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A Fúria dos Phaerimns

Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira.
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira



Personagens principais da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli). O vulto: Melegaunt Tantul. Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor e Galaeron Nihmedu. O Halfling: Bingo Playamundo. Participação Especial: o Coronal Eltargrim Irithyl e Khelben "Cajado Negro" Arunsun.


A Fúria dos Phaerimns
     

     A Comitiva da Fé olhava para as ruínas do Templo Karse, implodido pela falência da magia que o sustentava. Os olhos dos elfos também se voltaram para o firmamento. O que, para olhos humanos era um pequeno ponto negro ao longe, a visão élfica podia distinguir a cidade flutuante de Obscura, em sua rota rumo ao deserto de Anauroch. Foi mais um evento desastroso a perseguir a Comitiva. Parecia que Tymora, a Deusa da Sorte, por algum tempo havia deixado de olhar por aqueles heróis.

     "Por Corellon! O que vou dizer aos Anciões!", disse Galaeron, colocando um das mãos na fronte. Afastou-se por um instante dos demais, o mago elfo de Evereska, e sentou-se em uma pedra. Seus pensamentos o torturavam.
     "Mikhail, o que acontecerá com Galaeron agora? Ele será executado?", perguntou Magnus, o paladino.
     "Não sei, mas isto, infelizmente, é bem provável. Vão culpá-lo por ter trazido Melegaunt à Evereska e talvez pela aparição de Obscura."
     "Kariel, não há nada que possa fazer? Pode tirá-lo da cidade se decidirem por matá-lo?"
     "Poderia fazer isto, Magnus, mas voltaria todo o reino de Evereska contra nós. Além disso, não acredito que Galaeron concorde com uma fuga."
     "Ora... é só não mencionarmos o que houve aqui!", disse Sirius.
     "Isso, Sirius!. Basta dizermos que Obscura chegou primeiro e usou a Pedra!", concordou Limiekli.
     "Apesar de não dever nenhum tipo de obrigação em informar Evereska, talvez mentirmos não resolva esta situação. Caberá ao próprio Galaeron em aceitar ou rebelar-se contra seu destino."
     "Vamos deixar estas divagações, Kariel. Temos que nos apressar. Os phaerimns podem já estar próximos a Evereska", Arthos interrompeu o debate, enquanto Galaeron se aproximava novamente.
     "Vamos voltar até os hipogrifos. Voltemos à Evereska!"

     A Comitiva subiu uma pequena colina e chegaram na clareira onde os cavaleiros evereskanos aguardavam. Não houve descanso, nem mesmo para refazerem-se das últimas batalhas. Subiram nas celas dos hipogrifos e os belos animais alçam vôo sob a imensidão verde da Floresta Alta. Voaram ainda mais velozes do que na ida e depois de poucas horas, já avistam ao longe a cidade fortaleza de Evereska. Somente quando se aproximaram, viram que o cenário era bem diferente daquele que deixaram. Uma batalha selvagem era travada entre os soldados elfos e os estranhos e poderosos phaerinms. Haviam corpos, dos dois lados do embate, espalhados pelo campo de guerra. Entre todos, Mikhail era o que mais chocou-se. Sua terra natal havia sido invadida e seus compatriotas estava sendo mortos.

     "Chegamos tarde.", falou um Kariel perplexo.
     "Para o mythal!", gritou Arthos para o cavaleiro que comandava a sua montaria alada.

     O mythal era a maior fonte de magia de Evereska e atraía os phaerimns, que desejavam utilizar sua energia mística como alimento. Os hipogrifos voaram até as proximidades do templo de Corellon, local onde se concentrava o mythal. O lugar estava cercado de elfos, que formavam um anel de defesa. Empunhando arcos, retesavam as cordas, apontando para naquelas estranhas criaturas que se aproximavam, em vôo quase rasteiro e em formação. Os heróis, ao chegarem próximos aos arqueiros, desafivelaram-se das selas dos hipogrifos e prepararam suas armas, enquanto olhavam a aproximação da onda de monstros, que vinha ao longe. Próximo deles estava Aubric Nihmedu, irmão de Galaeron e líder dos Espadas de Evereska, guerreiros de elite do reino élfico. Aubric não os cumprimentou, pois tinha toda a sua atenção nos inimigos que estavam por vir. O elfo apontava para o alto sua espada e os demais guerreiros aguardavam uma ordem sua. Quando os phaerimns estavam a cerca de cem metros, Aubric, abaixou a espada, ordenando o disparo e ouviu-se o zunido das flechas cruzando o céus. Mas as criaturas não sofreram os ataques sem oferecer resistência. Espantosamente, podiam manipular a magia e assim o fizeram. Alguns invocaram paredes de fogo, que consumiram algumas das setas dos elfos, outros lançaram uma magia que fez os projéteis perderem toda a velocidade e caírem ao chão inofensivamente. Porém nem todos foram hábeis em se defender e os primeiros phaerimns caíram mortos, espetados com as flechas de Evereska. Logo veio o contra-ataque dos monstros: conjuraram bolas de fogo, que se precipitaram e explodiram sobre um grupo de soldados, causando várias baixas. Os elfos preparavam uma nova investida com seus arcos.

     A Comitiva aguardava o momento de atuar. Se bateriam com as criaturas quando enfim chegassem a distância do combate corpo a corpo. Kariel queria usar suas magias, as poucas que ainda lhe restavam após os combates no Templo Karse. Encontrou um elfo de Evereska com trajes de mago e perguntou-lhe:

     "Já usaram magia? Qual é a reação destas criaturas à encantamentos?"
     "Usamos, mas parecem que os monstros podem absorver nossas energias místicas. Talvez alimentem-se dela!"

     Decidiu que o mais prudente seria não utilizar a Arte contra os phaerinms. Toda aquela situação seria resolvida da maneira mais comum: com o aço das armas. De súbito, um novo tumulto. Alguns elfos atacavam outros companheiros. Com certeza uma infame magia lançada por algum inimigo. Os phaerimns enfim chegaram próximos aos defensores do templo de Corellon. Os guerreiros de Evereska abandonaram seus arcos ao chão e pegaram suas espadas. A Comitiva fez o mesmo. Em pouco tempo, todos se misturavam, no frenesi de um combate mortal. Os phaerinms possuíam quatro braços e garras mortais, a boca, circular como a de um verme, exibia dentes pontiagudos, perfeitamente capazes de arrancar a cabeça de um homem com uma única mordida, e seu corpo alongado terminava em um esporão afiado como uma espada. Junte-se a isto, a capacidade de lançar magias. Seria uma luta difícil para aqueles guerreiros e eles procuravam se agrupar em três contra cada inimigo.

     Todos os membros da Comitiva combatiam francamente contra os phaerimns, cada um auxiliado por dois soldados de Evereska. Arthos golpeou seu oponente, mas não conseguiu esquivar-se da cauda, que o feriu no flanco direito. Ainda viu um de seus aliados de Evereska ser decapitado pela mandíbula da criatura. Limiekli combatia com fúria o seu inimigo, usando tudo o que aprendera em seu tempo no exército de Forte Zenthil, mas preferia estar enfrentando um inimigo humano, como em seu tempo de soldado. Agora sempre enfrentava monstros, cada vez mais terríveis e estranhos. Mikhail girava seu martelo 'Destruidor de Tempestades' e golpeava um phaerimm. Não foi atingido, mas seus companheiros de Evereska sofreram cortes profundos por conta das garras do inimigo. Magnus lutava com afinco e esquivou-se de um golpe de cauda. Sirius era o que estava mais ferido entre os aventureiros da Comitiva: sofreu alguns golpes pesados e estava com suas roupas manchadas de sangue. Sentia seu corpo cada vez mais lento. Temia pelo seu fim e procurava-se um meio de se salvar. Kariel usava sua espada Goliath e resolveu usar um encanto. Não sobre o phaerimm, mas sobre si mesmo. Após proferir algumas palavras, dobrou de tamanho e agora seus golpes eram mais fortes e sua lâmina mais mortal.

     Os phaerimns, apesar de suas armas físicas, não deixaram de usar a Arte contra os seus inimigos. Arthos foi imobilizado pela cauda do monstro que combatia e recebeu um poderoso choque elétrico. Contra a Kariel foi invocada uma bola de fogo, que explodiu sobre o mago. Porém, o Escolhido, devido à uma proteção de um anel mágico que possuía, sofreu menos do que esperava o monstro. Limiekli também foi vítima de um encanto e ficou completamente imóvel, como se fosse uma estátua, a mercê de seu oponente. Arthos foi, dentre os da Comitiva, o primeiro a derrotar seu adversário. Libertou-se da cauda, deu um golpe no adversário, e este caiu ao chão, derramando um sangue esverdeado. Em seguida, o elfo de cabelos vermelhos viu a situação em que se encontrava Limiekli e correu para auxiliar o amigo. Sirius, quase morto, decidiu fugir em direção da entrada do templo. Deu sorte o humano, pois naquele momento deixavam o templo outros elfos, com roupas sacerdotais. Eram padres de Corellon, o deus Pai dos Elfos, que vinham ajudar na batalha. Sirius chegou perto de um deles e pediu-lhe ajuda. Então o sacerdote lançou-lhe um encanto divino, que fechou algumas de suas feridas. Um outro padre enxergou Limiekli paralisado e, com outro encanto, livrou-lhe da magia que o prendia, devolvendo-lhe a mobilidade. Aos poucos, os phaerimns começaram a cair, mas a custa da vida de muitos elfos. A Comitiva também fazia sua parte, Kariel e Magnus eliminaram outros dois. As criaturas lançaram também novos encantos: um deles prendeu Mikhail em uma jaula feita de energia, da qual pôde se libertar graças a intervenção de Galaeron. Kariel, porém, não teve a mesma sorte: outro feitiço, mais elaborado, o atingiu. O mago foi preso em um globo de energia e em seguida desapareceu das vistas dos seus companheiros. Estava ele agora a muitos metros abaixo da terra, inconsciente e confinado em um globo místico em que nem mesmo o próprio tempo podia penetrar. Ficaria ali, preso, por séculos ou milênios, caso ninguém pudesse ajudá-lo.

A Ajuda do Coronal

     Nas proximidades do Templo de Corellon, todos os phaerimns pereceram nas mãos dos defensores de Evereska. Mas havia um mar de corpos e de sangue aos pés dos vencedores. Ao longe podia-se avistar uma nova onda de criaturas que se aproximava. Diante de tal visão, aqueles guerreiros já previam que este dia seria o último que viveriam e que pela noite estariam em Arvandor, ao lado de seus deuses. Corajosamente, posicionaram-se para o enfrentamento final e o mesmo fez a Comitiva. Porém, às vezes, nos momentos mais negros, é que surge a luz. Um enorme portal místico apareceu bem à frente do soldados de Evereska, e dele saíram cerca de trinta elfos, trajando armaduras especiais. Logo após, um último deixou a passagem. Era um elfo muito alto e forte para os padrões de sua raça. Sua armadura reluzente parecia ser feita de ouro.

     Em poucos minutos, os phaerimns chegavam como uma onda furiosa até as proximidades do templo e uma nova batalha começou. Ficou patente que aqueles novos aliados, chegados com o portal, eram guerreiros formidáveis e seu líder era o maior deles. O enorme elfo desembainhou sua espada e combateu sozinho dois dos monstros. Arthos não deixou de observar sua lâmina e a reconheceu: era Ar´Cor´Querin, a Espada do Rei. A Comitiva, meses atrás, havia deixado aquela lâmina mágica em Evereska, durante o episódio da Orbe de Ogor, uma de suas mais perigosas missões.

     Os novos guerreiros avançaram sem medo, e organizados, conseguiram que suas lâminas perfurassem seus inimigos. Os monstros, percebendo o potencial deles, conjuraram feitiços malditos que retiraram as vidas de alguns deles como uma mão podia esmagar uma flor. O elfo da armadura dourada, já com Ar'Cor'Querin empunhada, esquivou-se com habilidade das garras nefastas de dois phaerimns, e percebendo uma brecha aproveitou: aplicou dois mortais golpes no dorso de um deles jorrando um sangue verde suficiente para encher uma tina. A outra criatura, espantada, resolveu aplicar um feitiço que estava preparando para um momento oportuno, de sua grande boca emergiu uma energia invisível que, antes de um piscar de olhos, preencheu a área ao redor, fazendo o tempo simplesmente parar. Contudo, algo mais fantástico aconteceu, apesar do incrível feitiço, o guerreiro dourado ignorou seu efeito e continuou atacando, apenas ele e um phaerimm continuavam a se movimentar naquele espaço paralisado no tempo. Foi o suficiente para que, na velocidade de um raio, o elfo pudesse esquartejá-lo, deixando seus pedaços congelados no ar, até que poucos segundos depois o tempo voltou a correr normalmente.

     Enquanto os recém chegados combatiam a segunda onda de phaerimns, vinha, mais atrás, uma terceira. Os evereskanos e a Comitiva da Fé então decidiram adiantar-se e correram para encontrar os outros inimigos que chegavam. Esperavam mantê-los ocupados até que os seus novos aliados debelassem a segunda onda e pudessem se juntar a eles. Passaram então pelo combate que se desenrolava a frente do templo e encontraram-se com os phaerimns que vinham mais adiante. O primeiro ataque partiu do inimigo. Uma das criaturas conjurou uma magia e quatro esferas de magma surgiram acima dos guerreiros e se precipitaram logo após, causando muitas injúrias e algumas mortes. Os phaerimns então escolheram seus inimigos e o combate corpo a corpo se reiniciou. Os soldados élficos e os aventureiros lutaram com o terceiro bloco de inimigos, e neste haviam mais adversários que nos dois primeiros. A luta era numericamente desproporcional, sustentada em boa parte pela experiência da Comitiva e de Galaeron e pelo auxílio fornecido pelos sacerdotes de Corellon, que utilizavam seus encantos divinos de cura para reabilitar os combatentes feridos. Lutaram arduamente, mas em um lance de estratégia, os phaerimns, em um determinado instante, desviaram-se de seus oponentes e puseram-se a voar em direção ao templo de Corellon, sendo perseguidos pelos heróis.

     O monstros começaram a se agrupar nas proximidades da alta torre, um ao lado do outro, formando uma espécie de barreira viva. Um deles invocou um pequena redoma de energia protegendo-os de setas e outros ataques. As criaturas então voltaram suas cabeças em direção ao solo e suas bocas começaram a sugar uma energia da terra. Era a essência do mythal, que começava a ser drenada. Os evereskanos e a Comitiva então uniram-se para lutar contra estes últimos phaerimns, antes que algo pior acontecesse. Quantos aos elfos estrangeiros, apenas um restou, o elfo da armadura dourada. Ao perceber a estratégia dos phaerimns em drenar a energia sagrada do mythal, ele não hesitou, invocou um feitiço poderoso na área onde os monstros se alimentavam da energia. O encanto cessou temporariamente o efeito da Arte, fazendo a redoma desaparecer, neutralizou o dreno mágico e fez os phaerimns caírem ao chão. Os monstros não mais flutuavam, pareciam peixes fora d'água, foram vítimas fáceis das lâminas dos demais. O combate estava terminado.

     A vitória foi triste. Os phaerimns morreram, mas não se sabia se haviam mais deles e se voltariam a atacar Evereska. Um cavaleiro elfo desceu montando um hipogrifo e, com um salto, o elfo de armadura dourada deixou o campo de combate de forma abrupta. A Comitiva procurou se reagrupar e Mikhail notou a falta de um companheiro.

     "Kariel?! Ele desapareceu!"
     "Eu o vi desaparecer. Foi vítima de um encanto que o prendeu em um globo de energia e depois... ele sumiu!"
     Galaeron viu a preocupação dos heróis e disse:
     "Talvez eu possa ajudar seu amigo, mas tenho que me refazer. Sugiro que façam o mesmo e que me encontrem em minha casa o mais rápido que puderem."

     Assim partiu o grupo, que tomou a direção da casa Velian, lar de Mikhail, enquanto Galaeron tomou o caminho de sua propriedade. Os demais elfos procuram por sinais de vida em seus companheiros caídos. Os heróis foram recebidos pelo mago da Casa Velian, que lhes entregou algumas poções mágicas de cura. Em seguida, banharam-se e vestiram novas roupas, livres do sangue da batalha e foram até a casa de Galaeron. Encontraram o elfo também de aparência limpa, mas com o semblante bastante cansado. Ele os recepcionou dizendo:

     "Lamento pelo seu amigo, mas não posso quebrar o feitiço que o aprisiona agora. Precisaria descansar mais para refazer minhas forças."
     "Talvez eu possa ajudá-lo. Posso lançar um encanto que o fará se recobrar."
     "Ótimo, Mikhail. Que assim seja então!"

     Mikhail realizou uma oração. Um pequeno milagre se operou e Galaeron caiu num sono profundo. Uma hora se passou e o mago de Evereska despertou, sentindo que suas forças haviam se restaurado. O nobre evereskano então perguntou:

     "Para reverter o encanto, preciso saber mais do seu amigo. O que podem me contar a respeito dele?"
     Arthos adiantou-se. Era o que mais conhecia Kariel e por ele nutria grande amizade.
     "O nome dele é Kariel Elkendor. É um príncipe do reino élfico de Kand e nos acompanha faz muito tempo. Tem olhos e cabelos azuis, personalidade contida ..."
     "... e nunca dorme ou come!", completou Mikhail, com alguns aspectos que sempre lhe chamaram atenção.
     "Lembro-me que tinha uma esposa chamada Ênia e um filho ...", disse Sirius.
     "Muito bem, Comitiva! Isto deve ser o suficiente! Voltemos para o lugar onde ele foi atingido!"

     Arthos levou Galaeron ao local onde viu seu amigo desaparecer. Galaeron então proferiu algumas palavras em língua arcana e fez alguns gestos. De súbito, Kariel surgiu do nada. Estava atordoado.

     "O que aconteceu? Os phaerimns..."
     "Eles foram derrotados. A batalha terminou, pelo menos por enquanto!", disse Arthos.
     "Temos que ir ao Conselho imediatamente", Falou Galaeron, enquanto montava novamente em seu cavalo. O elfo mais uma vez queria prestar contas de suas atividades aos seus líderes.
     "Mas espero que não se entregue, Galaeron."
     "Não mereço menos que a morte, Arthos, por tudo aquilo que causei!"
     "Você não merece a morte. Não desperdice sua vida a toa."
Galaeron não mais falou. Seguiu cavalgando até o edifício do Parlamento Élfico. Sabia que havia propriedade na fala do elfo de cabelos vermelhos da Comitiva, mas sentia muita vergonha de todas as suas falhas. Era um nobre, um membro destacado de seu Reino e de repente se via agora como um fracassado. E ainda pior: responsável, ainda que fosse indiretamente, pela maior tragédia que Evereska já vira durante centenas de anos.

O Cajado Negro

     A cavalgada foi rápida e em poucos minutos a Comitiva desmontou e penetrou novamente na imponente construção. Um assistente de ordens do Parlamento comunicou a Galaeron que os Anciões aguardavam a ele e a Comitiva. Assim foram levados novamente a ampla sala onde haviam estado há dois dias atrás. Lá, na mesa principal, estavam sentados os Anciões e ao lado havia um púlpito onde ficava de pé um mestre de cerimônias. Podiam ver também o elfo alto que lutou em frente ao templo de Corellon. Ele estava próximo de alguns vitrais que decoravam o salão e assistia tudo ao longe. Galaeron se aproximou e fez uma referência. Amrod Miyeritar, o ancião mais velho, iniciou a sessão.

     "Galaeron Nihmedu. Conseguiu realizar a missão?"
     "Não", disse com pesar, "Foi um fracasso. Fomos enganados por Melegaunt. Ele não era aquilo que aparentava!"
     "Mas como ele pôde entrar aqui em Evereska!?", exclamou Daeron.
     "Ele disfarçou sua natureza e driblou nossas sondagens místicas. Enfrentamos no local que ele havia mencionado um arquimago de Netheril, que detinha o artefato conhecido como Pedra Karse, mas a bruxa Gothyl, aliada de Melegaunt, conseguiu a Pedra antes de nós e usou seu poder para trazer uma cidade flutuante de uma outra dimensão."
     "Isto é uma calamidade! Então, além de não termos o artefato para combater os monstros que quase acabaram conosco ainda temos novos problemas?!"
     "Sim, Cirdan. Galaeron, diante de suas repetidas e graves falhas não teremos outra alternativa a não ser condená-lo a morte!", disse a elfa Lessien.
     "Não!", protestou Arthos, "Vocês não podem fazer isto! Ele arriscou a vida dele nestas missões!"
     "Concordo", completou Kariel, "Ele salvou muitos, inclusive a mim!"
     "Comitiva ...", continuou Lessien, "... sua manifestação não foi solicitada!"
     "Vocês devem estar loucos!", bradou Arthos contra o que considerava uma medida injusta e descabida.
     "Não!", agora disse o elfo alto, imponente em sua armadura dourada, que observou tudo desde o começo, e que agora se aproximava dos Anciões. "Não temos tempo para estas decisões inúteis!"
     Lessien então refutou a declaração com veemência.
     "Eltargrim, sua ajuda foi solicitada por nós, mas lembre-se que ainda somos as autoridades maiores aqui!"
     "Não permitirei que este elfo seja morto em um momento como este!"
     "Isto é um ultraje!", reclamou Círdan, "Esta é a lei e deve ser cumprida.... se Amlaruil estivesse aqui ela ..."
     "Amlaruil é uma idiota que só olha para si mesma!"
     "Coronal Eltargrim Irithyl.... respeitamos sua posição entre os elfos, mas não se esqueça que está pisando em solo evereskano e sob a presença dos Anciões da Colina.", recomendou o Ancião Lenwë.
     "Não falo como embaixador e sim como Coronal. Este elfo não será julgado!" Eltargrim aproximou-se da Comitiva e de Galaeron. "Vocês, venham comigo!"

     A Comitiva então seguiu o elfo. Mikhail e Galaeron hesitaram em ir com os outros, mas foram convencidos. Os Anciões estavam surpresos e alguns indignados. Círdan discutia com alguns colegas e Lessien ordenava para que voltassem e se submetessem a vontade dos Anciões da Colina, enquanto era solenemente ignorada. Deixaram o salão e percorreram um corredor. Kariel então perguntou ao Coronal Eltargrim:

     "Sua Majestade é Coronal de que reino?"
     "De Cormanthyr, ou Arcorar propriamente dizendo. Os humanos costumam chamar nosso domínio de Floresta de Cormanthor."
     "Será que poderá solucionar nossos problemas, Coronal?", perguntou Arthos.
     "Posso não ser a solução, mas sou alguém disposto a encontrá-la! Vocês formam o grupo de aventureiros que é conhecido como Comitiva da Fé?"
     "Sim, somos nós."
     "Então é uma boa oportunidade de agradecê-los por ter trazido minha espada em segurança!"
     "Então estou diante do Rei, a que o nome da espada se refere?"
     "Sim, mas isto não importa agora.", disse o Coronal, abrindo uma porta no corredor. "Venham... podemos fazer deste cômodo nossa Sala de Guerra. Falei com Anskalar, Chefe do Parlamento e ele me contou o que Galaeron informou sobre a origem destes monstros e gostaria que vocês me relatassem com mais detalhes!"

     Quando Mikhail começava a contar a história, um outro elfo entrou na sala, fez uma reverência à Eltargrim e disse para o seu Coronal

     "Senhor, o homem chegou!"
     "Que homem!?", perguntou Sirius.
     "Um antigo amigo, ele vai nos ajudar. É melhor que contem a história toda em sua presença também!"

     Neste momento, a porta se abriu novamente e um humano adentrou a sala. Dentre a Comitiva, três pessoas o conheciam: Magnus, Kariel e Arthos. Era um homem alto, forte, trajava uma robe. Em sua mão direita estava um cajado negro, sua face era dura como uma rocha. Era ninguém menos senão Khelben 'Cajado Negro' Arunsun. Ao ver o Coronal ele inclinou a cabeça e fez uma saudação respeitosa, e ao perceber a formação dos outros presentes ali, disse:
     
     "Comitiva da Fé, espero que a presença de vocês aqui seja uma manifestação de eficiência e não um mero acaso."
     "Khelben!", exclamaram os três da Comitiva.
     "Por favor, Comitiva, contem-nos em detalhes o que ocorreu!", pediu Eltargrim.

     Mikhail, Kariel e Arthos relembram suas aventuras mais recentes, desde a libertação dos phaerimns, nas proximidades das Montanhas Boca do Deserto à aparição de Obscura.

     "Obscura!?", espantou-se Khelben. "Era um antigo enclave de Netheril e, segundo alguns escritos antigos, desapareceu na mesma época da crise com os phaerimns . Então ela foi trazida de volta a nossa dimensão? Foi este, então, o distúrbio na Arte que senti a poucos dias atrás! O que este Melegaunt alegou para trazer Obscura de volta?"
     "Disse que precisaria salvar o seu povo, mas não sabemos se isto é verdade!", respondeu Mikhail.
     "Mas algo parece não fazer sentido ...", raciocinou Limiekli. "Se Obscura é um enclave destes magos de Netheril como dizem, ele estaria os expondo aos phaerimns."
     "Esperem ...", lembrou Arthos de algo. "Melegaunt havia dito que era um vulto e utilizava uma energia negra para realizar feitiços."
     "Provavelmente ele estava se referindo a Ondulação Negra. Agora percebo! Talvez os phaerimns não possam consumir esta energia.", concluiu Khelben. "Se os habitantes de Obscura manipulam a Ondulação Negra podem combater os phaerimns. As criaturas não conseguem absorver esta energia!"
     "Mas que energia é esta?", quis saber mais Arthos.
     "Não há tempo para explicar. Talvez eu revele esta informação a Kariel num momento mais apropriado."
     "Concordo, Khelben!", disse Eltargrim. "Apesar de termos chegado a boas conclusões sobre Obscura, temos que nos preocupar para que não hajam novas mortes. O mythal de Evereska foi maculado. Os monstros roubaram parte de sua energia e ele já não funciona corretamente. Infelizmente, ele só poderá ser restaurado com a Alta Magia élfica, o que acarretará medidas drásticas. Mas vamos nos concentrar primeiramente nas defesas."
     "Tentarei convencer Piergeiron a ceder-me parte do exército de Águas Profundas para defender Evereska. Os elfos tiveram muitas baixas hoje e não conseguiriam resistir sozinhos. Procurei Elminster, mas parece que ele não está neste plano. Irei então em busca de ajuda. Não podemos perder tempo."
     "Khelben... sei que rompeu com os Harpistas, mas espero que não dispense a ajuda deles neste problema."
     "Não se preocupe, Kariel. Não farei de minhas diferenças um obstáculo nesta crise!"

     Khelben então deixou a sala.

     "Conoral Eltargrim, possui algum tipo de estratégia para defendermos Evereska?", perguntou Magnus.
     "Reorganizarei as forças e irei falar com os arquimagos de Evereska. Também tentarei eu mesmo conduzir a Alta Magia élfica e restaurar o mythal. Porém precisarei de pessoas dispostas a investigarem tanto estes monstros quanto esta cidade de Obscura. Vocês poderiam fazer isto? Aceitariam responder diretamente a mim nesta missão? Advirto que poderá ser arriscado..."
     "Aceitaremos. Todos aqui desejam ver esta situação resolvida. Quanto ao risco... bem... isto para nós é normal!", falou Arthos, sintetizando a vontade de todos da Comitiva.
     "Se esta manifestação de coragem for autêntica, então vocês têm o meu respeito. Daqui a alguns dias requisitarei um spelljammer para que possam iniciar as investigações. Estarei aqui na cidade e nos encontraremos quando tudo estiver pronto. Estejam preparados." Assim, Eltargrim deixou a sala.
     "Que diabos é um spelljammer?", perguntou Limiekli.
     "É um barco voador, Limiekli, movido por magia.", explicou Kariel.

     A menção da nau voadora teve um interessante efeito sob Arthos. O elfo de cabelos vermelhos exibiu por alguns instantes um sorriso discreto. Sempre quisera possuir uma daquelas embarcações encantadas e, quem sabe agora, não conseguiria finalmente realizar sua vontade. Após desembarcar de seus pensamentos, Arthos falou para Galaeron, que parecia ainda mais distante e perplexo depois dos desentendimentos na sala do Anciões da Colina.

     "Veja, Galaeron... é a sua oportunidade. O êxito nesta missão pode fazê-lo se redimir de suas falhas!"
     "Isto não me consola, Arthos. Todas as mortes que aconteceram hoje não poderão ser recuperadas. Mas irei tentar ajudá-los como puder."

     Então a Comitiva partiu do Parlamento e foi até a casa de Mikhail. Lá descansaram, repararam suas armaduras e armas e auxiliaram a cuidar dos feridos. Passaram-se dois dias e então, quando estavam reunidos em uma cômodo da amplo lar dos Velian, viram um dos servos adentrar no aposento de maneira apressada. Parecia assustado. Disse para Mikhail:

     "Senhor, algo acontece lá fora!"

     Sem demora, todos deixaram a casa e foram para a rua. Mas o que tinham que observar não estava no solo e sim nos céus. Quando olharam para cima viram um grande barco voador, de cor negra, que atravessava lentamente o espaço sobre Evereska.

     "Podem ser de Obscura!"
     "Podem sim, Arthos, mas só há um barco e não atacaram ainda. Talvez venham em uma missão de paz", Kariel deduziu.
     "Vamos para o ponto de atracação, rápido!", bradou Mikhail enquanto se dirigia para o estábulo.

     Cavalgaram em grande velocidade pela cidade e se dirigiram a uma colina onde muitos elfos armados se ajuntaram. Lá pairou a nau negra. Ela baixou altitude e dela, três seres sombrios semelhantes a Melegaunt surgiram. Um deles disse:

     "Elfos... levem-me ao seu líder!"


Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

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