.", completou Kariel.
     "Bem...Vocês são difíceis de negociar. Minha última oferta. Deixo partirem se dois de vocês lutarem entre si até a morte nesta arena."
     "Pessoal, vamos seguir em frente, esse idiota está nos fazendo perder tempo." Opinou Sirius já impaciente.
     "Ninguém irá lutar, vamos prosseguir.", disse Mikhail, prontamente acompanhado de seus companheiros, que deram as costas para o homem e partiram em frente no corredor que continuava.

     Andaram e após alguns minutos viram a frente uma outra praça, e uma outra arena. Mas na verdade não era um lugar diferente. Retornaram de alguma forma ao mesmo local e lá estava o homem, que olhava mais uma vez para eles. X'Zurpazin os encarou e disse:

     "Disse que não havia como sair sem a minha permissão. Vocês não quiseram aceitar minhas generosas ofertas, agora pagarão com suas vidas."

     O homem cresceu, sua aparência se transformou. Surgiram chifres e uma pele verde-amarelada, seu corpo tomou uma forma insectóide, e por fim apareceu uma tenebrosa lança em suas mãos, no final revelou-se mais um demônio de Baator. Outros dois demônios menores saíram das sombras avançando contra a Comitiva da Fé, eles eram semelhantes a aqueles que ajudaram H'Toph. O grupo então se preparou para mais um combate.

     O paladino e Arthos são os primeiros a investir contra o diabo. X'Zurpazin se moveu com uma velocidade assustadora atingindo aos dois com sua lança, suas presas e sua cauda. O elfo de cabelos escarlates, ao receber o golpe brutal da lança sentiu algo estranho, seu corpo parou de responder aos seus desejos, encontrou-se paralisado pela natureza vil da criatura. Magnus aproveitou e mutilou parte do que poderia se chamar de peito do demônio. Kariel, percebendo o perigo em que Arthos se encontrava, o arrastou para longe do combate.
     Um dos demônios menores disparou alguns espinhos em Mikhail, o sacerdote de Mystra, mas este não se intimidou e se colocou no combate dando um golpe com seu martelo. Sirius e Limiekli fizeram o mesmo, degladiaram-se com o outro diabo. Magnus se encontrava sozinho diante de X'Zurpazin, apesar de das injúrias que causadas pelo herói, o monstro levou vantagem castigando o paladino até que também foi paralisado pela lança mortal. Bingo que até então se protegia, ficou desesperado com a situação do seu grande amigo e correu até ele, golpeou inutilmente o grande demônio de Baator. Este, sem clemência, investiu suas poderosas garras no pequenino. Os outros, vendo esta cena, enfureceram-se e destrincharam os corpos dos demônios que estavam combatendo. Sirius e Limiekli partiram para cima de X'Zurpazin distribuindo vários golpes, enquanto isso Mikhail e Kariel tentaram arrastar o corpo do paladino, mas ele era muito pesado. Naquele momento Arthos recobrou-se e correu velozmente contra o demônio, no final ele, Sirius e Limiekli o esquartejaram.
     Magnus voltou ao normal assim como Arthos e viu Bingo bastante ferido. Aplicou-lhe a graça de Helm que fechou as feridas do pequeno e depois disse:
     "Bingo, da próxima vez deixe as feras mais poderosas para os outros."
     "Mas Magnus, você ia morrer nas garras daquele bicho."
     "Eu sei meu amigo, lhe agradeço, mas também devemos confiar em nossos companheiros. Portanto não morra em vão."
     O halfling calou-se entristecido com o fato de que o paladino poderia morrer lutando contra algum oponente implacável, e não seria a primeira vez que Magnus se sacrificaria pela Comitiva. Contudo, uma dúvida abateu-se sobre Bingo, até quando o paladino conseguiria sobreviver a estes sacrifícios?

Nêmesis Recupera Seus Bens

     A oeste de Faerûn, situava-se Iriaebor. O céu estava um pouco nublado, a chuva caiu brandamente, e num quatro de uma taverna local estavam o mago Garth e seu pupilo Eran. Eles estavam a caminho do Forte da Vela, e deram uma pequena parada na cidade para descansar. O mago, entretido com suas anotações numa pequena mesa, ouviu sons de uma voz por fora da taverna, parecia uma espécie de oração. Olhou pela janela para ver quem era, mas não viu ninguém. Então voltou-se para suas leituras, contudo assustou-se com o arrombamento da porta, que revelou a presença de três indivíduos. Um trajava uma bela armadura e apontava uma besta, outro vestia uma cota de malha e tinha o símbolo de Bane no peito, e o terceiro, também com armadura, mas com uma postura mais elegante, estava Nêmesis, pai do falecido Cyric. Ao ver Garth, deu um pequeno sorriso dizendo:

     "Deve saber porque estou aqui, não? Antes de mais nada, não tente fazer bobagens, o teletransporte não funcionará."
     "Err...na verdade não. Pensei que estivesse morto!", diz o estupefato Garth.
     "Muitos pensaram. Quero meus pertences de volta. Porém não tema, por a Comitiva ter aniquilado aquele meu filho bastardo, eu o pouparei desta vez."

     Nêmesis viu um baú ao lado de Garth e o fitou sentindo a presença do seu conteúdo. Aproximou-se, forçou a fechadura quebrando-a. De dentro tirou o cabo de uma espada sem lâmina e um elmo em forma de crânio.
     "Ah, que satisfação, já estava sentindo saudades." Disse ele com um estranho prazer como se aqueles itens fizessem parte de seu ser. E continuou dizendo:
     "Diga para aqueles tolos, principalmente aquele elfo de cabelos vermelhos, que, quando eles saírem debaixo das asas de Elminster, não irão conseguir escapar de mim e de meu mestre. Tem algo a me dizer antes de deixá-lo?"
     "Tenho. Estes pertences não são mais seus e eu vou tomá-los de volta. Ninguém rouba minhas coisas!"
     "Não seja estúpido, você não está posição de requisitar nada. E não se esqueça de dizer a seus amigos que da próxima vez que nos encontrarmos, não serei tão benevolente. E duelarei com aquele elfo sem sua interferência."
     "Eu digo o mesmo, estaremos preparados para você.", disse Garth, mais para não ficar por baixo, já que temia combater sozinho aquele inimigo.

     Em seguida, Nêmesis e seus comparsas deixaram a taverna e Garth suspirou profundamente enquanto pensava "Ufa...quase que hoje era o meu fim."

     "Mestre! E agora!?", perguntou assustado Eran.
     "Calma, calma, meu pupilo. São os reveses da vida. Ainda enfrentaremos este inimigo em condições mais adequadas. Ainda bem que ele não levou meus pergaminhos e itens. Tive muito trabalho para recuperá-los."

Marcas do Passado

     Nas profundezas sob o solo da Floresta das Aranhas, no antigo reino anão de Santuário de Moradin, a Comitiva prosseguiu o seu caminho. As chagas abertas por X'Zurpazin foram fechadas pela graça de Mikhail concedidas por Mystra, dessa forma foi possível o andamento da jornada. Metade de uma hora se passou até que o grupo saiu de um túnel e chegou a outro grande salão, tratava-se das minas. Percorreram eles o lugar onde os anões faziam a mineração, uma de suas principais atividades. Foi possível ver alguns pequenos túneis abertos por eles que jaziam ali por poucos séculos. A Comitiva andou calada em direção a outro túnel que segundo o sacerdote de Mystra ia parar num lago. Prosseguiram calados, Bingo e Sirius levavam as lanternas que iluminavam alguns metros à frente, porém algo aconteceu ...

Kariel...

     Kariel seguiu em frente, empunhando sua espada que tinha a capacidade de emanar uma luminosidade mágica. De repente, o elfo de cabelos azuis olhou para os lados e não viu seus amigos, nem a caverna. Parecia estar agora em uma floresta.

     "Que espécie de ilusão é esta? Arthos! Mikhail!?" Kariel chamou pelos companheiros, mas não obteve resposta. A frente uma linda voz feminina chamou a sua atenção.
     "Esta perdido, elfo?", perguntou uma mulher belíssima, alada como um anjo.
     "Estava em uma caverna...onde estou? Quem é você? Onde estão meus amigos?"
     "Meu nome é Arísia. Não se preocupe com seus amigos pois eles estão bem. Mas você parece ter um problema..."
     "Que problema?"
     "Conhece aquela pessoa?"

     Arísia apontou e adiante pode se ver um rio e em sua margem uma mulher de longos cabelos negros observava o fluxo das águas.

     "Ênia? O que ela faz aqui?", espantou-se o elfo ao ver sua antiga companheira humana, cujos caminhos do destino separaram suas vidas e corações.
     "Ela está triste, Kariel. Ela lamenta por você tê-la deixado." Disse Arísia.
     "Mas...eu não a deixei. Não fui o culpado!"
     "Não? Então quem foi?"
     "Não há culpados. Só não era nosso destino estarmos unidos para sempre."
      "Será que ela pensa assim? Fale com ela."

     A visão de Ênia afastou qualquer desconfiança de Kariel e ele aproximou-se da mulher, que em seu âmago ainda amava, apesar da separação. Um homem surgiu próximo de Ênia.

     "Quem é este homem?", perguntou Kariel a Arísia.
     "Pensou que Ênia ficaria para sempre sozinha depois de tê-la deixado?"
     "Se isto for verdade, fará meu coração sofrer, mas não é meu desejo vê-la sozinha e triste. Apenas quero que ela seja feliz."
     "Kariel!!" Naquele momento, como se rompido uma barreira que separava o elfo da humana, ela o vê, "O que faz aqui?"

     O homem próximo a Ênia se manifestou.

     "Quem é este elfo?"
     "Este é Kariel", responde Ênia.
     "Ênia, você está bem? Está feliz?"

     Em resposta a sua questão o elfo apenas obteve um triste olhar. Arísia a tudo assistiu, aparentemente satisfeita e em um movimento de suas mãos aquele cenário se modificou. A paisagem mudou para uma guerra. Em uma planície, repleta de corpos de humanos e elfos, Kariel, do alto de seu cavalo e vestindo uma armadura negra combatia, em meio a multidão de guerreiros, um dos humanos inquisidores, que promoveram o extermínio de elfos nas regiões próximas ao Mar da Lua em uma cruzada religiosa, a cerca de dez anos atrás. A cena, foi assistida por Arísia e Kariel, hoje Escolhido de Mystra.

     "Esta é uma das cenas de seu passado, Kariel. Você lutou ao lado daqueles que são hoje seus inimigos, foi brutal e terrível e ceifou muitas vidas. Vê o homem com quem luta? Ele tinha três filhos e uma esposa. Você condenou os garotos ao sofrimento e a esposa a uma infeliz viuvez. Não se envergonha?", disse Arísia.
     "Em parte sim, mas sei que na época tomei a decisão certa. A guerra é o pior episódio que pode ocorrer entre todas as culturas e lamento ter matado, mas lutei por meu povo. Vi cenas terríveis contra os elfos: crianças chacinadas por soldados, fanáticos religiosos que pregavam que éramos demônios e exibiam colares feitos com nossas orelhas."
     "Você era impiedoso contra seus inimigos. Chegou a ser instruído pelo próprio Lorde Orgauth, do Zentharim..."
     "Aprendi o que era necessário naquele momento... mas o elfo que você mostrou não é mais o mesmo que está diante de você. Não resta nada do Kariel, 'O Elfo de Coração Negro', como chamavam-me na época."
     "Será que 'O Elfo de Coração Negro' não era o verdadeiro Kariel? Você hoje é um Escolhido de Mystra. Já pensou se todos ficaram contentes por você ter conseguido esta dádiva? Arthos não pareceu muito feliz..."
     "Na época, não foi minha escolha, mas sim de toda Comitiva... Mas... porque todas estas questões? Porque me atormenta com estas visões, criatura?"

     Arísia nada disse. Apenas sorriu. E o ambiente em volta de Kariel foi aos poucos desaparecendo...

Arthos...

     Arthos andava pelo túnel junto com o grupo, quando tudo escureceu e não enxergava mais seus companheiros. Procurou de um lado e de outro, sacou seu sabre e percebeu estar em uma floresta.

     "Que maldito encanto é esse?" Arthos reconheceu o lugar após alguns instantes. É a mesma floresta onde declarara seu amor por sua Diana. "Quem me trouxe aqui? Mostre-se!"
     "Não precisa gritar!", falou uma voz de cima das árvores. Uma belíssima mulher alada se mostrou.
     "Onde estão meus amigos? Quem é você?"
     "Meu nome é Arísia e não se preocupe com seus amigos. Eles estão bem. Confie em mim, Arthos."
     "Não posso confiar em alguém que me retira de onde estou e me traz para cá sem me perguntar. O que quer de mim?"
     "Eu, nada. Mas talvez ela queira.", Arísia com a cabeça indicou uma direção e Arthos viu sua amada Diana.
     "Não pode ser! Como?"
     "Trazê-la de volta está dentro de minhas capacidades, elfo."
     "Não pode ser! Kelemvor não permitiria."
     "Isto é uma visão do paraíso, Arthos. Talvez deseje falar com Diana."

     Arthos aproximou-se e naquele instante, Diana o olhou com surpresa.

     "Arthos?! Você está morto?"
     "Claro que não... alguma coisa está errada..."
     "Então como está aqui no além vida? Infelizmente, Arthos, você não chegou em um bom momento..."
     Naquele instante, deixou um recanto entre as árvores próximas, o anão Feldin Braço Forte, que também amava Diana, mas que provocou sua morte.
     "Arthos.", disse Diana de mão dadas com o anão. "Você tem que perdoar Feldin."
     "Este anão não deveria estar aqui e sim no Abismo.", falou o elfo com raiva.
     "Não fale assim de Feldin. Ele é uma pessoa maravilhosa. Aquilo foi um acidente.", protestou Diana.
     "Maravilhoso sou eu. Ele é um lixo! Um verme!", bradou Fogo Negro.
     "Arthos...me desculpe.", disse Feldin. "Não sabia da verdade sobre Diana...não me contaram!"
     "Diana.", falou Arthos. "Lembra-se do que me disse da última vez. Disse que me amaria eternamente."
     "Mas você não é o mesmo, Arthos. Seu coração está cheio de ódio. Sinto muito. E você também não fez nada contra Mor'Ha'Dur.
     "Diana nunca me pediria para confrontar Mor'ha'Dur. Você não pode ser a verdadeira Diana."

     Arthos virou-se para Arísia, furioso.

     "Porque trouxe-me para cá? Isto não é um problema seu! Você não é um anjo e sim um demônio. Me tire daqui agora!"
     "Não me insulte, Arthos! Veja sua Diana pela última vez."

     Arthos viu Diana beijar a cabeça de Feldin, pouco antes de tudo desaparecer de suas vistas...

Limiekli...

     Limiekli, o ranger, caminhou no salão do lago em direção a um corredor à frente, iluminado pelas tochas levadas por alguns de seus companheiros. Repentinamente, houve uma escuridão.
     "Bingo! Você deixou apagar a tocha?", perguntou, Limiekli sem resposta.

     Sons metálicos lentamente começaram a serem ouvidos, eles foram aumentando e com eles novos sons surgiram. Gritos de dor e desespero. Limiekli retirou seu machado. A escuridão começou a desaparecer e um novo cenário surgiu. Uma guerra feroz, lutas entre exércitos, dragões arremetendo do céus e expelindo suas chamas contra os soldados. Limiekli sabe onde está, participou desta batalha e lutou no lado do Forte Zenthil naquela ocasião contra Cormyr. Percebe uma linda mulher alada na multidão em batalha. Ela veio calmamente em sua direção e quando parecia que seria alvo de um golpe de alabarda, este passou através de seu corpo. Limiekli percebeu que todos eram indiferentes a ele naquela cena, exceto aquela angelical aparição.

     "Que sortilégio é esse?"
     "É uma cena de seu passado."
     "Quem é você? O que fez com meus amigos? "
     "Arísia. Eles passam bem, ao contrário de você, talvez..."

     Naquele momento, um dos soldados da batalha, que carregava um escudo com o brasão de Cormyr avançou sobre Limiekli, que com o reflexo de seus instintos de guerreiro, esquivou-se e usou seu machado, golpeando pesadamente, incapacitando o adversário.

     "Deve estar contente, está novamente matando soldados cormryanos. Lembra-se de quantos matou, seguindo o exército dos Zhents, inspirado pela mão de Bane?"
     "Seguia ordens naquela época. Hoje sigo apenas minha própria consciência."
     "Hoje você é um traidor. Não se envergonha. Deixou seu povo e aliou-se aos Vales, inimigos de Forte Zenthil. É um desertor que fugiu para viver na floresta."
      "Meça suas palavras, criatura."
     "Também é um mentiroso! Esconde sua identidade atrás de um nome falso. Que triste é a sua história, Limiekli!"
     "Sua bruxa! Demônio! Volte para o Abismo de onde veio."

     Arísia apenas sorriu e tudo escureceu novamente ...

Mikhail ...

     Mikhail, o clérigo de Mystra, caminhava junto aos seus companheiros, quando uma súbita escuridão o tomou de assalto. Chamou pelos seus amigos, mas em vão. A frente uma luz forte parecia indicar uma saída. Mikhail prosseguiu e de repente viu-se em uma clareira em meio a uma floresta. Teve uma surpreendente visão: uma bela mulher alada vem em sua direção.
     "Quem é você?", perguntou ele.
     "Arísia. Você é Mikhail, suponho."
     "Como sabe?"
     "Tenho meus métodos."
     "Para saber disso sem que eu o dissesse, não devem ser bons métodos."
     "O que é o Bem e o Mal? São coisas relativas. Porém mesmo você pode ter feito um grande mal a uma pessoa que amava."

     Uma cena surgiu diante dos olhos de Mikhail e ele viu Raven, a guerreira pela qual se apaixonou anos atrás, em sua frente.

     "Raven!", exclama Mikhail.
     "Mikhail!", responde Raven, "Você dizia que me amava, mas não lutou por mim, e me uni a Singdriad. Por causa disto, traí o grupo e caí em desgraça.", disse Raven com os olhos marejados.
     "Não foi assim. Você foi livre para fazer suas próprias escolhas.", retrucou Mikhail.

     A cena mudou novamente e o angustiado elfo clérigo de Mystra se viu numa catedral dedicada a sua deusa e viu seu antigo mestre, um mago e sacerdote, que orava no altar-mor. Arísia estava ao seu lado.

     "Eis outro que você abandonou: seu mestre, Treeworm Terrapin."
     "Eu não o abandonei. Apenas não estava lá na ocasião. Não tinha como saber o que aconteceria..."

     Em seguida, na catedral surgiu um goblin que se aproximou de Treeworm, desferindo uma punhalada fatal.

     "Mestre!", grita Mikhail.
     "Não adianta mais, Mikhail. Ele está morto. Você abandona todos que ama. Talvez o único com quem seja leal é o seu cavalo, Burgos. Até um dia, abandoná-lo, quem sabe..."
     "Burgos é meu melhor amigo. Não irei abandoná-lo. Deixe-me em paz, criatura."

     Arísia, sorrindo, gesticulou. Para Mikhail tudo desapareceu repentinamente ...

Magnus ...

     Magnus, paladino de Helm, andava ao lado de Bingo, que carregava uma tocha. De repente, tudo escureceu. Em um piscar de olhos, o corredor rochoso desapareceu. Estava em uma mansão. Reconhecia o lugar. Era a residência do perverso mago Celerum.

     "Que sortilégio é esse? Celerum? Você está vivo?"
     "Não, Magnus.", disse uma mulher alada, de belas formas. "Você o matou. Não se lembra?"
     "Quem é você?"
     "Arísia, mas isto pouco importa. O que importa é que você matou um homem, Magnus, cuja a única ambição era fugir da morte, conseguindo a vida eterna pela magia. Nada mais que isto."
     "Sua bruxa ordinária! Ele queria a vida eterna a custa da de outros!"
     "Na sua fúria, quase prejudicou Laurin de Waukeen, que tanto ajudou a Comitiva nas profundezas do Abismo, resgatando com vocês a esposa de Villayette, seu companheiro. Por sinal, você o deixou ir em missão de morte ao Abismo. Não o acompanhou e ele morreu por isto."
     "Ele não deixou-me ir! E Feargal estava com ele."
     "Não insistiu o suficiente em ir com ele, não é mesmo?. E Fergal, ele está morto. Kariel escapou por sorte. Talvez se estivesse lá todos viveriam. Parece que os únicos que protege são seus amigos halflings. Quem serão os próximos a serem abandonados? Arthos, Sirius, Limiekli?"
     "Jamais os abandonarei. Aquilo não foi escolha minha."
     "Também não foi escolha sua tomar e atear fogo aos pertences de Laurin?"
     "Fiz para destruir o livro, a fórmula do lich!"
     "Não tinha como saber se a fórmula era necromântica, ou uma simples fórmula. No entanto foi arbitrário e grosseiro contra quem nada lhe fez."
     "Ora, bruxa! Afaste-se com suas mentiras!", Magnus tentou empurrar Arísia, mas ela desapareceu, assim como todo o cenário ...

Sirius ...

     Com sua lanterna na mão, Sirius seguia pelo túnel com seus companheiros. Como de costume, estava atento a quaisquer ameaças que surgissem. Porém, inexplicavelmente, as luzes sucumbiram, pensou ele ter cessado o óleo de sua lanterna, mas lembrou-se que Bingo e Kariel também estavam iluminando o caminho. Portanto esperou por alguma artimanha demoníaca.

      No intervalo do piscar de seus olhos o cenário se alterou, a escuridão completa deu lugar a uma estrada que corta uma floresta. De longe viu quatro pessoas, elas discutiam algo, e depois um deles disparou um encantamento de esferas de energia em alguém que vinha cavalgando pela estrada em sentido contrário. O golpe fora duro e a pessoa caiu de sua montaria e fatidicamente quebrou o pescoço na queda deixando os quatros indivíduos perplexos. Sirius os reconhece, são o elfo Elder Villayette, a druida Adsartha, o elfo Axel Fogo Negro e ele, próprio Sirius.

     "Mas que Myrkuls é isso? Como é que eu vim parar aqui?" Espantou-se Sirius olhando para ele mesmo à distância. Naquele momento se lembrou daquele fato do passado, pois viu seu aspecto diferente da época.
     "Myrkul nada tem haver com isso Sirius. Você se lembra deste dia?" Disse uma figura que irradiava uma beleza única, esta que poderia fascinar qualquer homem. Era uma mulher com asas angelicais e um corpo esplendoroso.
     "Quem é você? Você é responsável por isso?"
     "Não, você foi responsável. Foi cúmplice do assassinato cometido por seu colega Axel Fogo Negro. Ele matou um inocente."
     "Não sabíamos que ele era inocente, estávamos atrás do homem que iria matar o Lorde Mourgrym."
     "Isso não importa, está feito, vocês mataram um homem de bem. Olhe." Disse ela apontando para um cena que se fez na presença deles. Era aquele mesmo homem que fora morto saindo de sua casa, ele se despedia de sua esposa e filhos prometendo que voltaria em breve.
     "Nós não tínhamos como fazer nada, além disso foi imprudência de Axel."
     "Será que você poderia dizer a mesma coisa a Belga, seu companheiro anão? Ele pediu várias vezes que o ajudasse a libertar seu povo de um mago nefasto. Se o tivesse feito no ato, pouparia a vida de alguns do povo dele que pereceram por causa de sua demora."
     "Eu não tenho como evitar a morte de todas as pessoas que fazem parte da minha vida."      Defendeu-se Sirius.
     "Mas parece que Vangendaharst não pensa assim, pois nem Albriun, a espada encantada do rei Azoun queria ser empunhada por suas mãos depois do assassinato do inocente."
"Por mim eu quero que Vangendaharst e todas as armas encantadas se danem. Fiz o que poderia fazer e pronto." Respondeu ele exaltado.

     "Pois bem, enquanto isso mais sofrerão com sua displicência." E tudo apagou-se novamente ...

A Batalha contra Arísia

     Após alguns instante de visões provocadas por Arísia, a Comitiva estava novamente junta. A bela mulher alada se encontrava na frente deles e atrás dela um pequeno lago se localizava. Junto com ela estavam dois demônios menores de cor acinzentada e dois mortos-vivos. Vendo-os, disse sorrindo:
     "Ah, como vocês são patéticos e hipócritas. Acham que destruir alguns demônios os tornam grandes heróis e exemplos de caráter. Vocês serão punidos agora por todos os erros que cometeram. Minhas crianças! Ataquem eles!"

     Adiantando-se aos demais, o clérigo Mikhail fez uma prece a Mystra e pulverizou os mortos-vivos com sua fé. Arthos junto com Magnus partiram para cima de Arísia que usava apenas um pequena espada. Sirius preparou seu arco para dar cobertura, enquanto Limiekli já estava em combate com um dos demônios menores. O Dileto de Mystra conjurou um feitiço para ficar maior e foi em direção ao outro demônio menor.
     Ao chegar perto de Arísia, Magnus e Arthos distribuíram golpes com bastante fúria, porém, para a infelicidade de ambos, Arísia nada sentia, pois as lâminas não cortavam sua carne. Bingo e Sirius atiraram flechas nos demônios menores, mas estas também não faziam efeito nos seres de Baator. Apenas Limiekli e Kariel ouviam o ruído do rasgar das carnes de seus adversários. Arísia fitou Arthos e seus olhos fizeram um brilho avermelhado, no ato o elfo estava sob o seu controle mental que em seguida ordenou que atacassem seus amigos, para o azar de Mikhail ele foi o escolhido. Arthos desferiu alguns golpes no companheiro, que no desespero tentava se esquivar. Magnus, ainda furioso, prosseguiu com seus golpes, que ainda não faziam qualquer injúria na bela mulher alada. Kariel, que conseguira derrotar seu oponente, percebeu da situação em que seus companheiros se encontravam, deduziu ele que Arísia estava sob um encanto o qual a protegia de golpes, isso porque o Escolhido de Mystra conhecia técnica semelhante. Arísia aplicou alguns golpes no paladino ferindo com sua pequena espada, e logo depois usou seus poderes mentais em Sirius, que começou a atirar flechas em Magnus. Arthos conseguiu se libertar do encanto e junto com Mikhail atacou Arísia. A mulher alada, para surpresa de todos, conjurou outro feitiço renovando suas defesas mágicas. Limiekli desferiu o último golpe no demônio menor e depois tentou segurar Sirius. Bingo pulou em cima de Sirius atrapalhando seus disparos no paladino. Kariel então invocou seu feitiço, dispersando os encantamentos de Arísia.
     "O quê? Seu idiota, o que você fez?" Disse ela surpresa.

     Percebendo o estado frágil em que ela estava, Magnus segurou seus braços, em seguida deu uma chave de braço envolvendo-lhe a cabeça, e depois torceu até a espinha de Arísia se partir. Largou então o corpo sem vida da baatezu no chão.

     Terminado o combate, os heróis descansaram em um breve silêncio. Os que viveram os momentos de angústia devido às visões proporcionadas por Arísia relembraram os fatos em suas mentes. Limiekli, porém foi o primeiro a falar.

     "Existe algo que quero falar a vocês. Não é justo que oculte minha identidade de todos por mais tempo. Meu nome verdadeiro é Siegel O'Blound. Não sei como vocês irão reagir, mas vim de Forte Zenthil e já fui um soldado zenthilar. Atualmente estou deixando o meu passado e adotei este novo nome para simbolizar isto."
     Após um rápido silêncio, Arthos comentou.
     "Limiekli, Kariel também já combateu por Forte Zenthil, anos atrás. Não podemos julgar você somente por isto. Se não está mais influenciado pela vilania daquele lugar, é bem vindo entre nós."
     "Kariel, isso é verdade?" Perguntou Magnus que nunca soube do fato.
     "Sim, Magnus, eram outros tempos e outras circunstâncias, mas felizmente me recobrei."
     "Então foi por isso que Kelta estava irritado com você naquela época. Não acho que devamos nos preocupar com os relatos de Arísia, afinal muita coisa do que ela disse era mentira."
     "Concordo, ela queria que nos se sentíssemos culpados." Disse Sirius.
     "Arthos...", falou Kariel, "Arísia disse-me que talvez você não estivesse contente que escolha de Mystra tivesse recaído sobre mim, ao invés de você. Gostaria de dizer que esta decisão não foi somente minha, e sim do grupo. Gostaria que não alimentasse mágoas em relação a isto."
     "Kariel, no começo talvez tivesse desejado ser eu o Escolhido, mas encontrei meu caminho como guerreiro, portando o sabre. Estou bem assim e não sinto nenhuma mágoa. Pode ficar tranqüilo."
     "Ei!", interrompeu Bingo, "Vocês vão ficar conversando o tempo todo? Não vamos comer?"

     Alguns riram da fome inextinguível do halfling. Além da pausa para a comida, Mikhail e Magnus administraram cura àqueles que necessitavam. Depois a Comitiva descansou. Sabiam que o próximo desafio seria pior: enfrentar Vazegard e o demônio Jhystermarex.

    

 Dedico pessoalmente esta aventura a Marcelo Piropo que por tantos anos nos proporcionou jogos fantásticos. Se ele não tivesse insistido para que eu jogasse em sua campanha de Forgotten Realms em 1999, eu não estaria aqui. Muito obrigado Marcelo.

Ivan Lira




Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

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