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Por Caminhos Diferentes
Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira.
baseada no jogo mestrado por Ivan Lira
Personagens principais da aventura:
Os
Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli),
Sir Galtan de Águas Profundas, Brian Mestre das Espadas,
Florin e Dove Garra de Falcão. O vulto: Príncipe
Aglarel. Os Elfos: Arthos Fogo Negro; Mikhail Velian; Kariel
Elkandor. O Halfling: Bingo Playamundo. Participação
Especial: o Coronal Eltargrim Irithyl, Khelben "Cajado
Negro" Arunsun, Laeral Mão Argentêa, Storm Mâo
Argentêa, Florin e Dove Garra da Falcão.
Por Caminhos Diferentes
Uma
besta vinda das profundezas do Abismo, era o que estava diante dos
bravos aventureiros que acampavam fora das muralhas brancas de Evereska.
Vermelho, com labaredas dançando pelo seu horrendo corpo,
asas incandescentes e duas vezes maior que um homem. Não
sabiam ainda os heróis, mas seu nome era Verithor, tanar’ri
invocado de sua sinistra morada pelas artes místicas do príncipe
Aglarel de Obscura, pretenso diplomata que revelou-se um traiçoeiro
inimigo. Tal visão fez tremer alguns dos presentes. Os soldados
mais inexperientes simplesmente fugiram, mas não se poderia
culpá-los. Um demônio dos infernos não é
coisa fácil de se ver.
Na
linha de frente daquela batalha estavam os membros da companhia
de aventureiros conhecida como a Comitiva da Fé, desfalcada
de Arthos Fogo Negro, que continuava preso em uma cela no edifício
do Parlamento Élfico. Também estavam na luta o arquimago
da cidade de Águas Profundas chamado Khelben “Cajado
Negro” Arunsun e sua esposa Laeral Mão Argêntea,
Storm, irmã de Laeral, os heróis Florin Garra de Falcão
e sua esposa Dove e o cavaleiro Sir Galtan. Olhavam para a figura
do demônio enquanto suas cabeças pensavam na melhor
estratégia para superar aquele mal. A Besta, com sua voz
gutural, pronunciou-se.
“Torilianos!
Fiz um pacto com o vulto Aglarel, contudo se conseguirem oferecer
uma barganha melhor, não cortarei suas cabeças!”
“Que oferta
poderemos fazer!?”, disse Sirius, dando alguns passos temerosos
para trás.
“Ajoelhem-se
e adorem a mim e a Juiblex, senhor dos demônios!”
“Demônio!
Nunca nos renderemos às forças do mal!”, bradou
Sir Galtan, eloqüente . “Prepare-se para morrer!”
“Não
perca seu tempo conosco, demônio.”, completou Storm
Mão Argêntea. “Não é de nosso feitio
agradar bestas do inferno.”
“Que assim
seja, humanos! Em breve estarão beijando os meus pés!”
O
balor gesticulou e do nada surgiu uma fenda de luz, um novo portal
que se abriu a uma certa distância, do qual saiu outro ser
infernal. Khelben, de forma perspicaz, aproveitou a distração
do tanar’ri e invocou um poderoso feitiço, um pequeno
raio azulado saiu da ponta de seu dedo e atingiu Verithor, a energia
percorreu seu corpo, mas aparentemente não houve efeito algum,
no entanto, aqueles que eram arcanos perceberam a intenção
do arquimago, ele reduziu o abascanto do monstro tornando-o mais
suscetível à magia. Ao fazer isso ele o irritou bastante,
e Verithor fixou os olhos em Khelben, já determinando-o como
vítima. Do portal um novo demônio surgiu, possuía
mais de dois metros de altura e era uma sinistra mistura de mulher
e serpente. Da cintura para baixo, seu corpo era de cobra. Sua outra
metade era de uma mulher de seios a mostra. Ao invés de dois,
possuía seis braços e cada um deles segurava uma lâmina
mortal. Em seu lar, seu tipo era conhecido como marilith.
Haviam
agora dois inimigos e os heróicos combatentes se dividiram.
Kariel aproveitou o sortilégio de Khelben e lançou
um relâmpago que partiu de suas mãos ao encontro do
gigantesco oponente, mas ainda assim, não surtiu efeito.
Sirius se afastou do contato com os inimigos e valeu-se de seu arco
para disparar setas, mas os projéteis de nada adiantavam.
Limiekli e Bingo também disparavam em vão. Decidiu
o primeiro então que era um inútil naquele combate
e pensava em deixar o trabalho para aqueles que tivessem mais sorte
ou mais poder. Foi quando Florin, ao ver seu desalento, jogou-lhe
uma adaga de prata e disse-lhe.
“Tente
com isto. Poderá lutar com esta arma!”
O
ranger então reconsiderou sua decisão e, empunhando
sua nova arma, correu em direção ao marilith. Já
o pequeno Bingo, diga-se que por esperteza e não por covardia,
ficou distante e observou atento. Conhecia seus limites e sabia
que atrapalharia mais do que ajudaria contra aqueles demônios,
imunes contra setas. Mikhail havia lançado um encantamento
divino, com vistas a que sua deusa oferecesse proteção
aos seus amigos, porém ele próprio encontrava-se fraco
e ferido, conseqüência da luta contra os elementais do
vento, invocados pelos vultos a alguns minutos atrás. Storm
viu Mikhail abatido e distante. Chamou-lhe e arremessou uma garrafa
pequenina de vidro, que foi aparada ainda no ar pelo clérigo.
Pediu a mulher que o elfo bebesse a poção e assim
Mikhail o fez. Suas forças se recobraram e alguns de seus
ferimentos milagrosamente se fecharam. Magnus e Sir Galtan correram
com todas as forças em direção a Verithor,
mas este olhava fixamente apenas para Khelben. O feiticeiro lançou
outro encanto semelhante ao anterior, desta vez aumentando as fraquezas
naturais de Verithor. Porém, o demônio usou de suas
poderosas asas e alçou vôo, apenas para mergulhar e
desferir rápidos golpes com uma enorme espada flamejante,
que surgiu instantaneamente, contra o mago. Mas o humano tinha suas
precauções e os golpes do monstro não surtiram
efeito. Laeral viu seu marido sob ataque e conjurou uma nova magia.
Invocou um elemental do vento, semelhante aos seres enfrentados
pela Comitiva minutos atrás, para atacar o demônio.
Infelizmente o elemental foi apenas vítima, pois com apenas
dois golpes, o balor o desfez.
Mais
próximo do marilith, Sirius se desesperava. Já havia
disparado muitas setas e mesmo com boa pontaria, o alvo parecia
nada sofrer. Viu Kariel a sua frente e foi lá aconselhar-se
com o mago.
“Kariel!
Minhas flechas de nada adiantam contra este bicho! Que devo fazer?
Gritar palavrões?”
“Suas
armas não farão efeito. Precisariam ser encantadas
. Fique atento e tente ajudar aqueles que caírem!”
“É
isto que vou fazer então. Ajudarei os que caírem!”
Khelben,
sempre atento, aproveitou a oportunidade proporcionada por sua esposa
e preparou um feitiço definitivo, em palavras arcanas, ordenou
a morte do demônio. Parecia que o artifício havia falhado,
pois nada de imediato aconteceu. Instantes após, no entanto,
o gigante do Abismo se contorceu e emitiu um grito medonho. Em seguida
seu corpo explodiu em chamas. O mago de Águas Profundas então
sorriu discretamente. Seu feitiço fatal tinha apenas uma
pequena chance de funcionar, mas Tymora, a Deusa da Sorte e dos
Aventureiros, abençoou sua iniciativa e o balor fora devolvido
para as profundezas dos planos inferiores.
Mas havia outro
tanar’ri e ele lutava com seus vários braços.
Os golpes rápidos da criatura acertaram Storm e Florin, sendo
que o último, além de ferido, foi imobilizado pela
cauda de ofídio da marilith. O monstro começou a apertar
o corpo do herói. Queria esmagar-lhe os ossos, tal cobra
constritora. Dove viu o marido em apuros e investiu com sua espada,
mas errou o alvo. Da Comitiva, Limiekli e Mikhail eram os únicos
que combatiam corpo a corpo contra o inimigo do inferno. Kariel
estava afastado, planejando uma magia que fosse útil e que,
ao mesmo tempo, não atingisse seus amigos em combate corpo-a-corpo.
Magnus, juntamente com Sir Galtan, vinham apressados para ajudar
os companheiros, visto que o balor que escolheram como oponente
havia tombado pelas artes místicas de Khelben “Cajado
Negro” Arunsun.
A
cauda apertava e Florin lutava para manter seu fôlego. A marilith,
mesmo esmagando o herói, não perdia a concentração
e desferia seus ataques mortais. Mikhail, apesar de ajuda dispensada
por Storm, não estava em boas condições. Afastou-se
do combate e entregou seu martelo encantado para Sirius, que estava
por perto. O guerreiro não era muito afeito a armas encantadas,
mas vendo ser esta a única solução no combate,
segurou o Destruidor de Tempestades com firmeza e desferiu um golpe
contra a cauda que prendia Florin. Assim também fez Storm,
aplicando um corte profundo com sua bela espada longa no bestial
adversário. Naquele momento, chegaram Magnus e Galtan. O
primeiro foi recepcionado com um golpe tão forte que o empurrou
para trás e o segundo conseguiu atingir com sua lâmina
a pele reptiliana do demônio, mas não sabia o valoroso
cavaleiro que sua arma, que não era imbuída de magia,
de nada adiantaria com a criatura do inferno.
Limiekli
e Dove concentraram seus ataques na cauda, afim de libertar Florin,
que a cada minuto parecia mais pálido e sem energias. Foi
quando Sirius usou a força de seus grandes braços
e, depois de muito esforço, conseguiu libertar o companheiro
e retirá-lo da zona de combate, levando-o para seu amigo
Mikhail, que conhecia as artes da cura, afim de aliviá-lo
de seus ferimentos. Aproveitando que o monstro não mais segurava
Florin, Kariel correu e se aproximou do marilith. O mago da Comitiva
espalmou a mão em direção ao rosto do demônio
e dela partiu um relâmpago, que fez a criatura tremer e gritar.
Khelben, que ainda estava bastante distante, lançou também
um encanto, mas desta vez o mago de Águas Profundas teve
menos sorte e o sortilégio falhou. Porém, a batalha
aproximava-se do fim. Storm Mão Argêntea, com um salto,
investiu mortalmente contra o demônio e rasgou-lhe o peito.
O marilith enfim tombou inerte, deixando cair ao chão suas
armas tingidas de sangue. Magnus olhou perplexo, mas com admiração,
para aquela mulher na bonita cota de malha élfica. Não
se sabe o que mais o surpreendeu, se foi sua habilidade soberba
no combate ou sua beleza inigualável.
Então
chegou o mago de Águas Profundas e avisou:
“Não
toquem nestas armas. São malditas.”
“Nem pensaria
nisto. São armas de demônios e devem ser destruídas.”,
respondeu Galtan, o cavaleiro.
“Estes
demônios foram só uma distração. Os vultos
podem fazer mais do que isto.”.
“Sim,
Khelben. Agora podem atacar Evereska e não terão nada
a perder!”
“Mas também
sabem que não será uma tarefa tão fácil,
Kariel! Temos dois problemas agora: os phaerimns e os vultos. Sinceramente
não sei qual deles é o pior. Por hora não deveremos
ser atacados. Vamos cuidar dos feridos e descansar como for possível.
Depois trataremos deste assunto.”
Florin
chegou até Limiekli. O ranger da Comitiva estava com a adaga
que o veterano aventureiro havia lhe emprestado e neste momento
a devolvia. Florin, no entanto, ergueu a mão, recusando a
arma.
“Lutou
bem, Limiekli. Esta adaga será de melhor serventia para você.
Tenho minha espada.”
“Obrigado,
Florin.”, disse o aventureiro agradecido pelo presente.
A
Comitiva e seus aliados ainda tinham o resto da noite pela frente.
Foram curados de seus ferimentos por alguns clérigos de Evereska,
que chegaram alguns minutos após o fim dos combates e por
algumas poções administradas por Storm. Então
descansaram e dormiram. Amanhã teriam um importante compromisso.
Uma audiência com o conselho dos Anciões da Colina.
Esperavam que os acontecimentos recentes envolvendo os vultos atenuassem
a pena capital imposta a Arthos.
A Audiência
A
manhã apresentou-se sobre o grande vale onde se situava Evereska.
Os membros da Comitiva, ainda que não estivessem completamente
recuperados da batalha do dia anterior, não se atrasaram
e todos compareceram ao Parlamento Élfico, para a sessão
do conselho. Seria o momento de tentar provar a verdade das palavras
do depoimento de Arthos, através do encanto divino pesquisado
por Mikhail, que permitia que fossem lidas as últimas memórias
do elfo acusado e assim vivenciar os fatos daquele infeliz episódio.
Com eles foram Khelben e Laeral , além do humano Brian Mestre
das Espadas.
Já
estavam na sala do conselho, lugar que já lhes era bastante
familiar. Tão quanto os rostos daqueles elfos diante deles:
os sete Anciões, o diretor do Parlamento Anskalar Duorsena,
e o réu Arthos Fogo Negro. Depois do cerimonial de abertura
da sessão, feito pelo diretor, o Ancião mais idoso,
Amrod Miyeritar pronunciou-se.
“Agora,
com as novas informações, será feito um novo
julgamento. Advirto que não tolerarei interrupções
não autorizadas nesta sessão. Convoco o alto clérigo
Virmanon Calidor para pronunciar sobre as novidades neste caso.”
O clérigo,
que encontrava-se na platéia, veio e sentou-se em uma cadeira
ao lado dos Anciões.
“Fui procurado
por Mikhail Velian que me indicou um encanto divino que poderia
ser usado para conhecermos a verdade sobre as afirmações
do elfo Arthos Fogo Negro, através da leitura de suas memórias.
Não cogitávamos usá-lo pois não apreciamos
invadir mentes alheias, mas diante da face revelada pelos vultos
na noite passada, penso ser esta a sugestão mais correta.”,
o elfo levantou-se da cadeira e virou-se para Arthos. “Permite-me
ler as suas memórias?”
“Claro.
Não tenho nada a perder!”
Então
Virmanon levou sua cadeira para frente do assento de Arthos, fechou
os olhos e proferiu uma oração. Em seguida sua mente
sintonizou-se com a de Arthos. O alto clérigo ouviu, viu
e sentiu, em rápidos segundos, todas as sensações
experimentadas por Arthos nos últimos dias. Sua face se contraiu
e relaxou várias vezes. Até que por fim cessou os
movimentos e ele novamente abriu os olhos.
“E
então, Virmanon? O processo está encerrado? O que
tem a afirmar?”
“O elfo
Arthos Fogo Negro diz a verdade. Ele foi mentalmente controlado.
Contudo ele aceitou a proposta do vulto por sua própria vontade
e motivos particulares.”
“Isto
é o suficiente. Faremos um recesso e anunciaremos nossa decisão!”
Os
Anciões se retiraram e Arthos foi levado dali. Em seguida
os demais presentes foram a uma ante sala. Esperaram cerca de quarenta
minutos, quando o diretor recebeu o aviso de que o novo veredicto
estava pronto e reconduziu todos novamente a sala principal. A sessão
foi reiniciada e a palavra era novamente do Ancião mais antigo,
Amrod Miyeritar.
“Consideramos
Arthos culpado da invasão a câmara do mythal, mas graças
as novas informações sua pena não será
mais a morte. O castigo adequado será definido ao fim do
conflito pelo qual passa Evereska. Até lá, o réu
continuará detido. A sessão está encerrada.”
Arthos
foi novamente levado e o grande salão novamente esvaziado.
Seus companheiros estavam ainda muito apreensivos com a situação
do companheiro, mas havia também algum alívio por
ele estar livre da pena capital. Suas mentes estariam agora completamente
voltadas para a resolução dos problemas com os phaerimns
e os vultos, afinal.
A Comitiva se Divide
Na
saída do salão, Enesyus abordou a Comitiva. Transmitiu-lhes
o recado do Coronal Eltargrim: a Comitiva era esperada para uma
nova reunião. E assim foram os heróis, em direção
ao acampamento humano fora da cidade e para a bela tenda destinada
ao monarca de Cormanthyr. Entraram e viram que o mago Khelben também
estava presente. Fizeram uma rápida saudação
e o Coronal começou:
“Comitiva.
Espero que a colaboração que ofereceram a mim ainda
esteja de pé.”
“Sim.
Esta foi a nossa palavra.”, respondeu Mikhail.
“Como
sabem, os phaerimns macularam nosso mythal. Para repará-lo
precisarei executar um ritual da Alta Magia élfica e por
isto terei que me ausentar. Espero que quando eu retornar vocês
ainda estejam aqui. Despeço-me desejando que Corellon abençoe
a todos.. Os deixarei com Khelben, que tem mais a falar.”
Eltargrim então deixou a tenda, depois de uma rápida
troca de cumprimentos. Antes que o mago de Águas Profundas
começasse qualquer coisa, Sirius falou o que passava por
sua cabeça.
“Khelben...
Sei que não fomos chamados aqui para discutir isto, mas estive
pensando. Muitas vezes salvamos vidas e Reinos e fomos recompensados
com ouro, armas, honrarias e outros presentes. Será que Evereska
não poderia nos recompensar de outra forma?”
“Acho
que sei o que quer dizer! Estive pensando a mesma coisa.”,
disse Kariel.
“Querem
libertar Arthos? Mas devem saber da gravidade da profanação
que ele causou...”
“Ora,
Mikhail. Lembro de todas as vezes que ele arriscou a pele para salvar-nos
de enrascadas e para mim isto conta muito!”
“Sei da
gravidade do problema Mikhail, mas se pedirmos isto aos Anciões
e eles concederem este perdão seria um ato dentro das leis
de Evereska e ajudaríamos nosso amigo. Não vou negar
que se um estranho fizesse o que ele fez no meu reino, provavelmente
indicaria que meu pai aplicasse uma pena bem severa, mas Arthos
não é um estranho, é meu amigo e farei de tudo
para ajudá-lo a sair desta.”
“Não
será fácil, Kariel.”, colocou Khelben. “Os
Anciões não costumam concordar com barganhas e não
vêem nossa ajuda desta forma. Mas infelizmente, devemos deixar
este assunto para outra hora. Tenho algo a falar. A partir de hoje,
se desejarem permanecer na batalha, passarão a receber instruções
de minha esposa Laeral, pois assim como o Coronal, também
me ausentarei. Procurarei por respostas. Espero que não tenham
problemas em segui-la.”
“Não.
Não há problemas.”, respondeu pelo grupo Magnus.
“Ótimo.
Conversei com o Coronal e temos novas informações.
O volume do rio que abastece Evereska reduziu drasticamente. Acreditamos
que ele pode ter sido bloqueado ao norte. E uma outra notícia,
nos dada por uma elfa druida que nos auxilia, é que estranhos
eventos climáticos estão acontecendo no leste. Gostaria
que a Comitiva se dividisse em dois grupos e investigasse estes
eventos. Não acho que isto seja uma coincidência. Florin
deverá dar-lhes mais detalhes. Agora preciso partir.”
Os
aventureiros da Comitiva fizeram votos de boa sorte ao veterano
mago, e os mais religiosos desejaram que os deuses o protegessem.
Khelben deixou a tenda e Storm e Florin entraram pouco tempo depois.
O homem loiro, herói já afamado nas Terras Centrais,
não perdeu muito tempo e pôs-se rápido a falar.
“Olá
Comitiva. Khelben já explicou-lhe a idéia. O grupo
que partirá para o norte encontrará florestas e um
grupo de pessoas com facilidade para se ocultar será de boa
ajuda. Eu conduzirei esta equipe e Dove irá comigo. O outro
irá para uma região montanhosa ao leste.”
“Irei
com você. A floresta é meu ambiente.”, ofereceu-se
Limiekli.
“Também
irei com vocês”, colocou Sirius.
“Então
podemos fechar este grupo...”
“Não....
eu também vou!”, disse o pequeno Bingo para Florin.
“Bem.
Então iremos nós cinco.”
“O restante
pode vir comigo para o leste, eu liderarei o grupo. Sir Galtan e
Brian Mestre das Espadas também irão conosco.”,
disse Storm.
“Quando
partiremos, Storm?”, perguntou Kariel.
“Assim
que todos estiverem prontos.”
Quando
todos saíram da tenda, Magnus chegou próximo a Kariel
e falou-lhe. Queria saber mais sobre aquelas pessoas.
“Kariel...
você que parece saber mais a respeito do que eu, quem são
estas pessoas que irão nos liderar? Não conheço
este Florin e nem Storm.”
“Não
se preocupe, Magnus. Florin, assim como Dove, são membros
do grupo de heróis conhecido como Os Cavaleiros de Myth Drannor.
Têm muita experiência e são bastante famosos.
Já Storm é irmã de Laeral e é também
uma Harpista.”
“Harpista?
É daquela organização de que você faz
parte? Pensei que as informações sobre os Harpistas
fossem secretas. Você deveria estar me contando isto?”
“Você
é a única pessoa a quem contaria isto, meu amigo.
É o seguidor mais valoroso do Deus Guardião e de certo,
sabe guardar um segredo como ninguém nestes Reinos.”
“Fico
feliz com sua confiança.”
Mais
afastados estavam Khelben e Laeral, o arquimago se despedia de sua
esposa. Ela, estava abatida e isto era raro, pois as Sete Irmãs
sempre se comportaram de maneira bastante fleumática.
“Querido,
tem certeza que precisa fazer isso?”
“Minha
amada, é o único lugar deste mundo onde posso obter
a informação que precisamos. Eu preciso ir para lá.”
“Então,
que os deuses o protejam. O aguardarei .”, disse Laeral tristonha.
O marido deu um beijo em sua face, a tocou no ombro de forma carinhosa
e se afastou. Ela apenas voltou a sua tenda.
Assim
a Comitiva iniciou os preparativos. Arrumaram seus pertences, conseguiram
provisões e armas e outros itens de valor em uma expedição.
Fizeram uma refeição e logo no início da tarde,
despediram-se um dos outros e tomaram caminhos diversos, afastando-se
das proximidades da Fortaleza Élfica..
Os Preparativos para
o Ritual
O
Templo de Corellon é o lugar mais sagrado de Evereska, e
poucos eram o que livre tinham acesso às suas dependências
mais profundas. Um destes era o Coronal Eltargrim Irithyl. Poucos
dias atrás, após o ataque phaerimn, ele havia feito
uma petição para que conduzisse um ritual de alta
magia para reparar os danos causados pelos monstros ao sagrado mythal,
que já não funcionava em sua plenitude. Eltargrim
não era um elfo comum, fez parte de vários eventos
históricos de sua raça. E uma de suas características
sempre foi a luta pela sobrevivência e harmonia entre os povos,
não poderia ele abandonar seus semelhantes.
Chegando
no templo, foi recebido por Calidor que o conduziu ao Patriarca
Hyatos Venseler que lhe deu a benção de Corellon para
que ele fosse o condutor do ritual. Então alguns preparativos
foram feitos, e Eltargrim, junto com os elfos previamente selecionados,
desceram a grande câmara. Lá, piras de fogo com uma
estranha substância queimavam pelo ambiente. Sete foi o número
estabelecido para os participantes da Alta Magia, um deles era o
Coronal. Foram preparadas vestes cerimoniais para os participantes.
Após algum tempo, Eltargrim e os magos fizeram um pequeno
rito apenas para identificarem o estrago causado ao mythal e então
avaliarem as soluções necessárias.
No Caminho das Trevas
Em
algum ponto da Costa da Espada, há um lugar do qual dizem
as lendas ser um reduto das trevas. Um lugar onde não há
dia, onde a luz não consegue alcançar, mesmo o ambiente
não sendo um subterrâneo. Um lugar onde poucos teriam
a audácia de visitar ou mesmo olhar. Uma vegetação
esmaecida era presente, seu verde não era poderoso como nas
demais plantas. O céu noturno, apesar de escuro, não
era negro e sim de um azul profundo que passava tristeza e melancolia.
Um vento gélido soprava como uma alma perdida condenada a
danação eterna, vento este que gritava por misericórdia.
Uma luz intrusa surgiu, ela aumentou de tamanho formando um portal,
dele saiu um homem agraciado pelos deuses. Saiu Khelben Arunsun,
ser dotado de conhecimento invejável das artes místicas.
Ao
chegar, percebeu estar no local determinado, pois sentiu uma natureza
negativa que lhe incomodava a alma. O arquimago olhou ao redor e
viu uma grande estrutura à frente, numa vista mais ampla
podia-se perceber que na verdade era uma pequena cidade imersa numa
tênue escuridão. Por isso, lembrou-se da primeira vez
que visitara este lugar, quando teve medo, recuou, não teve
a petulância de adentrar. Sabia ele que atrás daquelas
grandes muralhas havia algo que até mesmo alguns deuses temiam,
por isso o ignoravam. Pensou em recuar como no passado, mas logo
percebeu que sua vida poderia ser um preço justo para sanar
as ameaças atuais, então deu seu primeiro passo e
assim continuou.
Seguiu
uma pequena estrada que terminava num grande portão, no topo
das colunas que o sustentavam haviam dois gárgulas. Ambos
rochosos com uma superfície um pouco gasta. O mago os ignorou
e foi em direção ao portão velho feito de aço
com grades. Quando tentou abri-lo, ele ouviu:
“Quem,
entre os mortais, invade os domínios do Lorde Supremo?”
Perguntou o gárgula da direita.
O mago recuou
dizendo “Khelben de Águas Profundas. Vim em paz.”
“Em paz
você vai ficar, depois de sua carne eu trucidar.” Ameaçou
o gárgula da esquerda já descendo num rasante tentando
fincar suas presas no peito do mago. Mas este, de longas datas não
era alvo fácil. Esquivou-se do golpe e fez posição
defensiva. O outro tentou o mesmo método e não conseguiu.
Depois ambos atacaram juntos, essa foi a oportunidade de Khelben:
apontou seu Cajado Negro para os dois e disparou um relâmpago
que os fez em pedaços. Aquele
foi apenas o primeiro obstáculo dos muitos que viriam.
Abriu
o portão e continuou. Começou a caminhar por uma grande
praça e lá percebeu como era o lugar, parecia uma
cidade abandonada, esquecida pelo tempo. Algumas estruturas eram
visíveis, tudo com uma arquitetura antiga. Khelben achou
um pouco familiar, mas respostas não vieram em sua mente.
Continuou andando, até ouvir um ruído, algo se arrastando.
Quando olhou para trás viu inúmeros humanóides
andando em sua direção. Ao ver suas faces pútridas
Khelben percebeu que se tratavam de seres mortos, portanto não
hesitou em aplicar o poderio de seus feitiços. Lançou
uma esfera em chamas que dizimou alguns, outros tentaram agarrá-lo,
mas os encantamentos de proteção funcionaram bem,
dando tempo suficiente do mago eliminar os restantes.
A Represa
Eram
cinco os aventureiros rumando para o norte: Florin, Dove, Limiekli,
Sirius e o halfling Bingo. Deixaram o vale e se embrenharam por
uma floresta densa, seguindo o curso do rio. Era visível
agora o que Khelben havia relatado. A fluxo estava baixo e em certos
trechos não havia água nem para molhar os joelhos
dos viajantes.
Já
havia um dia e meio de cavalgada. As árvores agora eram mais
esparsas e o terreno tornou-se mais pedregoso e difícil.
Estavam acampados e, como de costume em tempos de incertezas, um
montava guarda e vigiava movimentos estranhos, enquanto os outros
descansavam após uma refeição vespertina. Limiekli
fazia este papel no momento. O homem, acostumado a vida na floresta,
ouviu algo metálico, um ruído não muito comum
na natureza. Ele então avançou silenciosamente e procurou
a fonte do ruído. A alguns metros, havia um goblin armado.
Aparentemente era também um vigia. Limiekli então
retornou para contar a notícia. Chamou os colegas que dormiam.
“Amigos...
temos companhia! Encontrei um batedor goblin à frente. Pode
haver um acampamento ou covil deles por perto.”
“Quantos
você viu?”, quis saber Florin.
“Apenas
um.”
“Mas estes
monstros costumam atuar em bando. Devem haver mais. Os demais fiquem
aqui. Eu e Limiekli vamos observar melhor estes goblins.”
E
assim partiram Florin e Limiekli. Seguiram o caminho anterior e
viram o sentinela e um outro, que parecia ter vindo para troca de
turno. Seguiram pelo mato o goblinóide até onde puderam.
O viram sumir ao longe em direção de um acampamento,
mas, não tendo a visão aguda dos elfos, não
sabiam mais detalhes daquele lugar. Foi então que Florin
sacou sua espada, apontou para as casinhas ao longe e concentrou-se.
Limiekli olhou o companheiro com curiosidade, até que então
Florin anunciou.
“Minha
espada mostrou-me que é um acampamento. Existe um exército.
Vários orcs e goblins e parecem estar construindo algo. Mas
precisaremos estar mais próximos para ver os detalhes. Vamos
voltar agora e preparar nossa estratégia.”
Florin
e Limiekli encontraram os demais, deram mais informações.
Juntos decidiram esconder os cavalos e escalarem até o alto
de um morro, de onde poderiam ter uma visão melhor do acampamento,
sem que pudessem ser vistos com facilidade.
“Florin...”,
iniciou Sirius uma conversa enquanto caminhavam. “Você
disse ter visto um exército. De quantos goblinóides
estamos falando?”
“Cerca
de trezentos.”
“Trezentos?
Acha que poderemos dar cabo de trezentos goblinóides?”
“Não
precisamos lutar. Vamos investigar, identificar as figuras chaves
e os propósitos destas criaturas.”
Chegaram
ao sopé do morro e começaram a escalada. Subiram até
o topo e andaram por um platô plano até que fosse possível
avistar o acampamento. Deitaram na montanha para não serem
vistos e aguçaram o olhar. Puderam ver com maior clareza.
Não era um simples acampamento, mas um pequeno forte que
estava sendo construído. E identificaram também a
causa da diminuição da vazão do rio: havia
uma represa de troncos de madeira, criando um lago e impedindo a
passagem da água. Os orcs e goblins trabalhavam também
em armas. Haviam pilhas de espadas e machados. Alguns faziam flechas
e outros batiam malhos, forjando lâminas. Uma criatura em
especial chamou bastante a atenção dos aventureiros.
Existia um phaerimn que flutuava livremente pelo lugar.
“Que
criatura é aquela?”, perguntou Dove.
“É
um phaerimn!”, respondeu Limiekli.
“Eles
represaram o rio. Pretendem certamente enfraquecer Evereska com
isto. Irão erguer um forte para impedir os elfos de destruir
a represa e, enquanto isto, os phaerimns entram em ação
atacando a cidade. Já fizeram isto sem usar nenhuma estratégia
elaborada. Agora parecem que irão se organizar melhor.”,
deduziu Sirius.
“Provavelmente.
Acho estranho que estejam preparando tantas armas. Existem mais
do que poderiam usar. Será que outro exército irá
juntar-se a este?”, perguntou Dove.
“É
possível. Mas isto não importa. Temos que fazer algo.
Pelo menos destruir esta represa antes que esta tarefa se torne
ainda mais difícil.”
“E quais
os subterfúgios que possuem para realizar esta empreitada?”,
quis saber Sirius.
“Bem...
eu e minha esposa entendemos um pouco sobre magia.”, disse
Florin.
“Então
acho que poderíamos destruir a represa e na confusão
matar aquele phaerimn, que deve controlar este bando. Sem ele, estas
criaturas perderão sua vontade de lutar.”
“Será
mesmo que estes goblinóides estão sendo controlados
por este monstro. Será que não estão fazendo
isto por livre e espontânea vontade? Como disse, conheço
um pouco de magia e não conheço um encanto que consiga
fazer um único ser dominar tantas mentes.” Explicou
Dove.
“Eles
também podem ter feito uma barganha. Tentaram fazer conosco.”
“Sim,
Sirius. E estes orcs são facilmente atraídos por um
acordo. Para eles, destruir Evereska seria uma oferta tentadora.”,
completou Limiekli.
Bingo, irrequieto,
cansou de ouvir aquelas conversas e foi direto ao ponto.
“Sim,
sim... a gente vai destruir a represa quando? Com cordas?”
“Florin...
tem algum sortilégio que possa nos ajudar?”, perguntou
Limiekli.
“Não,
mas minha esposa talvez.”, disse olhando para Dove.
“Dove...
já vi meu amigo Kariel usar um encanto para reduzir ou expandir
as coisas.. Pode usá-lo para fragilizar a represa?”
“Este
encantamento não funcionaria, mas eu já estou pensando
em algo.”
“Esperem!”,
interrompeu Florin. “Vejam!”
Na
entrada do acampamento surgiram alguns cavalos, vindo de algum caminho
por entre os montes. Havia um orc maior, que ostentava uma armadura
bastante trabalhada em entalhes sinistros. Tinha um tapa-olho e
uma enorme espada embainhada na cintura. Pelo modo como os demais
o saudaram, ficou claro que não era este um simples soldado.
Ele desmontou e seguiu até uma das construções
de madeira.
“Retiro
o que disse sobre o phaerimn. Este deve ser o líder!”,
intuiu Sirius.
“Bem...
como vamos destruir a represa sem ser vistos?”
“Posso
usar um de meus encantos, Limiekli.”, disse Dove.
“Não
acho uma boa idéia. Aquele phaerimn ali pode detectar magia.”,
avisou Sirius.
“Ele não
vai ficar ali o tempo todo. Mas antes de destruirmos a represa,
talvez seja melhor conseguirmos algumas informações.
Precisamos saber quem é aquele general.” Insistiu a
guerreira.
“Como
pretende descobrir isto?”
“Tenho
um plano.”, disse a bela mulher.
Um Mistério nas
Montanhas
Dois
dias se passaram para o grupo que ia para o leste. Storm, Brian,
Galtan, Magnus, Kariel e Mikhail seguiam pelo terreno montanhoso.
Apesar do grande calor da tarde que terminava, a viagem prosseguiu
tranqüila e havia espaço para conversas amenas. Durante
a caminhada, Magnus de vez em quando olhava para a única
mulher que estava no grupo. A beleza de Storm parecia ainda maior
estando ela naquela esplendorosa armadura e isto atraia seu olhar.,
Como era um rapaz inexperiente nos assuntos amorosos, foi flagrado
uma ou duas vezes. Ficou imensamente envergonhado. Storm, ao perceber,
deu um sorriso discreto, e desejando brincar com ele, perguntou-lhe
abruptamente, desconcertando-o o paladino:
“Magnus.
Deve ser você o paladino de Helm que habita o Vale das Sombras,
soube que está construindo uma catedral ao Deus Vigilante.
Como espera concluí-la? É somente um homem!”
O paladino levou
alguns instantes para compreender a pergunta, pois não esperava
encarar Storm naquele momento. Recompondo-se, respondeu:
“Sei que
parece um sonho impossível, mas alguém tem que começar.
Se eu conseguir atrair outras pessoas a lutar pela mesma causa então
este sonho pode virar realidade. Daqui há alguns anos, mesmo
que seja depois da minha morte, a catedral pode ser construída.”
“Uma catedral
a Helm? Como seria tal coisa? Uma fortaleza?”, inquiriu Galtan.
“Pretendo
construir uma grande estrutura suficiente para abrigar a população
do Vale das Sombras em caso de ataques e com acessos subterrâneos
para outros pontos, a fim de conduzir as pessoas em segurança.
Quero evitar tragédias, como a devastação de
cidades de Cormyr pelos orcs de Aris. Apesar de Lorde Mourngrym
estar construindo muralhas, não sei se elas serão
proteção suficiente.”
“É
um intento audacioso, mas bastante louvável de sua parte.”,
respondeu Storm admirada pela sensibilidade de Magnus. A provocação
da barda do Vale das Sombras tinha gerado frutos. Havia ela conhecido
um pouco mais sobre o paladino.
“Desejo-lhe
boa sorte neste seu sonho, Magnus.”, disse Mikhail, impressionado
com a determinação do paladino.
“Eu também.
Ajudarei no que for possível.”, completou Kariel.
Sir
Galtan emparelhou seu cavalo ao do comandante Brian e aproveitou
para travar uma conversa, enquanto subiam uma íngreme colina.
“Soube
que foi voluntário nesta missão. Porque resolveu vir
lutar aqui?”
“Sei que
podemos um dia sermos atacados por forças do norte, de Luskan
talvez. Não quero me enferrujar.”
“A luta
contra os phaerimns já me desenferrujou.”
“Sim,
mas ainda prefiro lutar contra homens. Sei que eles podem morrer.”
“Os phaerimns
também, mas são muito difíceis de vencer.”,
acrescentou Kariel que estava próximo.
“Sim,
mas eles usam magia e isto não consigo revidar. Sei que não
é adequado dizer isto, mas fico feliz que estes phaerimns
não estão atacando Águas Profundas. Não
sei se agüentaríamos tanto tempo. Se bem que nos últimos
anos, não sei se vocês da Comitiva da Fé sabem,
enfrentamos muitas catástrofes.”
“A Comitiva
esteve na mais recente delas.”, lembrou Kariel do episódio
da Orbe de Orgor e da luta contra Bane.
“Há
mais ou menos dezesseis anos atrás houve algo pior. Dizem
alguns que as deusas Shar e Selûne lutaram e sua batalha destruiu
parte do porto.”
“Sei disto.
Foi o Tempo das Perturbações.”
“Tempo
das Perturbações? Poderia me explicar melhor, Kariel!”,
perguntou Brian, que não conhecia o termo.
“Assim
era chamado o conflito, onde os deuses desceram ao nosso plano e
travaram batalhas.”
“Você
acredita mesmo nisto?”
“Tenho
que acreditar. Alguns de meus amigos presenciaram estes acontecimentos.”
“Quer
dizer que os deuses fazem isto? Descem a Toril para promover catástrofes?”
“Não
é sempre assim, Brian. Aquele foi um evento isolado e não
acredito que se repita novamente.”
“Amo a
Tyr, mas acho que os deuses deveriam ficar em seus lugares e deixar-nos
resolver as coisas e não usar nosso mundo como campo de guerra.”
“Mas os
deuses são como nós. Alguns são bondosos, outros
malignos. Uns têm bom senso, outros cobiçam o poder
a qualquer custo. Mas concordo com sua afirmação e
acho que os deuses devem influir com cuidado para não causar
conseqüências desastrosas para nós, mortais.”,
concluiu Kariel.
Após
aquelas conversas, os heróis chegaram ao fim da colina e
viram um pequeno acampamento a sua frente, com cerca de cinco barracas.
Se tranqüilizaram ao ver que a arquitetura das tendas exibiam
a bela arte élfica de Evereska. Um sentinela aproximou-se:
“Quem
são?”
“Viemos
de Evereska. Desejo ver Selenil.”, disse Storm, entregando
ao elfo uma carta, selada com o brasão de uma casa nobre
evereskana. O soldado então foi até uma tenda e voltou
com uma elfa de cabelos dourados e roupas de sacerdotisa.
“Por favor.
Desmontem e venham até minha tenda.”
Os
aventureiros então acataram o pedido da elfa e foram com
ela até a bela barraca branca e dourada. Ao entrar, depararam-se
com símbolos religiosos e muitas plantas, que decoravam o
interior. Os símbolos foram identificados por Kariel e Mikhail,
elfos civilizados que conheciam Rillifane Rallathil , o Senhor das
Folhas e protetor élfico dos bosques e druidas.
“Que
problema está havendo aqui?”, perguntou Storm.
“O clima
está se modificando de maneira incomum. Devem ter percebido
o calor de hoje. Mas repentinamente a temperatura cai, ou então
ocorrem chuvas torrenciais. Fiz orações a Rillifane,
mas não consegui descobrir a origem deste problema.”
“Há
quantos dias isto ocorre?”, quis saber Kariel, tentando montar
em sua mente um paralelo com a chegada dos vultos.
“Há
uns seis dias. Também foi avistado algo de muito estranho.
Parecia ser uma gigantesca pedra branca que flutuava. Ela foi diminuindo
a altitude e desapareceu após a cadeia de montanhas próximas.”
“E enquanto
aos phaerimns e aos vultos? Algum deles foi avistado?”, disse
Mikhail para Selenil.
“Não.”
“Devemos
investigar então as montanhas, porém a noite se aproxima.
Vamos esperar até o amanhecer e então partiremos.”,
decidiu Storm. "Agradeço suas informações.”
A
Comitiva então deixou a tenda da druida e já havia
outra armada, que lhes serviria de abrigo por aquela noite. Pela
manhã entrariam na cadeia montanhosa para investigar o mistério
da pedra branca narrado por Selenil. Era forte a crença entre
os heróis que os vultos, que viviam em uma cidade apoiada
sobre uma rocha flutuante, tinham algo a ver com esta história.
A Espionagem
No
grupo que partiu para o norte, Dove explicou seu plano. Podia fazer
dois dos aventureiros invisíveis. A idéia era descer
a colina e espionar os orcs. Florin e Limiekli, considerados os
mais furtivos, foram os escolhidos para a missão. Então
Dove recitou algumas palavras de comando e articulou alguns gestos
e os dois desapareceram. Os invisíveis desceram então
a elevação e penetraram sem dificuldades no acampamento.
Andaram pelo grande campo, que começava a se iluminar naquele
começo de noite com o fogo de tochas acesas pelos soldados.
Os heróis olharam a represa com atenção. Haviam
muitos orcs trabalhando nela e pelo ritmo, parecia que entrariam
noite adentro com o serviço. O fabrico de armas continuava
e o martelar dos ferreiros preenchiam o crepúsculo com sons
metálicos. Em um pátio, uma catapulta era construída.
Foram ao outro ponto de interesse, uma cabana bem guardada onde
o general orc de tapa-olho havia entrado. Se colocaram em uma janela
e avistaram o goblinóide conversando com outro, bastante
grande e forte, que também aparentava pelas vestes e postura,
uma posição de destaque. Ouviram a seguinte conversa.
“Não
seja teimoso, Ortz. Não está vendo que está
dando resultado!”, falou o do tapa-olho. ”Junte-se
a nós e podemos formar nosso império. Esqueça
este lugar!”
“Numoz,
eu não conseguiria ser liderado por um humano. Não
podemos.”
“Não
seja tolo. Essa liderança é temporária. Não
vamos obedecê-lo para sempre!”
“Mesmo
assim. Veja lá fora. Temos outras oportunidades. Sempre quis
atacar Evereska e este é o momento! Estes monstros podem
nos ajudar. Você é quem devia trazer seu destacamento
para cá ao invés de perder tempo com aqueles humanos!”
“Sua vitória
não está assegurada, Ortz. Pelo que me disse, estes
monstros não conseguiram penetrar na Fortaleza Élfica.
Esqueceu que ela é protegida pelos deuses dos elfos? Além
do mais, trago boas novas. Vorik proclamou independência do
território que conquistou em Cormyr. Chama-se agora Nova
Gondyr. Ele proclamou-se rei e oficializou seu casamento com Tanatha,
a sacerdotisa de Talos que o acompanha. Dizem que ele se converteu
ao deus. E vários mercenários estão se unindo
a nós. Depois disto tudo você ainda se recusará
a vir conosco? Estes monstros irão se livrar de vocês
assim que conseguirem o que querem! E esta represa que estão
construindo? Que desperdício de força é este?”
“É
um plano, Numoz. Os elfos já devem estar sentindo a falta
de água. Em quatro ou cinco dias a represa e a fortificação
devem estar concluídas e em mais quatro chegarão mais
phaerimns e reforços e podemos fazer um ataque. Eles nos
prometeram que, depois de destruírem Evereska, removerão
o objeto sagrado que protegem os elfos e poderemos matá-los.
A Fortaleza Élfica passará a ser a nossa fortaleza.
Acho a proposta deles mais interessante que esta tal Nova Gondyr
de que você fala.”
Numoz então
deu de ombros e bocejou, abrindo a bocarra de dentes agudos.
“Vou dormir
agora e deixar você pensar. Quem sabe amanhã você
não tenha outra decisão!”
Como
já haviam visto e ouvido o suficiente, Florin e Limiekli
resolveram retornar ao topo da colina. Encontraram os companheiros
apreensivos, em especial Sirius, que portava o arco e tinha várias
flechas fincadas no solo, preparadas para um uso rápido,
e que mantinha os olhos fixos no acampamento. Limiekli, aproveitou-se
da invisibilidade e deu um leve tapa nas costas do amigo.
“Sirius!”
“Uai!
Limiekli! Não faça mais isto!”
“Desculpe.
Não resisti.”, disse o ranger, que tornou a ficar visível.
“Também queria testar o que Kariel me disse. Que voltaria
a ficar visível caso atacasse alguém de alguma forma.
Ele estava certo!”
Dove cancelou
o encantamento que ainda agia sobre Florin e perguntou ao marido.
“E então,
querido. Descobriram alguma coisa?”
Florin
contou-lhes tudo o que conseguiram descobrir no acampamento, sendo
auxiliado por Limiekli. As revelações surpreenderam
os aventureiros e uma atitude teria que ser tomada com urgência,
antes que os planos dos orcs e phaerimns fossem levados a cabo.
Esta noite seria de preparação e no novo dia, entrariam
em ação.
Uma Emboscada no Desfiladeiro
A
manhã raiou para a equipe que acampava no montanhoso leste
e os seis companheiros já estavam prontos para penetrar na
cadeia de montanhas. Cavalgavam em direção a uma trilha,
encravada em um pequeno desfiladeiro. Antes de chegarem ao destino,
porém, Kariel usou um de seus sortilégios. Concentrou-se
e tentou enxergar o panorama visto do alto de uma das montanhas.
Sua magia surtiu efeito, mas em suas visões não notou
nada de estranho. A exploração seria mesmo pelo método
mais tradicional.
Duas
horas depois, seguiam o estreito caminho encravado entre as paredes
de cerca de sete metros de altura. Estavam preocupados. O terreno
era muito propício a emboscadas, ou ataques de feras. Para
aumentar ainda mais a tensão daquela viagem, os ouvidos mais
acurados dos elfos ouviram ruídos vindos do alto.
“Ouvi
algo lá em cima. Parecem o som de muitos passos.”,
disse Mikhail.
“Também
ouvi. Farei uma verificação.”, disse Kariel.
Antes
que o elfo mago de cabelos azuis tomasse qualquer atitude, um pedregulho
enorme despencou do alto, estava para atingir Storm. Magnus que
olhava para cima, saltou do seu cavalo projetando seu corpo contra
o dela e ambos caíram ao chão. O cavalo de Storm não
teve a mesma sorte e foi esmagado pela pedra. “Agradeço
pela ajuda Magnus, embora já tivesse visto a pedra.”
Disse ela mentindo, pois como era uma dileta e filha de Mystra não
queria parecer frágil diante de uma situação
como aquela. Magnus, que estava em cima dela, saiu, embora em seu
íntimo não quisesse.
Kariel
imediatamente desmontou, tocou em seu elmo encantado e ficou invisível.
Em seguida aplicou sobre si um feitiço e lentamente começou
a levitar e transpor a altura das paredes. O elfo então pairou
acima do desfiladeiro e encontrou os agressores. Na parede esquerda
haviam oito homens-lagarto, répteis humanóides, que
tencionavam empurrar mais uma rocha. Então Kariel conjurou
uma nova magia e uma parede de chamas surgiu, isolando o grupo de
inimigos, deixando sem possibilidade de fuga, ao não ser
que quisessem sofrer com o calor ou a altura da queda. Após
lançar o encanto, o mago da Comitiva ficou visível
novamente e recebeu pelas costas o ataque de três lanças.
Porém, precavido que era, estava protegido por um sortilégio
e nada sofreu. Virou-se e viu que na margem direita do desfiladeiro
haviam mais sete homens-lagarto. Kariel revidou com outro feitiço
e uma bola de fogo surgiu entre suas mãos e foi arremessada
contra os répteis. O projétil flamejante explodiu
e quatro das criaturas tombaram incineradas e as restantes foram
feridas.
Abaixo
não havia muito o que fazer, já que uma escalada poderia
demorar e deixar ainda mais vulnerável aquele que a tentasse.
Porém Mikhail possuía um recurso. Seu cavalo inteligente
Burgos. A montaria possuía, entre outras capacidades fantásticas,
a de dar grandes saltos. Então Mikhail pediu e Burgos saltou.
O elfo de Evereska e seu corcel branco aterrissaram no alto da parede
direita do desfiladeiro e então brandiu seu martelo sagrado
para bater-se com os três homens–lagarto que restavam.
Kariel
viu que Mikhail atacava os monstros da margem direita e voltou novamente
sua atenção para aqueles rodeados pela parede de chamas
do seu encanto. Lançou-lhes mais um de seus ataques mágicos
e cinco esferas luminosas partiram das mãos do mago e explodiram
nos oponentes, que não morreram, mas ficaram feridos. Resolveram
seis dos monstros pegar suas armas e pular do alto da parede. Decidiram
enfrentar a queda e os inimigos que estavam abaixo do que ficarem
ali e serem alvos fáceis daquele oponente que flutuava e
que fazia tantas outras coisas para quais não estavam preparados
e nem compreendiam. Alguns se machucaram ao cair, mas em seguida
se recompuseram e empunharam suas armas. Dois oponentes foram ao
encontro de Galtan e dois contra Magnus. Storm e Brian enfrentavam
um cada. Storm defendeu-se de uma investida da lança do réptil,
e em um rápido golpe, fincou sua espada no coração
da criatura. Magnus e Galtan também conseguiram evitar os
ataques e desfiram potentes golpes, derrubando um inimigo cada.
Brian, apesar de sua habilidade, encontrou maiores dificuldades,
pois o homem-lagarto que o atacava não estava muito ferido
e desviava com maestria da lâmina de sua espada.
Kariel,
ainda flutuando, retirou seu arco das costas e disparou setas, matando
os inimigos que ainda haviam na parede esquerda, enquanto Mikhail
acabava de derrotar seus três oponentes. Ambos então
desceram para auxiliar os outros, mas já não havia
nada para fazer. Galtan e Magnus haviam eliminado seus oponentes
e o que lutava com Brian, largou sua arma e rendeu-se.
“Esta
criatura pode saber de alguma coisa! Alguém sabe a linguagem
destes seres?”, perguntou Brian. A resposta foi negativa.
“O que
vamos fazer com ele?”, quis saber Galtan.
“Vamos
levá-lo preso, não quero sofrer uma nova emboscada.”
“Amarrem-no
e vamos prosseguir.”, decidiu Storm.
Então
a companhia continuou o seu rumo, em meio ao vale pedregoso. Em
busca da solução dos misteriosos acontecimentos que
poderiam, quem sabe, serem a chave para salvar Evereska e Faerûn
das terríveis ameaças que se abateram nos últimos
tempos.
Forças Sinistras
Khelben
continuava sua jornada por entre aquela cidade esquecida, no percurso,
enfrentou outra série de mortos vivos. Em seguida, combateu
um pequeno contingente de esqueletos em armadura. Neste combate,
os sortilégios do arquimago invocaram alguns seres bestiais
que o auxiliaram na vitória contra os adversários.
Depois enfrentou algumas sombras e almas perdidas enviando-as para
os portões de Hades, até que finalmente chegou a uma
estrutura que chamava a atenção. Era um pequeno prédio,
assemelhava-se a um templo, detalhe que deixou Khelben receoso,
embora não pensasse ainda em recuar. Empurrou o portão
e entrou. Escuridão foi apenas o que presenciou, mas aquilo
não representava problema, pois com um pensamento, o mago
fez surgir na ponta de seu cajado uma luz. Revelou-se uma ante sala,
suja e cheia de poeira, como se ninguém estivesse lá
por milhares de anos. Passou por ela, chegando a um enorme corredor,
lá defrontou-se com novos seres das trevas. Um bando deles,
homens e mulheres, todos bem vestidos e com uma característica
em comum, enormes dentes caninos e olhos vermelhos. Atacaram com
uma fúria incrível. Estavam insaciáveis, queriam
sangue. Khelben conjurou um vento gélido que paralisou alguns
e logo em seguida usou o fogo sob a forma de uma esfera em chamas
que explodiu ceifando a vida da maioria, outros pereceram de outras
formas. O caminho estava livre.
Desceu
ele uma grande escadaria que o levou numa ampla sala. Um ambiente
ornado com pinturas, tapetes e esculturas esboçando uma cultura
milenar da qual Khelben começava a suspeitar da qual se tratava.
Resolveu ele investigar o lugar para determinar sua origem, poria
em prática seus conhecimentos históricos. No entanto,
as ameaças ainda não haviam terminado. Enquanto vislumbrava
uma pintura na sala, num outro extremo do cômodo, duas figuras
surgiram. Ambos trajados com roupas finas enfeitadas com jóias,
embora se apresentassem velhas. Nas suas faces pouca carne tinha.
Por trás de suas órbitas vazias podiam ser vistos,
ao invés de olhos, pontos luminosos. Suas mãos eram
apenas ossos.
“É
muito tolo ou muito corajoso ao vir aqui Khelben de Águas
Profundas.”, disse um deles.
Ele olhou de
espanto dizendo:
“Levem-me
até seu mestre. Desejo falar-lhe apenas, não há
motivo para confrontos.”
“Ha, ha,
ha! Ora, você achou que o receberíamos de braços
abertos? Acabou de selar seu destino mortal”, falou o outro
ser gesticulando, a dizer palavras arcanas.
Com
a luz do cajado de Khelben foi possível distinguir de que
se tratavam de liches, seres nefastos do mal que dominam a magia
com maestria. Era hora do mago lutar de verdade. Com uma palavra
chave acionou alguns feitiços que o protegeriam de ataques
mágicos. E medida foi providencial, pois um raio vermelho
o mataria se Khelben não o rebatesse de volta para o atacante,
que, porém, nada sofreu. O outro aproveitou a deixa e tentou
prendê-lo numa jaula de energia, mas o arquimago era favorecido
por Mystra e aquele feitiço nada faz a ele. Entre os dois
liches atacantes surgiu um novo adversário, um ser de três
metros de altura, era sem vida e todo feito em aço. Os arcanos
o conheciam por golem. O gigante seguiu em direção
a Khelben, enquanto os liches fizeram um sinal para o outro. Um
deles disparou um encantamento visando quebrar as proteções
de Khelben, mas este, muito habilidoso, teletransportou-se para
outra extremidade da sala escapando. Porém, malditas eram
as artimanhas meticulosas dos liches, ao escapar de um feitiço,
o outro lich esperou o arquimago aparecer em outro ponto e disparou
seu encanto. As proteções mágicas de Khelben
cessaram. Tentou ele se recompor, mas novos encantamentos foram
realizados. Um deles jogou Khelben de encontro ao golem, que impiedosamente
deu-lhe alguns socos poderosos, deixando Khelben desfigurado. O
punho devastador do golem foi a última coisa que Khelben
viu, antes que tudo escurecesse
Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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