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Invasão ao Enclave das Sombras
Descrita por Ricardo Costa.
Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
Personagens principais da aventura:
Os
Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli),
Sir Galtan de Águas Profundas, Brian Mestre das Espadas.
Os Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. O Halfling:
Bingo Playamundo. Participação Especial: Khelben
Arunsun, Laeral Mão Argêntea, Storm Mâo Argentêa,
Florin e Dove Garra da Falcão.
Invasão ao Enclave das Sombras
A
Comitiva da Fé retornou á cidade-fortaleza de Evereska, após cumprir
o primeiro teste oferecido pelos deuses. Não era a primeira vez
que tais aventureiros cumpriam desígnios divinos, muitos distantes
das conjecturas dos outros mortais habitantes de Faerûn. Porém ainda
assim tais acontecimentos os surpreendiam e os faziam pensar. Foram
cinco horas gastas no retorno ao reino élfico, tempo em que suas
mentes se perguntavam a todo tempo quando viria a segunda das três
provas que os habilitariam a uma escolha que poderia influenciar
o destino de todo o mundo: qual deus poderia receber o poder encerrado
na Orbe de Ogor . No entanto, quando chegaram às cercanias de Evereska,
e viram o grande acampamento de tendas brancas dos homens de Águas
Profundas, tais divagações foram afastadas por um problema mais
presente: a ameaça dos vultos de Obscura.
Chegaram à noite e foram
bem recebidos pelos homens. Havia uma notícia, dada por um
militar. Na tenda de guerra, logo pela manhã, se daria uma
reunião e a Comitiva recém chegada era requisitada.
Para os heróis sempre existe pouco descanso e naquela noite
trataram de aproveitar bem o tempo que tinham. Até mesmo
Kariel, que não precisava dormir, deitou-se e sonhou. Muito
viria pelos próximos dias.
Era
alta manhã e na tenda de guerra do Coronal Eltargrim estavam
os mais proeminentes membros daquela campanha de guerra: Khelben
Cajado Negro, o arquimago de Águas Profundas e sua esposa,
Laeral Mão Argêntea, Dove e Florin Garra de Falcão,
Storm Mão Argêntea, heroína irmã de Laeral,
Brian Mestre das Espadas e General de Águas Profundas, o
elfo evereskano Galaeron e seu irmão Aubric Nihmedu, comandante
dos Espadas de Evereska, tropa de elite do reino élfico.
Khelben foi direto com as palavras:
"Temos
que invadir Obscura e faremos isto hoje! Um ataque aéreo
será a distração para nos infiltrarmos. Neste
momento, uma frota de grifos e hipogrifos estão preparando-se
para partir conosco. Temos que descobrir onde está o conduíte
mágico que mantém a cidade flutuando e destruí-lo,
porém só poderemos fazer isto estando dentro de suas
muralhas. Entraremos na cidade disfarçados com um encanto
que nos deixará semelhantes aos vultos. Se alguém
não desejar seguir nesta empreitada e quiser se retirar da
tenda, eu entenderei perfeitamente o motivo."
Ninguém
desertou da missão (apesar da idéia de montar novamente
num hipogrifo apavorar Limiekli). Sabiam que seria difícil,
mas o que não era difícil no caminho daquela Comitiva.
Fazer o que era fácil ou difícil não importava
para eles, mas sim fazer o que era certo. O mago Khelben então
prosseguiu..
"Ótimo.
Alguma pergunta?"
"Na
verdade, sim", disse Sirius. "Suponho que quando o tal
conduíte for destruído a cidade cairá. Isto
destruirá os vultos?"
"Não,
Sirius. Acreditamos que os vultos não serão destruídos,
mas com a cidade deles no chão, perderão uma grande
vantagem e ficarão a mercê das outras raças.
Isto trará um desejado equilíbrio de forças".
"Chegando
em Obscura, sugiro nos dividirmos em grupos, cada um com algum Escolhido
de Mystra.", interrompeu Laeral, "Os Escolhidos têm
poder para provocar a falha dos mythalares e assim derrubar a cidade!"
"Sim,
querida. Os Escolhidos serão protegidos pelos demais, enquanto
realizam o encanto. Partiremos em poucas horas. Preparem-se!",
disse o mago, concluindo a reunião.
Assim
fez a Comitiva. Compraram alguns itens de viagem. Aqueles mais crentes
oraram aos seus deuses. Mikhail falou com sua família antes
de ir. Cinco horas depois, aquele grupo e dezenas de soldados, subiram
uma alta colina dentro das muralhas da cidade-fortaleza. Era naquele
lugar que alçavam vôo as montarias aladas dos elfos
evereskanos. Galaeron, porém não iria com eles. Fora
aconselhado por Khelben a ficar para proteger a cidade de quaisquer
infortúnios. Ficou e retornou ao centro da cidade, mas estava
contrariado. Queria participar da resolução daquele
problema, pelo qual julgava ter sido culpado. A Comitiva armou-se
com equipamento élfico e foi guiada para uma imensa plataforma
repleta de grifos e hipogrifos. Animais fortes e esbeltos, podiam
carregar até três humanos comuns e realizar manobras
incríveis. Eles eram bem cuidados pela frota élfica
que já estava em prontidão para o ataque. Os heróis
foram caminhando e passaram pelos animais alados. Eles subiram uma
escadaria que dava para uma outra plataforma muito bem guardada
por soldados e ao longe viram uma embarcação. Alguns
dos aventureiros já tinham em mente o que era aquilo, mas
outros ficaram com dúvidas. Já próximos do
veículo perceberam que a nau flutuava, pois estava fora da
beirada da plataforma como se estivesse atracada como um navio comum.
Era uma nau voadora, bela, com velas que lembravam barbatanas de
peixes. Era o meio de transporte que usariam para chegar à
cidade flutuante de Obscura. Alguns hesitaram em subir na rampa,
tinham receio de cair de uma grande altura. Apesar das dúvidas
embarcaram.
"Por
Tyr?! Que espécie de barco é este?", perguntou
Galtan, o cavaleiro de Águas Profundas.
"É
uma nau voadora, conhecida também por 'spelljammer'. É
movida por magia.", explicou o mago Kariel.
Subiu
no barco também um elfo de Evereska de bela armadura negra
e dourada. Entrou na cabine de comando e pôde-se vê-lo,
por uma grande janela panorâmica, sentar-se em uma poltrona
e colocar um estranho elmo na cabeça. Aquele era o condutor
daquele spelljammer. Kariel então entrou também na
cabine. Como mago aquele veiculo mágico o fascinava e assim
fez vários questionamentos ao capitão élfico
sobre o funcionamento, fabricação e controle da nau.
Em seguida, foi autorizado a ir ao porão, até o compartimento
que guardava a pedra carregada de energia mágica que movia
o barco. Kariel sentiu suas emanações místicas
e assim conheceu mais um padrão dos diferentes padrões
da Arte.
Embarcaram
então todos os que participariam daquela empreitada em Obscura
e mais alguns soldados evereskanos, aos quais incumbia a proteção
da nau. Um ruído constante iniciou-se e o barco começou
a deslocar-se rumo ao firmamento. Os grifos e hipogrifos montados
bateram suas asas e também decolaram, estabelecendo uma formação
em 'v', tendo o spelljammer como vértice. No convés,
Bingo se divertiu fazendo estripulias no convés enquanto
Limiekli segurou-se no mastro com medo de ser atirado para fora
do navio. Sirius olhava para baixo, um tanto temeroso. Ficariam
assim por alguns minutos, até certificarem-se que aquele
barco não cairia de repente céu abaixo. Khelben, Laeral,
Storm, Dove e Florin estavam de pé e observavam com tranqüilidade,
enquanto o vento frio agitava suas vestes. Brian, Mikhail, Magnus
e Galtan estavam próximos a eles. O último, perguntou
ao arquimago.
"Khelben...
esta nau esperará para trazer-nos de volta?"
"Não
será possível. Teremos que improvisar nossa fuga."
A
resposta trazia insegurança, mas Brian sabia que lutava por
um bem maior e que daria sua vida a serviço do que achava
justo e por sua nação. Logo após veio um militar
dos Espadas de Evereska, que pela aparência de sua armadura,
deveria possuir alta patente. Trazia, junto com um preposto, uma
aljava com setas e entregou-as à Sirius, Limiekli e Bingo,
que estavam próximos e que portavam arcos nas costas.
"São
flechas encantadas.", disse o elfo. "Com elas poderão
ultrapassar as proteções das naus dos vultos. Como
não temos muitas, usem com precisão!"
Os
três então equiparam-se. Naquele momento, chegou também
Kariel, vindo do porão, e solicitou um arco élfico,
já que o seu havia sido destruído na batalha contra
o yuan-ti Vandespunjo, dias atrás. Foi atendido sem demora,
recebendo uma bela arma, feita com uma madeira clara e ricamente
ornada com entalhes que somente os elfos conseguem produzir.
Batalha
nos Ares
Meia
hora se passou, quando um elfo na proa do barco anunciou:
"Obscura
à vista! Preparem-se!"
Alguns
minutos depois dos elfos, os humanos também notaram no horizonte
a cidade assentada em uma rocha flutuante. Viram também que
algo vinha de Obscura pelos céus para interceptar a força
de Evereska. Eram momentos de espera e tensão. Os atacantes
foram crescendo na visão dos heróis e revelou-se ser
répteis alados, montados por vultos, além de algumas
naus negras. E então os hipogrifos e grifos partiram para
o ataque, dando início a uma fantástica batalha aérea.
Enquanto
os guerreiros alados se digladiavam, da nau, os soldados e os aventureiros
armados com arcos disparavam seus projéteis e tinham os seus
ataques revidados, em vôos rasantes executados pelos répteis
negros sobre o spelljammer. Storm avançou na proa e espalmou
sua mão em direção a dois dos cavaleiros vultos.
Saiu dela uma poderosa rama de eletricidade que os fulminou, que
caíram sem vida das alturas. Um inimigo, que voava próximo,
também lançou de magia e uma bateria de esferas luminosas
partiu de suas mãos para explodirem sobre Laeral. A maga,
após recompor-se, revidou com um encanto mais poderoso, ferindo
seu atacante.
Dois
dos cavaleiros saltaram de suas montarias para cair no convés.
Sacaram suas armas e foram interceptados por Dove e por Mikhail.
A primeira, defendeu com sua espada um ataque pesado do sombrio
adversário e, em um golpe de precisão e sorte, arrancou-lhe
a cabeça. Mikhail tentou acertar com o martelo o vulto que
partia em sua direção, mas o inimigo esquivou-se,
fazendo-lhe errar a investida. Juntou-se a ele Brian. O militar,
ao se aproximar, foi atingido, mas devolveu o golpe e a sua espada
causou grande ferimento no vulto. As montarias, mesmo sem seus cavaleiros,
eram capazes de atacar. Sendo assim, os dois répteis voaram
com grande velocidade, com as afiadas garras prontas para rasgar
a carne dos seus inimigos. Seus alvos eram Magnus e Florin. O paladino
desviou-se da fera e Florin também se safara, mas não
sem desferir um bom golpe na criatura. Mikhail e Brian, trocaram
vários golpes contra o adversário sombrio, até
que o guerreiro de Águas Profundas desferiu um ataque fatal.
Enquanto
Sirius, Limiekli, Kariel e Bingo disparavam flechas contra os vultos,
Storm e Laeral acertavam seus inimigos com encantos. A primeira
fez explodir em uma nau uma bola de fogo, conjurada pela sua magia,
e a segunda derrubou alguns cavaleiros com esferas de energia mística
que partiam de suas mãos. A batalha iria aumentar o seu ritmo:
duas naus de obscura aproximaram-se do barco élfico e seus
tripulantes fizeram a abordagem. Outras duas preparavam-se para
fazer o mesmo. Os heróis e os Espadas de Evereska agora combatiam
francamente e o ruído do choque do aço era ouvido
incessantemente e o convés começava a manchar-se de
vermelho. A luta foi dura, mas ali estavam os experimentados aventureiros
da Comitiva, a elite do exército evereskano e alguns dos
mais poderosos mortais a pisarem em Faerûn. Logo a batalha
mostraria que aqueles vultos não eram páreo para tantos
heróis reunidos. Após várias baixas, principalmente
causadas pelas lâminas de Storm e Dove, os inimigos acharam
prudente debandar e retornar às suas naus. Aproveitando-se
da fuga dos vultos, Limiekli, com uma flechada certeira, matou o
condutor de uma delas, fazendo o 'spelljammer' de Obscura perder
o controle e cair para espatifar-se em terra, milhares de metros
abaixo.
Os
heróis se refaziam naquele breve recuo dos vultos. Kariel,
que olhava para o horizonte do lado oposto à Cidade das Sombras,
notou algo com seus olhos de elfo. Uma figura distante, do tamanho
de um homem, vinha voando na direção deles. Podia
ver que sua armadura brilhava ao sol e que possuía uma capa
que tremulava com o vento. O mago da Comitiva apontou o ser que
vinha ao longe para Khelben Arunsun. O arquimago então virou-se
e tentou identificar aquele que se aproximava. Mas os acontecimentos
não permitiam grandes pausas. Algo muito grande veio por
baixo da nau élfica e em seu vôo destruiu pelo caminho
as embarcações de Obscura que fugiam. Surgiu na frente
do barco de modo que todos puderam ver. Tratava-se do esqueleto
animado de um grande dragão. A visão medonha surpreendeu
alguns, aterrorizou muitos. Era o que Khelben conhecia como 'dracolich',
um dragão morto trazido de volta a vida pelas artes negras.
O ser de grande poder abriu suas asas e disse em voz gutural:
"Invasores!
Retornem aos seus redutos ou suas vidas serão tragadas pelas
chamas de Malygris"
"Nada
que venha de suas entranhas irá nos abalar, Malygris. Sopre
o quanto quiser!", desafiou Khelben, em uma segurança
que poderia ser confundida com loucura por aqueles que não
conheciam o poder daquele arcano.
"Não
permitirei que adentrem Obscura! Não são bem vindos!
Seus feitiços não conterão a minha fúria!",
disse o dracolich ao arquimago de Águas Profundas, preparando-se
para lançar sobre o barco seu mortífero sopro de chamas.
"Deixe-me
cuidar disto, Khelben! Afaste sua nau.". Os heróis viraram-se
para ver de quem era a voz que partia da popa do barco. Era a figura
avistada por Kariel, o Coronal Eltargrim, que voava sobre a embarcação.
"Lute
comigo, grande besta, e assim resolveremos esta contenda!",
desafiou então o rei élfico.
"Que
assim seja! Reduzirei seu corpo a cinzas!", respondeu-lhe o
dragão morto-vivo.
A
nau foi desviada e seus tripulantes não retiravam os olhos
daquele fantástico confronto. Malygris afastou-se de Eltargrim
e em seguida rumou com velocidade em sua direção.
Projetou sua cabeça para trás e quando a pôs
para frente, abriu as mandíbulas, deixando sair um jato de
chamas que encobriu o rei élfico durante alguns segundos.
O tempo foi breve, mas suficiente para despertar a insegurança
em muitos que observavam a cena. Será que mesmo o lendário
Coronal de Cormanthyr resistiria a tal ataque? Mas tal dúvida
foi afastada com gritos de comemoração, quando as
chamas cessaram e viram Eltargrim ileso, segurando a sua poderosa
espada mágica Ar´Cor´Kerym.
A
luta entre o elfo e o dracolich prosseguia, mas a nau dos heróis
se afastava, rumo à Obscura. Sirius observou a frente alguns
grifos que pretendiam invadir a cidade, mas que se chocaram violentamente
contra algum tipo de barreira invisível. Então avisou
a Khelben.
"A
barreira nos impede de entrar, mas os vultos podem passar livremente
com suas montarias e equipamentos. Acho que tenho uma idéia...",
disse Khelben Cajado Negro, aproximando-se dos demais companheiros
de missão. "Ouçam! Possuo um encanto poderoso
bastante para nos encolhermos. Diminuídos, poderemos entrar
em um recipiente, que será colocado no equipamento de um
destes vultos e assim seremos transportados para dentro da cidade.
Precisamos de alguém habilidoso o suficiente para se aproximar
de um deles e nos colocar em meio à bagagem do inimigo."
"Eu!
Eu! Eu consigo fazer!", ofereceu-se saltitando de alegria o
halfling Bingo, que retirou até um frasco de sua bolsa, onde
os aventureiros encolhidos seriam colocados.
"Então
está feito!", Khelben pegou o frasco das mãos
de Bingo, abriu a tampa e em seguida colocou dentro dele um pedaço
de um pente de madeira que o halfing carregava. Em seguida, acenou
para Aubric Nihmedu, líder dos Espadas de Evereska, que voava
próximo com seu grifo. O elfo então pousou à
frente do mago de Águas Profundas.
"Aubric,
nós vamos ser colocados neste recipiente e o halfling vai
tentar colocá-lo no corpo de um destes vultos. Faça
o possível para que ele tenha sucesso e para que o vulto
que nos levará fique vivo. Após isto, dê o sinal
para que os seus soldados recuem desta batalha!"
"Sim,
Khelben. Farei como pede."
Khelben
colocou o recipiente no chão e, com gestos e palavras místicas,
executou um encanto. Os heróis reduziram de tamanho, até
ficarem pouco maiores do que um grão de feijão. Entraram
no escuro recipiente e seguraram-se firme aos dentes do pente colocado
por Khelben. Em seguida, Bingo fechou o frasco, colocou-o novamente
em sua bolsa, subiu na garupa do grifo de Aubric e juntos alçaram
vôo. Aubric desviou de algumas investidas de répteis
negros e localizou uma pequena nau de Obscura. Havia dois vulto
no convés. Então aproximou seu grifo, saltou junto
com Bingo para a embarcação e começou um duelo.
"Aproveite
a oportunidade, pequeno!", disse o elfo.
Bingo
então sacou sua adaga e aproximou-se do vulto que lutava
com Aubric. Com muita destreza, após desviar de um golpe
do inimigo, conseguiu colocar o frasco em uma bolsa que estava presa
ao cinto do vulto e em seguida recuou. Aubric então abandonou
também a batalha e, junto com Bingo, montou novamente no
grifo. Ergueu sua espada na direção contrária
a Obscura e ordenou a retirada. Foram perseguidos durante algum
tempo, mas por fim os vultos resolveram retornar à sua cidade.
Não sabiam que um deles levava uma carga especial.
Obscura,
o Enclave das Sombras
A
nau de Obscura adentrou o campo de energia e penetrou na cidade.
Khelben era o único que podia, através de um encanto
de clarividência, observar aquele lugar. A atmosfera dentro
da Cidade das Sombras era completamente diversa da que estavam antes.
Ao invés da luz do sol, haviam trevas. Névoas densas
e sombrias cobriam a cidade flutuante protegendo-a da claridade
exterior. A embarcação voou lentamente até
um edifício com uma imensa entrada quadrada. Era um grande
hangar. Nele o arquimago viu outras naus negras dos vultos pousando
após o término da batalha. Junto com eles também
se aproximaram o répteis negros, que ao chegarem foram logo
presos por outros vultos. O vulto que inadvertidamente os levava
começou a andar pelo prédio. Khelben viu uma saída
e pediu para que os heróis aproximassem-se dele. Em seguida,
executou um encanto e todos foram magicamente transportados para
dentro de um duto metálico que passava por dentro da parede
do hangar. Agora todos podiam vê-lo: escuro e cinzento, de
metal e pedra, repleto de soldados. Andaram pelo duto, procurando
uma abertura que os levassem para fora do prédio. Depois
de caminharem por alguns minutos, viram uma abertura no alto. Como
não era possível escalar, devido a superfície
lisa do metal e a altura, Storm, Khelben, Kariel e Dove usaram feitiços.
Storm e Khelben invocaram um feitiço que os faziam voar,
enquanto os outros dois executaram encantamentos de levitação.
Em seguida, aqueles que não estavam sob o efeito das magias
seguraram-se àqueles que se erguiam e assim foram para o
alto, passando por curvas, até chegarem em uma abertura.
Saíram em uma espécie de beco.
"Acho
que é a hora para nos disfarçarmos!", opinou
Kariel.
"Sim.
Mas os vultos poderão nos ver!", disse Mikhail
"Criarei
uma ilusão que nos protegerá até que estejamos
prontos!". Dito isto, Khelben começou a conjurar uma
série de encantos. O primeiro criou a ilusão. Quem
passasse pelo beco naquele momento viria apenas um lugar vazio.
Depois o arcano cancelou o feitiço que reduzia o tamanho
dos aventureiros e eles retornaram ao normal. Por fim, foi lançado
o encanto de disfarce e os corpos, roupas e equipamentos de todos
sofreram transformações, até que se parecessem
com vultos.
"Temos
doze horas até que o encanto necessite ser restabelecido."
"E
como vamos detectar o local onde estão os mythalares, Khelben?",
perguntou Mikhail
"Trouxe
algo que pode me ajudar, mas para isto precisarei de um lugar tranqüilo
onde possa me concentrar."
"Acredito
que estes mythalares devem estar em prédios importantes para
os vultos."
"É
uma suposição lógica, Sirius. Temos que saber
que lugares são estes. Vamos capturar um destes vultos e
lermos a mente dele. Talvez assim saibamos."
Os
doze 'vultos' deixaram o beco e podiam ver uma rua de Obscura. O
chão era coberto de uma substância negra que servia
de pavimento. Negro também era a cor das casas e torres.
Haviam barracas de feira e estabelecimentos cujos letreiros (que
conseguiam ler graças ao encanto aprimorado de disfarce)
anunciavam alimentos e ingredientes para feitiços. Postes
com uma luz púrpura, de origem mágica, iluminavam
o local. Na via, passavam poucos vultos e outro tipo de criatura.
Pareciam humanos, mas possuíam a pele muito branca, ombros
largos, dedos por demasiado compridos e rostos alongados. Andavam
lentamente e suas faces não esboçavam emoções.
Alguns dos vultos levavam presos em correntes alguns destes seres.
Khelben olhou para uma das barracas onde se vendia estranhos cogumelos.
Viu nas mãos de um vulto uma moeda e nela um brasão.
"Este
brasão na moeda... Eu o reconheço de um livro. Tem
origem de Netheril. Não resta dúvida então
de que este era um de seus antigos enclaves."
"Khelben...",
sussurrou Kariel, "Nos disse que precisaria de um lugar tranqüilo.
Pensei em uma hospedaria, mas nosso dinheiro não nos servirá
neste lugar."
"Tenho
um plano.", disse Laeral, que estava por perto.
A
esposa de Khelben aproximou-se de uma das barracas e examinou algumas
estranhas batatas. Em seguida fitou os olhos do vendedor, uma das
criaturas de pele branca que pareciam servir aos vultos. Ela o fitou
perseguindo seus olhos e o vendedor passou a exibir uma expressão
estática.
"Dirá
tudo o que quero?", perguntou Laeral para a criatura sob o
encanto.
"Sim.
Direi tudo o que quiser!", respondeu.
"Como
se chama?"
"Nessen."
"Onde
você mora, Nessen?"
"Há
algumas ruas daqui."
"Leve-nos
até lá!", ordenou por fim Laeral.
Os
aventureiros então seguiram Nessen e Laeral. Passaram por
ruas sujas e estreitas, casas e pequenos prédios. Em um deles,
entrou Nessen e com ele, seguiram os demais até o pequeno
aposento onde ele morava. Reuniram-se então em sua pequena
sala, iluminada pelo mesmo fogo púrpura, criado por magia,
que acendia os postes da rua. Laeral postou-se em uma cadeira, à
frente de Nessen, e iniciou um interrogatório.
"Responda-me.
Que tipo de ser é você? Porque é diferente dos
vultos?"
"Sou
um obtuso. Somos um raça inferior aos vultos."
"Todos
vocês são escravos dos vultos?", perguntou Galtan.
"Não.
Existem obtusos livres e outros aos quais foi concedida a dádiva
de se tornarem vultos."
"Onde
fica localizado a fonte de energia que mantém esta cidade
no ar e o fogo desta luminária aceso?", quis saber logo
Kariel.
"Não
sei."
"Diga-me...
qual o lugar mais importante da cidade?", argüiu Khelben.
"A
Torre Real, onde vive o Alto Príncipe, Telamont Tanthul."
"Ele
governa sozinho?", continuou o mago de Águas Profundas.
"Não.
Governa junto com os demais príncipes."
"Quem
são estes príncipes? Vivem todos na mesma torre?"
"Os
príncipes são Hadrhune, Rivalen, Clariburnus, Brennus,
Mattick, Vattick, Yder, Melegaunt, Lamorak, Dethud e Aglarel. Cada
um deles vive em sua própria torre."
"Existem
outros lugares de importância além desta Torre Real?",
perguntou Galtan.
"A
Catedral da Escuridão, templo da nossa amada deusa Shar e
comandada pelo Alto Sacerdote, o Príncipe Rivalen, e a Cúpula
Determinista, onde ficam os deterministas, liderados pelo Príncipe
Lamorak, que cuidam da ordem em Obscura."
"Estes
deterministas são uma espécie de força policial?",
questionou Kariel
"Eles
cuidam da interpretação da lei, mas quem a executa
são os Arcanistas."
"Para
mim, basta.", disse Khelben. "Evacuem um destes aposentos.
Precisarei de um lugar para me concentrar por alguns minutos.",
disse o arcano para os demais, enquanto retirava, de uma caixa que
estava em sua bolsa, uma bola de cristal.
O
quarto de Nessen foi evacuado. Nele só restaram uma cadeira
e uma pequena mesa, onde Khelben pôs sua bola de cristal.
Em seguida a porta foi fechada. Por sugestão de Storm, Nessen
foi amordaçado e amarrado, para que não desse nenhum
tipo de alarme, caso o encanto lançado por Laeral se extinguisse.
Naqueles intermináveis minutos em que Khelben usava da bola
de cristal, os aventureiros especulavam sobre a localização
dos mythalares e sobre a origem dos obtusos e vultos. Mikhail encontrou
um livro que indicava uma pista. Segundo um texto do velho livro
de história, o antigo nome da raça obtusa era 'humana'.
Aproximadamente
uma hora havia se passado, quando Khelben deixou o quarto.
"Encontrei
três grandes fontes de energia mística. Estão
em três pontos no centro da cidade. Precisarei de mais tempo
para determinar a localização exata destes lugares
a partir do lugar de onde estamos."
"Porque
não compramos um mapa?"
"Não
temos o dinheiro para comprá-lo, Dove."
"Tem
certeza, Kariel?", disse a ranger, metendo a mão no
bolso da calça de Nessen e retirando algumas moedas prateadas.
"Volto em breve!"
Dove
retornou com um mapa, depois de passar alguns minutos procurando
pelas ruas de Obscura. Os aventureiros o analisaram e a partir das
suspeitas de Khelben puderam determinar os três pontos de
incidência dos mythalares. Eram realmente os três lugares
mais importantes de Obscura segundo Nessen havia mencionado. Aquele
foi o momento de dividir os grupos que iriam até cada mythalar.
Após confabularem, as equipes foram assim divididas: para
a Cúpula Determinista iriam Dove, Florin, Limiekli e Mikhail,
à Torre Real iriam Khelben, Laeral, Brian e Galtan, e para
a Catedral da Escuridão rumariam Storm, Kariel, Magnus e
Sirius. Antes de partir Khelben fez uma advertência especial:
sentira a presença de um ser de grande poder arcano na Torre
Real e pediu cuidado aos seus companheiros.
Então
juntos então deixaram o lar de Nessen, rumo a mais uma perigosa
missão em suas vidas.
Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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