Os Últimos Dias
de Glória
O que é RPG
Página Principal
A Comitiva da Fé
Definição
Histórias
Última História
Personagens
Jogadores
Galeria de Arte
Diversos
Forgotten Realms
 Definição
 Geografia 
 Divindades
 O Mundo
 Organizações
 Personagens
Artigos
 Galeria
Suplementos
Autores
Site
 Matérias
 Downloads
 Notícias
 Parceiros
Links
 Sobre o Site
 Glossário
 Créditos
Mensagens Arcanas
E-mail


powered by FreeFind


A Decisão de Randal Morn

Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira,
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira



Personagens da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli). Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo; O Anão: Bhury Rocha Suprema.


A Decisão de Randal Morn
     

     A Comitiva, refeita da batalha e tendo cumprido sua missão, deixou o complexo de cavernas. Carregaram mithril, o raríssimo metal de propriedades excepcionais, entregue por Buri Rocha Suprema, em agradecimento a ajuda dispensada pelos heróis. Após algumas horas, passaram das cavernas para as ruínas da antiga torre de Gothyl e das ruínas, finalmente à superfície, contemplando novamente a luz do sol e a Floresta das Aranhas. Todos estavam aliviados. Bingo, e em seguida Sirius, deitaram-se na grama, felizes por deixarem aqueles subterrâneos. A floresta, porém, não parecia mais a mesma que encontraram quando passaram à caminho do subsolo da torre. A vida lentamente começava a retornar àquele local. Já podiam se ouvir o canto dos pássaros, as flores e as folhas das árvores pareciam mais verdes do que antes.

     "Ah...como é bom sentir novamente o cheiro da floresta!", disse Mikhail.
     "Também acho. Não sei como os anões conseguem viver em um lugares subterrâneos", comentou Limiekli.
     "Vejo que a floresta se recuperou rápido.", Sirius observou, ainda deitado.
     "Acho que a desolação que havia tinha alguma ligação com o demônio!", disse Limiekli olhando em volta.
     "O mal que aqui havia foi expurgado. Não é de surpreender que a floresta se renove agora. Ela está abençoada novamente por Mielikki e Moradin, ainda que não existam mais os seus seguidores anões!"
     "Quem sabe um dia o Santuário de Moradin não volte a ser habitado novamente. Vou falar com Windolfin sobre a existência deste lugar!"

     Após um rápido descanso, a Comitiva foi em direção á cabana de Madarn, próxima ao riacho, onde passaram a noite. Durante a viagem, Mikhail notou que Kariel andava calado, mais introspectivo do que o normal.

     "Kariel, o que lhe aflige?"
     "Mikhail... acho que de todos os perigos que enfrentamos o pior foi aquela mulher-demônio..."
     "Discordo, Kariel! Eu quase morri lutando contra aquele Jhystermarex!", interrompeu Arthos.
     "Não falo disso. A dor física passa rápido, mas aquela Arísia aumentou a dor de minha alma, tocando em feridas que demorarão de cicatrizar."
     "Não fique assim. Muitas das coisas que ela lhe falou certamente foram mentiras. Mas o que posso fazer para ajudá-lo. Quer confessar algo?", perguntou Mikhail, clérigo de Mystra que era.
     "Não há nada para confessar. Apenas ore por mim em nome da Deusa."
     "Farei isto. Pedirei para que ela alivie seu coração."
     "Obrigado, Mikhail."
     "Err... Mikhail... aproveitando que você é chegado aos deuses. Poderia me dizer uma coisa? Quando Jhystermarex me acertou e eu cai, tive uma visão de Kelemvor, que parecia me olhar feio? Sabe o porquê disso?"
     "Não sei. Você pode o ter ofendido de alguma forma!"
     "Eu andei com ele tempos atrás. Não me lembro de ter-lhe feito nada, nem ter ganho nada dele no jogo para que ele esteja zangado.", comentou Arthos, lembrando de sua aventura no Tempo das Perturbações.
     "Vocês falam dos deuses com se eles fossem humanos!", espantou-se Limiekli.
     "Alguns deuses já foram mesmo humanos, Limiekli!", concluiu Arthos para espanto ainda maior do ranger.
     "Uma outra coisa me aquieta", disse Kariel, "Lembram-se do sonho do gnomo Telimas? Sobre drows voltando a dominar a superfície? Aquilo parece muito preocupante".
     "Bem lembrado. Teremos que discutir este assunto dos drows"
     "Sobre os drows não há muito sobre o que se discutir, Mikhail", sentenciou Arthos.
     "Se todos os drows forem como os que conheci, você está certo!", disse Sirius.
     "Não é bem assim, Sirius. Lembra-se do drow Nandro? O encontramos novamente e ele nos ajudou no Vale do Vento Gélido, a algum tempo atrás!", lembrou-se Magnus.
     "Havia também outro, chamado Drizzt, que também nos auxiliou naquela ocasião.", completou Kariel.

     O tempo passou e chegaram na cabana. Banharam-se no riacho e dormiram. Pela manhã, começaram uma refeição com os alimentos de suas provisões. Então Magnus perguntou a Sirius.

     "Sirius ...encontramos você aqui nesta floresta e agora teremos que partir para o Vale da Adaga. Você virá conosco?"
     "Minha idéia era encontrar Iorek, mas acho que vou com vocês, mesmo sabendo que andando com esta comitiva é possível que não fique vivo muito tempo."
     "Ora Sirius, quem quer morrer de velhice? Ficar velho demora muito tempo!", falou Arthos, brincalhão.
     "Você fala isso por que é um elfo!", comentou sorrindo Sirius.
     "Apesar disso nosso companheiro tem razão, eu também não quero morrer numa cama, suplico a Helm que minha vida seja tirada na mais titânica das batalhas e que o derramamento de meu sangue não seja em vão.", terminou o paladino.

Uma Descontração Exagerada

     A chegada à vila gnoma de Stormpenhauer foi tranqüila. Como da outra vez, dezenas de crianças cercaram os aventureiros. Puxaram suas roupas, queriam pegar no cabelo azul de Kariel e nas armas reluzentes (Arthos deu um tapinha de leve na mão de um gnomozinho que queria pegar o seu sabre!).

     "Então, Comitiva? Vamos procurar o nosso amigo, o "adorável" e "bem-humorado" Madarn", sugeriu Arthos.
     "Vamos, mas não esqueçamos de falar com Telimas.", disse Kariel, ainda preocupado com o sonho sobre os drows.

     Madarn cortava lenha e estava de costas, quando Mikhail disse:
     "Precisa de alguma ajuda?"
     "Vocês? Que surpresa! Pensei que já estavam mortos!", disse o gnomo.
     "É muito bom vê-lo também, Madarn.", comentou Arthos irônico.
     "E aí? Trouxeram algo pra mim? Algum veneno, chifre de algum animal exótico..."
     "Não, mas meu amigo tem um couro de animal estranho.", respondeu o Dileto de Mystra olhando para Limiekli.
     "Ah...é mesmo!", o ranger retirou um pedaço do couro dos besouros humanóides que enfrentaram e mostrou para Madarn. "Tem como trabalhar este couro, gnomo?"
     "Isto é couro de monstro de úmbria. Infelizmente não tenho como trabalhá-lo. Ah...Telimas disse que queria falar com vocês quando voltassem. Vão até lá."

     Mikhail, Kariel e Arthos são os que foram em nome da Comitiva falar com Telimas, enquanto os outros descansaram ou conversaram com Madarn sobre a aventura e a floresta. O trio então bateu a pequena porta da casinha sob uma árvore, onde morava Telimas. Este abriu a porta e convidou-os a entrar. O baixo teto obriga os elfos a abaixarem suas cabeças. Desta manobra, porém esquece-se Mikhail, que dá com a testa no forro do teto.

     "Aventureiros.. Sentem-se. Contem-me como foi sua jornada!"

     Kariel então contou. Falou sobre a exploração das ruínas da torre, sobre o Santuário de Moradin e as lutas contra os demônios, sendo ouvido atentamente pelo velho gnomo.

     "Demônios!? De Baator? Esta ameaça nem eu supunha que existisse!", falou admirado Telimas.
     "Nem nós. Acha que se soubéssemos entraríamos naquele local tão alegremente?", perguntou Arthos.
     "Alegremente, não, mas com certeza entraríamos!", disse Kariel em tom de brincadeira.
     "Vocês salvaram a floresta! Esta ameaça nem mesmo nós, que vivemos aqui, sabíamos!"
     "Era um perigo há muito oculto."
     "É... as vezes os anões cavam fundo demais!", filosofou Arthos de cabelos escarlates.
     "Então, demos graças à Baervan Errante Selvagem e a Tymora por terem vencido e retornado."
     "E a Mystra por ter nos protegido!", somou Mikhail, quisera ele invocar o nome de sua deusa também.
     "Pois é... este parece ser a sina da Comitiva: por onde quer que coloquemos os pés surgem perigos!", Continuou Fogo Negro.
     "Espero que seu vaticínio não seja sempre verdadeiro, Arthos!", desejou Kariel, que continuou dizendo "Mas, Telimas... gostaria de saber mais sobre seu sonho sobre os drows. Algum novo presságio?"
     "Infelizmente não, mas este sonho é muito nítido em minha mente. Não sei se meus sonhos são sinais do que aconteceu ou presságios de algo que poderá acontecer. Talvez não tenha sabedoria suficiente para interpretá-los."
     "Espero que sejam apenas criações da mente, apenas sonhos!", disse Kariel.
     "Mas como os drows poderiam voltar? Eles não odeiam a luz do sol?", perguntou Arthos.
     "Sim, desde que foram expulsos por Corellon. Porém existe uma única possibilidade. Caso a maldita deusa Lolth obtenha poderes para obscurecer até mesmo esta sentença de Corellon, mas isto é improvável!"
     "E os outros deuses de Faerûn não iriam deixar...", comentou Mikhail.
     "Disso tenho minhas dúvidas.", expressou Arthos mais uma vez sua indignação pelos deuses.
     "Sim, Mikhail. Os deuses humanos não costumam interferir em nosso panteão.", concordou o Dileto.
     "Eu tenho um livro que fala um pouco sobre esta história.", Telimas abriu um empoeirado tomo e no meio de suas páginas escritas no idioma gnomo, desenhos mostraram uma luz repelindo os drows para o subterrâneo.
     "Este deve ser a narrativa sobre a expulsão, certamente!", concluiu Kariel.
     "Bem, amigos. Não tenho mais novidades.", falou Telimas guardando o livro.
     "Então peço-lhe licença para nos retirarmos.", disse Mikhail.

     A Comitiva então deixou a pequena casa de Telimas e se reuniu novamente. À noite, conversaram junto com Madarn em sua casa.

     "Madarn.", chamou Arthos, "Isto aqui está um tédio. Arrume um tabuleiro. Vamos jogar dados!"
     "Jogar?!", interessou-se Sirius, "Vamos apostar o quê? Dinheiro?"
     "Não! Quem perder bebe um copo de vinho. Vamos até secar o barril e ver quem tem mais sorte!"
     "Opa! Tô nessa! Vai ser divertido.", disse Limiekli.
     "Bem... também vou jogar", disse Kariel, "Mas advirto: sou devoto da Deusa da Sorte!"
     "Ah...eu também sou!", disse Sirius.
     "Então vamos ver quem ela está olhando hoje.", Kariel disse sentando-se a mesa com os demais.

     Os dados rolaram a noite toda, enquanto o restante da vila dormia, com exceção de Magnus, que insistiu em montar guarda por fora do recinto e de Mikhail, que ficou para observar um pouco mais do jogo antes de se recolher. Arthos, Madarn, Sirius e Limiekli não tiveram sucesso em muitas rodadas, enquanto foram assistidos por Kariel, que pouco perdeu, permanecendo sóbrio e sereno, e divertindo-se com tudo aquilo. O diálogo que se seguia mostrou o estado dos apostadores.

     "Amigosch..." balbuciou Arthos, "Quando acabar aqui vô matá aquele Feldin dexgraçado, hic!"
     "Feldin já está morto, Arthos.", lembrou Kariel.
     "Eu vô matá ele de novo!"
     "Chirius... hic... você é um cara legal... eu gochto... de... você pra caramba!", falou Limiekli com a proximidade que somente o álcool pode oferecer.
     "Amigosch.. ascho que já bebemosch demaich...", disse Sirius, segundos antes de cair desacordado com a cara na mesa.
     "Mas que coisa deprimente! Em que estado vocês chegaram!" Comentou Mikhail.
     "Mas temos de admitir que é engraçado ver." Disse Magnus.

     Por aí foi á noite. Ao amanhecer, Arthos foi acordado por Kariel, que bateu com a espada embainhada no seu ombro. O elfo de cabelos vermelhos estava abraçado junto a Limiekli, Madarn e Sirius. Havia um cheiro desagradável e azedo de vômito no ar.
     "Arthos! Acorde! Vocês estão em um estado deplorável. Vão tomar um banho para sairmos da vila.", disse Kariel, pensando se devia ou não colocar esta cena em seu diário.
     "Ai... Que dor de cabeça!", reclamou Arthos de ressaca.
     "Nunca mais bebo novamente!", falou Limiekli, também tentando se levantar.

     A Comitiva então preparou-se e partiu, rumo ao Vale da Adaga. Arthos, Limiekli e Sirius foram calados e com uma brutal dor de cabeça. Mardarn entregou de presente a Limiekli um barril de cerveja de ogro e observou-os sumirem lentamente pela floresta enquanto algumas lágrimas rolaram por seu rosto.

     "Vamos beber, Madarn.", convidou um dos gnomos.
     "Sai prá lá...", empurrou Madarn. "Vou sentir falta destes caras. Foram os melhores amigos que já tive!".

O Retorno a Cachoeiras da Adaga

     Um dia e meio depois, a Comitiva da Fé avistou o rio Tesh e logo após a cidade de Cachoeiras da Adaga. Foram até o castelo falar com o Lorde Randal Morn, onde ele os recebeu sem demora.

     "Salve Comitiva. Seja bem-vinda."
     "Salve Lorde", cumprimentou Kariel, "Alguma novidade sobre os desaparecimentos?"
     "Infelizmente a situação só piora. O filho de um comerciante local acaba de desaparecer. E vocês, o que têm a me dizer? Acharam Gothyl?"
     "Fomos até a torre, mas não encontramos a bruxa", relatou Mikhail, "Porém acabamos por encontrar outro mal, um demônio, que assolava as profundezas abaixo da Floresta das Aranhas".
     "Sobre a demanda do Vale da Adaga, obtivemos a informação de que encontraríamos algo nas montanhas a noroeste.", lembrou Arthos.
     "Noroeste?!", ponderou Randal, "Pode ser a cadeia próxima a Anauroch, ao final das Montanhas da Boca do Deserto. Mas seria uma área muito extensa para cobrir. Vocês demorariam bastante."
     "E sobre Laure? Ela retornou ao castelo?" , quis saber Arthos.
     "Sim. Ela disse que encontrou a cabana dos Harpistas, mas não havia pistas. No momento ela está lá, ainda procurando por algo. Bem... meus amigos", disse o Lorde, "Vocês partiram e a situação piorou. A nobreza me pressiona e até mesmo a confiança do povo em mim está acabando. Não me vêem mais como aquele herói que um dia expulsou as forças de Forte Zenthil. Terei que tomar uma medida. Irei pessoalmente com vocês nesta busca. Me reunirei á noite com a nobreza e farei um pronunciamento amanhã, deixando o comando do Vale da Adaga nas mãos de um nobre de confiança. Por hora não contem a ninguém."
     "Acho que esta idéia irá reforçar a confiança do povo no senhor, mas pode deixar uma situação de fraqueza. Por acaso algum nobre deseja cobiçar sua posição?", perguntou Kariel.
     "Meu caro elfo, até em volta do Trono de Aço de Cormyr existem conspiradores. Aqui no Vale da Adaga não é diferente. E se eu permanecer aqui sem resolver esta situação, mais cedo ou mais tarde, o povo irá me retirar do poder. Agora devo ir. Encontro com vocês amanhã de manhã, após meu pronunciamento.". Randal Morn ia deixando o salão, quando Arthos o chamou:
     "Lorde Randal. Encontramos algum mithril em nossas andanças. Poderia guardá-lo em um lugar seguro?"
     "Sim, aventureiro. Guardarei com segurança. Onde está o mithril?"
Magnus retirou o metal de sua mochila e entrega ao nobre.
     "Nos vemos amanhã.", despediu-se o soberano de Vale da Adaga.

     Os aventureiros então seguiram para a ala de aposentos, quando um guarda entrou no cômodo e os abordou.

     "Senhores.... com vossa licença, mas um homem na entrada do castelo deixou um recado para o senhor Arthos. Disse-lhe para encontrá-lo na taverna."
     "Evendur! Tinha até me esquecido. Bem, amigos, irei até a taverna. Quem sabe ele tem uma novidade para mim. Até mais!", despediu-se Arthos, deixando o salão.
     "Guarda.", chamou Sirius.
     "Pois não, senhor?"
     "Existe algum local aqui para treinar? Preciso me exercitar!"
     "Sim. Há a sala de treinamento da guarda, mas somente há treino pela manhã!"
     "Droga... A noite vai ser bem monótona! Limiekli, está a fim de beber? Vamos para a taverna também?"
     "Ora, vamos! Levarei meu barril de cerveja de ogro!", concordou o ranger, animado.
     "Ah... mas desta cerveja eu não bebo... dá a maior dor de cabeça!", sorriu Sirius, lembrando-se da bebedeira na vila de Stormpenhauer. "Kariel e Mikhail...vocês não vem?"
     "Ficarei aqui, Sirius", disse Mikhail, que, sendo um sacerdote, não era adepto de bebedeiras em tavernas.
     "Também ficarei com Mikhail. Talvez possamos conversar sobre a Arte e sobre Mystra"

As Investigações de Evendur

     Os aventureiros entraram na taverna A Rocha Vermelha. No movimentado lugar, a meia elfa Kessla, a taverneira, que aparentava cerca de quarenta primaveras, servia no balcão. Sentado a frente dela, estavam o gnomo Nilix e o anão Thaugor, que Arthos e Limiekli já conheciam pelas incríveis mentiras. Perto deles estava a figura discreta do ladino Evendur. Eles conversavam animadamente.

     "...então aquele dia eu estava muito irritado e com um único golpe matei o minotauro. Foi incrível, até mesmo para mim. Até hoje me pergunto como consegui fazer isto!", disse Thaugor que estava acabando de contar um "caso". Sirius chegou e entrou na conversa:
     "É verdade. Tem dias que algo divino parece se apossar da gente. Este meu amigo aqui", apontou para Limiekli, " arrancou um chifre de um balor. Pena que o negócio se desintegrou!"
     "É mesmo!", pareceu espantado o anão, "comigo aconteceu a mesma coisa!", emendou, mostrando muita cara-de-pau.
     "Até trouxemos cerveja de sangue de balor do inferno. Está aí com ele", aproveitou Arthos para contar uma grande mentira, apontando para o barril carregado por Limiekli.
     "Oba! Vou querer provar!", adiantou-se o anão para pegar o barril, que foi afastado de suas mãos por Sirius.
     "Não... por este aqui você vai ter que pagar para a taverna. Vamos trocar por três barris de cerveja comum. Aceita a troca?", perguntou a Kessla.
     "Humm... aceito por dois barris. Mesmo não acreditando muito nesta história, é bom termos um produto diferente."
     "Antes deixe eu dar uma provadinha, Kessla! Por favor!", implorou o anão.
     "Mas Thaugor... você está devendo mais de 30 peças de ouro aqui na taverna!"
     "Eu imploro! Só um copinho!"
     "Está bem! Mas só uma caneca!", Kessla antes de guardar o barril deu uma caneca da cerveja ao anão.
     "Hummm", saboreou o anão, "Está uma delícia! Onde vocês conseguiram mesmo?"
     "Foi em uma vila de gno...", ia dizendo Limiekli, quando recebeu um pisão de Sirius.
     "Foi no inferno, no inferno"., completou Arthos, mantendo a história fantasiosa.

   
  Mas Arthos tinha outros assuntos a tratar e chamou Evendur para um local mais reservado. O ladino então começou a falar.
     "E aí, Arthos? Por onde andou?"
     "Por muitos lugares. Nem queira saber...", disse o elfo de cabelos vermelhos, com pouca vontade de repetir mais uma vez todos os acontecimentos na Floresta das Aranhas, "Diga-me...o que descobriu?"
     "Bem... andei me esgueirando por aí, você sabe... Sabe aquele Lorde Garekh Inklas? Ele apoiou a presença de vocês aqui no Vale da Adaga. Conversei com ele e o homem patrocinou minha investigação. Descobri algumas coisinhas... Aquele tal de Gryvus, lembra?"
     "Sim... continue"
     "Dizem que ele chegou aqui anos atrás e ocupou as terras de um irmão chamado Jhorion, que morreu em uma viagem. Mas descobri que Jhorion não tinha nenhum irmão. Pelo menos em nenhum documento que pude pesquisar... Continuando minha investigação, descobri outra coisa: quando Gryvus adquiriu os direitos sobre o condado de Jhorion, demitiu todos os antigos funcionários, dizendo que já tinha o seu próprio pessoal, o que é muito estranho..."
     "Descobriu onde mora algum destes funcionários?", argüiu Arthos.
     "Na verdade sim, um homem chamado Talmim. Sugiro irmos para a casa dele ainda hoje. Devemos obter alguma boa informação por lá. Mas depois, Garekh pediu para que passássemos na propriedade dele. Ele quer falar conosco antes de prosseguirmos."
     "Vamos então.", decidiu Arthos Fogo Negro, levantando-se do banquete e saindo com Evendur, deixando seus amigos se divertirem na taverna.

     Rumaram a cavalo para o norte, até um bairro de casas humildes de madeira. Desmontaram e bateram à porta de uma delas. Um homem baixo, cerca de cinqüenta anos, atendeu abrindo a portinhola.

     "Quem são vocês?"
     "Relaxe, meu bom homem. Você é Talmim não é mesmo? Sabemos que foi um dos empregados de Jhorion. Só queremos conversar.", falou Evendur para o homem.
     "Queremos saber o que aconteceu quando Lorde Gryvus chegou.", argüiu Arthos.
     "Não tenho nada para falar com vocês.", disse o homem, meio nervoso, mencionando fechar a portinhola. Porém antes que isto acontecesse, Evendur sacou do bolso um pequeno saco aveludado e ouviu-se o ruído metálico de moedas.
     "Desculpe-nos", disse ele, "estava esquecendo de algo"
     O homem então arregalou os olhos, fez uma expressão mais amigável e abriu a porta de sua casa.
     "O que querem saber?", perguntou.
     "Queremos que nos conte sobre a chegada de Lorde Gryvus.", insistiu Arthos.
     "Quem vocês representam? E se me matarem por contar estas coisas?", perguntou novamente o desconfiado Talmim.
     "Viemos em nome de Lorde Randal. Ele poderá protegê-lo.", revelou o elfo.
     "Está bem... eu era encarregado dos estábulos. Uma certa noite Lorde Jhorion e sua esposa partiram para uma viagem aos Vales das Brumas para vender peles e nunca mais retornaram. Poucos meses depois, esse Lorde Gryvus e sua mulher apareceram com documentos. Disseram que eram parentes e que Jhorion e a esposa haviam sido assassinados na estrada. Conseguiram o direito às terras na nobreza, tão rápido que me espantei. Dispensou nossos serviços, até mesmo os guardas e chegou com um pessoal dele. Trouxeram umas três ou quatro carruagens. Descarregaram caixas enormes, cada umas delas era puxada por quatro cavalos. De uma delas vi escorrer terra com certeza. Aquilo foi estranho. É tudo que sei."
     "Obrigado", disse Evendur entregando-lhe cinco peças de ouro.
     "Devemos ir investigar esse Gryvus em sua casa.", opinou Arthos.
     "Somente nós dois? Isto seria precipitado. E está muito tarde. É melhor que seja amanhã á noite. Temos que falar agora com Lorde Garekh Inklas."
     "Está certo. Depois conversaremos com meus companheiros", disse Arthos, enquanto se dirigia à sua montaria.

     Cavalgaram mais um pouco até chegarem a uma propriedade rural, e desmontaram à frente de um grande casarão, onde residia Garekh Inklas. Liberados pelos guardas após se identificarem, foram levados á uma sala de visitas. Lorde Garekh surgiu e cumprimenta os recém chegados.
     "Saudações. Vejo que trouxe seu companheiro, Evendur. Arthos, não é mesmo? Onde você e seus amigos estavam? Sumiram por alguns dias."
     "Estivemos a busca de pistas."
     "Evendur deve ter-lhe colocado a par das investigações, correto?"
     "Sim. Na verdade até já entrevistamos um antigo funcionário de Gryvus, Talmim, que nos deu algumas informações."
     "Ótimo. Espero que não esteja desconfortável com este tipo de investigação secreta. Embora eu respeite muito o Lorde Randal Morn, acho que ele está sendo um pouco descuidado nas investigações. Até mesmo a chegada de vocês foi tardia. Mas, amigos... não sei quanto a opinião dos seus outros companheiros, mas pretendo pagá-los se me ajudarem a resolver este problema."
     "Meus amigos não devem se importar com isso, mas podemos conversar sobre este assunto depois", disse Arthos, que não queria dispensar umas moedas extras em seu bolso.
     "O que descobriram com Talmim?", perguntou o Lorde.
     "De novidade, Talmim disse-nos que Gryvus mudou-se para a propriedade de Jhorion com uma bagagem estranha, caixotes imensos de madeira que eram puxados por quatro cavalos.", relatou Evendur.
     "O que poderia ser tão pesado. Armas? Será que planejam algum tipo de invasão?"
     "Talvez. Nunca se sabe. Pode ser qualquer coisa"
     "Ouvi dizer que existem muitos mercenários por aí, provavelmente contratados pelo tal Vorik, que luta contra Cormyr. Fiquem de olhos abertos."
     "Lorde", disse Evendur, "Arthos quer invadir com seus amigos a mansão de Gryvus para descobrir pistas.".
     "Não seria uma invasão propriamente dita, seria mais uma infiltração. Entraríamos sorrateiramente.", emendou o elfo.
     "Façam o que acharem melhor, mas prestem atenção: a reunião dos nobres terminou a pouco e eu fui escolhido como governante provisório, enquanto Randal Morn parte com vocês para as investigações. Portanto, se algo acontecer a vocês nesta missão, gostaria que meu nome não fosse mencionado. Seria uma vergonha para mim e para o Lorde."
     "Compreendemos. Vamos investigar isto com calma.", disse Arthos, concluindo.
     "Então amigos, boa sorte e boa noite.", despediu-se Lorde Garekh Inklas.

     Os dois montaram. Evendur voltou para a taverna e Arthos para o castelo. No castelo Arthos encontrou Kariel, que estava estranhamente de pé em uma janela, de costas para o salão, quase como se fosse saltar. Arthos pensa no que o elfo Escolhido de Mystra dissera dias atrás sobre a tristeza que sentiu a respeito das visões de Ênia , provocada pela mulher-demônio Arísia e por um momento perguntou-se se seu amigo iria fazer algo impensado.

     "Kariel! O que está fazendo?"
     O elfo mago de cabelos azuis, salta do parapeito de volta para dentro do salão.
     "Estava coletando uma pena de pombo para meus encantos!", respondeu, aliviando Arthos.
     "Consegui informações importantes.". Arthos então contou a Kariel tudo que sabia a respeito das investigações e de Lorde Gryvus.
     "Por Tymora!", exclamou Kariel, "Talvez ele seja a chave deste mistério."
     "Penso em fazermos um reconhecimento pela manhã, durante o pronunciamento do Lorde Randal."
     "Sim. Vamos avisar a todos e amanhã partimos. Deve ser um grupo pequeno, quatro ou cinco no máximo, ou levantaremos suspeitas."
     "Concordo", disse Arthos. Vamos esperar os outros chegarem, contaremos aos demais e amanhã partimos.

     Com todos os membros da Comitiva presentes, Arthos os comunicou sobre o plano de tentar descobrir algo do Lorde Gryvus. A maioria concordou, somente Magnus, a princípio, achou que poderia ser arriscado, pois Gryvus poderia ser inocente, no entanto, revelou que se eles descobrissem algum motivo para o paladino decapitá-lo ele o faria. Pela manhã uma rápida preleção foi feita. Conforme o acertado para a missão furtiva, foram cinco os escolhidos para fazer o reconhecimento da área: Arthos, Kariel, Limiekli, Evendur e Bingo. Partiram logo cedo.

     Chegando nas proximidades, examinaram a área. Alguns guardas foram notados ao longe.
     "Com a luz do sol e os guardas, não é prudente que entremos todos.", disse Kariel.
     "Eu posso ir e fazer o reconhecimento.", ofereceu-se Limiekli.
     "Posso tornar-lhe invisível para esta tarefa", sugeriu Kariel.
     "Invisível?! Vai ser moleza então!", disse confiante o ranger.
     "Está certo! Mas tenha cuidado. Não pode atacar ninguém neste estado ou quebrará o encanto.", Kariel então fez alguns gestos e pronunciou as seguintes palavras arcanas: "invisibilitis reddere". O ranger então desapareceu das vistas de todos. Kariel continuou, desta vez voltando-se para Arthos.
     "Acho melhor retornarmos à noite. Seremos mais furtivos e poderemos nos preparar melhor com as informações que teremos do reconhecimento."
     "Concordo, Kariel", disse Arthos.
     "Eu poderia ficar aqui e encontrar vocês a noite. Descobrirei o número de guardas e o horário das trocas de sentinelas.", sugeriu Limiekli.
     "Boa sorte, Limiekli. Voltaremos a noite então.", disse Arthos.

     O restante do grupo pegou os cavalos e tomou novamente o caminho do castelo, enquanto Limiekli adentrou a propriedade de Gryvus. Usando uma corda com um gancho, o homem escalou o muro e notou que do lado de dentro havia o telhado de um estábulo, ideal para servir de ponto de apoio para descer ao gramado interno. Limiekli então pulou para fazer o reconhecimento do local.

     Enquanto isso, no castelo, Lorde Randal, em uma sacada, iniciou seu pronunciamento, tendo como espectadores o povo, a nobreza e os membros da Comitiva da Fé.

     "Cidadãos de Cachoeiras da Adaga", iniciou Randal dirigindo-se para a multidão no pátio do castelo, "Eu como Lorde governante, com meu esforço unido ao de vocês, consegui libertar o nosso vale das forças malignas do Norte. Hoje se abate sobre nós novamente um período de tristeza devido ao misterioso desaparecimento de muitos de nossos entes queridos. Sei que uma solução deve ser encontrada. Em momentos difíceis, resoluções firmes devem ser tomadas. Por isto decidi que, eu mesmo em pessoa, tomarei parte das buscas junto com meu grupo e com os aventureiros que nos ajudam. Uma reunião foi realizada ontem e foi decidido que na minha ausência Lorde Garekh Inklas será o governante interino desta cidade. Enquanto estiver fora, ele organizará a cidade, protegendo a todos de qualquer invasão ou perigos que por ventura ocorram. Começaremos nosso trabalho a partir de já."

     Assim que Randal Morn deixou a sacada, ouviram-se aplausos e pessoas que gritavam o seu nome. O povo estava feliz em ver seu herói novamente em campo. Sirius, que olhava ao redor perguntou aos seus companheiros.
     "Alguém viu o Lorde Gryvus no meio da nobreza durante o pronunciamento?"
     "Não. Não o vi.", respondeu Mikhail
     "Estou preocupado", disse Magnus, "Não acha melhor irmos até a propriedade de Gryvus?"
     "Também acho. Ficaremos distantes, somente por precaução caso ocorra algo.", concordou Mikhail

     Entre a estrada que levava a propriedade de Lorde Gryvus e o castelo de Cachoeiras da Adaga, os dois grupos da Comitiva se encontraram.

     "Estávamos indo até vocês.", disse Magnus.
     "Iremos retornar à noite. Limiekli ficou por lá, fazendo o reconhecimento. Vamos de volta ao castelo onde prepararemos a invasão de logo mais.", disse Arthos.

     O dia passa, o sol se põe e cai a noite. São cerca de nove horas. Os aventureiros já haviam se preparado para sua empreitada secreta nas terras de Lorde Gryvus. Todos estavam juntos em uma sala do castelo. Foi quando Arthos ouviu um estalo de um tapa em suas costas. O elfo virou-se e viu o ranger Limiekli, surgir do nada.

     "Limiekli? Quer me matar de susto?! E então? O que viu?", perguntou Arthos.
     "Nada de mais. Tudo estava muito pacato, quieto demais. Consegui observar o movimento dos guardas e até entrar na casa", respondeu o ranger.
     "Quantos guardas existem?", perguntou Kariel.
     "Pelo que contei foram dois nos portões, um na parte sul e outro na parte noroeste da propriedade."
     "E dentro da casa?"
     "Lá encontrei apenas dois criados, mas não cheguei a entrar nos quartos."
     "Bem... sugiro que partamos de madrugada. Alguns de nós estão muito cansados, especialmente Limiekli.", sugeriu Kariel.
     "Sobre o cansaço, talvez eu possa ajudar", disse Mikhail, "Invocarei um encanto que nos trará repouso."

     O sacerdote de Mystra gesticulou e proferiu orações e os seus companheiros refizeram seus ânimos e forças. Limiekli, agora revigorado, já fazia outros planos com as forças recebidas por dádiva da Deusa da Magia.

     "Ótimo. Agora vou na taverna. Deixei meu couro de monstro de úmbria nas mãos do anão Thaugor para que ele trabalhasse em uma armadura. Vou ver se ele terminou o serviço."
"Isso se ele não trocou por algum barril.", fustigou Sirius.
"Não. Não devemos ir a parte alguma. Depois você pega seu couro, Limiekli. Vamos ficar aqui até a hora de rumarmos para a propriedade de Gryvus", disse Mikhail.

A Infiltração

     As horas passaram lentamente. A noite estava alta e o frio tomou conta do ambiente. Era a hora da Comitiva partir. Foram ao estábulo e pegaram cada um a sua montaria. Evendur, que tinha se retirado para pegar alguns equipamentos, retornou, totalmente vestido de preto, bastante carregado, como se transportasse sobre o corpo todos os produtos de uma loja de utilidades. O exagero foi particularmente notado por Arthos, que já fora um ladino no passado, e que ao vê-lo balançou a cabeça negativamente e deu um sorriso irônico. Montados, então partem sob o luar e o céu com poucas nuvens daquela noite em Cachoeiras da Adaga.

     Depois de cavalgarem, chegaram a uma distância segura da propriedade de Gryvus e desmontaram para uma rápida confabulação.
     "Devemos decidir quem irá ficar e quem deverá entrar.", falou Sirius.
     "Eu ficarei aqui e entrarei caso precisem de ajuda.", decidiu Mikhail.
     "Posso ir invisível e tornar mais dois de nós invisíveis também. Acredito que Limiekli, que já vistoriou o ambiente e Arthos que já veio comigo aqui na nossa estadia anterior em Cachoeiras da Adaga devam ir.", sugeriu Kariel.
     "Eu também irei!", disse o ladino Evendur.
     "E se vocês precisarem de ajuda? Como vamos saber?", perguntou Mikhail.
     "Ah... vocês certamente vão ouvir uma explosão, um tumulto ou alguma gritaria.", disse Arthos.
     "Mas lembrem-se que a intenção não é esta. Vocês devem ser discretos e não atacar. Apenas investigar, conseguir provas e retornar.", recomendou Mikhail.
     "E em relação aos guardas... tentem não machucá-los. Talvez sejam apenas inocentes que nada sabem das tramóias de seu senhor.", Magnus, paladino de Helm, advertiu.
     "Está certo. Agora vamos!", definiu Arthos.

     Kariel usou seus poderes arcanos e fez Arthos e Limiekli invisíveis. Depois ele próprio tocou em seu elmo, desaparecendo em seguida. O elfo mago Escolhido de Mystra, ainda lançou sobre si outro encanto, permitindo-o ver o invisível e coordenar melhor as ações de Arthos e Limiekli. Eles foram até o ponto descoberto pelo ranger horas atrás, escalaram e passaram do muro para o estábulo e do estábulo para o gramado. Correram para a porta da casa, que foi destrancada por Evendur. Os aventureiros deram de frente com um salão, onde existiam escadas para cima e uma porta à esquerda. Arthos ficou no andar térreo enquanto seus companheiros subiram as escadas. Quanto a Evendur, este entrou no salão, desaparecendo da vista de seus companheiros.

Arthos investiga o térreo..

     Arthos entrou na porta, próxima da escada, que não estava trancada. Adentrou com cuidado naquilo que parecia uma cozinha, onde pode-se ver mantimentos, armários, panelas e outros utensílios. Ainda havia outra porta a frente. O elfo de cabelos vermelhos encostou na porta na esperança de ouvir algo. Por sorte conseguiu ouvir um bocejar e passos, ele se afastou antes que um guarda, que saía do aposento, abrisse a porta em cima dele, o que no mínimo estragaria o disfarce. O guarda pegou algumas frutas em uma cesta e começou a comer. Arthos então, aproveitou-se e entrou naquele novo aposento. Era uma despensa. Procurou por um alçapão, por algum tipo de passagem secreta, onde as caixas que foram trazidas por Lorde Gryvus pudessem estar guardadas, mas foi em vão. Convencido de que não valia a pena procurar por ali, resolveu dar a volta e subir as escadas.

Limiekli investiga o primeiro andar..

     Limiekli subiu a escada junto com Kariel até o primeiro andar, separando-se então do companheiro, que resolveu investigar o que havia no último pavimento e continuou subindo as escadas.
     Neste andar, Limiekli encontrou um salão e corredor, com duas portas a esquerda e uma a direita e uma pequena janela ao fundo. Este andar era diferente do primeiro. Apresentava o requinte de um piso liso, e tapeçarias no chão e alguns quadros nas paredes. Limiekli aproximou-se da porta mais próxima, que ficava à esquerda. Encostou seu ouvido e nenhum ruído parecia vir do lugar. Então colocou uma leve pressão e verificou estar a porta aberta. Cuidadosamente, Limiekli entrou no que parecia ser um escritório. O ranger olhou e viu algumas cadeiras, uma estante e uma escrivaninha, em cima da qual havia papéis diversos, que pareciam ser registros comerciais. Deixou esta sala e partiu para a próxima. Na segunda porta á esquerda, Limiekli repetiu sua ação, tentando ouvir algo. Desta vez conseguiu escutar alguma coisa. Alguém folheava um livro. Como não tinha intenção de ser notado, caminhou em direção a porta restante. Ouviu também alguém que andava naquele aposento, e que parecia ter se sentado em uma cadeira. Assim, Limiekli deu por concluída a sua investigação e resolveu subir para o próximo pavimento.

Kariel investiga o segundo andar..

     Kariel chegou no último pavimento, feito como cópia do segundo. O Escolhido não foi até as portas, mas conjurou um encantamento, fez surgir um olho mágico e invisível. Kariel o comandou, e enquanto flutuava, ele lhe transmitia as visões de onde passava. Pela pequena janela ao fim do corredor, o olho, orientado por Kariel, deu a volta por fora do edifício, procurando entrar nos quartos pela janela. Verificou o olho a primeira sala à esquerda, mas da pequena janela somente se viu a escuridão. Partiu então para a segunda na mesma direção e nesta a janela estava fechada, Correu o olho então para o último aposento do andar, onde novamente havia a escuridão. Kariel, resolveu então, para aproveitar a duração de seu encanto, enviá-lo para o andar inferior, onde acabou tendo mais sorte. O olho entrou pela janela das três salas do primeiro andar. Na primeira a ser investigada, teve a decepção de nada encontrar, exceto a escuridão, porém no aposento seguinte havia luz e uma pessoa sentada. Um homem, notadamente pálido, lia um livro. Quis Kariel saber que livro era aquele e com um comando mental aproximou o olho invisível. Tratava-se de um livro sagrado do deus Velsharoon, protetor dos mortos-vivos. Era a primeira evidência que realmente algo maligno havia naquele local. O olho então partiu para a terceira e última sala do primeiro andar. Lá também havia luz e uma mulher, com o mesmo tom pálido do homem do outro quarto, penteava os cabelos. Com esta última visão, o olho arcano se desfez, marcando o fim da duração do encanto. Kariel porém já estava satisfeito. Conseguiu algo para expor ao Lorde Randal.

     Arthos subiu as escadas, quando de repente ouviu passos. Outra pessoa atrás dele também subia as escadas. Então o elfo, invisível, se encolheu e por ele passou ninguém menos que o próprio Lorde Gryvus, que exibia um semblante preocupado. O homem foi até o escritório, pegou alguns papéis e entrou no quarto ao lado, para falar com o homem pálido que lia o tomo sobre Velsharoon, sendo seguido por Arthos, que se esforçou para ouvir a conversa. O homem sentado foi quem começou o diálogo.
     "Mestre, o que há? Parece preocupado."
     "Um pouco. O maldito Lorde Randal passou o comando da cidade para o maldito do Garekh Inklas. Mas a hora dele se aproxima. Randal estará a nossa mercê. Se nos contrariar, levaremos sua mulher e filho. O que me incomoda são aqueles aventureiros que ele contratou."
     "Acha que eles podem nos atrapalhar, Lorde?"
     "Não, mas temos que ter cuidado."

     Arthos ouviu tudo, com satisfação. Agora também ele tinha uma evidência. Subiu as escadas para encontrar seus companheiros no segundo andar e passar-lhes as notícias. Como todos estavam invisíveis, teria que esperar ser interpelado por Kariel, que poderia enxergá-lo e a Limiekli. Ao subir, ouviu uma voz em tom baixo.
     "Sou eu, Arthos, Kariel"
     "Também estou aqui", disse também Limiekli.
     "Bom achá-los. Descobri algumas coisas interessantes sobre Lorde Gryvus. Ele quer chantagear Randal.", revelou Arthos.
     "Encontrei em duas destas salas um homem e uma mulher, estranhamente pálidos, como se não tivessem sangue. Um deles deve ser um servo de Velsharoon, deus dos mortos-vivos. Parece que já temos o suficiente. Vamos sair daqui e voltaremos com o apoio de Lorde Randal", disse Kariel.

     Os três então desceram as escadas, quando novamente ouviram passos. Era Gryvus que subia. Os três então se comprimiram no canto dos degraus, próximo a parede, para que o mesmo passasse sem percebê-los. Porém o nobre interrompeu seu caminho e parou por um momento. De repente, fez alguns gestos e proferiu as seguintes palavras: "Invisibilitis reperire". Ao terminar seu comando mágico, os três invasores, mesmo invisíveis, passaram a ser vistos por Gryvus.

     "Espiões! Vão pagar caro pela sua invasão, 'Cutis saxum'," Disse o homem, lançando sobre si um novo encanto.
     Kariel sabia ser aquelas palavras um sortilégio para deixá-lo resistente os golpes das armas e então resolveu lançar um contra-feitiço:
     "Magica navitas dissipare", com estas palavras, o elfo Escolhido de Mystra dissipou a magia que protegia Gryvus, mas também a invisibilidade que agia sobre si e Limiekli. Arthos não fora atingido pelo efeito do encanto, pois deu um salto escada abaixo em direção ao andar inferior. Limiekli, então imobilizou os braços de Gryvus, enquanto Kariel desceu as escadas. Queria o Escolhido avisar os demais, que ficaram do lado de fora da propriedade do nobre. Gryvus, porém livrou-se de Limiekli e o empurrou sobre Kariel, caindo os dois escada abaixo. Neste momento, Arthos virou-se para o alto da escada, e retirando um frasco de um bolso de seu traje, o arremessou em direção ao Lorde. O vidro explodiu em chamas, porém Gryvus, em um novo encantamento, conjurou uma porta mágica, que surgiu do nada e o engoliu, fugindo do cenário da batalha.
     Kariel levantou-se, correu em direção da janela e olhou para o céu da noite límpida de Cachoeiras da Adaga naquele dia. Foi o suficiente para lançar um encantamento.

     Do lado de fora, Mikhail, Magnus, Bingo e Sirius estavam apreensivos sobre a situação de seus companheiros dentro da propriedade. Foi quando Magnus olhou para o céu e viu que um brilho azulado começava a desenhar no firmamento o símbolo da Comitiva.
     "É agora. Vamos!", partiu o paladino em direção ao portão, seguido de seus companheiros.

     A força combinada dos aventureiros arrebentou o portão. De dentro do pátio se apresentaram dois guardas.
     "Homo debilitare", com estas palavras Mikhail paralisou os dois oponentes. Mas haviam mais e quatro deles surgiram da escuridão para impedir o avanço dos heróis. Enquanto Magnus e Mikhail trocavam golpes contra dois dos guardas, em uma luta franca, Sirius e Bingo preparavam seus arcos e disparavam nos dois oponentes mais distantes. Um deles, duramente atingido por Sirius, resolveu fugir enquanto o outro avançou. Sirius então gritou para o oponente.
     "Nosso objetivo aqui não é matá-los. Faça como seu amigo e volte para sua família.", advertiu, porém sem ser levado a sério pelo guarda, que continuou avançando. Foi quando Bingo deu um disparo certeiro, ferindo o homem mortalmente. Sirius aproximou-se do homem que agonizava.
     "Eu te disse!", falou antes de dar o golpe de misericórdia, aliviando o sofrimento do homem.

     Dentro da mansão, Arthos e Kariel decidiram subir as escadas, à procura de Gryvus e seus comparsas. Antes que Limiekli pudesse seguí-los surgiram dois guardas que o impediram de prosseguir. Limiekli, depois de defender alguns golpes com sua espada, deu-lhes um empurrão, derrubando os dois escada abaixo. O ranger então desceu correndo, passou pelos dois adversários que já começavam a se levantar e prosseguiu em direção a saída da mansão. Ao chegar na porta, viu seus companheiros, que já se aproximavam.
     "Ei...me ajudem aqui! Pelo amor de Mielikki!", pediu Limiekli.

     Os guardas que haviam sido derrubados na escada, desceram atrás do ranger, mas chegando na porta viram também seus amigos. Olharam um para a cara do outro e, devido a desvantagem, decidiram retornar. Naquele instante, o guarda que lutava com Mikhail se rendeu e o que combatia contra Magnus foi a nocaute. Em seguida então entraram na mansão, atrás dos dois guardas que restavam. Os encontram na escada e após um deles tomar um golpe de Magnus, ambos largaram suas espadas e renderam-se. Um deles olhou para Limiekli:
     "Você só venceu por causa de seus amigos, fracote!"
     A declaração, mexeu com os brios do ranger, que o desafiou:
     "Ora. Então venha me enfrentar de mãos nuas!", Magnus soltou o homem e ele e Limiekli trocaram rápidos golpes. O ranger levou a melhor e o guarda aceitou sua derrota. Os adversários foram amarrados e Mikhail então disse:
     "Temos que encontrar Arthos e Kariel", então subiram as escadas.

     Poucos minutos antes, Kariel e Arthos haviam chegado no primeiro andar.
     "Vamos para o aposento daquele assecla pálido dele. Gryvus deve estar lá", disse Arthos.
Correram então para o quarto, cuja porta estava fechada. Os dois então arrombaram-na. O lacaio de Gryvus estava lá, mas sua companhia não era seu mestre, mas sim um esqueleto que atacou os aventureiros. Arthos resistiu o quanto podia, enquanto Kariel se posicionava para lançar um feitiço. O homem então lançou um feitiço que dissipou o som no ambiente, na esperança de impossibilitar o mago elfo de dizer as palavras mágicas, mas como Kariel era um dos Escolhidos de Mystra, isso lhe permitia que conjurasse determinados encantamentos apenas com a força de vontade. E assim fez: lançou um relâmpago de suas mãos, que atingiu, tanto o esqueleto, quando o lacaio de Gryvus. A rama elétrica destruiu o primeiro, e atingiu o segundo, que enfraquecido, invocou um novo feitiço e desapareceu. Porém um efeito inesperado ocorreu: o raio refletiu na parede de pedra e voltou-se em direção a Arthos, que também acabou atingido.

     "Você está bem, Arthos?", perguntou Kariel.
     "Mais ou menos. Vamos sair daqui e procurar em outro lugar."

     Enquanto preparavam-se para deixar o quarto, seus companheiros que estavam subindo as escadas aproximaram-se do mesmo andar que eles. Mikhail, Sirius, Magnus, Bingo e Limiekli chegaram a tempo de ver Kariel e Arthos deixarem quarto, com vistas a procurar os próximos adversários da Comitiva da Fé.

.

Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

Os Últimos Dias de Glória © Todos os direitos reservados 2004 - Forgotten Realms™ e seus personagens são marcas registradas da Wizards of The Coast Inc.
This page is a fan site and is not produced or endorsed by Wizards of the Coast. Forgotten Realms is a registered trademark of Wizards of the Coast, Inc.