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A Destruição de um Grande Mal

Descrita por Ivan Lira,
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira



Personagens da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli). Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo; O Anão: Bhury Rocha Suprema.


A Destruição de um Grande Mal
     

     Poucos minutos tinham se passado, no entanto os pensamentos de cada um daquele grupo intitulado por Comitiva da Fé estavam congelados como se o tempo não mais tivesse significado. Isso tudo provocado pelas amargas lembranças expostas por Arísia, uma baatezu de aparência bela que poderia causar inveja à princesas de muitos os reinos. É como se o passado viesse à tona num golpe certeiro e mortal na jugular, cuja defesa seria impossível. A visão da inesquecível Diana beijando o anão Feldin foi um tormento para o elfo Arthos Fogo Negro, queria ele arrancar aquelas lembranças da mente como se tira uma flor de um arbusto. As feições tristes da arquidruida Ênia fizeram brotar dúvidas e pesares na alma de Kariel Elkandor. Apesar de ver o sofrimento de seu povo, Limiekli manteve-se firme quanto a escolha de ter abandonado o Forte Zhentil. Sirius fez o mesmo, atribuiu fatos do passado a irremediáveis tragédias, sem ter a intenção de originá-las. Mikhail lamentou, pois as coisas poderiam ser outras se as circunstâncias fossem diferentes. Magnus não se arrependeu de nada, exceto não ter matado todos os demônios do Abismo, porém o paladino sabia que isso era impossível, então postou-se inflexível. Bingo, inocente por natureza e muito gentil com seus amigos, nem se lembrava mais do que Arísia o tinha dito, isso é claro se ela assim o fez, pois o desprezo pelas criaturas pequeninas não se limitava apenas aos habitantes do Plano Material. Assim estava a Comitiva, quieta, até que Arthos, o 'Inconseqüente', tirou suas vestes e caiu no lago que ali existia. Era sua forma de mostrar que alguns problemas deveriam ser jogados para debaixo da cama e esquecidos. Alguns o acompanharam e outros apenas comiam o alimento produzido pela fé de Mikhail em sua deusa. Por final, o ânimo foi melhorado.

     Kariel, curioso, perguntou a Limiekli:
     "Você se arrepende de ter deixado o Forte Zhentil?"
     "Não, depois das tramóias e dos cultos malignos prestados pelos governantes daquele lugar eu não poderia ter tomado decisão melhor. Mas fico triste por não ter feito mais, já que eu poderia lutar contra eles."
     "Talvez não meu amigo. A Comitiva já foi traída antes e nada pudemos fazer, pois é impossível cortar a mentira e a falsidade com uma espada. Acho que depois que descobri isto, me sinto melhor como servidor de Helm." Expressou Magnus.
     "É, é verdade. Agradeço pelo conselho, nobre paladino." Respondeu o ranger batendo no ombro de Magnus.
     "Companheiros, a cura sagrada administrada por mim e por Magnus não foram suficientes para fechar nossas mazelas, não seria prudente tomarmos alguma atitude antes de enfrentarmos a próxima ameaça?"
     "E eu preciso de mais ajuda, senão vai ficar difícil prosseguir." Disse Arthos mostrado alguns cortes que tomou.
     "Vamos voltar ao templo de Clangeddin então, talvez Bhury possa nos ajudar." Opinou Kariel.
     "Também acho, mesmo que demore um pouco, é melhor que tomar outra surra desses demônios." Completou Sirius.

     Diante de tanta demanda, o grupo resolveu voltar para onde se encontrava Bhury Rocha Suprema. A caminhada foi calma e tranqüila. No caminho, perceberam eles que os demônios que haviam matado estavam se deteriorando muito rápido, eram podres até os ossos. Já na presença de Bhury disseram eles:
     "Bhury, estamos bastante feridos. As batalhas ficaram cada vez mais difíceis e minha fé e a de Magnus não foram suficientes para nos ajudar. Seria possível descansarmos aqui novamente?" Disse Mikhail em nome do grupo.
     "Diga-me, caro elfo, como eu poderia negar um pedido tão simples a pessoas que se dispuseram a enfrentar um problema que não lhes dizia respeito." Bhury se aproximou de alguns e orou por Moradin devolvendo então o limiar do vigor de seus corpos.
     "Abençoados sejam vocês, que tombaram muitos seres do mal até agora, pois sinto que falta pouco para o desafio final. Lembrem-se, vocês precisam de alguma forma quebrar a maldição de Vazegard que me prende aqui neste templo. Fazendo isso eu poderei ajudá-los a enfrentá-lo e depois Jhystermarex." Continuou ele.

     Após um breve descanso, os aventureiros seguiram seu rumo, a Mesa Suprema, local que Bhury os informou onde estaria Vazegard, o traidor. Passaram mais um vez pelo cemitério, pela morada, pelas minas, e depois no lago. O corpo de Arísia, assim como os outros demônios já se deteriorava. Prosseguiram eles por um novo túnel, escuro assim como os outros e nunca conseguiam ver o teto, mediante este fato, Sirius Lusbel comentou:
     "Pessoal, esta cidade é enorme. Não sei como e porquê os anões constroem lugares tão grandes assim."
     "Eu soube através de Kelta e Iorek que os anões sempre constroem suas moradas desta forma para receber a visita de seus deuses, pois dizem que Moradin é do tamanho de um gigante." Disse Magnus.
     "É, pelo jeito eles seguem esta tradição à risca."

     No final do túnel o caminho começou a se abrir revelando um gigantesca caverna, esta que poderia abrigar uma pequena vila cormiriana. A iluminação gerada pelas lanternas não alcançava nem um quarto do esplendor do lugar. Mas a medida que caminhavam atentos a quaisquer ameaças, eles foram identificando mesas enormes espalhadas por vários cantos do ambiente, muitas peças de metal estragadas pelo tempo jaziam ali, metais fundidos entre outras coisas. Logo, no caminho deles, surgiu um caldeirão gigante. Mais à frente viram outros caldeirões, alguns contendo um magma levemente incandescente, quase rocha pura. Estas grandes fornalhas davam um tom avermelhado ao local. Limiekli, possuidor de um conhecimento básico de forjaria se espantou com os materiais que os anões trabalhavam: ferramentas pesadas e grotescas, estas que provavelmente concebiam as melhores armas. Arthos, curioso como de costume, fez uma pequena procura, demorou alguns minutos até encontrar o que queria: Mithril. Ficara estupefato por ter encontrado tão raro minério, porém como era pesado, deixou-o ali escondido. Seguiu então pensando de como levaria aquela preciosidade.

A Punição de Um Traidor

     Após saírem de outro túnel, a Comitiva chegou no que Bhury revelou ser a Mesa Suprema, identificada por Mikhail, que após ver uma grande estrutura, informou aos seus amigos do que se tratava. Parecia mais uma catedral, com um teto que não podia ser visto em toda extensão, tudo sustentado por colossais pilares totalmente lisos. Até mesmo o chão, onde o grupo pisava, era bem batido, diferente dos lugares anteriores. Aproximaram-se com cautela até uma escadaria que levava a uma entrada. Haviam ali estátuas de divindades anãs, no entanto, todas estavam destruídas. Não tiveram outra alternativa senão se dirigir a uma entrada principal, que era um grande portão, que permitiria a passagem até mesmo de um gigante. Com bastante cuidado, os membros do grupo se prepararam para eventuais embates, o sacerdote de Mystra invocou um encanto que o protegeria, os demais estavam apenas de armas em punho.

     Antes de entrarem, o dileto de Mystra, Kariel, informou aos demais que não poderia adentrar agora, pois tinha um plano. Portanto o grupo entrou, ficando o mago lá fora. Magnus, que estava bem à frente, forçou o enorme portão abrindo-o. Lá dentro eles viram uma ante sala com três passagens, resolveram seguir em frente. O piso parecia mármore, e as paredes eram rochas maciças, seguiram para a passagem norte. Abrindo mais uma grande porta, os heróis estavam num salão mais comprido, decorado por estátuas, que também estavam quebradas, e outras ornamentações. Bingo, a pedido do grupo, foi informar a Kariel que poderia avançar, pois Vazegard ainda não havia sido visto. Enquanto isso, também à frente havia uma passagem, na verdade uma escadaria, não hesitaram em subi-la. Lá em cima algo os chamou a atenção, havia uma tênue luminosidade que não vinha de suas lanternas, provavelmente outras fontes de luz. Acharam isso estranho, pois nesta jornada só encontraram plena escuridão. Destemidos, os heróis da Comitiva subiram e perceberam estar numa plataforma.Dela viram um amplo salão e à frente outra escadaria. Após a descerem constataram que provavelmente chegaram ao seu destino, pois perceberam bancadas dispostas em várias fileiras, ambas em lados opostos, e no meio uma enorme mesa. No chão se encontravam vários símbolos das quais Mikhail supôs ser do idioma detek, e no extremo oposto havia um altar com um trono gigantesco, dentro deste trono havia outro trono menor, e atrás dos tronos uma estátua quebrada. Mas foi só se aproximarem mais para perceberem uma pequena presença no trono menor, uma figura translúcida embora um pouco brilhante, esta que ao ver o grupo levantou-se e caminhou em direção a eles calmamente.

     Foi perceptível então um anão de armadura, calvo e de enorme barba, seu olhar expressava conflito e ódio ao mesmo tempo, foi quando disse:
     "Eis meu povo, aqueles que se intrometeram em nossos assuntos. Malditos da superfície que maculam nossos ditames!" Assim falou Vazegard olhando para as bancadas como se nelas houvessem vida.
     "Viemos a pedido de Bhury Rocha Suprema, aquele o qual você aprisionou com sua maldição." Defendeu Mikhail.
     "Vocês nada tem haver com os problemas de nossa comunidade, vão embora!"
     "Não até a profanação causada por você esteja acabada." Ameaçou Magnus.
     "Vai ter que fazer a mesma coisa que os outros demônios, Vazegard. Batalhar!" Assentiu Sirius.
     "Que assim seja hereges!" Quando o anão ia pronunciar o dialeto divino, algo o assustou.

     Uma pessoa se aproximou da Comitiva. Para espanto de todos, era alguém também translúcido, também anão, porém diferente, carregava o símbolo sagrado de Moradin. Não era outro senão Bhury, que veio com ímpeto.
     "Vazegard, sua influência maligna termina aqui."
     "Mas, mas, Bhury maldito, como saíste de lá?" Após Vazegard dizer estas palavras, Mikhail, que sabia exatamente do que se tratava, vibrou de alegria, então pegou a pedra que Bhury havia lhe entregue e a quebrou no chão. Ao fazê-lo, liberou um encantamento que trouxe o verdadeiro Bhury para a presença deles. Um brilho então se fez no ambiente depois dando lugar ao corpo de Bhury, que ao ver seu nêmesis, disse:
     "Vazegard, almejei anos por este encontro. Agora empregarei todos os meus esforços para que você pague por tudo que fez a Santuário de Moradin. Sucumba a minha ira cão do inferno!"

     O "outro" Bhury revelou-se: era Kariel, que estava na forma do fantasma anão através de seus feitiços. Ele anulou a farsa deixando perplexo Vazegard, pois a única maneira de quebrar a maldição que prendia Bhury no templo de Clangeddin era fazer o sacerdote de Abbathor pronunciar o nome de seu inimigo e o ardil havia afinal funcionado. Os heróis partiram com armas brandidas em direção ao clérigo negro dos anões, contudo quatro seres pútridos surgiram interpondo, eram carcaças de anões mortos, vestidos para a batalha. Bhury entristeceu-se por um momento, pois sabia que tais corpos pertenceram um dia aos seus conterrâneos, já Mikhail não hesitou, invocou sua fé na deusa da magia e reduziu a cinzas os seres do plano negativo. O sacerdote maligno aproveitou a distração e ergueu lâminas ao seu redor. Elas comportavam-se como rodamoinhos mortais, impedindo a aproximação dos aventureiros. Arthos Fogo Negro, ignorando o perigo, deu um salto passando por cima de Vazegard e tentou atingi-lo durante o pulo, no entanto não o alcançou com sua Lâmina das Rosas e quase foi esquartejado pelo feitiço maldito. Quando os outros já estavam próximos, Vazegard invocou um novo encanto, fez surgir quatro aranhas gigantes ao seu redor, então deflagrou-se uma nova batalha. Os guerreiros Sirius, Magnus, Limiekli e Arthos lutaram bravamente contra os monstros aracnídeos, enquanto outros tentavam atingir Vazegard. Bingo inocentemente jogava balas de funda no clérigo sem saber que este nada sentia com tão primitiva arma. Kariel tentava encontrar um ângulo adequado para disparar seu relâmpago para não acertar acidentalmente seus companheiros, e Mikhail ajudava os outros contra as aranhas. Vazegard retirou magicamente o som no espaço onde estava o dileto de Mystra, mas este era um dos Escolhidos, podia ele disparar seu relâmpago apenas com a força de vontade, então o fez, ferindo o sacerdote negro. Ele, como forma de resposta, invocou uma nuvem de insetos que obscureceu a investida de Mikhail e Kariel. Os tentáculos feriaram bastante a carne dos aventureiros, mas mesmo assim o ímpeto deles superava a dor e continuaram combatendo. Em meio a isso, Bhury proferiu um encanto que fez desaparecer três das terríveis aranhas. Vazegard, vendo que estava em desvantagem, recorreu ao seu mais poderoso feitiço: pronunciou algo e fez surgir ao seu lado um grande portal, como uma janela para o cosmo, que produzia uma energia cintilante. Uma silhueta foi possível distinguir por detrás deste portal. Percebendo a presença, Vazegard disse:
     "Yxor! Filho de Baator, vem ao meu auxílio na batalha contra nossos inimigos comuns! Serve a teu mestre Jhystermarex ceifando a vida daqueles que almejam destruí-lo!"
     "Oh, o que vejo? Torilianos! Acatarei teu pedido ser desprezível, mas apenas por hora!" Respondeu a voz gutural.

     Do portal, surgiu um demônio escarlate. Ele trazia a essência do mal em seu sorriso maquiavélico, as chamas em suas asas expressavam sua ira. Escolheu uma vítima e assim o atingiu com seu diabólico chicote: foi Magnus o primeiro a ser golpeado, portanto os guerreiros caíram em fúria em cima do diabo. Foi com fleuma que Kariel percebeu que Yxor se parecia muito com H'Toph. Bhury por sua vez empregou seus esforços em Vazegard, pois seu inimigo ainda permanecia lutando, então com sua fé anulou os encantamentos de Vazegard, embora o mesmo tenha erguido novamente uma muralha de lâminas. Yxor estava furioso, golpeou vários de seus oponentes, mas a vontade da Comitiva era maior, pois as lâminas de Arthos, Sirius, Limiekli e Magnus castigaram sem piedade a carne imunda do ser de Baator, e para ajudar, Mikhail conjurou um feitiço que melhorou o desempenho de seus companheiros. Bhury, indignado com a desgraça que Vazegard trazia, ignorou as lâminas do encantamento terrível e iniciou uma troca sangrenta de golpes de maça contra seu adversário, ambos urravam de ódio a cada golpe, Vazegard conseguiu causar um ferimento na perna de Bhury, mas este devolveu acertando-lhe a mandíbula. Kariel acompanhou o anão e atingiu Vazegard algumas vezes com sua espada Goliath. Yxor, não suportando a surra que tomava, tentou recuar mas era tarde, seu corpo fora feito em pedaços. Quando os demais voltaram sua atenção para os anões apenas viram o crânio de Vazegard se quebrar com o golpe de maça desferido por Bhury, que deu um grito de fúria ao executar seu inimigo. Ao morrer, ele foi reduzido a nada, pois era apenas um fantasma. A Comitiva acompanhou a alegria de Bhury com euforia, mas o pior ainda estava por vir.

     Ao final da exaltação, o sacerdote de Moradin ajoelhou-se diante da estátua danificada de seu deus rogando para que bons ares viessem, mesmo diante de tanta alegria ele admitiu:
     "Heróis, eu agradeço até o fundo de minha alma anã o que fizeram até agora, mas a ameaça à frente talvez seja demais para vocês. Eu não quero que se sacrifiquem por uma sina que não os pertence."
     "Tarde demais, Bhury. Depois que a Comitiva começa um serviço vamos até o fim." Disse Arthos.
     "Além do mais eu não quero acordar algum dia sabendo que este demônio pode sair de lá e profanar outros lugares." Expressou Sirius.
     "Bom, o que meus amigos querem dizer, Bhury, é que ajudaremos até o final." Terminou Mikhail.
     "Neste caso venham comigo, há um ótimo lugar por aqui para que possamos descansar e fechar nossas feridas."

     O anão os conduziu por corredores seculares, até chegar num cômodo deveras confortável, pelo menos para um anão. Contudo aquilo foi mais que suficiente para que os demais pudessem repousar tranqüilamente. Pouco depois o sacerdote de Moradin começou a procurar algo pelo lugar, Mikhail preocupado argüiu o anão.
     "O que procura Bhury?"
     "Algo que poderia nos ajudar bastante contra o demônio, talvez Vazegard o tenha escondido em outro lugar. Não importa agora. Meu amigo elfo, eu percebi que é um grande devoto de sua deusa. Você permite compartilharmos uma oração aos nossos deuses?"
     "Seria uma honra para mim."
     Portanto foram eles empregar seus pensamentos naqueles os quais adoram mais que a própria vida.

Que a Vontade Prevaleça

     Foram poucas as horas que os aventureiros conhecidos por Comitiva da Fé tiveram para se preparar para aquela que poderia ser sua batalha mais ferrenha. Embora tenham destruído seres nefastos como Eltab, o lorde abissal, Xvim, o filho de Bane, e Cyric, o príncipe das mentiras, o grupo atual contava com uma nova formação de pessoas que nunca haviam sequer visto criaturas de tamanho poder. Mas como desistir e recuar não eram palavras conhecidas para estes heróis, depositaram suas armas em suas bainhas para que no momento adequado possam as desembainhar na luta definitiva. Enquanto uns se preparavam outros se alimentavam, poderia ser aquela uma última ceia. Naquele momento, o incansável Bhury Rocha Suprema, já com um semblante mudado desde a destruição de seu oposto, aproximou-se do grupo e apenas os vislumbrou, pensava ele de onde teria vindo heróis tão corajosos e de onde se originava tanto ímpeto e vontade para aniquilar aqueles que praticam a vilania. Olhou-os como filhos que poderia ter tido. Queria ele ter substância em seu ser para tocá-los, abraçá-los e beijar suas testas, contudo naquele momento, Bhury poderia oferecer apenas suas mortes, pois o perigo que viria tinha dimensões muito superiores aos que eles tinham enfrentado. Antes que dissesse algo, jurou a si mesmo que morreria com eles.
     "Bravos guerreiros, vejo que se sentem melhor. Eu gostaria que perguntar novamente, vocês querem realmente continuar?"
     "Bhury, acreditamos que os deuses decidem nossas vidas como eles bem entendem. Por isso faremos o que eles quiserem, obedecerei Mystra em qualquer que seja a contenda." Falou Mikhail pelo grupo.
     "Neste caso, descansemos mais um pouco. Sentemos e conversamos, quero conhecer vocês, mal sei seus nomes. Antes que algo aconteça, não quero ir pra junto de Moradin sem saber disso."

     Por alguns momentos, o grupo se distraiu, contaram um pouco sobre si e seus feitos, o mesmo fez Bhury. O antigo anão lhes contou histórias sobre Santuário de Moradin, antes da guerra provocada por Vazegard. Seus maiores inimigos foram sempre os drows. Foram séculos de batalha e esta cidadã anã foi uma das únicas que não pereceu pelas mãos destes elfos negros. Explicou ele que houveram inúmeras imigrações para a Grande Fenda, local onde poderia se dizer que é seguro para os anões hoje em dia. Ao terminar a conversa, pediram vitória aos deuses e partiram.

     Já fora da Mesa Suprema, o grupo seguiu para um novo túnel que perceberam bem á frente, caminharam por vários minutos. A ansiedade aumentava cada vez mais em suas almas, queriam acabar logo com isso, mesmo com a morte à espreita. Chegaram eles numa abertura que revelou mais uma caverna de proporções colossais, a luz projetada pelos aventureiros não chegava ao teto. Todos seguiram Bhury, até que finalmente avistaram uma outra catedral semelhante à Mesa Suprema, porém um pouco maior. Nela podia-se ver inúmeros monumentos de divindades anãs, sendo a maior delas do Pai dos Anões. No entanto todas estavam avariadas e profanadas. Começaram a subir as escadarias, mas quando estavam quase no seu final, o paladino disse:
     "Bingo, eu nunca te pedi nada antes mas o farei agora: fique aqui e não entre!"
     "Mas Magnus! Eu também quero lutar!"
     "Eu sei pequenino, lutou bravamente até agora, mas o que nos aguarda está além de suas capacidades. Você estaria apenas arriscando sua vida em vão. Além do mais, se nós perecermos quem irá dar a notícia? Caso não voltemos você deve ir ao Vale das Sombras ou até Randal Morn e dizer tudo."
     O pequeno apenas abaixou a cabeça e tentou segurar o choro mas, para não decepcionar o amigo, manteve-se firme e sentou-se na escada como forma de concordância.

     Os demais foram ao encontro de um grande portão de madeira, todo ornamentado com metal. Magnus e Sirius o abriram, mas antes que prosseguissem, Mikhail lembrou:
     "Acho melhor nos prepararmos agora, pois precisaremos de todas as nossas forças neste momento." Disse o elfo, que em seguida fez preces a Mystra para que ela os iluminasse com sua graça, Bhury fez o mesmo invocando um feitiço de proteção em Limiekli e Sirius.      Determinados, entraram num salão vazio do qual Bhury mencionou ser uma sala de entrada. Ao abrir um outro portão à frente Bhury disse-lhes que finalmente chegaram ao destino. Um lugar vasto revelou-se, um cômodo também maior que o da Mesa Suprema. Perceberam-se bancos de madeira e pedra quebrados, aglomerados pelos cantos do ambiente. O chão estava repleto de inscrições rúnicas e lá estavam o que eles tanto procuravam, seis pequenas estruturas do tamanho de um humano normal, todas feitas de pedra e cada uma com um formato diferente. Kariel e Mikhail, ao verem os símbolos diferentes em cada uma destas estruturas perceberam que se tratavam dos obeliscos, aqueles nos quais deviam invocar os feitiços, para cada objeto, uma natureza diferente. Mas o que mais chamou a atenção de todos foi o fato daquele salão estar vazio. Pensaram eles que o demônio talvez estivesse em outro lugar ou voltado para Baator. Kariel e Arthos imaginaram estar ele invisível aos olhos de todos, e eles estavam corretos, pois assim que alguns pisaram nos chãos do salão, uma voz gutural pronunciou:

     "Quem invade os domínios de Jhystermarex?"
     "Eu, Bhury Rocha Suprema e a Comitiva da Fé. Viemos expulsá-lo daqui, Vazegard agora não está mais está entre nós, portanto sua profanação deve cessar."
     "Mortal idiota! Acha que os sortilégios primitivos do seguidor de Abbathor vão me prender por muito tempo. Ao destruí-lo vocês apenas aceleraram este processo. Eu agradecerei a todos da melhor forma possível com uma morte rápida e sem dor."

     O medo era visível no grupo, entretanto a graça de Mystra os protegia do terror que aquele ser exalava. Arthos, que já estava ansioso para a batalha assim como os demais, ameaçou:
     "Demônio, deve saber que aniquilamos seus algozes. Você não será uma exceção, assim eu digo."
     "Cuidado com tais palavras inseto. Eu nem me lembrarei de você daqui a alguns séculos. Não perderei mais tempo, tremam diante de meu ser." Ao dizer isso, Jhystermarex foi aos poucos aparecendo, foi revelando-se uma criatura aterradora, com incríveis asas flamejantes, presas enormes onde escorriam um estranho líquido, em sua mão um terrível tridente dourado. Não fosse a graça de Mystra administrada por Mikhail todos eles estariam beirando a loucura com tal visão. Sirius então anunciou:
     "É agora! Ao ataque!"

     Todos correram desesperados almejando o golpe definitivo, Jhystermarex permaneceu calmo apenas espertando a investida de seus rivais. Os observou durante um ínfimo instante e escolheu seu alvo principal, era aquele que o havia menosprezado. Portanto, impiedosamente acionou as energias diabólicas de seu tridente e golpeou com toda a fúria no tronco de Arthos Fogo Negro, o elfo tentou acertá-lo com seu magnífico sabre, mas o demônio foi mais rápido. O golpe foi tão poderoso que o atravessou expondo os ossos do elfo pelas costas, e ao puxar sua arma de volta, Jhystermarex trouxe parte das víceras de Arthos nas pontas do tridente. O grupo ficou perplexo, mais a fúria os tomou e disseram em coro:
     "Não!!!"

     Ensandecidos, atacaram com tudo, Magnus com sua Chama do Norte abriu um corte profundo no demônio. Limiekli foi atingido por uma das garras de Jhystermarex mas revidou em seguida atingindo-lhe a cauda. Sirius meticulosamente fintou o monstro e acertou uma das asas, porém não evitou a cauda que o pegou de surpresa. Magnus foi mordido pelo diabo, mas para sua sorte, apenas aço ele mordeu. Enquanto isso, Mikhail e Kariel, o sacerdote e o Escolhido de Mystra, sabiam que deviam administrar seus encantamentos nos obeliscos para que a maldição acabasse e o demônio fosse enviado de volta de onde veio, portanto correram para os obeliscos e iniciaram os feitiços. Quando assim os invocaram, algo incrível aconteceu, a energia mágica foi absorvida pelas estruturas, após isso correram para os próximos. O demônio se moveu com velocidade espetacular, os guerreiros mal viam o que estavam atingindo, isso quando o conseguiam tal feito. Enquanto lutavam Bhury os dava assistência no combate impedindo mais baixas. Com isso, Magnus, esquivando-se do golpe mortal do tridente, investiu furiosamente cortando o dorso do diabo de um lado a outro banhando-se em sangue. Sirius não fez diferente, deu várias estocadas com sua espada, e Limiekli castigou as asas com seu machado. Se aquele piso fosse mais liso, eles escorregariam no próprio sangue que derramaram. Jhystermarex, bastante ferido, invocou um poderosíssimo feitiço que o restaurou completamente. Os elfos conseguiram armazenar seus feitiços em mais dois obeliscos, porém quando faltavam apenas dois, Jhystermarex percebeu que algo estava errado: estranhou o fato daqueles dois não participarem da batalha, então decidiu atacá-los. Todos os quatro, Bhury, Sirius, Magnus e Limiekli notaram que o momento definitivo era aquele, e atacaram com tudo que tinham, o demônio foi atravessado e dilacerado por todas as lâminas de seus oponentes. Tentou ele fugir, mas era tarde demais, Jhystermarex, aquele que existiu por milênios e tinha uma eternidade ainda para viver e destruir, tombou morto perante à Comitiva. Kariel e Mikhail invocaram seus últimos feitiços, os obeliscos absorveram a energia e um resultado fantástico ocorreu. As energias dos obeliscos uniram-se e formaram um vórtice dimensional que surgiu acima do altar do grande salão do qual estavam. O vórtice começou a atrair tudo o que havia e todos se seguraram como poderam. O corpo do demônio, ou o que restou dele, junto com toda a essência maligna que profanava a cidade anã foram sugados para o interior do vórtice, depois disso o mesmo desapareceu completamente.

Não Morra Arthos

     Um silêncio se fez no local, presenciaram um milagre, "Acabou! Acabou!" assim disse Bhury. Contudo os demais voltaram os seus olhos para o corpo de Arthos ali no chão. Seus corações contorceram-se de dor, no entanto, Bhury os tranqüilizou:
     "Não derramem suas lagrimas ainda meus amigos, o elfo ainda vive." Disse ele ao lado de Arthos, depois continuou "Vamos, peguem o corpo dele e o coloquem naquele altar. Mikhail, precisaremos de sua fé."

     O corpo de Arthos foi posto numa grande mesa localizada no altar, todo o grupo permaneceu ao redor, Bhury e Mikhail iniciaram suas orações. Cada um suplicou ao seu deus que o companheiro não morresse. Queriam ele que Arthos, o que não serve a nenhum deus, não perecesse. Em algum lugar do cosmo, o elfo se viu flutuando no centro de um tornado magnífico de energia de todas as cores, embaixo havia um buraco escuro, para cima uma luz, logo depois surgiu um semblante. Era alguém com cavanhaque e um capuz. Arthos sabia quem era, não teve dúvidas de ser ele Kelemvor, o Deus da Morte. O antigo amigo o olhou de forma severa, quando Arthos tentou falar algo, ouviu vozes familiares vindas do tornado. Ele as seguiu e quando despertou estava junto a seus amigos novamente. Colocou as mãos na barriga: estava sem nenhum arranhão, não conseguiu dizer nada, nem mesmo quando os outros começaram a abraçá-lo em euforia. Em meio a tanta alegria Bingo foi até eles dizendo:
     "Pessoal! Acabou? O demônio foi derrotado?"
     "Sim pequenino, está acabado." Respondeu o Paladino.
     "Venham ver uma coisa lá fora! Venham rápido!" E todos correram acompanhando o halfling.

     Quando passaram pelos portões do templo, todos puderam ver centenas de pessoas translúcidas pelas escadarias: eram os anões de Santuário de Moradin mortos há muito tempo atrás. Entre eles estavam homens, mulheres, crianças e velhos. Todos olharam para a Comitiva emocionados e então lentamente, um a um, foram se ajoelhando perante o grupo de heróis em agradecimento eterno pelo jubilo conquistado. Em seguida se transformaram em brisa e assim foram tomados por seus deuses, apenas Bhury permaneceu. O anão não tinha palavras para tal felicidade que lhe atingia, mesmo imaterial, não conteve suas lágrimas. O grupo ficou vexado, muitos deles talvez ainda não tinham compreendido o que haviam acabado de fazer, mas emocionaram-se com a humildade e o caráter inquestionável dos anões.

     Com os ânimos acalmados, o grupo sentou-se para descansar, Kariel por sua vez perguntou "Bhury, antes de irmos embora, nós gostaríamos de saber se você pode nos ajudar na busca de uma bruxa."
     "Eu não me esqueci disso. Não se preocupe, encontrarei o que busca. Mikhail, por favor, me acompanhe."

     Ambos voltaram para o altar de Moradin e fizeram novas orações. Ao término, o anão percebeu algo, foi até um recipiente do altar e disse a Mikhail:
     "Mikhail, é um grande seguidor de sua deusa e usa muito bem o martelo."
     "Agradeço o elogio, mas ainda não sou tão devoto quanto o senhor."
     "Tome, o Destruidor de Tempestades. Esta era a arma de Voltan, nosso antigo líder, forjada a séculos atrás. Lhe ajudará nas piores situações." Disse o anão entregando um bonito martelo ao elfo que ficou bastante feliz com o presente.

     Voltando-se para Kariel, Bhury explicou "Meu caro elfo, eu consultei o Pai dos Anões. O que você procura está a oeste do lugar que vocês conhecem por Vale da Adaga, nas montanhas. Porém digo que muitas outras ameaças pairam por lá."

     Seguiram eles em retorno ao templo de Clangeddin,. Quando na Grande Forja, Bhury, ao ver Arthos pegar um pouco de mithril que ele havia escondido, conseguiu mais um pouco e entregou ao grupo. Sabia ele que aquilo era pouco para agradecê-los. Quando chegaram no templo de Clangeddin, o anão disse:
     "Meus amigos, gostaria de pedir um último favor. Por favor, enterrem meu corpo num túmulo vazio para que eu possa descansar."

     O grupo encontrou um esqueleto num canto do templo e levaram para o cemitério, lá o enterraram numa tumba vazia, ao terminar, Bhury, ao longe, apenas acenou sorrindo e então desfez-se em brisa. Uma alegria e ao mesmo tempo um vazio preencheu o coração da Comitiva da Fé naquele momento, entristeceram-se com a partida de alguém que, embora conhecido há pouco tempo, era muito querido. Foram embora, na lápide de Bhury, Mikhail escreveu em élfico 'Aqui jaz Bhury Rocha Suprema, sua fé e sua nobreza foram mais resistentes que uma rocha'.


Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

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