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A Decisão de Randal Morn
Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira,
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira
Personagens da aventura:
Os
Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli).
Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor.
O Halfling: Bingo Playamundo; O Anão: Bhury
Rocha Suprema.
A Decisão de Randal Morn
A
Comitiva, refeita da batalha e tendo cumprido sua missão,
deixou o complexo de cavernas. Carregaram mithril, o raríssimo
metal de propriedades excepcionais, entregue por Buri Rocha Suprema,
em agradecimento a ajuda dispensada pelos heróis. Após
algumas horas, passaram das cavernas para as ruínas da antiga
torre de Gothyl e das ruínas, finalmente à superfície,
contemplando novamente a luz do sol e a Floresta das Aranhas. Todos
estavam aliviados. Bingo, e em seguida Sirius, deitaram-se na grama,
felizes por deixarem aqueles subterrâneos. A floresta, porém,
não parecia mais a mesma que encontraram quando passaram
à caminho do subsolo da torre. A vida lentamente começava
a retornar àquele local. Já podiam se ouvir o canto
dos pássaros, as flores e as folhas das árvores pareciam
mais verdes do que antes.
"Ah...como
é bom sentir novamente o cheiro da floresta!", disse
Mikhail.
"Também
acho. Não sei como os anões conseguem viver em um
lugares subterrâneos", comentou Limiekli.
"Vejo
que a floresta se recuperou rápido.", Sirius observou,
ainda deitado.
"Acho
que a desolação que havia tinha alguma ligação
com o demônio!", disse Limiekli olhando em volta.
"O
mal que aqui havia foi expurgado. Não é de surpreender
que a floresta se renove agora. Ela está abençoada
novamente por Mielikki e Moradin, ainda que não existam mais
os seus seguidores anões!"
"Quem
sabe um dia o Santuário de Moradin não volte a ser
habitado novamente. Vou falar com Windolfin sobre a existência
deste lugar!"
Após
um rápido descanso, a Comitiva foi em direção
á cabana de Madarn, próxima ao riacho, onde passaram
a noite. Durante a viagem, Mikhail notou que Kariel andava calado,
mais introspectivo do que o normal.
"Kariel,
o que lhe aflige?"
"Mikhail...
acho que de todos os perigos que enfrentamos o pior foi aquela mulher-demônio..."
"Discordo,
Kariel! Eu quase morri lutando contra aquele Jhystermarex!",
interrompeu Arthos.
"Não
falo disso. A dor física passa rápido, mas aquela
Arísia aumentou a dor de minha alma, tocando em feridas que
demorarão de cicatrizar."
"Não
fique assim. Muitas das coisas que ela lhe falou certamente foram
mentiras. Mas o que posso fazer para ajudá-lo. Quer confessar
algo?", perguntou Mikhail, clérigo de Mystra que era.
"Não
há nada para confessar. Apenas ore por mim em nome da Deusa."
"Farei
isto. Pedirei para que ela alivie seu coração."
"Obrigado,
Mikhail."
"Err...
Mikhail... aproveitando que você é chegado aos deuses.
Poderia me dizer uma coisa? Quando Jhystermarex me acertou e eu
cai, tive uma visão de Kelemvor, que parecia me olhar feio?
Sabe o porquê disso?"
"Não
sei. Você pode o ter ofendido de alguma forma!"
"Eu
andei com ele tempos atrás. Não me lembro de ter-lhe
feito nada, nem ter ganho nada dele no jogo para que ele esteja
zangado.", comentou Arthos, lembrando de sua aventura no Tempo
das Perturbações.
"Vocês
falam dos deuses com se eles fossem humanos!", espantou-se
Limiekli.
"Alguns
deuses já foram mesmo humanos, Limiekli!", concluiu
Arthos para espanto ainda maior do ranger.
"Uma
outra coisa me aquieta", disse Kariel, "Lembram-se do
sonho do gnomo Telimas? Sobre drows voltando a dominar a superfície?
Aquilo parece muito preocupante".
"Bem
lembrado. Teremos que discutir este assunto dos drows"
"Sobre
os drows não há muito sobre o que se discutir, Mikhail",
sentenciou Arthos.
"Se
todos os drows forem como os que conheci, você está
certo!", disse Sirius.
"Não
é bem assim, Sirius. Lembra-se do drow Nandro? O encontramos
novamente e ele nos ajudou no Vale do Vento Gélido, a algum
tempo atrás!", lembrou-se Magnus.
"Havia
também outro, chamado Drizzt, que também nos auxiliou
naquela ocasião.", completou Kariel.
O
tempo passou e chegaram na cabana. Banharam-se no riacho e dormiram.
Pela manhã, começaram uma refeição com
os alimentos de suas provisões. Então Magnus perguntou
a Sirius.
"Sirius
...encontramos você aqui nesta floresta e agora teremos que
partir para o Vale da Adaga. Você virá conosco?"
"Minha
idéia era encontrar Iorek, mas acho que vou com vocês,
mesmo sabendo que andando com esta comitiva é possível
que não fique vivo muito tempo."
"Ora
Sirius, quem quer morrer de velhice? Ficar velho demora muito tempo!",
falou Arthos, brincalhão.
"Você
fala isso por que é um elfo!", comentou sorrindo Sirius.
"Apesar
disso nosso companheiro tem razão, eu também não
quero morrer numa cama, suplico a Helm que minha vida seja tirada
na mais titânica das batalhas e que o derramamento de meu
sangue não seja em vão.", terminou o paladino.
Uma Descontração
Exagerada
A
chegada à vila gnoma de Stormpenhauer foi tranqüila.
Como da outra vez, dezenas de crianças cercaram os aventureiros.
Puxaram suas roupas, queriam pegar no cabelo azul de Kariel e nas
armas reluzentes (Arthos deu um tapinha de leve na mão de
um gnomozinho que queria pegar o seu sabre!).
"Então,
Comitiva? Vamos procurar o nosso amigo, o "adorável"
e "bem-humorado" Madarn", sugeriu Arthos.
"Vamos,
mas não esqueçamos de falar com Telimas.", disse
Kariel, ainda preocupado com o sonho sobre os drows.
Madarn
cortava lenha e estava de costas, quando Mikhail disse:
"Precisa
de alguma ajuda?"
"Vocês?
Que surpresa! Pensei que já estavam mortos!", disse
o gnomo.
"É
muito bom vê-lo também, Madarn.", comentou Arthos
irônico.
"E
aí? Trouxeram algo pra mim? Algum veneno, chifre de algum
animal exótico..."
"Não,
mas meu amigo tem um couro de animal estranho.", respondeu
o Dileto de Mystra olhando para Limiekli.
"Ah...é
mesmo!", o ranger retirou um pedaço do couro dos besouros
humanóides que enfrentaram e mostrou para Madarn. "Tem
como trabalhar este couro, gnomo?"
"Isto
é couro de monstro de úmbria. Infelizmente não
tenho como trabalhá-lo. Ah...Telimas disse que queria falar
com vocês quando voltassem. Vão até lá."
Mikhail,
Kariel e Arthos são os que foram em nome da Comitiva falar
com Telimas, enquanto os outros descansaram ou conversaram com Madarn
sobre a aventura e a floresta. O trio então bateu a pequena
porta da casinha sob uma árvore, onde morava Telimas. Este
abriu a porta e convidou-os a entrar. O baixo teto obriga os elfos
a abaixarem suas cabeças. Desta manobra, porém esquece-se
Mikhail, que dá com a testa no forro do teto.
"Aventureiros..
Sentem-se. Contem-me como foi sua jornada!"
Kariel
então contou. Falou sobre a exploração das
ruínas da torre, sobre o Santuário de Moradin e as
lutas contra os demônios, sendo ouvido atentamente pelo velho
gnomo.
"Demônios!?
De Baator? Esta ameaça nem eu supunha que existisse!",
falou admirado Telimas.
"Nem
nós. Acha que se soubéssemos entraríamos naquele
local tão alegremente?", perguntou Arthos.
"Alegremente,
não, mas com certeza entraríamos!", disse Kariel
em tom de brincadeira.
"Vocês
salvaram a floresta! Esta ameaça nem mesmo nós, que
vivemos aqui, sabíamos!"
"Era
um perigo há muito oculto."
"É...
as vezes os anões cavam fundo demais!", filosofou Arthos
de cabelos escarlates.
"Então,
demos graças à Baervan Errante Selvagem e a Tymora
por terem vencido e retornado."
"E
a Mystra por ter nos protegido!", somou Mikhail, quisera ele
invocar o nome de sua deusa também.
"Pois
é... este parece ser a sina da Comitiva: por onde quer que
coloquemos os pés surgem perigos!", Continuou Fogo Negro.
"Espero
que seu vaticínio não seja sempre verdadeiro, Arthos!",
desejou Kariel, que continuou dizendo "Mas, Telimas... gostaria
de saber mais sobre seu sonho sobre os drows. Algum novo presságio?"
"Infelizmente
não, mas este sonho é muito nítido em minha
mente. Não sei se meus sonhos são sinais do que aconteceu
ou presságios de algo que poderá acontecer. Talvez
não tenha sabedoria suficiente para interpretá-los."
"Espero
que sejam apenas criações da mente, apenas sonhos!",
disse Kariel.
"Mas
como os drows poderiam voltar? Eles não odeiam a luz do sol?",
perguntou Arthos.
"Sim,
desde que foram expulsos por Corellon. Porém existe uma única
possibilidade. Caso a maldita deusa Lolth obtenha poderes para obscurecer
até mesmo esta sentença de Corellon, mas isto é
improvável!"
"E
os outros deuses de Faerûn não iriam deixar...",
comentou Mikhail.
"Disso
tenho minhas dúvidas.", expressou Arthos mais uma vez
sua indignação pelos deuses.
"Sim,
Mikhail. Os deuses humanos não costumam interferir em nosso
panteão.", concordou o Dileto.
"Eu
tenho um livro que fala um pouco sobre esta história.",
Telimas abriu um empoeirado tomo e no meio de suas páginas
escritas no idioma gnomo, desenhos mostraram uma luz repelindo os
drows para o subterrâneo.
"Este
deve ser a narrativa sobre a expulsão, certamente!",
concluiu Kariel.
"Bem,
amigos. Não tenho mais novidades.", falou Telimas guardando
o livro.
"Então
peço-lhe licença para nos retirarmos.", disse
Mikhail.
A
Comitiva então deixou a pequena casa de Telimas e se reuniu
novamente. À noite, conversaram junto com Madarn em sua casa.
"Madarn.",
chamou Arthos, "Isto aqui está um tédio. Arrume
um tabuleiro. Vamos jogar dados!"
"Jogar?!",
interessou-se Sirius, "Vamos apostar o quê? Dinheiro?"
"Não!
Quem perder bebe um copo de vinho. Vamos até secar o barril
e ver quem tem mais sorte!"
"Opa!
Tô nessa! Vai ser divertido.", disse Limiekli.
"Bem...
também vou jogar", disse Kariel, "Mas advirto:
sou devoto da Deusa da Sorte!"
"Ah...eu
também sou!", disse Sirius.
"Então
vamos ver quem ela está olhando hoje.", Kariel disse
sentando-se a mesa com os demais.
Os
dados rolaram a noite toda, enquanto o restante da vila dormia,
com exceção de Magnus, que insistiu em montar guarda
por fora do recinto e de Mikhail, que ficou para observar um pouco
mais do jogo antes de se recolher. Arthos, Madarn, Sirius e Limiekli
não tiveram sucesso em muitas rodadas, enquanto foram assistidos
por Kariel, que pouco perdeu, permanecendo sóbrio e sereno,
e divertindo-se com tudo aquilo. O diálogo que se seguia
mostrou o estado dos apostadores.
"Amigosch..."
balbuciou Arthos, "Quando acabar aqui vô matá
aquele Feldin dexgraçado, hic!"
"Feldin
já está morto, Arthos.", lembrou Kariel.
"Eu
vô matá ele de novo!"
"Chirius...
hic... você é um cara legal... eu gochto... de... você
pra caramba!", falou Limiekli com a proximidade que somente
o álcool pode oferecer.
"Amigosch..
ascho que já bebemosch demaich...", disse Sirius, segundos
antes de cair desacordado com a cara na mesa.
"Mas
que coisa deprimente! Em que estado vocês chegaram!"
Comentou Mikhail.
"Mas
temos de admitir que é engraçado ver." Disse
Magnus.
Por
aí foi á noite. Ao amanhecer, Arthos foi acordado
por Kariel, que bateu com a espada embainhada no seu ombro. O elfo
de cabelos vermelhos estava abraçado junto a Limiekli, Madarn
e Sirius. Havia um cheiro desagradável e azedo de vômito
no ar.
"Arthos!
Acorde! Vocês estão em um estado deplorável.
Vão tomar um banho para sairmos da vila.", disse Kariel,
pensando se devia ou não colocar esta cena em seu diário.
"Ai...
Que dor de cabeça!", reclamou Arthos de ressaca.
"Nunca
mais bebo novamente!", falou Limiekli, também tentando
se levantar.
A
Comitiva então preparou-se e partiu, rumo ao Vale da Adaga.
Arthos, Limiekli e Sirius foram calados e com uma brutal dor de
cabeça. Mardarn entregou de presente a Limiekli um barril
de cerveja de ogro e observou-os sumirem lentamente pela floresta
enquanto algumas lágrimas rolaram por seu rosto.
"Vamos
beber, Madarn.", convidou um dos gnomos.
"Sai
prá lá...", empurrou Madarn. "Vou sentir
falta destes caras. Foram os melhores amigos que já tive!".
O Retorno a Cachoeiras da
Adaga
Um
dia e meio depois, a Comitiva da Fé avistou o rio Tesh e
logo após a cidade de Cachoeiras da Adaga. Foram até
o castelo falar com o Lorde Randal Morn, onde ele os recebeu sem
demora.
"Salve
Comitiva. Seja bem-vinda."
"Salve
Lorde", cumprimentou Kariel, "Alguma novidade sobre os
desaparecimentos?"
"Infelizmente
a situação só piora. O filho de um comerciante
local acaba de desaparecer. E vocês, o que têm a me
dizer? Acharam Gothyl?"
"Fomos
até a torre, mas não encontramos a bruxa", relatou
Mikhail, "Porém acabamos por encontrar outro mal, um
demônio, que assolava as profundezas abaixo da Floresta das
Aranhas".
"Sobre
a demanda do Vale da Adaga, obtivemos a informação
de que encontraríamos algo nas montanhas a noroeste.",
lembrou Arthos.
"Noroeste?!",
ponderou Randal, "Pode ser a cadeia próxima a Anauroch,
ao final das Montanhas da Boca do Deserto. Mas seria uma área
muito extensa para cobrir. Vocês demorariam bastante."
"E
sobre Laure? Ela retornou ao castelo?" , quis saber Arthos.
"Sim.
Ela disse que encontrou a cabana dos Harpistas, mas não havia
pistas. No momento ela está lá, ainda procurando por
algo. Bem... meus amigos", disse o Lorde, "Vocês
partiram e a situação piorou. A nobreza me pressiona
e até mesmo a confiança do povo em mim está
acabando. Não me vêem mais como aquele herói
que um dia expulsou as forças de Forte Zenthil. Terei que
tomar uma medida. Irei pessoalmente com vocês nesta busca.
Me reunirei á noite com a nobreza e farei um pronunciamento
amanhã, deixando o comando do Vale da Adaga nas mãos
de um nobre de confiança. Por hora não contem a ninguém."
"Acho
que esta idéia irá reforçar a confiança
do povo no senhor, mas pode deixar uma situação de
fraqueza. Por acaso algum nobre deseja cobiçar sua posição?",
perguntou Kariel.
"Meu
caro elfo, até em volta do Trono de Aço de Cormyr
existem conspiradores. Aqui no Vale da Adaga não é
diferente. E se eu permanecer aqui sem resolver esta situação,
mais cedo ou mais tarde, o povo irá me retirar do poder.
Agora devo ir. Encontro com vocês amanhã de manhã,
após meu pronunciamento.". Randal Morn ia deixando o
salão, quando Arthos o chamou:
"Lorde
Randal. Encontramos algum mithril em nossas andanças. Poderia
guardá-lo em um lugar seguro?"
"Sim,
aventureiro. Guardarei com segurança. Onde está o
mithril?"
Magnus retirou o metal de sua mochila e entrega ao nobre.
"Nos
vemos amanhã.", despediu-se o soberano de Vale da Adaga.
Os
aventureiros então seguiram para a ala de aposentos, quando
um guarda entrou no cômodo e os abordou.
"Senhores....
com vossa licença, mas um homem na entrada do castelo deixou
um recado para o senhor Arthos. Disse-lhe para encontrá-lo
na taverna."
"Evendur!
Tinha até me esquecido. Bem, amigos, irei até a taverna.
Quem sabe ele tem uma novidade para mim. Até mais!",
despediu-se Arthos, deixando o salão.
"Guarda.",
chamou Sirius.
"Pois
não, senhor?"
"Existe
algum local aqui para treinar? Preciso me exercitar!"
"Sim.
Há a sala de treinamento da guarda, mas somente há
treino pela manhã!"
"Droga...
A noite vai ser bem monótona! Limiekli, está a fim
de beber? Vamos para a taverna também?"
"Ora,
vamos! Levarei meu barril de cerveja de ogro!", concordou o
ranger, animado.
"Ah...
mas desta cerveja eu não bebo... dá a maior dor de
cabeça!", sorriu Sirius, lembrando-se da bebedeira na
vila de Stormpenhauer. "Kariel e Mikhail...vocês não
vem?"
"Ficarei
aqui, Sirius", disse Mikhail, que, sendo um sacerdote, não
era adepto de bebedeiras em tavernas.
"Também
ficarei com Mikhail. Talvez possamos conversar sobre a Arte e sobre
Mystra"
As Investigações
de Evendur
Os
aventureiros entraram na taverna A Rocha Vermelha. No movimentado
lugar, a meia elfa Kessla, a taverneira, que aparentava cerca de
quarenta primaveras, servia no balcão. Sentado a frente dela,
estavam o gnomo Nilix e o anão Thaugor, que Arthos e Limiekli
já conheciam pelas incríveis mentiras. Perto deles
estava a figura discreta do ladino Evendur. Eles conversavam animadamente.
"...então
aquele dia eu estava muito irritado e com um único golpe
matei o minotauro. Foi incrível, até mesmo para mim.
Até hoje me pergunto como consegui fazer isto!", disse
Thaugor que estava acabando de contar um "caso". Sirius
chegou e entrou na conversa:
"É
verdade. Tem dias que algo divino parece se apossar da gente. Este
meu amigo aqui", apontou para Limiekli, " arrancou um
chifre de um balor. Pena que o negócio se desintegrou!"
"É
mesmo!", pareceu espantado o anão, "comigo aconteceu
a mesma coisa!", emendou, mostrando muita cara-de-pau.
"Até
trouxemos cerveja de sangue de balor do inferno. Está aí
com ele", aproveitou Arthos para contar uma grande mentira,
apontando para o barril carregado por Limiekli.
"Oba!
Vou querer provar!", adiantou-se o anão para pegar o
barril, que foi afastado de suas mãos por Sirius.
"Não...
por este aqui você vai ter que pagar para a taverna. Vamos
trocar por três barris de cerveja comum. Aceita a troca?",
perguntou a Kessla.
"Humm...
aceito por dois barris. Mesmo não acreditando muito nesta
história, é bom termos um produto diferente."
"Antes
deixe eu dar uma provadinha, Kessla! Por favor!", implorou
o anão.
"Mas
Thaugor... você está devendo mais de 30 peças
de ouro aqui na taverna!"
"Eu
imploro! Só um copinho!"
"Está
bem! Mas só uma caneca!", Kessla antes de guardar o
barril deu uma caneca da cerveja ao anão.
"Hummm",
saboreou o anão, "Está uma delícia! Onde
vocês conseguiram mesmo?"
"Foi
em uma vila de gno...", ia dizendo Limiekli, quando recebeu
um pisão de Sirius.
"Foi
no inferno, no inferno"., completou Arthos, mantendo a história
fantasiosa.
Mas Arthos
tinha outros assuntos a tratar e chamou Evendur para um local mais reservado.
O ladino então começou a falar.
"E
aí, Arthos? Por onde andou?"
"Por
muitos lugares. Nem queira saber...", disse o elfo de cabelos
vermelhos, com pouca vontade de repetir mais uma vez todos os acontecimentos
na Floresta das Aranhas, "Diga-me...o que descobriu?"
"Bem...
andei me esgueirando por aí, você sabe... Sabe aquele
Lorde Garekh Inklas? Ele apoiou a presença de vocês
aqui no Vale da Adaga. Conversei com ele e o homem patrocinou minha
investigação. Descobri algumas coisinhas... Aquele
tal de Gryvus, lembra?"
"Sim...
continue"
"Dizem
que ele chegou aqui anos atrás e ocupou as terras de um irmão
chamado Jhorion, que morreu em uma viagem. Mas descobri que Jhorion
não tinha nenhum irmão. Pelo menos em nenhum documento
que pude pesquisar... Continuando minha investigação,
descobri outra coisa: quando Gryvus adquiriu os direitos sobre o
condado de Jhorion, demitiu todos os antigos funcionários,
dizendo que já tinha o seu próprio pessoal, o que
é muito estranho..."
"Descobriu
onde mora algum destes funcionários?", argüiu Arthos.
"Na
verdade sim, um homem chamado Talmim. Sugiro irmos para a casa dele
ainda hoje. Devemos obter alguma boa informação por
lá. Mas depois, Garekh pediu para que passássemos
na propriedade dele. Ele quer falar conosco antes de prosseguirmos."
"Vamos
então.", decidiu Arthos Fogo Negro, levantando-se do
banquete e saindo com Evendur, deixando seus amigos se divertirem
na taverna.
Rumaram
a cavalo para o norte, até um bairro de casas humildes de
madeira. Desmontaram e bateram à porta de uma delas. Um homem
baixo, cerca de cinqüenta anos, atendeu abrindo a portinhola.
"Quem
são vocês?"
"Relaxe,
meu bom homem. Você é Talmim não é mesmo?
Sabemos que foi um dos empregados de Jhorion. Só queremos
conversar.", falou Evendur para o homem.
"Queremos
saber o que aconteceu quando Lorde Gryvus chegou.", argüiu
Arthos.
"Não
tenho nada para falar com vocês.", disse o homem, meio
nervoso, mencionando fechar a portinhola. Porém antes que
isto acontecesse, Evendur sacou do bolso um pequeno saco aveludado
e ouviu-se o ruído metálico de moedas.
"Desculpe-nos",
disse ele, "estava esquecendo de algo"
O
homem então arregalou os olhos, fez uma expressão
mais amigável e abriu a porta de sua casa.
"O
que querem saber?", perguntou.
"Queremos
que nos conte sobre a chegada de Lorde Gryvus.", insistiu Arthos.
"Quem
vocês representam? E se me matarem por contar estas coisas?",
perguntou novamente o desconfiado Talmim.
"Viemos
em nome de Lorde Randal. Ele poderá protegê-lo.",
revelou o elfo.
"Está
bem... eu era encarregado dos estábulos. Uma certa noite
Lorde Jhorion e sua esposa partiram para uma viagem aos Vales das
Brumas para vender peles e nunca mais retornaram. Poucos meses depois,
esse Lorde Gryvus e sua mulher apareceram com documentos. Disseram
que eram parentes e que Jhorion e a esposa haviam sido assassinados
na estrada. Conseguiram o direito às terras na nobreza, tão
rápido que me espantei. Dispensou nossos serviços,
até mesmo os guardas e chegou com um pessoal dele. Trouxeram
umas três ou quatro carruagens. Descarregaram caixas enormes,
cada umas delas era puxada por quatro cavalos. De uma delas vi escorrer
terra com certeza. Aquilo foi estranho. É tudo que sei."
"Obrigado",
disse Evendur entregando-lhe cinco peças de ouro.
"Devemos
ir investigar esse Gryvus em sua casa.", opinou Arthos.
"Somente
nós dois? Isto seria precipitado. E está muito tarde.
É melhor que seja amanhã á noite. Temos que
falar agora com Lorde Garekh Inklas."
"Está
certo. Depois conversaremos com meus companheiros", disse Arthos,
enquanto se dirigia à sua montaria.
Cavalgaram
mais um pouco até chegarem a uma propriedade rural, e desmontaram
à frente de um grande casarão, onde residia Garekh
Inklas. Liberados pelos guardas após se identificarem, foram
levados á uma sala de visitas. Lorde Garekh surgiu e cumprimenta
os recém chegados.
"Saudações.
Vejo que trouxe seu companheiro, Evendur. Arthos, não é
mesmo? Onde você e seus amigos estavam? Sumiram por alguns
dias."
"Estivemos
a busca de pistas."
"Evendur
deve ter-lhe colocado a par das investigações, correto?"
"Sim.
Na verdade até já entrevistamos um antigo funcionário
de Gryvus, Talmim, que nos deu algumas informações."
"Ótimo.
Espero que não esteja desconfortável com este tipo
de investigação secreta. Embora eu respeite muito
o Lorde Randal Morn, acho que ele está sendo um pouco descuidado
nas investigações. Até mesmo a chegada de vocês
foi tardia. Mas, amigos... não sei quanto a opinião
dos seus outros companheiros, mas pretendo pagá-los se me
ajudarem a resolver este problema."
"Meus
amigos não devem se importar com isso, mas podemos conversar
sobre este assunto depois", disse Arthos, que não queria
dispensar umas moedas extras em seu bolso.
"O
que descobriram com Talmim?", perguntou o Lorde.
"De
novidade, Talmim disse-nos que Gryvus mudou-se para a propriedade
de Jhorion com uma bagagem estranha, caixotes imensos de madeira
que eram puxados por quatro cavalos.", relatou Evendur.
"O
que poderia ser tão pesado. Armas? Será que planejam
algum tipo de invasão?"
"Talvez.
Nunca se sabe. Pode ser qualquer coisa"
"Ouvi
dizer que existem muitos mercenários por aí, provavelmente
contratados pelo tal Vorik, que luta contra Cormyr. Fiquem de olhos
abertos."
"Lorde",
disse Evendur, "Arthos quer invadir com seus amigos a mansão
de Gryvus para descobrir pistas.".
"Não
seria uma invasão propriamente dita, seria mais uma infiltração.
Entraríamos sorrateiramente.", emendou o elfo.
"Façam
o que acharem melhor, mas prestem atenção: a reunião
dos nobres terminou a pouco e eu fui escolhido como governante provisório,
enquanto Randal Morn parte com vocês para as investigações.
Portanto, se algo acontecer a vocês nesta missão, gostaria
que meu nome não fosse mencionado. Seria uma vergonha para
mim e para o Lorde."
"Compreendemos.
Vamos investigar isto com calma.", disse Arthos, concluindo.
"Então
amigos, boa sorte e boa noite.", despediu-se Lorde Garekh Inklas.
Os
dois montaram. Evendur voltou para a taverna e Arthos para o castelo.
No castelo Arthos encontrou Kariel, que estava estranhamente de
pé em uma janela, de costas para o salão, quase como
se fosse saltar. Arthos pensa no que o elfo Escolhido de Mystra
dissera dias atrás sobre a tristeza que sentiu a respeito
das visões de Ênia , provocada pela mulher-demônio
Arísia e por um momento perguntou-se se seu amigo iria fazer
algo impensado.
"Kariel!
O que está fazendo?"
O
elfo mago de cabelos azuis, salta do parapeito de volta para dentro
do salão.
"Estava
coletando uma pena de pombo para meus encantos!", respondeu,
aliviando Arthos.
"Consegui
informações importantes.". Arthos então
contou a Kariel tudo que sabia a respeito das investigações
e de Lorde Gryvus.
"Por
Tymora!", exclamou Kariel, "Talvez ele seja a chave deste
mistério."
"Penso
em fazermos um reconhecimento pela manhã, durante o pronunciamento
do Lorde Randal."
"Sim.
Vamos avisar a todos e amanhã partimos. Deve ser um grupo
pequeno, quatro ou cinco no máximo, ou levantaremos suspeitas."
"Concordo",
disse Arthos. Vamos esperar os outros chegarem, contaremos aos demais
e amanhã partimos.
Com
todos os membros da Comitiva presentes, Arthos os comunicou sobre
o plano de tentar descobrir algo do Lorde Gryvus. A maioria concordou,
somente Magnus, a princípio, achou que poderia ser arriscado,
pois Gryvus poderia ser inocente, no entanto, revelou que se eles
descobrissem algum motivo para o paladino decapitá-lo ele
o faria. Pela manhã uma rápida preleção
foi feita. Conforme o acertado para a missão furtiva, foram
cinco os escolhidos para fazer o reconhecimento da área:
Arthos, Kariel, Limiekli, Evendur e Bingo. Partiram logo cedo.
Chegando
nas proximidades, examinaram a área. Alguns guardas foram
notados ao longe.
"Com
a luz do sol e os guardas, não é prudente que entremos
todos.", disse Kariel.
"Eu
posso ir e fazer o reconhecimento.", ofereceu-se Limiekli.
"Posso
tornar-lhe invisível para esta tarefa", sugeriu Kariel.
"Invisível?!
Vai ser moleza então!", disse confiante o ranger.
"Está
certo! Mas tenha cuidado. Não pode atacar ninguém
neste estado ou quebrará o encanto.", Kariel então
fez alguns gestos e pronunciou as seguintes palavras arcanas: "invisibilitis
reddere". O ranger então desapareceu das vistas de todos.
Kariel continuou, desta vez voltando-se para Arthos.
"Acho
melhor retornarmos à noite. Seremos mais furtivos e poderemos
nos preparar melhor com as informações que teremos
do reconhecimento."
"Concordo,
Kariel", disse Arthos.
"Eu
poderia ficar aqui e encontrar vocês a noite. Descobrirei
o número de guardas e o horário das trocas de sentinelas.",
sugeriu Limiekli.
"Boa
sorte, Limiekli. Voltaremos a noite então.", disse Arthos.
O
restante do grupo pegou os cavalos e tomou novamente o caminho do
castelo, enquanto Limiekli adentrou a propriedade de Gryvus. Usando
uma corda com um gancho, o homem escalou o muro e notou que do lado
de dentro havia o telhado de um estábulo, ideal para servir
de ponto de apoio para descer ao gramado interno. Limiekli então
pulou para fazer o reconhecimento do local.
Enquanto
isso, no castelo, Lorde Randal, em uma sacada, iniciou seu pronunciamento,
tendo como espectadores o povo, a nobreza e os membros da Comitiva
da Fé.
"Cidadãos
de Cachoeiras da Adaga", iniciou Randal dirigindo-se para a
multidão no pátio do castelo, "Eu como Lorde
governante, com meu esforço unido ao de vocês, consegui
libertar o nosso vale das forças malignas do Norte. Hoje
se abate sobre nós novamente um período de tristeza
devido ao misterioso desaparecimento de muitos de nossos entes queridos.
Sei que uma solução deve ser encontrada. Em momentos
difíceis, resoluções firmes devem ser tomadas.
Por isto decidi que, eu mesmo em pessoa, tomarei parte das buscas
junto com meu grupo e com os aventureiros que nos ajudam. Uma reunião
foi realizada ontem e foi decidido que na minha ausência Lorde
Garekh Inklas será o governante interino desta cidade. Enquanto
estiver fora, ele organizará a cidade, protegendo a todos
de qualquer invasão ou perigos que por ventura ocorram. Começaremos
nosso trabalho a partir de já."
Assim
que Randal Morn deixou a sacada, ouviram-se aplausos e pessoas que
gritavam o seu nome. O povo estava feliz em ver seu herói
novamente em campo. Sirius, que olhava ao redor perguntou aos seus
companheiros.
"Alguém
viu o Lorde Gryvus no meio da nobreza durante o pronunciamento?"
"Não.
Não o vi.", respondeu Mikhail
"Estou
preocupado", disse Magnus, "Não acha melhor irmos
até a propriedade de Gryvus?"
"Também
acho. Ficaremos distantes, somente por precaução caso
ocorra algo.", concordou Mikhail
Entre
a estrada que levava a propriedade de Lorde Gryvus e o castelo de
Cachoeiras da Adaga, os dois grupos da Comitiva se encontraram.
"Estávamos
indo até vocês.", disse Magnus.
"Iremos
retornar à noite. Limiekli ficou por lá, fazendo o
reconhecimento. Vamos de volta ao castelo onde prepararemos a invasão
de logo mais.", disse Arthos.
O
dia passa, o sol se põe e cai a noite. São cerca de
nove horas. Os aventureiros já haviam se preparado para sua
empreitada secreta nas terras de Lorde Gryvus. Todos estavam juntos
em uma sala do castelo. Foi quando Arthos ouviu um estalo de um
tapa em suas costas. O elfo virou-se e viu o ranger Limiekli, surgir
do nada.
"Limiekli?
Quer me matar de susto?! E então? O que viu?", perguntou
Arthos.
"Nada
de mais. Tudo estava muito pacato, quieto demais. Consegui observar
o movimento dos guardas e até entrar na casa", respondeu
o ranger.
"Quantos
guardas existem?", perguntou Kariel.
"Pelo
que contei foram dois nos portões, um na parte sul e outro
na parte noroeste da propriedade."
"E
dentro da casa?"
"Lá
encontrei apenas dois criados, mas não cheguei a entrar nos
quartos."
"Bem...
sugiro que partamos de madrugada. Alguns de nós estão
muito cansados, especialmente Limiekli.", sugeriu Kariel.
"Sobre
o cansaço, talvez eu possa ajudar", disse Mikhail, "Invocarei
um encanto que nos trará repouso."
O
sacerdote de Mystra gesticulou e proferiu orações
e os seus companheiros refizeram seus ânimos e forças.
Limiekli, agora revigorado, já fazia outros planos com as
forças recebidas por dádiva da Deusa da Magia.
"Ótimo.
Agora vou na taverna. Deixei meu couro de monstro de úmbria
nas mãos do anão Thaugor para que ele trabalhasse
em uma armadura. Vou ver se ele terminou o serviço."
"Isso se ele não trocou por algum barril.", fustigou
Sirius.
"Não. Não devemos ir a parte alguma. Depois você
pega seu couro, Limiekli. Vamos ficar aqui até a hora de
rumarmos para a propriedade de Gryvus", disse Mikhail.
A Infiltração
As
horas passaram lentamente. A noite estava alta e o frio tomou conta
do ambiente. Era a hora da Comitiva partir. Foram ao estábulo
e pegaram cada um a sua montaria. Evendur, que tinha se retirado
para pegar alguns equipamentos, retornou, totalmente vestido de
preto, bastante carregado, como se transportasse sobre o corpo todos
os produtos de uma loja de utilidades. O exagero foi particularmente
notado por Arthos, que já fora um ladino no passado, e que
ao vê-lo balançou a cabeça negativamente e deu
um sorriso irônico. Montados, então partem sob o luar
e o céu com poucas nuvens daquela noite em Cachoeiras da
Adaga.
Depois
de cavalgarem, chegaram a uma distância segura da propriedade
de Gryvus e desmontaram para uma rápida confabulação.
"Devemos
decidir quem irá ficar e quem deverá entrar.",
falou Sirius.
"Eu
ficarei aqui e entrarei caso precisem de ajuda.", decidiu Mikhail.
"Posso
ir invisível e tornar mais dois de nós invisíveis
também. Acredito que Limiekli, que já vistoriou o
ambiente e Arthos que já veio comigo aqui na nossa estadia
anterior em Cachoeiras da Adaga devam ir.", sugeriu Kariel.
"Eu
também irei!", disse o ladino Evendur.
"E
se vocês precisarem de ajuda? Como vamos saber?", perguntou
Mikhail.
"Ah...
vocês certamente vão ouvir uma explosão, um
tumulto ou alguma gritaria.", disse Arthos.
"Mas
lembrem-se que a intenção não é esta.
Vocês devem ser discretos e não atacar. Apenas investigar,
conseguir provas e retornar.", recomendou Mikhail.
"E
em relação aos guardas... tentem não machucá-los.
Talvez sejam apenas inocentes que nada sabem das tramóias
de seu senhor.", Magnus, paladino de Helm, advertiu.
"Está
certo. Agora vamos!", definiu Arthos.
Kariel
usou seus poderes arcanos e fez Arthos e Limiekli invisíveis.
Depois ele próprio tocou em seu elmo, desaparecendo em seguida.
O elfo mago Escolhido de Mystra, ainda lançou sobre si outro
encanto, permitindo-o ver o invisível e coordenar melhor
as ações de Arthos e Limiekli. Eles foram até
o ponto descoberto pelo ranger horas atrás, escalaram e passaram
do muro para o estábulo e do estábulo para o gramado.
Correram para a porta da casa, que foi destrancada por Evendur.
Os aventureiros deram de frente com um salão, onde existiam
escadas para cima e uma porta à esquerda. Arthos ficou no
andar térreo enquanto seus companheiros subiram as escadas.
Quanto a Evendur, este entrou no salão, desaparecendo da
vista de seus companheiros.
Arthos investiga o térreo..
Arthos
entrou na porta, próxima da escada, que não estava
trancada. Adentrou com cuidado naquilo que parecia uma cozinha,
onde pode-se ver mantimentos, armários, panelas e outros
utensílios. Ainda havia outra porta a frente. O elfo de cabelos
vermelhos encostou na porta na esperança de ouvir algo. Por
sorte conseguiu ouvir um bocejar e passos, ele se afastou antes
que um guarda, que saía do aposento, abrisse a porta em cima
dele, o que no mínimo estragaria o disfarce. O guarda pegou
algumas frutas em uma cesta e começou a comer. Arthos então,
aproveitou-se e entrou naquele novo aposento. Era uma despensa.
Procurou por um alçapão, por algum tipo de passagem
secreta, onde as caixas que foram trazidas por Lorde Gryvus pudessem
estar guardadas, mas foi em vão. Convencido de que não
valia a pena procurar por ali, resolveu dar a volta e subir as escadas.
Limiekli investiga o primeiro
andar..
Limiekli
subiu a escada junto com Kariel até o primeiro andar, separando-se
então do companheiro, que resolveu investigar o que havia
no último pavimento e continuou subindo as escadas.
Neste
andar, Limiekli encontrou um salão e corredor, com duas portas
a esquerda e uma a direita e uma pequena janela ao fundo. Este andar
era diferente do primeiro. Apresentava o requinte de um piso liso,
e tapeçarias no chão e alguns quadros nas paredes.
Limiekli aproximou-se da porta mais próxima, que ficava à
esquerda. Encostou seu ouvido e nenhum ruído parecia vir
do lugar. Então colocou uma leve pressão e verificou
estar a porta aberta. Cuidadosamente, Limiekli entrou no que parecia
ser um escritório. O ranger olhou e viu algumas cadeiras,
uma estante e uma escrivaninha, em cima da qual havia papéis
diversos, que pareciam ser registros comerciais. Deixou esta sala
e partiu para a próxima. Na segunda porta á esquerda,
Limiekli repetiu sua ação, tentando ouvir algo. Desta
vez conseguiu escutar alguma coisa. Alguém folheava um livro.
Como não tinha intenção de ser notado, caminhou
em direção a porta restante. Ouviu também alguém
que andava naquele aposento, e que parecia ter se sentado em uma
cadeira. Assim, Limiekli deu por concluída a sua investigação
e resolveu subir para o próximo pavimento.
Kariel investiga o segundo
andar..
Kariel
chegou no último pavimento, feito como cópia do segundo.
O Escolhido não foi até as portas, mas conjurou um
encantamento, fez surgir um olho mágico e invisível.
Kariel o comandou, e enquanto flutuava, ele lhe transmitia as visões
de onde passava. Pela pequena janela ao fim do corredor, o olho,
orientado por Kariel, deu a volta por fora do edifício, procurando
entrar nos quartos pela janela. Verificou o olho a primeira sala
à esquerda, mas da pequena janela somente se viu a escuridão.
Partiu então para a segunda na mesma direção
e nesta a janela estava fechada, Correu o olho então para
o último aposento do andar, onde novamente havia a escuridão.
Kariel, resolveu então, para aproveitar a duração
de seu encanto, enviá-lo para o andar inferior, onde acabou
tendo mais sorte. O olho entrou pela janela das três salas
do primeiro andar. Na primeira a ser investigada, teve a decepção
de nada encontrar, exceto a escuridão, porém no aposento
seguinte havia luz e uma pessoa sentada. Um homem, notadamente pálido,
lia um livro. Quis Kariel saber que livro era aquele e com um comando
mental aproximou o olho invisível. Tratava-se de um livro
sagrado do deus Velsharoon, protetor dos mortos-vivos. Era a primeira
evidência que realmente algo maligno havia naquele local.
O olho então partiu para a terceira e última sala
do primeiro andar. Lá também havia luz e uma mulher,
com o mesmo tom pálido do homem do outro quarto, penteava
os cabelos. Com esta última visão, o olho arcano se
desfez, marcando o fim da duração do encanto. Kariel
porém já estava satisfeito. Conseguiu algo para expor
ao Lorde Randal.
Arthos
subiu as escadas, quando de repente ouviu passos. Outra pessoa atrás
dele também subia as escadas. Então o elfo, invisível,
se encolheu e por ele passou ninguém menos que o próprio
Lorde Gryvus, que exibia um semblante preocupado. O homem foi até
o escritório, pegou alguns papéis e entrou no quarto
ao lado, para falar com o homem pálido que lia o tomo sobre
Velsharoon, sendo seguido por Arthos, que se esforçou para
ouvir a conversa. O homem sentado foi quem começou o diálogo.
"Mestre,
o que há? Parece preocupado."
"Um
pouco. O maldito Lorde Randal passou o comando da cidade para o
maldito do Garekh Inklas. Mas a hora dele se aproxima. Randal estará
a nossa mercê. Se nos contrariar, levaremos sua mulher e filho.
O que me incomoda são aqueles aventureiros que ele contratou."
"Acha
que eles podem nos atrapalhar, Lorde?"
"Não,
mas temos que ter cuidado."
Arthos
ouviu tudo, com satisfação. Agora também ele
tinha uma evidência. Subiu as escadas para encontrar seus
companheiros no segundo andar e passar-lhes as notícias.
Como todos estavam invisíveis, teria que esperar ser interpelado
por Kariel, que poderia enxergá-lo e a Limiekli. Ao subir,
ouviu uma voz em tom baixo.
"Sou
eu, Arthos, Kariel"
"Também
estou aqui", disse também Limiekli.
"Bom
achá-los. Descobri algumas coisas interessantes sobre Lorde
Gryvus. Ele quer chantagear Randal.", revelou Arthos.
"Encontrei
em duas destas salas um homem e uma mulher, estranhamente pálidos,
como se não tivessem sangue. Um deles deve ser um servo de
Velsharoon, deus dos mortos-vivos. Parece que já temos o
suficiente. Vamos sair daqui e voltaremos com o apoio de Lorde Randal",
disse Kariel.
Os
três então desceram as escadas, quando novamente ouviram
passos. Era Gryvus que subia. Os três então se comprimiram
no canto dos degraus, próximo a parede, para que o mesmo
passasse sem percebê-los. Porém o nobre interrompeu
seu caminho e parou por um momento. De repente, fez alguns gestos
e proferiu as seguintes palavras: "Invisibilitis reperire".
Ao terminar seu comando mágico, os três invasores,
mesmo invisíveis, passaram a ser vistos por Gryvus.
"Espiões!
Vão pagar caro pela sua invasão, 'Cutis saxum',"
Disse o homem, lançando sobre si um novo encanto.
Kariel
sabia ser aquelas palavras um sortilégio para deixá-lo
resistente os golpes das armas e então resolveu lançar
um contra-feitiço:
"Magica
navitas dissipare", com estas palavras, o elfo Escolhido de
Mystra dissipou a magia que protegia Gryvus, mas também a
invisibilidade que agia sobre si e Limiekli. Arthos não fora
atingido pelo efeito do encanto, pois deu um salto escada abaixo
em direção ao andar inferior. Limiekli, então
imobilizou os braços de Gryvus, enquanto Kariel desceu as
escadas. Queria o Escolhido avisar os demais, que ficaram do lado
de fora da propriedade do nobre. Gryvus, porém livrou-se
de Limiekli e o empurrou sobre Kariel, caindo os dois escada abaixo.
Neste momento, Arthos virou-se para o alto da escada, e retirando
um frasco de um bolso de seu traje, o arremessou em direção
ao Lorde. O vidro explodiu em chamas, porém Gryvus, em um
novo encantamento, conjurou uma porta mágica, que surgiu
do nada e o engoliu, fugindo do cenário da batalha.
Kariel
levantou-se, correu em direção da janela e olhou para
o céu da noite límpida de Cachoeiras da Adaga naquele
dia. Foi o suficiente para lançar um encantamento.
Do
lado de fora, Mikhail, Magnus, Bingo e Sirius estavam apreensivos
sobre a situação de seus companheiros dentro da propriedade.
Foi quando Magnus olhou para o céu e viu que um brilho azulado
começava a desenhar no firmamento o símbolo da Comitiva.
"É
agora. Vamos!", partiu o paladino em direção
ao portão, seguido de seus companheiros.
A
força combinada dos aventureiros arrebentou o portão.
De dentro do pátio se apresentaram dois guardas.
"Homo
debilitare", com estas palavras Mikhail paralisou os dois oponentes.
Mas haviam mais e quatro deles surgiram da escuridão para
impedir o avanço dos heróis. Enquanto Magnus e Mikhail
trocavam golpes contra dois dos guardas, em uma luta franca, Sirius
e Bingo preparavam seus arcos e disparavam nos dois oponentes mais
distantes. Um deles, duramente atingido por Sirius, resolveu fugir
enquanto o outro avançou. Sirius então gritou para
o oponente.
"Nosso
objetivo aqui não é matá-los. Faça como
seu amigo e volte para sua família.", advertiu, porém
sem ser levado a sério pelo guarda, que continuou avançando.
Foi quando Bingo deu um disparo certeiro, ferindo o homem mortalmente.
Sirius aproximou-se do homem que agonizava.
"Eu
te disse!", falou antes de dar o golpe de misericórdia,
aliviando o sofrimento do homem.
Dentro
da mansão, Arthos e Kariel decidiram subir as escadas, à
procura de Gryvus e seus comparsas. Antes que Limiekli pudesse seguí-los
surgiram dois guardas que o impediram de prosseguir. Limiekli, depois
de defender alguns golpes com sua espada, deu-lhes um empurrão,
derrubando os dois escada abaixo. O ranger então desceu correndo,
passou pelos dois adversários que já começavam
a se levantar e prosseguiu em direção a saída
da mansão. Ao chegar na porta, viu seus companheiros, que
já se aproximavam.
"Ei...me
ajudem aqui! Pelo amor de Mielikki!", pediu Limiekli.
Os
guardas que haviam sido derrubados na escada, desceram atrás
do ranger, mas chegando na porta viram também seus amigos.
Olharam um para a cara do outro e, devido a desvantagem, decidiram
retornar. Naquele instante, o guarda que lutava com Mikhail se rendeu
e o que combatia contra Magnus foi a nocaute. Em seguida então
entraram na mansão, atrás dos dois guardas que restavam.
Os encontram na escada e após um deles tomar um golpe de
Magnus, ambos largaram suas espadas e renderam-se. Um deles olhou
para Limiekli:
"Você
só venceu por causa de seus amigos, fracote!"
A
declaração, mexeu com os brios do ranger, que o desafiou:
"Ora.
Então venha me enfrentar de mãos nuas!", Magnus
soltou o homem e ele e Limiekli trocaram rápidos golpes.
O ranger levou a melhor e o guarda aceitou sua derrota. Os adversários
foram amarrados e Mikhail então disse:
"Temos
que encontrar Arthos e Kariel", então subiram as escadas.
Poucos
minutos antes, Kariel e Arthos haviam chegado no primeiro andar.
"Vamos
para o aposento daquele assecla pálido dele. Gryvus deve
estar lá", disse Arthos.
Correram então para o quarto, cuja porta estava fechada.
Os dois então arrombaram-na. O lacaio de Gryvus estava lá,
mas sua companhia não era seu mestre, mas sim um esqueleto
que atacou os aventureiros. Arthos resistiu o quanto podia, enquanto
Kariel se posicionava para lançar um feitiço. O homem
então lançou um feitiço que dissipou o som
no ambiente, na esperança de impossibilitar o mago elfo de
dizer as palavras mágicas, mas como Kariel era um dos Escolhidos
de Mystra, isso lhe permitia que conjurasse determinados encantamentos
apenas com a força de vontade. E assim fez: lançou
um relâmpago de suas mãos, que atingiu, tanto o esqueleto,
quando o lacaio de Gryvus. A rama elétrica destruiu o primeiro,
e atingiu o segundo, que enfraquecido, invocou um novo feitiço
e desapareceu. Porém um efeito inesperado ocorreu: o raio
refletiu na parede de pedra e voltou-se em direção
a Arthos, que também acabou atingido.
"Você
está bem, Arthos?", perguntou Kariel.
"Mais
ou menos. Vamos sair daqui e procurar em outro lugar."
Enquanto
preparavam-se para deixar o quarto, seus companheiros que estavam
subindo as escadas aproximaram-se do mesmo andar que eles. Mikhail,
Sirius, Magnus, Bingo e Limiekli chegaram a tempo de ver Kariel
e Arthos deixarem quarto, com vistas a procurar os próximos
adversários da Comitiva da Fé.
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Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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