Os Últimos Dias
de Glória
O que é RPG
Página Principal
A Comitiva da Fé
Definição
Histórias
Última História
Personagens
Jogadores
Galeria de Arte
Diversos
Forgotten Realms
 Definição
 Geografia 
 Divindades
 O Mundo
 Organizações
 Personagens
Artigos
 Galeria
Suplementos
Autores
Site
 Matérias
 Downloads
 Notícias
 Parceiros
Links
 Sobre o Site
 Glossário
 Créditos
Mensagens Arcanas
E-mail


powered by FreeFind


Que a Justiça Seja Feita

Descrita por Ricardo Costa.
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira



Personagens principais da aventura:

Os Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli), Sir Galtan de Águas Profundas, Brian Mestre das Espadas. O vulto: Príncipe Aglarel. Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel Elkandor e Galaeron Nihmedu. O Halfling: Bingo Playamundo. Participação Especial: o Coronal Eltargrim Irithyl, Khelben "Cajado Negro" Arunsun, Laeral Mão Argentêa, Storm Mâo Argentêa, Florin e Dove Garra da Falcão.


Que a Justiça Seja Feita
     

     Os elfos de Evereska, a Comitiva da Fé, os vultos de Obscura, os soldados de Águas Profundas, Khelben "Cajado Negro" Arunsun e Laeral Mão Argêntea, unidos, foram capazes de deter a investida dos phaerimns, mas um outro problema se apresentou, atingindo particularmente o membro mais impulsivo da Comitiva da Fé, o audacioso elfo de cabelos vermelhos chamado Arthos Fogo Negro.

     Seduzido pela proposta de ter resgatada da morte sua esposa Diana, Arthos fez um acordo secreto com o príncipe Aglarel de Obscura. Segundo o acerto, o aventureiro teria que chegar a câmara do mythal, na catedral de Corellon, no coração de Evereska e conseguir um fragmento. E, usando toda sua habilidade, assim fez o inconseqüente. Quando chegou bem próximo a um cristal encantado, foi dominado por uma magia traiçoeira e forçado a retirá-lo de seu pedestal. Foi impedido por uma deva élfica, que guardando o artefato a mando dos Deuses, prendeu Arthos e o entregou aos guardas do templo.

     Foi conduzido por corredores e escadas até um salão amplo, com grandes janelas acortinadas, vitrais e estátuas de deuses do Seldarine. Havia um elfo com trajes sacerdotais. Os guardas mantiveram suas mãos acorrentadas enquanto o levavam diante do sacerdote, que examinou o invasor com um olhar que misturava surpresa e irritação:

     "Quem é você?"
     "Sou Arthos Fogo Negro, da Comitiva da Fé!"
     "Comitiva da Fé?"
     "O grupo de aventureiros que auxiliou a combater os phaerimns."
     "Ah, sim! Ouvi falar! Mas qual é a explicação que você oferece para adentrar sorrateiramente em nossa câmara sagrada do mythal? Segundo todos os meus guardas, você tentou roubá-lo."
     "Não tentei me apoderar do mythal. Estava dominado. Não tinha o controle sobre meus atos."
     "Dominado pelo quê?"
     "Por uma magia sombria, criada pelos vultos de Obscura."
     "Você acusa os diplomatas. Como posso acreditar nisto?"
     "Você é um sacerdote. Pode descobrir se minto ou se falo a verdade."
     "Evereska é um lugar regido por leis e as coisas não podem ser resolvidas de modo tão simples. Apesar de ser um forasteiro, deveria saber que um de nossos maiores crimes é invadir a câmara do mythal. Além disso, o guardião na nave principal de nosso templo nos informou que você tentou penetrar em um corredor reservado à autoridades. Estava dominado também naquele momento?"
     "Naquele momento não... entrei na câmara porque quis, mas só para ver o mythal. Não tinha a intenção de levá-lo."
     "Então você afirma que penetrou na câmara por vontade própria. Desta forma, praticamente já confessou um de seus crimes..."

     Antes que o diálogo prosseguisse, a grande porta do salão abriu-se novamente. Entrou um outro elfo, de idade mais avançada, semblante sério e roupas finamente ornadas. A sua visão, os que estava na sala fizeram uma reverência.

     "Virmanon, o que está acontecendo?', disse para o sacerdote que interrogava Arthos.
     "Não queria perturbar Vossa Santidade. Tivemos um incidente e já estamos resolvendo..."
     "Um incidente! Considera a invasão da câmara do mythal apenas um incidente?", disse com firmeza. "Por favor, deixem-me a sós com este elfo!"
     Ao seu comando, os outros que estavam na sala saíram imediatamente.
     "Meu filho... porque fez algo assim?", falou para Arthos em tom de decepção. "Não sabia que o mythal é o nosso maior tesouro? Algo que tem nos protegido durante séculos de nossos inimigos. Tem, porventura, algum ressentimento contra nós, de sua própria raça?"
     "Não tinha a intenção de prejudicar os elfos de Evereska. Lutei por esta cidade e não iria prejudicá-la agora. Fui ludibriado pelos vultos!"
     "Como?", perguntou o sumo sacerdote de Corellon.
     "Eles me prometeram trazer de volta minha esposa falecida se, em troca, eu fosse até a câmara do mythal, somente para que pudessem vê-lo e adquirirem conhecimento sobre a alta magia élfica. Admito que foi um erro e me arrependo disto. Caí em tentação, mas não queria roubar o mythal."
     "Bem, meu filho! Espero que suas palavras sejam verdadeiras. O que posso fazer agora é rezar a Corellon para que o perdoe. Infelizmente agora você será levado a julgamento pelos Anciões da Colina."
     "Então, Santidade, pode preparar meu funeral. Aqueles Anciões não tem a mínima piedade! Por favor, avise meus amigos da Comitiva."
     "Eles ficarão sabendo o quanto antes! Guardas...", os elfos armados entraram novamente na sala. "Podem levá-lo!" E assim Arthos, aprisionado, foi retirado do templo. Iria para uma cela provisória, no Parlamento Élfico, onde aguardaria por seu julgamento.

Uma Surpresa Desagradável

     A Comitiva da Fé, a exceção de Arthos e Magnus, estava reunida com o Coronal Eltargrim. Conversavam sobre o desenrolar da última batalha e sobre as providências que seriam tomadas daqui para frente. Ouviram um barulho de muitos passos apressados do lado de fora da tenda, que subitamente se abriu. Dezenas de soldados agora apontavam lanças para os membros da Comitiva e também para Galaeron Nimehdu.

     "Parados!", ordenou Aubric Nimehdu.
     "Que espécie de traição é esta?!", espantou-se Kariel.

     O líder dos Espadas de Evereska se encaminhou até o Coronal e falou nos seus ouvidos o motivo da inesperada diligência. O soberano de Cormanthor exibiu um semblante de surpresa, mas nada disse. Apenas levantou-se e deixou a tenda.

     "Vocês virão comigo!", disse novamente Aubric para a Comitiva.
     "O que aconteceu?", perguntou Mikhail.
     "O que há, meu irmão?", também questionou Galaeron.
     "Vocês saberão em breve. Por favor, venham em paz!"

     A Comitiva não resistiu. Quando saíram da barraca, encontraram Magnus, também rodeado de soldados, que se juntou ao grupo de prisioneiros. Foram levados ao Parlamento Élfico e lá conduzidos a uma sala. A Comitiva entrou no aposento, junto com Aubric Nimehdu. Os soldados ficaram guardando a porta.

     "Aconteceu algo de muito grave, que diz respeito a um companheiro de vocês: Arthos Fogo Negro."
     "Ele não está aqui! O que vocês fizeram a ele?!", quis saber Kariel.
     "O que ele fez? Porque nós estamos presos? Não fizemos nada!", argumentou Mikhail.
     "O amigo de vocês tentou se apoderar de nosso mythal!"
     "O quê?!", disseram em uma só voz todos os membros da Comitiva.
     "Ele invadiu sorrateiramente o Templo de Corellon e tentou roubar uma pedra do mythal!"
     "Deve ter havido algum engano...", comentou Kariel, incrédulo.
     "Temos testemunhas. Pessoas altamente confiáveis, acólitos de Sua Santidade Hyathos Venseler. Vocês estão sendo acusados de serem cúmplices neste roubo."
     "Aubric...", disse Galaeron, "Nós estávamos o tempo todo junto com o Coronal. Não temos nada haver com este episódio!"
     "Sim, meu irmão, posso acreditar em você, mas o conselho dos Anciões decidiu mantê-los em vigilância até que o fato seja esclarecido. Uma audiência sobre este assunto está sendo preparada neste momento."
     "Enquanto a Arthos. O que foi feito dele?", perguntou Kariel sobre seu amigo.
     "Ele está preso."
     "Gostaríamos de vê-lo e saber da sua versão para esta história."
     "Vou ver o que posso fazer, Kariel. Aguardem aqui."

     Os guardas permaneceram em prontidão com suas lanças, de olhares fixos na Comitiva da Fé, enquanto Aubric saiu da sala e ganhou os corredores. Mas não demorou muito e o irmão de Galaeron estava de volta.

     "Sigam-me!"

     Aubric, os guardas e os prisioneiros andaram um pouco e entraram em uma outra sala, quase vazia, exceto por uma cama e um prisioneiro, com as mãos atadas por grilhões.

     "Arthos! O que houve?", perguntou Limiekli
     "O que dizem não pode ser verdade!", disse o pequeno Bingo.
     "Bem, deixem-me explicar... ", começou a falar um Arthos visivelmente envergonhado. "O príncipe dos vultos me abordou. Me propuseram um acordo. Estavam interessados no mythal, mas me disseram que tinham apenas uma curiosidade sobre o artefato. Queriam saber como funcionava a tal alta magia élfica. Para isto eu só teria que ir até a câmara do mythal e mostrá-lo. Não precisaria levá-lo de lá. Em troca disto, eles trariam minha Diana de volta. Mas eles me traíram. Me deram um colar no intuito de se comunicarem comigo, mas depois usaram através dele uma magia para me controlar e forçar a roubar o mythal. Uma espécie de anjo élfico surgiu, me impediu e me entregou aos guardas "
     "Posso analisar este colar?", pediu Kariel.
     "Não. Ele se desfez assim que o controle sobre mim desapareceu. Mas acreditem em mim.      Estou falando a verdade. Não imaginava causar tantos transtornos. Queria só me aproximar do mythal!."
     "Mas Arthos... não se lembra que detectei trevas nos corações destes seres? Ainda assim confiou neles?"
     "Lamento, Magnus. Fiz uma burrada terrível!"
     "Fez mesmo, Arthos.", comentou Kariel, mostrando sua chateação, "Desta vez acho que você superou todas as marcas. Profanou o lugar mais sagrado para os elfos nos Reinos!."
     "O próprio Corellon deveria ter aparecido e lhe esmagado!", bradou Mikhail revoltado. "Você pôs em risco toda Evereska!"
     "Porquê?", perguntou Limiekli. "Tudo que vi este tal mythal fazer foi manter as ruas limpas e permitir aos elfos andarem pelas paredes!"
     "Você desconhece o poder do mythal, humano.", colocou Galeron. "Além destas e outras manifestações, ele nos protege de invasões de povos inimigos como os orcs, por exemplo. Sem o mythal ficaríamos extremamente vulneráveis."
     "Bom, Arthos... Acho que dificilmente você escapará sem alguma punição, mas podemos tentar provar que você não desejava roubar o mythal e também revelar as verdadeiras intenções dos vultos. Assim, quem sabe, você terá uma pena mais branda."

     Naquele momento, surgiu à porta Enesyus, o ajudante de ordens do coronal Eltargrim. Ele conversou rapidamente com Aubric e em seguida chamou Magnus, que o seguiu, acompanhado de alguns guardas. Poucos minutos depois, o paladino retornou para junto de seus companheiros.

     "Então, Magnus? Eltargrim irá fazer alguma coisa por nós?", perguntou Sirius.
     "Não sei. Ele só me pediu para contar a história. Não me falou nada mais."
     "Grande!", falou Limiekli em tom irônico.

     Um outro elfo apareceu na porta e também falou com Aubric. O líder dos Espadas de Evereska então virou-se para a Comitiva e anunciou.

     "Comitiva, os Anciões me pediram para levá-los para a sala do conselho. Uma sessão acontecerá agora para julgar esta situação! Venham comigo."

O Julgamento de Arthos Fogo Negro

     Seguiram então os soldados e os prisioneiros por aqueles corredores já bastante familiares, até a sala do Conselho. Lá já estavam presentes na mesa principal os sete membros do Conselho, além de Anskalar Duorsenna, diretor do parlamento, que fazia o papel de organizador da reunião e que estava de pé atrás de um púlpito. Haviam outros sentados nas primeiras cadeiras da platéia, que haviam sido convocados ou convidados para participar daquela sessão: Virmanon Calidor, o sacerdote que interrogou Arthos no templo, o Coronal Eltargrim,. Khelben Arunsun e sua esposa Laeral, Brian Mestre das Espadas e o príncipe Aglarel de Obscura.

     Arthos, acorrentado, foi levado para o centro daquele palco, bem em frente à mesa dos Anciões, enquanto o restante da Comitiva foi convidado a sentar junto com os demais. Depois de todos acomodados, Anskalar iniciou a sessão.

     "Está aberta a sessão do julgamento de Arthos Fogo Negro, acusado de invasão ao Templo de Corellon e de tentativa de roubo do mythal sagrado. Chamamos para dar seu depoimento o sacerdote Virmanon."

     O clérigo então levantou-se da platéia e sentou-se em um assento colocado ao lado esquerdo da mesa dos Anciões.

     "Sacerdote Virmanon. Dê o seu depoimento sobre os fatos.", pediu o Ancião Amrod Miyeritar.
     "Este elfo, diante dos senhores, foi pego tentando se apoderar de uma pedra sagrada de nosso mythal. Ele adentrou a câmara e, se não fosse por nossas proteções, talvez estivesse agora com o nosso cristal em suas mãos! Vocês tem, não apenas meu depoimento, como estou representando também o sumo sacerdote."
     Amrod então olhou para Arthos
     "Vamos ouvir então o principal acusado. O que tem a dizer, Arthos?"
     "O que o sacerdote falou é verdade, mas só em parte. Realmente invadi a câmara, mas não tentei roubar o mythal. Fiz um acordo com os vultos de Obscura para entrar na câmara e apenas observar o funcionamento do mythal, mas eles me enganaram e através de uma magia tomaram o controle do meu corpo e tentaram roubá-lo."
     "As acusações que faz aos diplomatas são graves. Você realmente as sustentará?"
     "Sim"
     "Como você foi dominado? Tem provas disto?"
     "Fui controlado através de um colar, que desapareceu. Porém, se usarem qualquer sondagem mística verão que digo a verdade!"
     Virmanon interveio.
     "Senhores. Quando interroguei o acusado, sondei sua mente e não detectei mentiras, mas sabemos que, a poucos dias, nossas sondagens falharam com o vulto Melegaunt e este Arthos também pode estar sendo protegido por algum tipo de magia que nos impeça de conhecer seus verdadeiros pensamentos."
     "Agora veremos o que o diplomata Aglarel tem a dizer sobre o fato."

     Virmanon então levantou-se da cadeira e voltou para a platéia, enquanto o vulto Aglarel assumiu o seu lugar. O diplomata então iniciou seu depoimento.

     "Membros do conselho dos Anciões da Colina e demais presentes. Afirmo que o que este elfo diz é uma falsidade. Não houve qualquer acordo entre eu e ele. Tudo que este aventureiro diz são mentiras. Acredito que tenha sido uma espécie de vingança. Desde que cheguei, observei a maneira desrespeitosa como ele tem se oposto aos senhores. Além disto, ele não apresentou nenhuma prova de minha participação neste episódio."
     "É ele quem mente! Ele sabe muito bem do acordo que me propôs!", irritou-se Arthos, virando-se para Aglarel. "Vamos... façam uma verificação e descobrirão que ele está mentindo!"
     "A hora de sua manifestação já acabou, Arthos. Sobre a verificação, já foi tentado antes e mostrou-se inútil. Mesmo assim, ainda se o que estiver dizendo for verdade, você já é culpado confesso em penetrar na sala do mythal. Nossa única dúvida é sobre este acordo e a tentativa de roubo partir dos enviados de Obscura."
     "Isto é uma farsa. Não podem acreditar neste elfo. Está claro que ele é um ladrão. Eu e Hadrhune viemos aqui como diplomatas!"
     "Magnus detectou a maldade de seus corações.", rebateu Arthos olhando com raiva para o vulto. "Não podem confiar nestes vultos, Anciões. Não tenho interesse nenhum no mythal.      Nem mesmo sou um arcano!"
     "Ordem!", bradou Amrod, enquanto batia forte sua mão sobre a mesa. "O que você iria fazer com o mythal não nos interessa, Arthos. Acho que as informações que temos são suficientes. Faremos um recesso para discutir o nosso veredicto."
     "Espere, senhor!", pediu Kariel. "Acho que seria justo que nós pudéssemos nos manifestar antes que tomem sua decisão."
     Amrod pensou um pouco e respondeu a Kariel.
     "Sim. Ouviremos o que tem a dizer."
     "Obrigado, senhores. Está claro que Arthos errou e ele mesmo admitiu o seu erro em invadir o templo de Corellon, mas enquanto à tentativa de roubo, não se pode condená-lo sem uma chance de provar que ele é inocente. Gostaria que o Conselho levasse em consideração também a aparição oportuna destes vultos. Lembrem-se que a bruxa Gothyl, aliada do vulto Melegaunt, libertou os phaerimns e que ela mesma trouxe Obscura de volta. A mesma Obscura que ofereceu ajuda para combater o mal que o próprio Melegaunt liberou. Talvez tudo isto tenha sido arquitetado desde o início para conquistar a confiança de Evereska, roubar o mythal e ainda incriminar a Comitiva ou quem quer que os atrapalhassem. Peço para que avaliem estas conjecturas antes de tomar uma decisão."
     "Sua argumentação é coerente, mas complexa e não tem provas. Além disso Virmanon encontrou isto com seu amigo." Amrod expôs sobre a mesa uma pequena tira de couro com várias ferramentas encaixadas. "Segundo me informaram, estas são ferramentas para arrombar portas."
     "Não há porque esconder que estas são as ferramentas de Arthos, já que ele confessou a invasão. Peço apenas que levem em conta as coisas que disse, e o fato de Arthos ter se arriscado para salvar Evereska!"
     "Levaremos isto em consideração, assim como a ajuda de todos vocês. Faremos um recesso até amanhã. Os demais membros da Comitiva ficarão sob vigilância, mas não serão presos. A sessão está encerrada."

     Dito isto, os Anciões deixaram aquele plenário. Logo em seguida, Arthos foi levado pelos guardas. A Comitiva também deixou a sala, sendo vigiada de perto por alguns soldados.

     "Bah! Estes Anciões só querem um motivo para executar alguém. Se querem fazer isto, depois irão pagar o preço!", ameaçou Limiekli.
     "Não têm idéia do que Arthos quase causou. Você não vive aqui, não conhece Evereska!", disse Mikhail.
     "Tem razão!", respondeu contrariado, "E vivia muito mais feliz quando não sabia que este lugar existia."
     "Precisamos agora provar que é verdade o que Arthos declarou sobre os vultos. Vou até a tenda de Khelben. Talvez ele possa nos ajudar de alguma forma. Os encontrarei mais tarde", declarou Kariel
     "O restante de vocês podem ficar comigo em minha casa, se desejarem.", ofereceu Galaeron.

     Enquanto a Comitiva então foi a casa de Galaeron, Kariel e a escolta de guardas que o seguia encaminharam-se ao grande acampamento de centenas de tendas brancas armadas pelo exército de Águas Profundas. Procurou a tenda de Khelben e pediu para ser anunciado a um sentinela que aguardava na entrada. O homem retornou com a permissão e o elfo de cabelos azuis entrou. Estavam o "Cajado Negro" e sua esposa sentados em torno de uma mesa simples.

     "Khelben. Desculpe incomodá-lo, mas gostaríamos que nos ajudasse nesta situação delicada. Precisamos provar que Arthos estava falando a verdade no tribunal. Estes vultos estão mentindo."
     "Sim, Kariel. Eu sei. Porém se fosse você não se preocuparia com isto. É bem provável que o seu grupo seja inocentado e que Arthos pague o preço justo. Infelizmente não podemos conversar no momento. Nos falaremos depois."
     "Está bem.", disse Kariel, que esperava mais do encontro.

     Então despediu-se do mago e de sua esposa. Esta estendeu-lhe a mão em um cumprimento antes que deixasse a tenda. Enquanto o saudava, Laeral passou-lhe um papel, que Kariel guardou para ler quando a companhia dos guardas não estivesse tão próxima.

     Chegou à casa de Galeron e encontrou seus amigos. A noite já havia começado a espalhar seu manto negro pelo céu e todos estavam muito cansados daquele dia. Foram se recolher cedo naquele dia. Kariel então abriu o papel dobrado deixado por Laeral:

     "Kariel.

     Estamos investigando as atividades destes vultos, mas infelizmente não podemos ajudar seu amigo de outras maneiras.

     K & L"

     "Laeral, obrigado!", disse então o mago, que sabia que Laeral, Escolhida de Mystra, ouviria o agradecimento. O artifício do bilhete deveria ser mais uma precaução contra, quem sabe, alguma vigilância indesejada, pensou Kariel.

A Manhã da Sentença


     A Comitiva levantou-se com o sol. Ninguém dormiu tranqüilamente, preocupados com a decisão do conselho dos Anciões da Colina. Até na refeição matutina, que lhes foi preparada pelos servos da Casa Nihmedu, a preocupação foi claramente percebida, na figura de Bingo. O pequeno não costumava saciar sua fome antes de repetir o prato, mas naquele dia comeu pouco. Ao término do desjejum, surgiu um serviçal de Galaeron. Haviam visitas à porta. Galaeron foi com o criado e voltou com mais quatro figuras. Laeral Mão Argêntea, apresentou àqueles que não os conheciam sua irmã, Storm, e Florin Garra de Falcão e sua esposa Dove, ou dois últimos membros do famoso grupo conhecido como Os Cavaleiros de Myth Drannor. O casal de recém chegados quis saber da situação que se encontrava a Comitiva e os aventureiros explicaram toda a história infeliz. Storm, porém, tratou de chamar Kariel em reservado e conversaram em um dos quartos desocupados. Tinham assuntos de Harpista para tratar.

     "Kariel, Laeral me contou os últimos acontecimentos envolvendo Arthos. É verdade que ele invadiu o templo de Corellon? Você pode confirmar?"
     "Sim, Storm. Está correto. Além disto, pesa sobre ele a acusação de tentativa de roubo do mythal, mas esta eu acredito que seja falsa. Neste caso acho que ele estava mesmo sob o domínio dos vultos."
     "Mas o tal acordo que ele firmou com este Aglarel? Ele estava sob algum tipo de domínio quando aceitou estes termos?"
     "Infelizmente não. Foi um ato de vontade de Arthos."
     "Isto era o que eu queria saber de você sobre este assunto. Tenho também algumas notícias. Recebi um recado da companheira de vocês, a meia-elfa Laurë. Ela disse que encontrou pistas de algumas pessoas misteriosas nas florestas do Vale da Adaga. Talvez elas tenham influência no desaparecimento dos nossos dois agentes Harpistas. Gostaríamos que você, após este conflito, se apresentasse para investigar. Se a Comitiva também desejar, poderá ir com você."
     "Eu irei, Storm, e acredito que pode contar com a Comitiva também."
     "Ótimo."

     Kariel e Storm retornaram ao salão onde o grupo estava reunido. Todos ficaram ali por pouco tempo, pois era chegada a hora de comparecer ao Parlamento Élfico, para ouvir a sentença dos Anciões da Colina. Sendo assim, minutos depois, deixaram a casa de Galaeron e adentraram novamente aquele magnífico prédio onde se reuniam os governantes de Evereska. Foram conduzidos novamente ao grande salão do Conselho, onde já estavam os Anciões e o presidente do Parlamento, Anskalar Duorsena. Arthos também estava presente, com as mãos acorrentadas, sentado em uma cadeira em destaque, à frente da mesa dos Anciões. Após acomodarem-se em assentos na platéia, o presidente do Parlamento começou a falar.

     "Estamos aqui para apresentar o veredicto dos Anciões da Colina sobre as acusações que pesam sobre Arthos Fogo Negro.", Anskalar então começou a ler um pergaminho. "Os Anciões decidiram que não existem provas da participação do diplomata Aglarel no crime cometido pelo acusado, nem tão pouco algum tipo de evidência que provem a cumplicidade de outros membros da Comitiva da Fé em seus atos. Logo, tanto um como os outros estão isentos de culpa e em liberdade. Enquanto a Arthos, os Anciões resolveram conceder, em consideração aos serviços prestados pela Comitiva, três semanas de prazo para que seja provada a inocência do réu no crime de tentativa de roubo do mythal. Caso nenhum tipo de prova seja apresentada, a sentença será a morte. Esta sessão está encerrada e uma outra audiência será marcada para daqui a três semanas. "

     Anskalar e os Anciões deixaram então a sala. Arthos foi levado logo depois. A última palavra ainda ecoava profundamente nos corações dos membros da Comitiva. A vida de Arthos agora estava em suas mãos.

     A Comitiva então levantou-se deixou o prédio, a exceção de Kariel. O elfo pediu a um soldado para visitar o amigo em sua cela. Queria levar-lhe alguma palavra de esperança. O pedido foi aceito e o mago foi levado a cela de Arthos, um quarto limpo e iluminado. Havia uma cama simples, onde estava sentado o seu amigo.

     "Como está sendo tratado aqui, Arthos?"
     "Até que está muito bem, tenho água, boa comida... Já vi celas muito piores...". Arthos silenciou um pouco e seu semblante tornou-se triste. "Parece que meus dias estão contados, Kariel."
     "Antes de encomendar sua alma aos deuses, aguarde um pouco mais. Tenho certeza que a Comitiva, juntamente com Laeral e Khelben, poderão trazer alguma novidade para impedir sua sentença."
     "De qualquer forma, Kariel, isso até será bom. Poderei enfim rever minha Diana."
     "Você irá revê-la um dia, mas não tão cedo. Já escapou de outras antes e escapará desta também."
     "Parece que a sorte me abandonou desta vez."
     "Tymora nunca nos abandona. Devo ir agora, mas durante estas semanas estaremos procurando provas de que você não quis roubar o mythal."
     "Adeus, então, Kariel. Espero que tenha mais sorte do que eu."
     "Teremos, Arthos!"

     Kariel então deixou a cela. Iria agora retornar para a casa de Galaeron, planejar junto com a Comitiva as medidas necessárias para livrar Arthos. Mas antes que deixasse o prédio encontrou nos corredores Storm Mão Argêntea. Ela a cumprimentou e disse-lhe que ia ter com Arthos. Kariel não leu os pensamentos de Storm, mas já tinha uma boa noção do teor daquela conversa. Storm então foi a cela de Arthos.

     "Olá, Arthos. Fui chamada aqui por minha irmã para ajudar neste conflito e fui pega de surpresa com este acontecimento o envolvendo. Não será preciso que me conte o fato, pois Kariel e minha irmã já o fizeram. Diante de tais eventos, tomei uma decisão: você deve esquecer de tudo o que sabe sobre os Harpistas. Não iremos fazer nenhuma represália contra você, mas deve silenciar em respeito aos seus companheiros."
     "Esperava que isso talvez fosse acontecer, Storm."
     "Mas quero que saiba que farei tudo ao meu alcance para provar que os vultos estão envolvidos neste episódio."
     "Agradeço."
     "Isto é tudo. Que a sorte de Tymora o acompanhe."
     "Duvido!", disse em voz baixa o desesperançado Arthos.

Em busca de uma estratégia


     A Comitiva estava reunida novamente na casa de Galaeron. Todos pensavam em uma forma de retirar Arthos daquela situação. Na verdade, quase todos. Limiekli estava farto de Evereska e queria mesmo era voltar para as florestas.
     "Bah! Desde que cheguei a este lugar, só vi problemas. Vou embora daqui!"
     "Caro amigo... lembre-se de quantas vezes Arthos já ajudou a salvar nossa pele. Agora ele depende de nós. Devemos ficar.", disse Sirius.
     "Sirius está certo. Devemos pensar no que iremos fazer.", falou Magnus.
     "Arthos havia falado sobre um ser que o impediu de levar o mythal. Talvez exista a possibilidade do sumo-sacerdote de Corellon se comunicar com este guardião e obter uma prova ou declaração de que Arthos estava sob controle mágico. Mikhail, você que é evereskano, poderia tentar isto?"
     "Posso tentar!"
     "Tenho uma idéia, Kariel! Podiamos pegar esse Aglarel e fazê-lo falar!", sugeriu Limiekli.
     "Não seria assim tão simples. Ele muito é poderoso..."
     "Fora, isto, ele é um diplomata. Poderia impedir nosso ataque e apenas se queixar aos Anciões e nós todos seríamos presos.", completou Galeron.
     "Eu irei até a tenda de Khelben. Preciso descobrir algumas informações."
     "Irei com você, Kariel", disse Magnus. "Enquanto isto Mikhail pode procurar o sumo sarcedote. Os outros podem tentar descobrir alguma coisa, desde que não causem confusão."

     Assim, partiram Kariel ,Magnus e Mikhail para suas missões, esperançosos em descobrir algo de útil, enquanto os demais resolveram caminhar pelo acampamento, de ouvidos atentos e alertas para identificarem alguma informação que ajudasse Arthos a sair da enrascada.

Mikhail vai ao Templo de Corellon

     Mikhail foi até a grande torre no centro de Evereska e adentrou a grande porta do maior templo élfico dedicado a Corellon. Notou que havia mais guardas que o normal, precaução advinda do receio de uma nova invasão a camâra do mythal. O clérigo de Mystra encaminhou-se até um sacerdote que estava de prontidão próximo a um dos corredores que davam acesso aos aposentos reservados da torre.

     "Senhor, meu nome é Mikhail Velian e gostaria de falar com o sumo-sacerdote."
     "O sumo sacerdote não é uma pessoa disponível, senhor!"
     "Por favor, avise-o que sou da Comitiva da Fé e que preciso falar-lhe sobre o caso da invasão da câmara do mythal."

     A menção da invasão fez com que o sacerdote tomasse outra atitude. O aspecto de seu rosto, um tanto monótono, tornou-se agitado. Pediu para que Mikhail aguardasse. Minutos depois voltou acompanhado, mas não do sumo sacerdote e sim do alto clérigo Virmanon Calidor.

     "Você é um dos companheiros de Arthos, não?"
     "Sim. Preciso falar com o sumo sacerdote. Como o senhor sabe, precisamos investigar as acusações sobre nosso companheiro. Ele alegou inocência em relação a tentativa de roubo e afirmou que estava sob controle. Gostaria de falar com o sumo sacerdote Hyatos Venseler."
     "Não será possível falar com Sua Santidade. Ele está muito ocupado no momento. Mas o que desejaria falar com ele?"
     "Arthos disse que um ser celestial o impediu de levar o mythal. Gostaria de pedir a Sua Santidade que, caso fosse possível, entrasse em contato com este ser. Quem sabe ele pudesse atestar que Arthos realmente estava sob controle e que usava o colar que afirma ter recebido dos vultos, e que não foi encontrado."
     "Posso responder-lhe isto. O ser que citou é uma dádiva de Corellon. É um enviado divino para proteger nosso tesouro. A presença deste ser só é solicitada quando o mythal é ameaçado. Não há outra maneira de o convocá-lo."
     "Talvez o sumo sacerdote possa se comunicar de alguma forma com o próprio Corellon e obter uma resposta para este caso. É importante sabermos isto, pois se Arthos estiver falando a verdade, estaremos travando um contato diplomático com um povo inimigo e traiçoeiro e todos em Evereska estarão em perigo."
     "Isto se ele estiver falando a verdade..."
     "Devemos pensar em todas estas possibilidades. Por favor, peço que ore para Corellon e pergunte se Arthos estava ou não usando este colar. Se houver uma resposta, poderemos solucionar esta situação!"
     "Está bem. Verei o que posso fazer."

     Após esta conversa, Mikhail deixou o templo. A resposta do sacerdote seria, sem dúvida, uma peça fundamental, caso confirmasse a declaração de Arthos. A palavra do próprio Corellon, sem dúvida seria uma prova irrefutável para os Anciões.


O Mensageiro

     Magnus e Kariel novamente foram até o grande acampamento de barracas brancas e procuraram "Cajado Negro". Descobriram que Khelben estava na tenda do Coronal Eltargrim e então para lá seguiram. Foram autorizados a entrar e perceberam que nela estavam, além do mago de Águas Profundas e o Coronal, Laeral e sua irmã Storm, e Dove e Florin Garra de Falcão. Havia um debate sobre a possibilidade de um novo ataque dos phaerimns. Kariel e Magnus chegaram próximos de Storm e de Laeral, que naquele momento não participavam diretamente das conversas.

     "Saudações senhora Storm e senhora Laeral. Como devem saber os Anciões nos deram três semanas para provar a inocência de Arthos da acusação de tentativa de roubo. Precisamos encontrar alguma evidência e pensei em seguir Aglarel e seus companheiros. No entanto, a natureza da magia que eles utilizam ainda não me é familiar. Gostaria de perguntar-lhes se meu pingente harpista me protegeria de uma eventual detecção destes vultos?"
     "Kariel...", começou Laeral, "...acredito que a magia que usamos não consiga impedir as artes da Ondulação Negra. É muito provável que o pingente falhe e você seja descoberto."
     "Sim. E certamente este Aglarel já deve ter preparado alguma salvaguarda, visto que sabe que não ficaríamos de braços cruzados."
     "Então aguardarei as novas de Mikhail. Ele esta tentando obter alguma prova com o sumo sacerdote Hyatos Venseler. Caso as consiga, não será necessário uma investigação arriscada."

     Nisto, Khelben saiu por alguns momentos da reunião e foi chamado por Kariel.

     "Khelben... alguma novidade?"
     "Não podemos ser apressados, Kariel. Senão corremos o risco de por tudo a perder. Por enquanto, apenas continue alerta."

     Kariel e Magnus então ficaram na tenda, ouvindo os preparativos para uma defesa, no caso de novo ataque, mas, na verdade, suas mentes estavam ansiosas e distantes. A preocupação maior era mesmo salvar Arthos da morte.

     Fora da tenda, no acampamento dois guerreiros de Águas Profundas se encontraram. Um era Brian Mestre das Espadas, capitão no comando do destacamento do exército humano em Evereska, e outro chamava-se Galtan, um homem jovem e forte, porém soldado já veterano de muitas batalhas. O último, durante o combate contra os phaerimns, viu rostos conhecidos e queria confirmar com seu comandante a identidade daquelas pessoas.

     "Salve, Brian Mestre das Espadas!"
     "Salve Galtan! Lutou bem nossa última batalha."
     "Obrigado. Todos lutamos muito bem. Estou orgulhoso de nossas tropas. Mas vim perguntar-lhe algo. Existe um grupo de aventureiros junto com nossas tropas? Acho que vi pessoas familiares entre eles. Sabe de quem se trata?"
     "Deve estar falando da Comitiva da Fé. Eles são do mesmo grupo que esteve na batalha no monte Águas Profundas, onde nosso exército enfrentou o próprio Bane."
     "Comitiva da Fé? Sim... então são eles! Andei com eles durante um período, quando estive no norte, no conflito contra Luskan. Lembro-me agora do paladino de Helm. Seu nome era Magnus."
     "Você o conhece?", espantou-se Brian, "Ele foi muito importante na batalha contra Bane. Mas parece que agora eles estão em apuros. Um deles está sendo acusado de tentar roubar algo dos elfos."
     "Verdade? Me pareciam boas pessoas. Onde estão?"
     "Os vi próximos à cabana do Coronal."
     "Vou até lá. Gostaria de reencontrá-los."
     "Irei com você, então."

     Antes que os dois chegassem à tenda de Eltargrim, encontraram Sirius, Limiekli e Bingo, que perambulavam pelo acampamento. Brian os abordou e virou-se para Galtan.

     "Galtan, estes são Sirius, Limiekli e Bingo. Também fazem parte da Comitiva da Fé."
     "Salve. Estive com a Comitiva por um curto período."
     "Não me lembro de você", disse Sirius, com a mão no queixo, analisando as feições do soldado.
     "Eu muito menos. Sou novo nessa Comitiva!", falou Limiekli.
     "Não conheço vocês dois, mas lembro-me do pequeno. Como vai Bingo?"
     "Sim... me lembro de você também. O soldado que nos deixou e partiu para uma batalha."
     "Isto mesmo. Tinha que lutar uma guerra. Mas onde estão os outros? O paladino de Helm?"
     "Magnus deve estar na tenda do Coronal, com Kariel.", respondeu Limiekli.
     "Kariel... sim, o elfo de cabelos azuis... Obrigado, Bingo. Foi um prazer conhecer novos membros da Comitiva."
     "Igualmente, Galtan."
     "Vocês poderiam me dizer o que estão conversando?", disse uma voz estranha, antes que os soldados e os aventureiros se afastassem. Procuraram a origem da pergunta e quando olharam para baixo viram um minúsculo homenzinho que fumava um cachimbo comprido, a semelhança do povo dos gnomos, mas não era um deles. Todos ficaram muitos surpresos de não ter percebido a aproximação do pequeno.
     "O que é isso!?", disse Sirius.
     "Quem é esse? Amigo de vocês?", perguntou Galtan.
     "Não sei quem é...", respondeu Limiekli. "Qual é seu nome, amigo?"
     "Meu nome não pode ser pronunciado por sua raça. Chamem-me apenas de Z."
     "O que é você, Z? Um gnomo... não... já vi um gnomo... um sprite?"
     "Não sou nem uma coisa nem outra. Esta não é minha verdadeira aparência. Apenas me adaptei para uma aparência mais confortável para vocês."
     "Porque veio ouvir nossa conversa?", perguntou Brian.
     "Queria saber o que vocês, seres bípedes, estão comentando. Enfim, saber o que está acontecendo."
     "Seres bípedes? Pelo que vejo você também está sobre duas pernas!", disse Sirius.
     "Já disse que esta não é minha aparência verdadeira."
     "E qual é a sua forma original?", continuou Sirius, curioso.
     "Vocês se assustarão!"
     "Já vi tantas coisas nesta vida... duvido que me assuste!"
     "Antes de chegar neste ponto, gostaria de falar de alguns companheiros de vocês neste acampamento. Aqueles chamados vultos. Devem saber que eles possuem um estranho tipo de magia..."
     "Ouvimos falar...", disse Limiekli. "Uma tal de não-sei-o-quê negra."
     "Gostaria de propor um acordo com vocês a respeito deles. Caso o rompam os laços com estes seres, nós os deixaremos em paz!"
     "Nós? A quem se refere?", perguntou Limiekli.
     "Vocês combateram os seres conhecidos como pherimns. Eu sou um deles!"

     Os heróis então, como em um reflexo, colocaram as mãos sobre os cabos das armas, mas a criatura levantou a mão espalmada, em sinal de que não planejava hostilidades.

     "Não saquem suas armas. Não vim lutar. Sou apenas um emissário desta proposta."
     "Que vantagem tem este acordo? Os phaerimns querem o mythal e, ao que tudo indica, os vultos também. Afastando eles vocês teriam caminho aberto. É trocar seis por meia dúzia!", concluiu Sirius.
     "Gostaria de falar com seus líderes a respeito."
     "Então nos acompanhe. Vamos levá-lo até a tenda do Coronal e lá você poderá fazer esta proposta.", disse Limiekli. "Sem agressões."
     "Acho bom mesmo, pois isto seria fatal!", ameaçou o pequeno.
     "Fatal para você!", rebateu Sirius.

     Foram então os seis até a tenda do Coronal. Entraram e cumprimentaram os presentes, Galtan então viu Magnus e Kariel e eles lembraram-se dele e das aventuras no Norte gelado. Brian então mostrou-lhes o pequeno mensageiro.

     "Senhores. Este ser é um mensageiro dos phaerimns. Pediu-me para trazê-lo aqui para propor um acordo!".

     Ao término destas palavras, os presentes olharam-se uns aos outros. Kariel, foi o primeiro a falar. Estava visivelmente irritado.

     "Acordo?! Se esta criatura for mesmo um paherimns devíamos eliminá-lo", comentou.
     "Calma, Kariel!", pediu Limiekli. "Parece que ele só quer conversar!"
     "Pelo que sondamos de sua cultura, não é costume matar mensageiros.", disse o phaerimn.
     "Ele é um diplomata", Kariel, e por questão de honra, não se deve matar os mensageiros do exército inimigo. Vamos ouvir o que ele têm a falar!", decidiu o Coronal.
     "É simples. Rompam as ligações que têm com os vultos e nós não atacaremos Evereska."
     "E este acordo somente se limita à cidade de Evereska?", perguntou o Coronal.
     "Sim. Ela ficará livre de nossos ataques para sempre."
     "Recuso-me a ouvir. Estarei do lado de fora da tenda.", saiu Kariel, enquanto a reunião continuava.
     "E a floresta, os animais e as cidades humanas?", quis saber Limiekli.
     "Estes nós não poderemos garantir. São fontes de vida e nosso alimento."
     "Phaerimn...", disse o Coronal em tom conclusivo, "Evereska não fará este tipo de acordo com criaturas como vocês. Não transferiremos nossos problemas para outros povos. Pode partir daqui e transmitir isto aos seus pares."

     Uma porta mágica surgiu e o phaerimn passou por ela e desapareceu. Foi o fim da reunião. Os membros da Comitiva, Brian, Khelben e Galtan deixaram a tenda do Coronal e encontraram Kariel, que estava do lado de fora. O elfo de cabelos azuis então perguntou ao mago de Águas Profundas:

     "E então, Khelben? Não aceitaram este acordo, aceitaram?"
     "Claro que não, Kariel. Isto não nos traria nenhuma segurança."
     "Fico feliz em ouvir isto."
     "Agora vocês e seus amigos devem se concentrar na solução do caso de Arthos. Se tiver novidades, avisarei."
     "Obrigado mais uma vez, Khelben!"

     Quando Sirius, Limiekli, Magnus, Bingo e Kariel retornaram a cidade já era noite. Na casa de Galeron, Kariel procurou por Mikhail, que havia também acabado de chegar.

     "E então Mikhail? Algum sucesso no templo?"
     "Não consegui falar com o sumo sacerdote, mas falei com o sacerdote Virmanon e consegui a promessa de que ele procuraria descobrir algo sobre a questão do colar que Arthos usava."
     "Você não tem nenhum encanto divino que possa nos auxiliar neste momento?"
     "Vou estudar hoje e amanhã verei o que posso conseguir."

     Assim terminou aquele longo e tenso dia para a Comitiva da Fé.

Um Encanto Para Trazer a Verdade

     Na manhã seguinte, Mikhail procurou os seus companheiros. Havia pesquisado suas orações até altas horas da madrugada, mas o esforço pareceu ter valido a pena.

     "Amigos, parece que encontrei algo que pode nos ajudar. Há uma oração que me permite acessar as memórias e sentimentos mais profundos de outra pessoa. Posso usar este encanto divino em Arthos e assim descobrir exatamente tudo o que se passou nos últimos dias. Mas para isto, necessitarei da autorização dos Anciões."
     "Excelente, Mikhail. Porém tenho uma observação. Se for possível talvez surta um efeito melhor se convencer os próprios clérigos de Corellon a realizarem a oração. Assim não sobrarão sombras de dúvidas."
     "Uma boa idéia, se os clérigos quiserem colaborar... Irei agora ao Parlamento e pedirei esta permissão. Nos falamos depois."
     "Nós podemos ir para o acampamento para ver se há alguma novidade sobre os phaerimns ou sobre os vultos e aguardaremos suas notícias por lá.", sugeriu Magnus.
     "Concordo.", disse Kariel. "Boa sorte, Mikhail."

     Mikhail então deixou a casa de Galaeron em seu cavalo e em rápido galope chegou ao Parlamento. Procurou Anskalar Duorsenna, o diretor. Foi levado então à sua presença.
     "Diretor Ansklar, encontrei uma maneira de descobrir a verdade no caso de Arthos e para isto precisarei utilizar uma de minhas orações. Gostaria de pedir aos Anciões permissão para fazê-lo."
     "Falarei com os Anciões, mas uma audiência com eles só poderá ser conseguida amanhã pela manhã. Sugiro que aproveite seu tempo e procure o sarcedote Virmanon, já que se trata de uma oração. O parecer dele é que será solicitado pelo Conselho neste caso."
     "Agradeço sua colaboração. Irei ao templo agora mesmo."

     Mikhail partiu novamente, desta vez em direção a grande torre dedicada a Corellon. Entrou no templo e solicitou novamente a presença do clérigo Virmanon. O sacerdote então o atendeu.

     "Sim? Deseja mais alguma coisa?"
     "Sacerdote Virmanon, como deve saber, também sou um clérigo como o senhor, e tenho acesso a algumas orações que podem auxiliar a descobrir o que está acontecendo. Vim solicitar uma autorização para utilizar uma em especial, que poderá fazer com que eu compartilhe as recordações de Arthos nos últimos dias e assim possa descobrir a verdade sobre o que aconteceu. Se puder, acho até melhor que o senhor mesmo recite a oração, descobrindo por si próprio tudo o que aconteceu."
     "É uma boa alternativa, mas deverá entrar em contato com os Anciões."
     "Já estive no Parlamento. Uma audiência será marcada amanhã pela manhã."
     "Então, peço que aguarde. Nos falaremos na audiência!"

     Mikhail então se despediu e partiu em direção ao acampamento, fora das muralhas da cidade, para encontrar seus companheiros e contar-lhes as notícias.

Um Ataque, Uma Evidência

     Pela noite, a Comitiva da Fé, reunia-se no acampamento. Os aventureiros estavam em uma tenda, onde descansavam e faziam uma pequena refeição noturna. A exceção era Kariel. O elfo, que não costumava nem dormir nem comer com freqüência, e que estava sentado ao chão, a alguns metros da tenda utilizada pelos vultos. Não mexia um só músculo e vigiava qualquer movimento suspeito. Encontrou ele, Khelben.

     "Kariel, por acaso sentiu algo estranho na noite de ontem?"
     "Não, o que houve?"
     "Senti uma presença tentando me observar."
     "Não senti nada. Talvez meu pingente harpista tenha me protegido!"
     "Tem razão. Mas fique alerta. Talvez algo esteja para acontecer!", disse o mago de Águas Profundas em tom misterioso.

     As horas passaram e a maioria dos soldados estavam dormindo. Um forte vento começou a se formar em torno da tenda que abrigava a Comitiva da Fé. O estranho vendaval balançava a barraca e despertou Mikhail. O clérigo de Mystra agitou-se e procurou seus companheiros:

     "Kariel?". O mago da Comitiva não estava ali. Continuava observando a tenda dos vultos, a alguns metros de distância. Então viu os outros que estavam dormindo. "Magnus, Sirius, Limiekli, Bingo... acordem. Tem algo de errado acontecendo."

     Dito isto, os aventureiros levantaram assustados e correram para suas armas. O vento agora revirava as coisas dentro da tenda e apagava a lanterna. Apesar de estar distante, Kariel também ouviu as palavras de Mikhail, pois era faculdade dos Escolhidos de Mystra ouvir as nove palavras que se seguiam quando alguém pronunciava o seu nome. Sendo assim este também levantou do seu posto e pôs-se a correr em direção da tenda onde estavam seus amigos.

     Em meio a poeira levantada pelo vento, Magnus sentiu um poderoso golpe, mas não viu o seu adversário. Saíram então da tenda escura e a luz do luar puderam ver o inimigo. A poeira que percorria as estranhas correntes de ar montava a silhueta de um ser humanóide, quase translúcido, feito de vento. Não conheciam este tipo de criatura, vinda de outros planos, e que eram chamados de elementais. Agora foi a vez de Mikhail, que recebeu um soco da criatura, que conseguia se solidificar para atacar. Os soldados das proximidades foram levantando com o ruído feito pelo monstro de vento e pelos aventureiros. Então perceberam que outros dois oponentes iguais aquele se formavam para lutar contra os aventureiros.

     Então a Comitiva e os soldados tentavam lutar contra os seres, mas a maioria dos golpes passavam através dos corpos, sem atingir os inimigos. Mikhail, que conhecia sobre magia, percebeu o que acontecia e anunciou os seus companheiros.

     "Estas criaturas não são afetadas por amas comuns. Somente a magia e armas mágicas poderão atingi-las! Procurem ajuda!"

     Os que conseguiram ouvir Mikhail deixaram o combate e foram procurar pela ajuda de Khelben, ou algum de seus aliados.

     Kariel vinha se aproximando e ao ver ao longe uma das criaturas que lutava contra Mikhail e Magnus, lançou um encanto. Com um gesto fez aparecer quatro goblins, que ao seu comando, atacaram os seres de vento. Sirius, que corria ao lado oposto, encontrou Kariel.

     "Aqueles lá não são feridos por armas comuns... não tem um jeito de você encantar minha espada?"
     Kariel apenas olhou para a espada e disse.
     "Está encantada, mas tenha cuidado!",
     "Valeu!", agradeceu Sirius, voltando para o combate.

     Entre os que lutavam, somente Mikhail e Magnus pareciam conseguir algum tipo de sucesso contra os oponentes. Os demais golpes, inclusive os disferidos por Sirius, pareciam não afetar a criatura. E justamente eram Mikhail e Magnus os mais durante atingido pelos seus ataques. Kariel conjurou uma nova magia, e esferas de energia partiram de suas mãos e acertaram o monstro e ele emitiu um ruído de dor.

     Do outro lado do acampamento, Galtan, o soldado de Águas Profundas, que estava a cavalo, encontrou Storm, Florin e Dove Garra de Falcão e emitiu o alarme:

     "Seres de vento... estão do outro lado do acampamento. Estão atacando a Comitiva da Fé e alguns soldados! Venham depressa!"

     No campo de batalha, a Chama do Norte, espada de Magnus, dividiu ao meio seu oponente, cuja forma se desfez em ar. Mikhail, que tinha recebidos vários golpes afastou-se do combate a fim de executar uma oração e curar-se de parte de seus ferimentos. Sirius também continuava atacando, embora não soubesse que seus golpes de nada adiantavam. Kariel preparava-se para outro encanto, quando foi surpreendido por esferas de energia que vinham contra ele de um ponto distante, nos limites do acampamento. Para sua sorte, seu pingente harpista tinha a propriedade de anular este encanto. Kariel procurou seu atacante, mas não conseguiu vê-lo. Mas logo depois outro feitiço se abateu sobre ele. Kariel foi capaz de ver uma bola de fogo sendo conjurada ao longe e , antes que ela fosse arremessada em sua direção, a luminosidade do fogo clareou as trevas e revelou o seu oponente: era um dos vultos de Obscura. Mas o elfo não teve tempo de pensar em mais nada, se protegeu da explosão de chamas que, graças a proteção de um de seus anéis mágicos, não lhe causou ferimentos graves.

     Enquanto isto, a toda velocidade, vinham galopando Galtan, Storm Mão Argêntea, Dove e Florin Garra de Falcão. Sem que esperassem, do céu desabaram sobre eles, como meteoros, quatro esferas incandescentes que explodiram e espalharam fogo, derrubando os heróis dos cavalos e causando muitos ferimentos. Storm, ao cair, deu um rolamento no chão e ficou de pé, pois o encantamento não surtiu efeito sobre ela, o que surpreendeu Galtan. Olharam imediatamente para cima e viram o agressor que flutuava: era também um vulto, como o que atacou Kariel. Galtan, ainda teve reflexo para apanhar uma lança que havia caído de um dos soldados e arremessá-la de encontro ao vulto. Apesar de ter acertado, o dardo não causou ferimentos no inimigo, que protegia-se de alguma forma. Atrás dos heróis ainda caídos vinham correndo dois conhecidos personagens: Khelben Arunsun e Laeral Mão Argentêa.

     O segundo elemental caiu pela espada de Magnus e o terceiro, que era inutilmente golpeado por Sirius, deslocou-se na direção do ferido Mikhail, na intenção de aproveitar sua fragilidade de seu estado e matá-lo. Kariel, que tinha acabado de sofrer um ataque do vulto, ponderou por um momento e decidiu que melhor seria ajudar seus amigos. A perseguição ao assecla de Aglarel ficaria para mais tarde. Chegou no local do combate e viu Sirius, que continuava a investir com sua espada. Observando com seu conhecimento de magia, o elfo percebeu logo que a espada encantada não era poderosa o bastante para ferir o monstro e alertou o amigo.

     "Fuja, Sirius. O encantamento que age em sua espada é fraco demais para feri-lo!"
     "É?!", disse Sirius, que achava que tinha acertado todos os golpes. "Vou proteger Mikhail, então!", falou em quanto colocava seu corpo entre o monstro e o amigo ferido. Kariel então chegou a frente do inimigo e conjurou um encanto. De suas mãos partiram chamas que atingiram o elemental que restava e o desfizeram.
     "Ufa!", suspirou Sirius! "Ainda bem que acabou! Mas me diga, Kariel. Vi você ser atingido por uma bola de fogo, mas não foi estes monstros que fizeram isto. Quem o atacou?"
     "Foi um vulto, mas ele já deve ter desaparecido!"
     "Olhem! Naquela direção!", apontou Limiekli para chamas que iluminavam outro ponto do acampamento. "Vamos!"

     Kariel, Magnus, Bingo, Limiekli e Mikhail então correram e chegaram no lugar do ataque. Alguns cavalos estavam mortos e tendas pegavam fogo. Além de alguns soldados, estavam no lugar Storm, Dove e Florin, Khelben e Laeral, que olhavam para o alto. Os cinco recém chegados fizeram o mesmo e viram três vultos que flutuavam. A lua estava clara o suficiente para ver que um deles era Aglarel. Eles enfim tinham revelado suas verdadeiras naturezas. Mikhail lançou de sua arma, o martelo Destruidor de Tempestades, um raio de luz intensa na intenção de atingir o príncipe de Obscura, mas ele, com um gesto, devolveu o encanto de volta ao clérigo, que devido a natureza do encanto, nada sofreu. Aglarel então pôs-se a falar.

     "Tolos. Pensavam em fazer oposição a nós. Vou lhes mostrar o quão errada foi esta decisão!"

     Aglarel apontou para um ponto próximo do acampamento e uma distorção no espaço começou a surgir e um grande portal se abriu. Duas gigantescas mãos vermelhas saíram de dentro da energia pulsante, e depois o restante do corpo de um demônio, de cerca de três metros e meio de altura foi revelado. Sua espécie chamava-se balor, e era um dos mais terríveis habitantes do plano infernal conhecido como Abismo.

     "Divirtam-se!", disse o vulto antes de desaparecer junto com seus dois asseclas.

     Neste cenário, iluminado pela lua e pelas chamas que ora surgiam do couro de vermelho vivo da criatura do Abismo, uma luta ferrenha estava para acontecer. E este era apenas um dos problemas que aqueles heróis ainda teriam que enfrentar, isto é claro se sobreviverem ao final daquela noite traiçoeira.

Os Phaerimns e Faerûn

     Enquanto os heróis da Comitiva se encontravam em grandes problemas em Evereska, no resto do mundo não ocorria diferente, pelo menos nos reinos que os monstros ferrenhos conhecidos por phaerimns definiram como alvos para sua insaciável fome pela magia. Como formas de vida inteligente, eles pesquisaram e descobriram possíveis conduítes místicos vindos de vários lugares nos reinos. Dividiram-se em grupos e iniciaram a devastação.

     Na rede de catacumbas conhecida por Montanha Subterrânea, os phaerimns conseguiram atingir uma de suas milhares de entradas. Procuraram por magia, porém acabaram encontrando vários obstáculos. Monstros de poderes incomensuráveis os defrontaram, reduzindo-os a pedaços. Muitos deles eram demônios, outros não poderiam ser descritos por seres comuns. De forma misteriosa, o anfitrião estava ausente. Com esta dificuldade, os invasores decidiram recuar para preservar seu bem-estar.

     No leste, acima do Vale das Sombras, prosperou um dia uma cidade com um objetivo especial, unificar as raças para que vivessem em harmonia, meta idealizada pelo Coronal Eltargrim. Contudo, vários acontecimentos fatídicos impediram o sonho desta cidade, que fora bela em seu esplendor. Era chamada de Myth Drannor. Hoje, sabem poucos que a cidade é habitada por demônios vindos de Baator. Estes ferozmente guardam a cidade em ruínas. Transformaram-na num posto avançado no Plano Material. Como novos 'guardiões' de Myth Drannor, os diabos lutaram com todas as forças contra os invasores phaerimns, que haviam sentido emanações poderosíssimas vindas de alguns pontos da cidade. Foi uma batalha selvagem, uma carnificina generalizada. Os phaerimns, apesar de aniquilarem várias bestas dos Noves Infernos, viram-se em desvantagem ao perceber a resistência que os diabos tinham em relação à magia. Alguns deles, famintos por energia mágica, ignoraram esta desvantagem e voaram em direção a um conduíte mágico. Decisão infeliz. Seu corpos de aparência larval foram feitos em pedaços por grandes diabos. Os phaerimns pereciam antes de ouvir o gargalhar dos baatezus.

     No sul, no reino conhecido por Thay, os phaerimns caíram como uma chuva. Foram dois os seus alvos: Bezantur, e Priador. Os monstros se dividiram em dois enxames para atacar ambas as cidades. Ao chegarem em Bezantur iniciaram sua covarde destruição, mas os zulkires, governantes de Thay, já os esperavam. Seus soldados lutaram bravamente atirando lanças e setas contra a couraça dos monstros voadores. Quando já estavam em número baixo, de repente, para a surpresa de todos, uma horda de mortos-vivos apareceu e se juntou ao combate. Seres já mortos que ainda andavam. Esqueceram eles o conceito da dor, do cansaço, entre outros limites vitais. Atacaram com fúria ilimitada e esquartejaram seus inimigos, que então bateram em retirada percebendo o horror de sua derrota. Ao longe, apenas observando, estava o zulkir Szass Tam. Feliz com o resultado de sua estratégia, sorriu ao perceber que sua influência aumentaria depois deste episódio. Em Priador, algo um pouco diferente aconteceu. O brilhantismo do zulkir e tarkion Aznar Thrul aumentou a coragem de seu exército. Seus homens, após verem os 'guardiões' enviados pelo tarkion aniquilarem impiedosamente os phaerimns, encheram-se de coragem e lutaram até o último segundo. Os enviados do zulkir eram constructos mágicos feitos de várias formas de mineral, e eram conhecidos pelos arcanos por golems. Aqueles feitos de metais eram os mais implacáveis. Ignoraram completamente os encantamentos terríveis dos seres voadores, e apenas com suas mãos, rasgaram vários phaerimns ao meio como se folhas de pergaminho fossem. Um dos monstros abriu um portal mágico para que os de sua raça pudessem escapar daquela tragédia. Muitos fugiram com este artifício mas outros não tiveram a mesma sorte, foram reduzidos a cinzas pelas explosões geradas por esferas incandescentes lançadas por Aznar Thrul e seu amigo, o zulkir Nevron. Ao final do combate, Priador estava em festa com a vitória.

     No passado, na época do império de Netheril, não existia a mesma quantidade de povos e monstros que hoje habitam os reinos. Os phaerimns conheceram isso da pior forma, porém suas investidas estavam longe de terminar.


Esta história é uma descrição em teor literário dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.

Os Últimos Dias de Glória © Todos os direitos reservados 2004 - Forgotten Realms™ e seus personagens são marcas registradas da Wizards of The Coast Inc.
This page is a fan site and is not produced or endorsed by Wizards of the Coast. Forgotten Realms is a registered trademark of Wizards of the Coast, Inc.