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Que o Jogo Reinicie
Descrita por Ivan Lira.
Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
Personagens principais da aventura:
Os
Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli),
Sir Galtan de Águas Profundas, Brian Mestre das Espadas.
Os Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Halfling:
Bingo Playamundo. Participação Especial: Khelben
Arunsun, Laeral Mão Argêntea, Storm Mâo Argentêa,
Florin e Dove Garra da Falcão.
Que o Jogo Reinicie
Décadas
atrás, um evento abalou Faerûn. Ao, o Pater, condenou os deuses
a viverem entre os mortais gerando assim dezenas de confrontos e
disputas de poder. Conhecido por Tempo das Perturbações, esta foi
uma época em que Bane, Myrkul e Bhaal se apossaram das Tábuas da
Fé iniciando assim o conflito. Porém, os deuses haviam perecido
afogados em suas ambições. Apenas Bane, deus da Destruição, retornara
da semente Xvim, seu filho bestial. Ao despertar, um jogo entre
os deuses se iniciou entre os dois lados, os deuses da Luz e os
deuses das Trevas. O prêmio deste jogo era a Orbe de Ogor, artefato
antigo que podia transformar mortais em deuses ou aumentar os poderes
dos deuses. Bane a queria para si, mas um grupo de aventureiros
se interpôs. A Comitiva da Fé conseguira impedir que o deus da Destruição
obtivesse o artefato. Zorar, um ser antigo de Toril se sacrificou
para destruir Bane. Sua essência se foi, no entanto, Bane, em seu
reduto celestial, adormece, se recuperando.
O
Sagrado Mythal é Restaurado
Três
dias haviam se passado desde que ambos os grupos de heróis
retornaram para a Fortaleza Élfica. O grupo do norte regressara
com outras pessoas que jaziam cativas nas mãos ferrenhas
dos orcs na fortaleza da Ambição de Shargrass, uma
organização goblinóide que fornecia soldados
ao exército de Vorik Aris, o novo tirano que se apossou de
metade de Cormyr, autoproclamando um novo reino, Nova Gondyr. O
grupo do leste retornou depois, bastante exaustos após uma
batalha mortal contra Gothyl, a bruxa, que felizmente partiu ao
Hades. Os heróis foram bem recebidos pelas forças
élficas e os aliados de Águas Profundas. Eles ficaram
sabendo que houvera um novo ataque phaerimm durante a ausência
deles. Os monstros usaram desta vez uma nova técnica, criaram
seres mortos-vivos para ficarem nas frentes de batalha. Contudo,
não contaram eles com a fé dos sacerdotes de Corellon
e das demais divindades élficas somado aos poderes clericais
dos sacerdotes de Tyr que vieram com o exército de Águas
Profundas. Apesar da vitória, Laeral Arunsun, teve seu braço
arrancado por um dos monstros.
Galaeron,
um dos arquimagos de Evereska ao qual trouxe a Comitiva da Fé
para a cidade, os chamou para um evento que aconteceria pela manhã.
O grupo seguiu até o centro de Evereska onde estava localizado
o Templo de Corellon, o lugar mais importante da cidade. Outrora,
a estrutura sacra fora profanada pelos terríveis phaerimns
que queriam absorver as energias do sagrado mythal que fora parcialmente
drenado. No intuito de reparar este dano, Eltargrim Irithyl, o Coronal
de Arcorar, presidiu um ritual de Alta Magia Élfica. Ele
e outros arquimagos o iniciaram há dias e agora todos esperavam
pelo seu resultado. O centro de Evereska estava completamente lotado,
elfos de todas as partes da cidade estavam ali para saber sobre
o mtyhal, que era a maior proteção deles contra as
forças invasoras. Os heróis da Comitiva tiveram um
pouco de dificuldade para acharem um apertado local de modo que
pudessem vislumbrar o terraço onde o sumo sacerdote de Corellon,
Hyatos Venseler iria aparecer. Passados alguns minutos, o velho
elfo surgiu para falar diante de todos. Ele se aproximou do parapeito
do terraço com seus acólitos e disse:
"Filhos
de Corellon, há séculos atrás foram erguidas
as muralhas de nosso lar, Evereska. E com ela, foi concedido a dádiva
de nosso amado deus que há muito nos protege. Forças
sinistras invadiram nossa morada e quase nos tiraram um de nossos
maiores tesouros. Mas uma cerimônia conduzida pelo Coronal
de Arcorar Eltargrim Irithyl trouxe novamente nosso mythal à
sua plenitude. Apesar de tudo, um de nossos arquimagos, Aethenes
da casa Versalthan, pereceu durante o ritual. Oremos agora para
que sua alma chegue a Arvandor e vamos agradecer ao nosso pai pela
segurança que ele nos dá."
Após
o discurso, todos os elfos iniciaram uma bonita e emocionante oração.
Muitos não conteram as lágrimas em um momento como
aquele, onde eles celebraram também o orgulho de serem filhos
de Corellon. Terminada a oração, a alegria foi geral,
expressa em gritos e salva de palmas. As trombetas foram sopradas
e então uma bonita festa começara. Mikhail, ainda
preocupado com a situação atual, perguntou a Galaeron
que estava do seu lado:
"Galaeron,
os vultos tentaram mais alguma coisa aqui em Evereska?"
"Não,
depois de Aglarel ter partido apenas vocês puderam ter conhecimento
das ações deles. Você acha que depois do último
ataque eles voltarão?"
"Eu
acho apenas que eles devem ter algum plano em mente e nós
precisamos nos precaver contra isso."
"Relaxe
Mikhail, depois da surra que nós demos neles lá no
deserto duvido que tenham a audácia de tentar algo tão
cedo. Sabem eles agora que o cavaleiro de Águas Profundas
Sir Galtan está pronto para um novo confronto."
"Limiekli,
onde está Magnus?" Perguntou o pequeno Bingo procurando
seu amigo grandalhão.
"Deve
estar vindo pequeno, ou está perdido no meio dessa multidão."
Sirius,
vendo Kariel afastado dos demais, resolveu tirar algumas dúvidas.
Sabia ele que o dileto de Mystra abrigava muito conhecimento sobre
as coisas.
"Kariel,
gostaria de conversar com você sobre um fato intrigante."
"Fale
meu amigo."
"Nós
do grupo que foi ao norte encontramos um orc feiticeiro chamado
Marut. Ele é pacifista e deseja converter outros a este ideal
de paz com outras raças porque ele teme pela extinção
dos orcs algum dia. Ele foi bastante sincero e corre um grande risco
de vida já que muitos orcs de Urgithor querem matá-lo
por ter esta idéia. O que você acha disso?"
"Não
duvido das crenças deste Marut, mas não podemos ter
certeza do futuro. Não sei se você sabe, mas antes
da invasão de Vorik a Cormyr existia um local chamado Planalto
dos Goblins, ficava um pouco afastado de Suzail. Kelta e Coral moravam
perto deste lugar que era habitado por alguns goblins. Eles eram
pacíficos e deve vez em quando iam a Cormyr, embora os humanos
da cidade os rejeitassem. Depois que a guerra começou, Drake,
o goblin líder, se juntou a Vorik. Como prova disso ele assassinou
Terrapin Treeworm, mestre de Mikhail e Kelta. Algum tempo depois
o exército cormyriano atacou o Planalto e o capturou. Kelta
o interrogou e o goblin disse que isso fazia parte da natureza deles,
que ele estava se iludindo este tempo todo, que não podia
ignorar seu próprio destino."
"Então
você acha que Marut pode desistir da idéia e se assumir
como um orc comum?"
"Como
havia dito não há como ter certeza, só podemos
orar para Tymora para que ela ilumine a alma de Marut e o faça
persistir. Além do mais existe a Aldeia do Amanhecer não
é? Aquilo é um sinal de esperança."
"É,
nós convidamos Marut a vir conosco para a Aldeia, mas ele
quis ficar. Disse que há esperança de convencer outros
goblinóides a sua causa."
"Outros?
Ele convenceu algum?"
"Sim,
junto conosco, vieram do norte várias pessoas que estavam
presas na fortaleza secreta de Numoz. E depois trouxemos Pukto,
o ajudante goblin de Marut, ele está no acampamento agora
junto com o anão Cedrar e o gnomo Golix."
"Espero
que ele esteja seguro lá, pois talvez os soldados de Águas
Profundas se incomodem com isso."
"Eu
vou averiguar isso depois."
Minutos
depois, Chegou Magnus acompanhado por Storm Mão Argêntea,
a Mestre Harpista e filha de Mystra. Eles se aproximaram do grupo
e Storm os avisou:
"Khelben
convocou uma reunião, estejam na sala de guerra no início
da tarde."
"Ele
falou do que se trata?"
"Provavelmente
é para decidirmos nossas próximas ações."
Após o anúncio eles cumprimentaram todos e se afastaram
sutilmente.
"Brian,
você não acha que o paladino e Storm só andam
juntos nestes últimos dias?" Perguntou Galtan.
"Eu
não o culpo, seria maravilhoso dividir um castelo com uma
mulher como aquela."
Bingo
e Kariel, que eram as pessoas mais próximas de Magnus também
suspeitaram de sua aproximação à barda do Vale
das Sombras. Ambos ficaram contentes com a idéia do paladino
estar amando.
Já
um pouco afastados do grupo, o paladino pergunta a Storm, "Por
que não ficamos lá com eles comemorando?"
"Eu
queria comemorar a sós com você. Quer ficar junto com
seus amigos?"
"Com
eles e com você principalmente. Existe algum problema?"
"Não,
mas podíamos voltar para minha casa aqui de Evereska. Afinal
teremos uma nova missão."
"Storm,
você tem receio de que os outros nos vejam juntos?"
"Eu
não tenho certeza. Magnus, eu sou uma Mestre Harpista, tenho
muitas responsabilidades."
"Então
sou apenas seu amante? Que fica escondido debaixo de seus lençóis?"
"Magnus,
não fale assim..."
"O
que quer que eu diga? Storm, eu não quero ser apenas uma
diversão. É isso que você pensa de mim?"
"Você
está exagerando, eu não penso assim de você."
"Então
beije-me, beije-me aqui na frente de todos."
"Magnus,
é complicado, eu ac..."
"Esqueça
Storm, talvez seja eu o problema. Afinal você é uma
Mestre Harpista, é filha da antiga Mystra, deve ter muitas
responsabilidades. Não quero atrapalhá-la..."
Magnus então deu as costas e seguiu para outra direção.
"Magnus,
espere, eu..." Storm ficou ali pensativa por um tempo e foi
embora.
Em
outro lugar, no acampamento dos soldados de Águas Profundas,
estavam três figuras distintas alojados em uma barraca. Era
um anão, um gnomo e um goblin. Há três dias
eles chegaram com outras pessoas que estavam aprisionadas na Fortaleza
do orc Numoz. Cedrar e Golix, o gnomo, estavam sentados na frente
da barraca vendo a movimentação das tropas de Águas
Profundas. O gnomo perguntou ao goblin que ainda estava dentro da
barraca, "Pukto, vem tomar um ar fresco rapaz. Vai ficar aí
para sempre?"
"E
se os soldados quiserem me matar?" Perguntou ele.
"Que
nada, eu protejo você. Anda logo, sai daí." Disse
o anão Cedrar palitando os dentes após uma boa refeição.
Pukto,
sutilmente colocou sua cabeça para fora da tenda, olhou para
todos os lados e, de mansinho, se juntou a seus companheiros. Muito
timidamente, arrastou um banquinho que estava perto e sentou-se.
"Toma
esse vinho aqui. Está muito bom." Ofereceu Golix.
Dois
soldados estavam passando perto da barraca quando perceberam a presença
do goblin. Um deles disse, "Está vendo Lucius, eu te
falei que haviam trazido um goblin pra cá."
"É,
agora eu acredito, mas porque este bicho não está
enjaulado?" Disse Lucius em voz alta para intimidar o pequeno
Pukto.
"Por
que você mesmo não se tranca na jaula. Tem cara de
macaco." Provocou Golix em defesa de seu amigo.
"O
quê? Não acredito! Está zombando de mim? Vai
se arrepender de ter falado isso seu baixote!" Disse o soldado
Lucius.
"Vai
se arrepender nada, chispa daqui! Ou irei mostrar porque Moradin
criou o martelo." Ameaçou Cedrar.
"Lucius,
deixa pra lá. Sir Brian não vai gostar disso."
"É,
ouça seu amigo, ou vou transformá-lo em um sapo."
Falou Golix e então começou a dizer palavras estranhas
como se estivesse fazendo um feitiço.
"Espere,
espere! Tudo bem, deixa pra lá." Disse Lucius se afastando
e com medo de ser alvo de um possível encantamento por parte
do gnomo.
"E
não pense que vou esquecer sua cara seu fuinha, da próxima
vez vou te arrebentar a fuça." Ameaçou novamente
Cedrar.
Os
três continuaram ali e ninguém mais os incomodou.
Problemas
Imortais
Storm
Mão Argêntea possuía um certo prestígio
em Evereska, por isso, desde há alguns anos ela mantém
uma bonita casa na cidade. Em uma sala aconchegante, ela refletia
até que suas duas irmãs chegaram a pedido dela.
"Storm,
algum problema?" Perguntou Laeral seguida de sua irmã
Dove Garra de Falcão.
"Na
verdade sim minhas irmãs, preciso da sabedoria de vocês
neste momento. Meus sentimentos nublam minha mente."
"É
sobre Magnus?" Argüiu Laeral.
"Como
vocês sabem disso?"
"Não
somos burras Storm. O que aconteceu?" Falou Dove.
"Vocês
sabem muito bem a responsabilidade que recai sobre meus ombros.
Sou harpista, e temo pela segurança dele ao se aproximar
de mim."
"Eu
não sei se você percebeu Storm, mas Magnus sabe se
cuidar. Acho que o problema não é esse."
"Dove
está certa Storm, você tem receio de sentir algo mais
forte por ele, pois sabe que ele não viverá o mesmo
tempo que nós." Completou Laeral.
"Mas
isso pode ser mais doloroso para ele do que para mim. Eu não
sei como lidar com uma situação assim."
"Laeral
tem sorte de Khelben estar nas mesmas condições que
ela. Ele viverá o tempo que ela viver também. Mas
eu não compartilho desse benefício, meu marido não
é imortal como ele. Sou exatamente a mesma pessoa quando
o conheci, não envelheci um dia sequer. Como acha que me
sinto?"
"Dove,
me desculpe, eu havia esquecido este detalhe."
"Mas
mesmo assim eu não desisti, não o deixarei por nada
deste mundo. Por isso, eu tomei uma decisão nestes últimos
dois anos. Depois deste conflito eu pedirei a Mystra que retire
meus poderes."
"Dove,
tem certeza que quer fazer isso? Você é filha de uma
deusa." Surpreendeu-se Laeral.
"E
suas responsabilidades como harpista? E com os outros que precisam
de ajuda?" Lembrou Dove.
"Eu
não pedi por isso. Nunca pararam para pensar que a imortalidade
é uma maldição? Acha que vou presenciar meu
marido envelhecer e morrer enquanto permaneço intacta? E
meu filho? Daqui há alguns anos ele vai aparentar estar mais
velho do que eu. Eu renego este destino, na verdade eu faço
meu próprio destino. Por isso não quis continuar com
os ensinamentos de Elminster, o meu caminho é o da espada.
Eu quero envelhecer junto com Florin e quero que meu filho me enterre
quando eu morrer. Não desejo ficar para sempre neste mundo
como se fosse uma sombra." Desabafou Dove como se largasse
um grande peso em sua alma. Por alguns instantes elas fizeram um
silêncio. Laeral se aproximou de Dove e a abraçou pela
lateral. Elas sabiam que ser filhas de uma deusa não era
a melhor das dádivas. Era um fardo que tinham de carregar.
"Storm,
eu não tenho certeza do que estamos fazendo neste mundo,
mas tenho certeza de uma coisa. Nós somos filhas da deusa,
mas nós também temos o direito de amar." Concluiu
Laeral ainda abraçada a sua irmã confortando-a. Storm
não disse nada, mas ergueu sua mão até suas
irmãs e elas a seguraram. Ela deu um sorriso. Era uma expressão
da barda de que ela as amava muito.
O
Que Fazer Agora?
Era
início de tarde e os heróis convocados para a reunião
compareceram. Ao entrar em uma grande barraca, eles puderam perceber
a presença de Khelben 'Cajado Negro' Arunsun junto com sua
esposa Laeral. Alguns se surpreenderam com a condição
atual da esposa do arquimago. Fora dito que Laeral havia perdido
o braço durante o último ataque phaerimm, mas naquele
momento ela parecia em perfeitas condições. Apenas
aqueles favorecidos por Mystra sabiam que Laeral, assim como eles,
era dotada do incrível poder de recuperação.
Seu braço fora restaurado e assim permaneceu como o anterior.
Todos se sentaram ao redor de uma grande mesa e apenas Khelben,
em pé, começou:
"Eu
os chamei aqui para decidirmos o próximo rumo de nossas ações.
Não podemos mais ficar na posição defensiva,
pois a qualquer momento nossas defesas podem ruir. Portanto os líderes
dos dois grupos devem agora divulgar o resultado das missões.
Florin, você começa."
O
líder do famoso grupo de aventureiros chamado 'Os Cavaleiros
de Myth Drannor', um homem loiro e forte aparentando uns 35 anos,
se levantou e começou a relatar a missão do grupo
do norte. Equipe composta por ele, Dove, Sirius, Limiekli e o halfling
Bingo. Eles deveriam descobrir o motivo por qual o rio que passava
perto de Evereska estava secando misteriosamente. O grupo encontrou
um forte improvisado de orcs liderados pelo general Ortz que se
aliara a um phaerimm. Houve um confronto e, outro general de nome
Numoz, assassinou Ortz por divergência de princípios.
No momento do ataque Bingo fora capturado por Numoz que fugiu com
seus soldados. Ao dizer isso, Florin chamou a atenção
de Magnus.
"O
quê? Bingo foi capturado?" Espantou-se o paladino que
mantinha uma condição paternal sobre o halfling, pois
era o seu melhor amigo e o via como uma criança.
"A
culpa foi minha Magnus, eu e Bingo fomos pegos por uma armadilha
mágica preparada pelo xamã dos orcs que estava fazendo
venenos para infectar a água do rio." Declarou Florin.
Ele
continuou o relato mencionando a investigação na cidade
orc de Urgithor, onde tiveram de se transformar em orcs para obterem
as informações necessárias sobre o paradeiro
do halfling. Sirius que acompanhava atenciosamente a reunião,
aproveitou o relato de Florin para falar sobre Marut.
"Pessoal,
enquanto estivemos em Urgithor encontramos um orc feiticeiro chamado
Marut. Ele deseja a paz com as outras raças porque ele alega
que sua raça pode chegar a extinção após
tantas guerras. Não consegui convencê-lo a nos acompanhar,
mas trouxe seu único amigo aqui para o acampamento. É
um goblin chamado Pukto."
"Sim,
eu fui informado sobre isso. É intrigante o pensamento deste
orc, mas não temos tempo para falar sobre isso agora."
Afirmou Khelben.
Florin
prosseguiu e revelou as informações sobre as mudanças
que estão ocorrendo na guerra entre Vorik e Cormyr. O herdeiro
e filho de Gondegal, conseguiu dominar cerca de metade do reino
governado por Alusair Obarskyr, e proclamou independência
denominando um novo reino, Nova Gondyr. O novo monarca se casou
com sua parceira, a sacerdotisa de Talos Tanatha e se converteu
a religião do deus das tempestades. Ele terminou seu relato
com os acontecimentos sobre a organização secreta
de Numoz, a Ambição de Shargrass, que secretamente
e sem o consentimento do rei Jodrus, levava orcs e mais orcs para
as fileiras de Vorik. No fim o rei invadiu a fortaleza de onde encontraram
cativos Bingo e outros prisioneiros.
Storm,
que liderou o outro grupo que seguiu a leste, também relatou
a missão aos presentes. O grupo tinha o objetivo de descobrir
o que eram as pedras brancas que caíam do céu de Anauroch.
Eles receberam algumas informações de uma druida elfa
de Evereska e então seguiram rumo à Anauroch. Mas
para chegar ao deserto eles deveriam passar por uma grande cadeia
de montanhas. Indo pelo interior da montanha, o grupo confrontou
a ameaça dos povos répteis que ali habitavam. Eram
homens-lagartos e yuan-tis. Chegando no deserto, com muita dificuldade,
eles foram a aldeia bedine de Yassur onde moravam muitas pessoas
que eles haviam libertado na cidade yuan-ti de Zaartikan. Ruha,
uma maga e harpista, soube da presença dos heróis
na aldeia e foi de encontro a eles para ajudar nas investigações.
Após isso eles confrontaram um zhentarim chamado Yego e seu
bando de asabis. Depois encontraram um acampamento arqueológico
onde os vultos estavam escavando uma ruína do que certamente
era um enclave de Netheril. No interior das ruínas o grupo
combateu os vultos, entre eles estava a bruxa Gothyl que havia trazido
Obscura de volta ao plano original e também havia libertado
os phaerimns. Leevoth, o capitão dos vultos conseguiu fugir,
mas Gothyl não teve a mesma sorte e pagou por toda a sua
maldade. El Ma'ra, a deusa de Anauroch, destruiu as ruínas
e os heróis conseguiram sair de lá através
de um portal. Na superfície, após a montanha onde
se encontrava as ruínas ser destruída, eles puderam
ver as grandes rochas brancas. Na verdade eram imensos blocos de
gelo que aparentemente foram trazidos magicamente pelos vultos.
Storm supôs que eles querem tornar o ambiente de Anauroch
fértil novamente como era na época de Netheril.
Com
todas as duas missões esclarecidas, Khelben tomou uma decisão:
"Diante
dos fatos não há outra alternativa senão tomarmos
uma atitude mais ofensiva quanto aos vultos."
"Mas
os phaerimns não seriam os mais perigosos no momento?"
Perguntou o elfo Mikhail.
"Talvez
eles sejam mais letais individualmente, mas os vultos tem algo que
eles não tem, informação. Os vultos sabem exatamente
o que estão fazendo enquanto os phaerimns estão perdidos.
Eles não são bons estrategistas. O fato de terem enviado
alguém aqui para fazer um acordo pedindo que não nos
aliássemos a Aglarel foi uma demonstração de
desespero."
"O
que podemos fazer então? Eles habitam uma cidade flutuante."
Lembrou Florin.
"Eu
sei, por isso temos que derrubar Obscura."
"Derrubar
Obscura? Mas isso não vai matar todos os habitantes? Khelben,
eu não sou uma genocida." Expressou-se Storm.
"Não
pretendo eliminar toda a população de vultos, mas
podemos fazê-los descer até a superfície. Obscura
é, sem dúvida, a nação mais poderosa
de Toril atualmente. Eles tem a grande vantagem da localização.
Eles estão no céu, inatingíveis. Precisamos
trazê-los ao mesmo nível do solo."
"E
como vamos fazê-los descer?" Perguntou Dove.
"Eu
estive fazendo umas sondagens místicas em Obscura e não
consegui nada, pois existe um campo mágico que os protege
de encantamentos."
"A
Ondulação Negra a impede?"
"Na
verdade, eu e Khelben suspeitamos que um poderoso conduíte
mágico é que faz com que Obscura permaneça
no céu e protegida contra feitiços. E esse conduíte
só pode ser um mythalar, pois este tipo de artefato era usado
para manter o enclaves flutuando no céu no Império
de Netheril." Explicou Laeral.
"De
qualquer forma, nós investigaremos mais sobre a natureza
disso e informaremos a todos vocês para elaborarmos uma estratégia
de ataque. Estejam por perto." Terminou Khelben.
Mystra
Anuncia
Com
a reunião terminada, os presentes saíram da barraca.
Alguns deles, que faziam parte da Comitiva da Fé já
tinham dado alguns passos quando algo incrível aconteceu.
Kariel observava um beija-flor que estava em cima de uma flor em
uma árvore adjacente, porém o beija-flor simplesmente
parou no ar como se estivesse congelado. Galtan ia dar um tapa amigável
nas costas de Magnus e também ficou congelado. O paladino,
Kariel, Mikhail, Sirius, Limiekli e o halfling Bingo foram os únicos
a permaneceram em movimento. Assustado, Mikhail disse:
"O
que está acontecendo? Tudo parou!"
Pensou
naquele momento Kariel de que poderia ser um feitiço semelhante
ao da bruxa Gothyl, mas percebera que seus colegas não tinham
sido afetados pelo suposto sortilégio. Instante depois, cada
um deles escutou em seu próprio íntimo, uma voz feminina
e suave que parecia falar com suas almas, "Comitiva, desejo
falar-lhes."
"Poderosa
Mystra!" Exclamou Kariel.
"Mystra?"
Espantou-se Mikhail.
"Sim.
Prestem bastante atenção no que vou dizer. O mal conhecido
como Bane outrora foi neutralizado, mas sua essência retornará.
Ele está acordando. A Orbe de Ogor ainda existe e seu poder
não foi usufruído. Por isso, o jogo não terminou.
O Pater, aquele que gerou todos os outros deuses determinou que
a Orbe deve ser absorvida por algum deus ou destruída. O
artefato também é de responsabilidade dos deuses,
porém vocês terão de provar novamente seu valor
e conquistarem o direito de decidir o destino da Orbe. Vocês
devem escolher um entre os três deuses eleitos pelo panteão
que representarão a Ordem, a Neutralidade, e o Caos. A Ordem
será representada por Helm, o deus guardião e protetor
dos oprimidos. A Neutralidade será representada por Silvanus,
deus da natureza e pai dos druidas. O Caos será representado
por Tymora, deusa da sorte e dos aventureiros. Para isso, vocês
serão submetidos por um teste de cada um deles e no final,
se conseguirem o direito de decisão, deverão escolher
um deles para entregar a Orbe. Ponderem bastante sobre o que vão
decidir, pois deve haver alguém que se oponha a Bane. O deus
da destruição agora tem o poder do antigo deus do
assassinato somado ao seu. A Orbe pode ser absorvida e aumentar
o poder de qualquer um dos três deuses fazendo o escolhido
ter poder suficiente para confrontá-lo. Pela manhã,
sigam a oeste e alcancem um monte que fica logo após uma
floresta de amoreiras. Lá, será feito o primeiro teste.
Lembrem-se, para decidir é necessário ter responsabilidade."
Assim disse Mystra e depois se calou.
Os
heróis da Comitiva estavam aturdidos, principalmente Mikhail
que acabara de ouvir a voz de sua deusa. Após o silêncio
dela tudo voltou ao normal. As folhas novamente se mexiam empurradas
pela brisa. O beija-flor voltou a bater suas asas e todos os demais
retornaram seus movimentos. Magnus deu uma passo a frente enquanto
escutava Mystra, pois isso Galtan, que ia dar um tapa em suas costas
para perguntar algo, bateu no vento. Ele fez uma cara de espanto,
pois pensava estar exatamente atrás do paladino, mas ignorou
o fato e foi para sua barraca. A Comitiva ficou em silêncio
por alguns momentos até que Limiekli disse, "Em que
enrascada vocês me meteram?"
"Eu
ouvi tudo mas não entendi direito." Revelou Sirius.
"Eu
não entendi nada." Disse o pequeno Bingo.
"Amigos,
vamos para um local afastado de todos. Lá eu explicarei tudo."
Propôs Kariel.
Assim
eles foram para uma linda clareira afastada do acampamento. Eles
se sentaram à grama para ouvir as palavras de Kariel. O elfo
fazia parte da Comitiva a longas datas e possuía um grande
conhecimento sobre o passado do grupo. Ele revelou que, após
confrontarem os planos dos magos vermelhos, o grupo partiu para
Cormyr para ajudar na crise da guerra atual. A Regente Alusair estava
em posse da famosa espada élfica Ar'Kor'Keryn, ela foi encontrada
na Floresta do Rei e surgiu misteriosamente. Vorik Aris, filho de
Gondegal, encontrou a Espada do Guerreiro e queria Ar'Kor'Keryn
também. Por isso o grupo, junto com a Regente partiram para
Cormanthor. Lá eles chegaram a uma cidade élfica de
nome Avar Cormanthyr governada pelo elfo Avaron. Ele os informou
que o criador da Espada do Rei habitava Evereska. Na Fortaleza Élfica,
os heróis, com a companhia nefasta do ex-deus Cyric, descobriram
que na Espada do Rei havia uma chave para ativar um antigo artefato,
objeto este que era mais velho do que o Império de Netheril.
Era a Orbe de Ogor, este artefato foi criado por antigos elfos que
temiam pela vingança dos deuses banidos como Lolth. Ele pode
tornar um mortal em deus. Bane o queria mas fracassou no final.
"E
agora? O que faremos?" Perguntou Limiekli.
"Acho
que devemos manter isso em sigilo, afinal é nossa responsabilidade."
Declarou Magnus.
"Sim,
concordo. Não seria bom arriscar a vida dos outros."
Expressou Sirius.
"Então
temos de inventar uma desculpa para os outros sobre a nossa ausência."
Disse Mikhail.
"Eu
falo. Vou dizer a Storm que precisamos fazer algo. Acho que ela
entenderá." Propôs o paladino.
"Amigos,
estarei aqui esperando por vocês pela manhã."
Falou Kariel.
Alguns
deles foram para a casa de Mikhail onde estavam hospedados. Tentariam
eles dormir e se preparar para o dia de amanhã. O paladino
de Helm foi cabisbaixo em direção à casa de
Storm. Munido com a desculpa do recado de que o grupo se ausentará
ele aproveitou para visitá-la e, dependendo do resultado
da conversa, pegaria suas coisas que estavam na casa dela. Ele entrou
e a encontrou em uma bonita e ampla varanda. Ele chegou vagarosamente
dizendo, "Storm. Eu vim..."
"Magnus,
eu preciso falar com você, eu ..." Interrompeu Storm
com uma expressão de culpa.
"Não,
não precisa se desculpar. Como eu disse, o problema talvez
seja eu. Você está certa, não vou interferir
em sua vida. Muitas pessoas dependem de você, do que faz e
do que representa. Eu sou novo nos assuntos do amor. Me desculpe."
Ela
se aproximou dele até que ficassem bem juntos e segurou suas
mãos, "Não, acho que não fui justa com
você. As coisas que faço não me atrapalhariam
se eu quisesse, talvez fosse uma desculpa. Mas eu decidi. Eu não
quero que você seja apenas meu amante, se você desejar,
podemos ser muito mais que isso."
Magnus,
fitou-a, alisou seu lindos cabelos e a beijou intensamente. Era
a sua forma de dizer que a amava. A noite chegara e ambos foram
para debaixo dos lençóis. Fizeram amor e depois adormeceram.
O
Primeiro Teste
Logo
de manhã, bem cedo, o grupo se encontrou no local combinado
e então partiram à cavalo para o destino desconhecido.
O medo aos poucos ia invadindo a alma dos aventureiros que tinham
uma grande responsabilidade em mãos. Kariel e Magnus, que
já haviam passado por experiência semelhante se mantinham
mais calmos mas não menos receosos. Eles cavalgaram por algumas
horas em direção oeste assim como Mystra havia dito.
Passaram por charcos e planícies até avistarem ao
longe uma área repleta de amoreiras. Entre elas muitas árvores
altas também estavam. Não pensaram duas vezes em atravessar
a floresta. A medida que o faziam, perceberam a presença
de certos animais nas árvores que espreitavam. Eram drakes,
um tipo de morcego local. O aventureiros cavalgaram tranqüilamente,
pois o drakes não fizeram nada. Eles pareciam mais interessados
nas amoras.
Após
saírem da floresta de amoreiras os heróis avistaram
um pequeno monte, parecia mais uma colina. Ao pé dele se
encontrava um caminho de terra que subia ao seu topo. Neste caminho,
um homem parecia ter problemas com sua humilde carroça. Os
aventureiros se aproximaram do homem e perceberam que ele tentava
consertar a roda da carroça que havia se quebrado.
"Boa
tarde. O senhor precisa de ajuda?" Perguntou Mikhail.
"Boa
tarde. Não é nada demais. Apenas esta roda que quebrou."
Disse um homem velho e com uma grande barba branca que lembrava
um pouco a dos anões. Ele se vestia em trapos e parecia bastante
cansado.
"Eu
posso tentar consertar para o senhor?" Ofereceu-se Limiekli.
"Não,
não é necessário. O que fazem por estas bandas?"
"Viemos
procurar algo." Disse Magnus.
"Vieram
procurar amoras? Há muitas delas na floresta, mas tomem cuidado
com os drakes, eles são terríveis. Eles fizeram algum
mal a vocês?"
"Não.
Eles parecem gostar das amoras." Falou Kariel.
Bingo,
talvez por atenção ou gula, percebeu que a carroça
do velho estava repleta de amoras, "Nossa, quantas amoras!
Essas parecem estar muito boas. O senhor as colheu?"
"Sim.
Deu um trabalhão, mas consegui as melhores. Vocês poderiam
por favor vigiar a carroça enquanto vou lá em casa
buscar uma roda nova?"
"Tudo
bem."
"Vocês
prometem?"
"Prometemos.
O senhor não gostaria que acompanhássemos até
lá?" Disse Mikhail.
"Não,
eu volto logo. Fiquem de olho na carroça, senão os
drakes vão pegar as amoras."
O
velho foi em direção ao topo do monte enquanto os
outros tomavam conta da carroça. Após alguns instantes,
Sirius, inquieto disse "Onde será que vai haver o primeiro
teste? Não vejo nada de estranho por aqui."
"Os
deuses são misteriosos Sirius, nunca são claros no
que dizem." Afirmou o paladino.
Minutos
depois, Mikhail e Kariel começaram a ouvir um ruído
estranho que gradativamente foi aumentando. Era alguém gritando.
Logo depois, de dentro da floresta de amoras, surgiu uma menina
correndo alucinadamente em direção a outra floresta
que ficava ao lado do monte. Ela estava sendo perseguida por seis
enormes criaturas verdes que os aventureiros conheciam pelo nome
de trolls. As criaturas pareciam querer devorá-la. Limiekli
e Magnus foram os primeiros a correr a fim de salvar a garota. Os
demais os acompanharam, embora Mikhail tenha relutado, pois havia
prometido ao velho que tomaria conta da carroça, mas para
ajudar seus companheiros que poderiam ter dificuldades em combater
seis trolls. Então disse ao seu cavalo falante, "Burgos,
tome conta da carroça e dos cavalos."
"Pode
deixar, tome cuidado."
E
assim estavam todos eles indo atrás dos trolls que perseguiam
freneticamente a jovem indefesa. Adentraram todos em uma densa floresta,
a medida que corriam tinham que se desviar das árvores e
dos arbustos para não tropeçar e cair. Após
alguns instantes, eles conseguiram alcançar o último
troll. Mas a maioria o ultrapassou, com exceção de
Sirius que resolveu combatê-lo. Ele atingiu a criatura com
sua espada no flanco esquerdo dele fazendo-o cair. O monstro se
levantou e então os dois se digladiaram. A perseguição
continuava à frente. A garota incrivelmente conseguia manter
distância do primeiro troll que por sinal era o maior de todos.
O bicho tentava puxá-la pelos cabelos mas não a alcançava.
Mais uma vez eles chegaram a outros dois trolls, Limiekli e Bingo
tomaram a mesma atitude de Sirius, o ranger aproveitou e deu uma
machadada nas pernas do monstro. Depois empregou uma série
de golpes e levou algumas pancadas. O halfling sacou suas duas adagas
e atacou outro. Os heróis aumentaram o ritmo e alcançaram
mais dois, desta vez Magnus ficou para combatê-los dando chance
para que Mikhail e Kariel pudessem chegar sem problemas na menina.
Enquanto os que ficaram para trás combatiam, os dois elfos
já estavam quase em cima do último troll quando o
famigerado conseguiu atingir sua garra nas costas da garota ferindo-a.
Ela não agüentou a potência do golpe e caiu. Kariel
manteve o troll ocupado enquanto Mikhail foi ajudar a garota. Mas
era tarde demais, o golpe fora fatal, atingira seu pequenino coração
pelas costas. O sacerdote de Mystra tentou sanar seu ferimento com
a graça da deusa mas não obteve sucesso. Furioso,
o elfo de Evereska partiu para cima do monstro e com alguns golpes
com seu martelo, o 'Destruidor de Tempestades', aniquilou a criatura
esmagando-lhe o crânio. À aquela altura os demais já
haviam derrotado seus oponentes e então se juntaram a eles.
Todos ficaram ali vendo o corpo imóvel da garota lamentando-se
por terem chegado tarde. Contudo, uma figura etérea surgiu
de trás de uma árvore surpreendendo a todos. Era a
própria menina em forma translúcida. Mikhail ficou
perplexo e voltou seus olhos para o corpo da jovem que já
não mais estava ali, sumira de repente. Ela olhou para eles
e disse com uma voz vinda do além, "Não se preocupem.
Isso aconteceu há muitos anos. Ninguém estava aqui
para me salvar. Mas agora que vocês me ajudaram eu posso finalmente
descansar. Retornem agora, o velho precisa de vocês. Muito
obrigado.", e então sua imagem se desfez como se nunca
tivesse existido.
Os
heróis ficaram assustados por alguns momentos, mas se recomporam
quando Mikhail disse "Por Mystra, a carroça!".
Eles partiram a toda fazendo o caminho de volta. No percurso, perceberam
que os corpos dos trolls não mais ali estavam. Quando chegaram
de volta ao local onde estava a carroça alguns drakes comiam
as últimas amoras que o velho havia colhido. A carroça
estava vazia.
"Mikhail,
me desculpe. Eu tentei, mas eram muitos." Disse Burgos.
"Deixa
pra lá. Vamos lá em cima falar com o velho."
Os
aventureiros seguiram pelo caminho de terra. A estrada fazia uma
volta pelo monte circundando-o e subindo. Lá em cima estava
uma área plana com pouca vegetação. Um pouco
à frente ficava um poço artesiano. E mais afastado
um cabana feita de madeira, ao lado dela tinha um pequeno galinheiro.
A Comitiva foi em direção a casa, mas ao passar do
poço, o velho saíra da casa com um roda na mão.
Ele se aproximou dos aventureiros dizendo, "Não precisavam
vir, eu estava arrumando esta roda aqui, ela deve servir."
"Er..
Senhor... Houve um problema, os drakes comeram as amoras."
Revelou Mikhail hesitante.
"Como
assim? O que aconteceu?"
"Nós
tivemos que ajudar uma garota em perigo e quando voltamos os drakes
tinham pego tudo. Nós podemos ressarcir o senhor. Nós
temos dinheiro."
"Dinheiro,
não quero dinheiro. Vocês prometeram." Disse o
velho rigidamente.
Ele
largou a roda que estava segurando e então, de repente, uma
forte brisa começou a soprar contra a Comitiva. O céu
começou a mudar de cor para um tom de crepúsculo e
a área onde eles estavam iluminou-se inexplicavelmente. As
pupilas do velho desapareceram, seus olhos então ficaram
completamente brancos. Ele então disse com uma voz severa
e imponente:
"Ouçam
com atenção."
"Helm!",
exclamou Magnus reconhecendo a voz de seu deus da primeira vez que
o viu na Escada Celestial, "Ajoelhem-se, vocês estão
perante Helm!" anunciou aos amigos.
Eles, assustados, nem sequer hesitaram em fazê-lo. O paladino
fez um esforço extraordinário para controlar suas
emoções e não derramou uma só lágrima.
Queria manter a postura diante do Vigilante. A figura então
continuou.
"Vocês
quebraram a promessa em vigiar a carroça. Falhar com um compromisso
é algo desonroso. No entanto, sacrificar a própria
honra em troca do bem-estar do próximo é algo louvável
e merece respeito. Vocês passaram no primeiro teste.".
Ao término dessas palavras, Helm ergueu sua mão direita
e na palma de sua mão um olho se abriu. Era um olho que tudo
vê e vigia. Dele um raio de luz saiu projetando-se à
frente. O raio criou uma pequena fenda à frente dos aventureiros.
Da fenda, uma espada fragmentada surgiu flutuando e ficou na vertical
com a ponta virada para baixo. O paladino e Kariel reconheceram
o objeto, se tratava da espada Hadryllis, que fora despedaçada
quando Érix, o deus dos humanos, foi libertado. Depois, inusitadamente
a espada de Magnus, a 'Chama do Norte' saiu da bainha sozinha e
também flutuou até fica de frente com Hadryllis. Ambas
foram unidas e uma série de raios celestiais as bombardearam.
O processo gerou energias tão intensas que os heróis
foram totalmente ofuscados com a grande luminosidade. Poderosas
forças divinas além da compreensão dos mortais
agiram naquele momento. O turbilhão energético terminou
e dele restou apenas um objeto, era uma espada do mesmo tamanho
da 'Chama do Norte', em seu cabo estava o símbolo de Helm,
uma mão direita com um olho aberto. Em sua lâmina uma
inscrição estava cravada, 'Vigilante Sagrada'. A arma
flutuou até as mãos de Magnus que logo sentiu seu
poder. Um novo raio foi disparado do olho na mão de Helm
em direção ao escudo de Sirius. O deus Vigilante vislumbrou
algo na mente do guerreiro e, com sua energia divina criou um escudo
extraordinário. Ele possuía um metal azulado e um
símbolo de uma garra de um felino.
Helm
abaixou a mão e deu as costas, caminhou até sua cabana
de madeira. Entrou e fechou a porta. Ao fazê-lo, a cabana,
o galinheiro e o poço sumiram instantaneamente. O tempo retornou
ao normal e a luz do sol voltou a iluminar. A Comitiva ficou em
silêncio por um momento sentindo uma leve brisa, e sem palavras,
desceram o monte, pegaram seus cavalos e tomaram o rumo de volta
à Evereska. Sirius e Limiekli ainda estavam pasmos com o
que viram. Mikhail, cavalgando, orava agradecendo pelas dádivas
oferecidas aos seus companheiros. Kariel, sempre pouco emotivo ficou
apenas contente com o resultado do primeiro teste. Bingo não
compreendeu tudo o que aconteceu, mas sentia-se renovado. Magnus
seguiu confiante de que o grupo poderia ter responsabilidade de
se submeter aos outros testes.
Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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