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A Queda de Obscura
Descrita por Ricardo Costa e Ivan Lira.
Baseada no jogo mestrado por Ivan Lira.
Personagens principais da aventura:
Os
Humanos: Magnus de Helm; Sirius Lusbel; Sigel O'Blound (Limiekli),
Sir Galtan de Águas Profundas, Brian Mestre das Espadas.
Os Elfos: Mikhail Velian; Kariel Elkandor. Participação
Especial: Khelben Arunsun, Laeral Mão Argêntea,
Storm Mâo Argentêa, Florin e Dove Garra da Falcão.
A Queda de Obscura
"Jammar
era um jovem de quinze primaveras, membro de uma pequena tribo bedine,
da borda leste de Anauroch. Um dia, decidido a ir de encontro a
novas paisagens, deixou sua tenda e partiu para o grande deserto.
O jovem rapaz andou mais longe do que seu povo ousava ir e escalou
a mais alta das dunas. Foi quando viu uma cidade que pairava no
céu. Pôs-se a observar, maravilhado, sem saber que seria um dos
poucos humanos a ver, após milhares anos, a queda do último enclave
flutuante remanescente de Netheril."
A
Queda de Obscura
Em
três grupos estava dividida a comitiva de heróis que invadiu Obscura,
a cidadela flutuante dos vultos. Tinham o ambicioso objetivo de
neutralizar e destruir os mythalares, cristais que concentravam
poderosas energias místicas e que mantinham aquele enclave nos céus.
Com êxito da missão, e Obscura repousando no solo de Anauroch, estariam
os vultos sujeitos à todas as forças que enfrentavam as demais nações
de Faerûn e não mais poderiam lançar sua sombra ameaçadora impunemente
sobre os povos. Os heróis agora estavam frente a frente aos cristais,
porém estes estavam bem guardados e não seriam destruídos antes
de uma difícil batalha.
Uma
Cidade vai aos Céus
Em
uma época distante onde os magos governavam um império
repleto de magia, um pesquisador do caminho das sombras chamado
Telamont Tanthul, mais conhecido como Lorde Sombra, elevou seu poder
a tal que conseguiu construir seus três mythalares as quais
fariam um enclave flutuar ilimitadamente. Obscura foi o nome que
ele deu à sua cidade. Este feito já fazia parte do
seu grande estudo sobre as formas sombrias. Isso foi importante
de tal forma que Telamont, a mando de uma entidade sombria, conseguiu
mover sua preciosa cidade para o Plano das Sombras. Com esta manobra
o arquimago de Netheril livrou seu reduto da destruição,
pois seu companheiro Karsus, um dos mais brilhantes arcanos de Abeir
Toril, usou um encantamento poderosíssimo que roubou o controle
da Ondulação de Mystril a deusa da magia. Contudo
Karsus não era uma divindade e sua consciência mortal
não suportou a magnitude do poder da Ondulação.
A magia, por alguns instantes, cessou fazendo os enclaves flutuantes
caírem para o chão. Mystril, se reencarnou em uma
nova deusa chamada Mystra e então conseguiu salvar apenas
três cidades da morte fatídica. Naquele momento Telamont
e Obscura se encontravam a salvo nos braços das sombras e
ali reinaram por um longo tempo.
Após
anos no Plano das Sombras, a entidade sombria se comunicou com Telamont.
O ser desejava mais dele oferecendo-lhe a oportunidade final de
realmente conhecer as sombras. Para que Telamont compreendesse as
sombras ele teria que se tornar uma, ou, um vulto. O Alto Príncipe
se submeteu a uma transformação provocada pela entidade
sombria que mudou sua aparência e sua natureza. Telamont se
transformou em um vulto, um ser conectado as sombras. Ele foi o
primeiro dentre muitos que alcançou este novo estágio
de poder.
Com
o passar dos séculos, Telamont liderou supremo em Obscura,
no entanto, ele teve filhos e estes também foram transformados
em vultos. Eles repartiram os blocos de poder abaixo do pai. Apenas
um conseguiu atingir o estágio de Príncipe não
sendo filho do Alto Príncipe. Seu nome era Hadrhune, um exímio
e perspicaz arquimago que conquistou o respeito de Telamont. Este
fato sempre incomodou alguns de seus filhos.
Nos
tempos atuais, após um longo período de ausência,
a entidade sombria novamente surgiu para Telamont.
"Lorde Sombra, aquele que
ama as sombras. Escute meu novo desejo."
"Ao seu dispor minha deusa."
Respondeu ele surpreso e se ajoelhou.
"Ouça o novo estratagema
para retornar ao seu Plano de origem."
"Retornar milady? Mas por
quê?"
"Aquele lugar possui muita
luz. Nós temos que apagá-la e erguer uma nova era
governada pelas trevas."
"Que assim seja minha senhora.
Eu sou seu servo."
"Ordene que um dos seus
filhos realize um feitiço para se comunicar com uma amante
das sombras de Faerûn. Ela se chama Gothyl, prometa muito
poder e então ela o ajudará a devolver Obscura ao
plano original."
"Será feito ó
divindade." E essa foi a última aparição
da entidade para o Alto Príncipe que a obedeceu convocando
um de seus filhos mais inteligentes para contactar Gothyl no Plano
Material, Melegaunt Tanthul.
O
Príncipe ficou muito honrado em atender o desejo de seu pai.
Ele, em pouco tempo, se comunicou com a bruxa Gothyl e fez um acordo.
Posteriormente, o próprio Melegaunt viajou entre os planos
para chegar a Faerûn. Ao lado da bruxa eles executaram um
dos maiores planos diabólicos já feitos. Libertaram
as famigeradas criaturas denominadas phaerimns de uma prisão
mística para os faerunianos ficassem dependentes dos poderes
dos vultos assim que chegassem. O plano se concretizou por completo
quando Melegaunt, engabelando os heróis da Comitiva da Fé
e os elfos de Evereska, chegou no Templo Karse. Lá Gothyl
fez um rito com um mythalar e devolveu Obscura ao Plano Material.
Melegaunt pereceu em nome da causa das sombras.
A
Catedral de Shar
Storm,
Kariel, Magnus e Sirius haviam acabado de chegar à sala circular,
onde repousava o cristal místico . Não estavam sozinhos.
Havia um vulto, com trajes clericais, e um outro trajado com armadura
e que empunhava uma espada feita com um estranho metal negro. O
primeiro era conhecido em Obscura por ser o Sacerdote Maior de Shar,
seu nome era Rivalen Tanthul. Ele carregava o símbolo de
sua deusa, a divindade da escuridão e dos segredos. O outro
era o braço direito de Rivalen, Yder Tanthul, um guerreiro
e arcano muito respeitado na cidade voadora. Em sua espada também
repousava uma símbolo de Shar.
Sirius adiantou-se em começar
a inevitável batalha. Correu e com sua espada buscou um golpe
potente contra o vulto guerreiro. O inimigo não se movia
sequer um milímetro, até o momento certo, quando desviou
do ataque e, em uma velocidade que revelou perícia, sacou
sua espada de metal escuro e fosco, e atingiu o adversário
pelo flanco. Enquanto isto, Magnus correu para combater o sacerdote.
Kariel e Storm lançaram encantamentos, visando anular proteções
mágicas que por ventura agissem sobre seus inimigos. Infelizmente
tais sortilégios não surtiram efeito.
O sacerdote revidou: lançou
sobre Kariel um feitiço que o fez ficar paralisado, tal qual
estátua. Em seguida, virou-se para Sirius e atingiu-lhe com
raios coloridos que partiram de suas mãos. Imediatamente
este começou a agitar-se e golpear a esmo, como se um repentino
ataque de loucura se abatesse sobre sua mente.
Storm aproximou-se do mythalar
e ergueu uma parede de energia, isolando-se do combate e impedindo,
por força do encanto, que recaísse sobre ela qualquer
sortilégio nefasto. Queria concentração suficiente
para lançar seu Fogo Prateado e exaurir a magia do cristal
místico. Já Magnus tentou imobilizar os braços
do sacerdote de Shar, para que este não pudesse invocar novos
sortilégios. Porém, não obteve êxito,
pois Rivalen conjurou sobre si mesmo um encanto que lhe protegia
contra este tipo de investida. Naquele momento, o feitiço
de Kariel quebrou-se e este, ao ver o clérigo lutando com
seu amigo paladino, acertou-lhe com esferas mágicas de energia,
invocadas com o intuito de anular um outro feitiço de proteção
que impedia o vulto de ser golpeado pelo metal do paladino.
Entretanto o vulto não
estava indefeso. Os ignorou e recitou algo fazendo seu corpo desaparecer,
para surgir alguns metros atrás de Storm. Sirius tentava
recobrar-se do encanto que nublava sua mente e, desnorteado, sofria
um grande castigo pela espada de Yder. Era auxiliado por Kariel,
que investia com magia contra o guerreiro. Do outro lado da barreira
que havia erguido, Storm resolveu teleportar-se novamente, deixando
isolado desta vez o seu adversário. Sabia ela que, diferentemente
de outras magias, o Fogo Prateado era capaz de ultrapassar a muralha
de energia. Poderia conduzir o ritual do lado de fora e se o sacerdote
quisesse impedi-la teria que gastar mais um feitiço de teleportação
de seu repertório.
Rivalen estava preparado. Assim
o fez e novamente surgiu próximo de Storm. O clérigo
estava decidido a não permitir que a mulher executasse o
encanto sobre o mythalar. Porém, Magnus tomou-lhe a frente
e com sua espada, o obrigava a se afastar. O paladino forneceu a
Storm tudo que ela precisava: tempo. Partiu das mãos da Escolhida
de Mystra, uma nuvem como se feita de pó de prata, que preencheu
a área onde se localizava a pedra mística. A energia
do Fogo Prateado então dissipou toda a magia em seu raio
de alcance: a parede de energia erguida por Storm desapareceu e,
o mais importante, o cristal azulado perdeu a cor e o brilho. Instantes
depois, toda Obscura tremeu causando abalos suaves que assustaram
seus moradores. Quem visse a cidade no céu, perceberia que
esta, vagarosamente, havia descido centenas de metros de altura.
Logo que se recobraram do desequilíbrio
provocado pela perda da força do mythalar, todos os quatro
heróis correram em direção da pedra, a fim
de destruí-la, antes que o efeito do Fogo Prateado sobre
o cristal cessasse. Rivalen, em um recurso desesperado, invocou
um feitiço que fez chover fogo sobre a região próxima
aos aventureiros. Alguns heróis foram atingidos, mas apesar
da dor, prosseguiram correndo. Aqueles que cruzaram a área
onde o efeito do Fogo Prateado agia tiveram seus disfarces removidos
pela ausência de magia, revelando aos vultos a verdade sobre
aquela invasão. Sirius foi o primeiro a chegar e a atingir
o cristal, causando-lhe a uma rachadura, Kariel foi o próximo.
Storm parou e através de um encanto, convocou um elemental
da terra, criatura vinda de outros planos de existência, para
lutar com os vultos, promovendo uma distração que
lhes daria tempo suficiente para que a missão fosse cumprida.
Então Magnus golpeou o mythalar e, por fim, o cristal se
partiu definitivamente.
"Malditos! Não sairão
daqui vivos!", disse o sacerdote vulto, que agitou-se em um
novo encanto.
Surgiram, após uma bruma
repentina, dez esqueletos animados e armados. Ouviu-se um ruído
de passos, e de uma passagem oculta, novos vultos surgiram. Imediatamente,
estes começaram a recitar uma magia mortal. Storm também
lançou um encanto e foi mais rápida: abriu um portal
mágico por onde entraram os heróis, pouco antes do
local onde estavam explodir em chamas.
A
Cúpula dos Deterministas
Chegaram
Dove, Florin, Mikhail e Limiekli na ampla câmara do mythalar
na Cúpula dos Deterministas. No centro da sala, cristais
partiam do chão como espinhos voltados para cima. Um deles
se iluminava com uma energia azulada. Era o que estavam procurando.
Estavam todos tensos e de armas em punho. Nenhum deles pensava que
chegariam a tal proximidade do artefato mágico sem enfrentar
algum obstáculo final. E estavam corretos. Poucos segundos
depois de pisarem na sala, abriram-se em sua frente dois portais
místicos e deles saíram dois vultos.
"O que estão fazendo
aqui? Que invasão é esta!? Se arrependerão
por entrarem nesta câmara!", bradou um deles, que vestia
um robe e segurava um cajado, a maneira dos magos. Tratava-se do
líder dos Deterministas, Lamorak Tanthul. Imediatamente,
o outro adiantou-se. Este era conhecido. Seu nome era Leevoth, o
capitão do exército da Cidade das Sombras. Fora visto
com Aglarel, durante a farsa de sua visita a Evereska, semanas atrás.
Erguia uma grande e incomum espada e movia-se lenta e ameaçadoramente
na direção de seus inimigos.
Limiekli não esperou
mais e logo disparou duas setas. As flechas iam em direção
ao alvo, mas a poucos centímetros de acertar o vulto que
vestia-se como arcano, perderam repentinamente toda a força
e caíram ao solo. Mikhail também investiu sobre ele,
com uma propriedade que possuía o seu martelo Destruidor
de Tempestades: um poderoso raio luminoso deixou a arma em direção
de Lamorak, mas, tal com as flechas de Limiekli, a energia perdeu
a força e em seguida dissipou-se sem provocar qualquer desconforto.
Florin sacou sua espada e correu para enfrentar Leevoth. No caminho,
entregou uma poção a Limiekli e pediu que a bebesse.
O ranger não sabia o que era, mas atendeu de imediato o pedido
do companheiro. Sentiu seus músculos enrijecerem. Pareciam
possuir agora a força de um gigante. Já Dove correu
para o mythalar. Queria acabar com aquilo o quanto antes.
O arcano de Obscura lançou
mão de algumas poderosas magias. Com alguns gestos, fez o
tempo congelar na área onde os seus adversários estavam.
Assim, os aventureiros permaneceram paralisados por alguns segundos.
Tempo suficiente para que este fizesse aparecer sobre suas cabeças
três grandes esferas de magma, que desabaram do alto sobre
os heróis, causando-lhes ferimentos que matariam instantaneamente
pessoas comuns. Também atacou Dove, aproveitando-se dos últimos
segundos de paralisia que a magia conjurada lhe proporcionava. Lançou
um encanto para aprisionar a guerreira nas profundezas da terra,
mas falhou em seu intento, graças a uma proteção
contra este tipo de magia, dada a ela pela própria Deusa
da Magia, há muito tempo atrás.
Quando o tempo voltou a correr,
a batalha se configurava com Florin e Limiekli trocando golpes com
Leevoth e com Dove sacando sua espada e lutando contra o mago, que
atacava com seu cajado, nas proximidades do mythalar. Mikhail ia
unir-se a Dove, mas seus ouvidos élficos ouviram passos se
aproximando no corredor por onde haviam entrado. O clérigo
de Mystra então se afastou do combate e foi até o
portão, concentrou-se e lançou sobre ele um encanto
que criava uma intensa luz. Os vultos eram criaturas das sombras
e, salvo se possuíssem algum poder a mais, evitavam estar
próximos a grandes fontes de luz. Era por isto que sobre
a cidade, um campo místico obscurecia a luz do sol.
Dove, em um movimento de agilidade,
desviou-se de um golpe de Lamorak e tentou imobilizá-lo.
Ao lado, Limiekli se aproximava para auxiliar Dove contra o arquimago
vulto. No entanto, este, percebendo o intento, de imediato conjurou
um poderoso feitiço que transformou o ranger em pedra. Mikhail,
viu o que acontecera com o amigo e pôs-se à sua frente,
defendendo-o. Sabia que se Leevoth, que estava perto, destruísse
a estátua, talvez não houvesse salvação
para o companheiro. Porém, o Capitão da Guarda agora
concentrava seus golpes em Florin. A exemplo de sua esposa, o veterano
Cavaleiro de Myth Drannor também conseguiu prender Leevoth,
imobilizando o seu braço direito.
Contudo os dois sombrios adversários
não ficariam por muito tempo a mercê dos heróis.
Lamorak afastou-se de Dove, correu para uma distância segura,
conjurou uma magia e lançou sobre os heróis uma bola
de fogo, que lhes provocou algumas injúrias.
Repentinamente,
sentiram um tremor no solo. Era a cidade que descia algumas centenas
de metros do céu, graças à falência do
primeiro mythalar na Catedral de Shar, obra do grupo liderado por
Storm. Leevoth aproveitou a chance e a desconcentração
e também se livrou de Florin. O soldado correu para a porta
de entrada da sala. Talvez fosse para fugir, mas o intuito do vulto
não era este. Iria conseguir reforços. Florin correu
atrás para impedi-lo. Enquanto isto, Dove gritou para Mikhail
e pediu-lhe que tentasse segurar o arquimago. Queria ela fazer o
que deveria ser feito: liberar o Fogo Prateado sobre o mythalar.
O elfo jogou-se com seu escudo sobre o mago e em seguida conseguiu
imobilizá-lo. Foi quando Dove usou a maior dádiva
concedida por Mystra aos seus Escolhidos. Lançou a nuvem
prateada e o tecido invisível de magia na área onde
estava o mythalar foi rompido. A cidade novamente se abalou e desceu.
Lamorak, ainda seguro por Mikhail gritou:
"O que estão fazendo!?
Estão destruindo a cidade!". O mago soltou-se e através
de um encanto desapareceu para chamar ajuda.
Mikhail e Dove passaram a golpear
o cristal. Florin desistiu de perseguir Leevoth e correu também
em direção ao mythalar. E foi um golpe desferido pela
espada do ranger que destruiu a pedra. Em seguida, aproximaram-se
da estátua em que se transformara Limiekli e Dove abriu um
portal. Carregaram o companheiro enfeitiçado e desapareceram
da sala do mythalar e de Obscura.
A
Torre Real
Khelben,
Laeral, Galtan e Brian estavam na câmara do mythalar da Torre
Real, diante de Telamont Thanthul, ser que um dia havia sido um
humano, um mago do poderoso e esquecido tempo do império
de Netheril, conhecido como Lorde Sombra. Não havia mais
palavras a serem trocadas. Neste combate, foram os arquimagos que
agiram de imediato.
Khelben lançou um encanto,
visando reduzir as proteções místicas de que
se valia o Alto Príncipe de Obscura, mas apesar de executar
o rito corretamente, o arcano falhou. Sua esposa, que se posicionou
em outro ponto do cômodo, também tentou o seu feitiço.
Gesticulou e fez surgir oito esferas de magma flutuantes, executando
a magia que alguns arcanos eruditos usavam para pulverizar seus
inimigos. As esferas letais incandescentes caíram sobre a
cabeça do vulto. Deveriam ter explodido, causando grande
estrago, mas ao invés disto, subitamente enfraqueceram, diminuíram
e desapareceram, mostrando que o adversário seria difícil
de ser vencido. Enquanto estas coisas aconteciam, Brian e Galtan
estavam parados, observando. Que poderiam fazer, pensavam, sendo
apenas homens armados com espadas, contra o nível de poder
que aquele inimigo apresentava? Resolveram aguardar, atentos, pelo
melhor momento de ajudar.
Chegou a vez do Alto Príncipe.
Ele conjurou um sortilégio e tanto Khelben quanto Laeral
viram desaparecer a magia dos feitiços de proteção
que agiam sobre eles e até mesmo de seus objetos encantados.
Khelben então executou um novo feitiço, ativando sobre
sua volta uma redoma invisível de energia, que impedia a
penetração de determinados encantos. De repente, sentiu-se
um tremor acentuado que distraiu a todos naquele instante. Era o
primeiro mythalar, localizado na Catedral de Shar, que fora desativado
naquele momento.
Telamont recuperou-se do abalo
que a cidade sofrera, e continuou sua investida mágica: criou
uma muralha de energia que circundou o mythalar, impedindo a aproximação
dos Escolhidos de Mystra. A resposta de Laeral foi invocar um ser,
uma criatura humanóide semelhante a um gigante, de pele acinzentada
e de músculos poderosíssimos para combater o vulto.
Já Khelben lançou a magia que fazia congelar o tempo
cronal em torno do oponente e assim tentar paralisá-lo por
alguns segundos. Porém, naquele jogo de xadrez entre magos,
os lances de Telamont foram rápidos e eficientes. O arcano
fez desaparecer a criatura convocada por Laeral, enviando-a para
uma distante paragem de Faerûn e, quanto ao feitiço
de Khelben, antes que sofresse seus efeitos, transportou-se por
meio de uma porta mística invocada, para outro ponto da câmara,
longe da influência do sortilégio.
Khelben então o isolou
através da invocação de uma outra parede de
energia, semelhante a criada por Telamont em volta do mythalar.
Em seguida, o arquimago lançou uma magia rara, concedida
a ele pela Deusa da Magia: surgiu sobre sua cabeça a imagem
de um olho e dele partiu um raio prateado em direção
ao vulto, mas este ergueu o cajado que levava e absorveu a rajada
sem dificuldades. Em meio a isto, Laeral teletransportava-se para
dentro da área do mythalar, ultrapassando a barreira erguida
pelo mago vulto. Percebendo a invasão repentina da filha
de Mystra, o Alto Princípe fez aparecer dois minotauros próximos
de Khelben para tentar distraí-lo, desativou a muralha que
havia levantado em torno do mythalar e correu na direção
de Laeral, para tentar impedi-la de lançar o Fogo Prateado.
Khelben, vendo a esposa em perigo, transportou-se para frente de
Telamont e conseguiu imobilizá-lo com seus braços
e a ajuda de seu cajado. Brian e Galtan viram os minotauros e já
que agora que havia inimigos na batalha com os quais tinham chances
de lutar, partiram contra estes de espadas em punho.
Outro tremor e algumas paredes
racharam. O mythalar da Cúpula havia sido também eliminado.
Agora somente o cristal que estava diante dos aventureiros mantinha
Obscura nos céus. Laeral então aproveitou os momentos
de liberdade que lhe deram Khelben, Brian e Galtan e finalmente
conjurou o Fogo Prateado de Mystra, fazendo surgir na área
do mythalar uma nuvem de prata, que expurgou a magia, e fez a luz
azulada da pedra mística apagar-se. Desta vez, as coisas
teriam que ser rápidas. Obscura caia em queda livre, milhares
de metros de altura, e somente teriam alguns segundos até
a destruição completa. O cristal deveria ser destruído
e a fuga veloz. Laeral gritou para que Brian e Galtan fugissem dos
minotauros e corressem para golpear o mythalar. Ela própria
invocou uma criatura elemental, um grande humanóide feito
de terra, que também partiu para destruir a pedra. Enquanto
tudo isto se desenrolava em instantes, Khelben se esforçava
para segurar Telamont.
Depois de alguns golpes, foi
Galtan quem deu o derradeiro ataque que espatifou o mythalar. Outro
vulto chegou naquele momento. Era Aglarel, um dos príncipes
de Obscura. Cheio de ódio, preparava uma magia destrutiva.
Laeral então abriu um portal mágico e pediu para que
Brian e Galtan entrassem, e eles então obedeceram. A Senhora
da Magia de Águas Profundas ainda olhou para o seu marido
pouco antes de partir. Confiava em sua habilidade de escapar da
situação, mas mesmo assim era triste ter que abandoná-lo
naquele momento. Assim entrou pelo portal, desejando que Mystra
o salvasse da morte.
Na câmara, a magia conjurada
por Aglarel fez o local onde estavam Laeral, Galtan e Brian explodir
em chamas, mas eles não estavam mais em Obscura.
"A cidade está caindo!
Acredito que a batalha terminou.", disse Khelben, soltando
Telamont.
Os vultos nada responderam.
Ignoraram o inimigo, e passaram conjurar um encanto para reduzir
a velocidade de queda de Obscura e salvar sua preciosa cidade da
destruição total. Khelben passou a fazer o mesmo.
Não era seu desejo que a cidade e seus habitantes fossem
eliminados. Queria o arquimago somente promover o equilíbrio
de forças, retirando o Enclave das Sombras da situação
de vantagem que sua posição oferecia. Os vultos olhavam
com ódio para o homem. Era humilhante receber a ajuda daquele
que orquestrou a destruição dos mythalares, mas não
havia escolha senão aceitar o auxílio. A única
batalha que perdurava na câmara foi a travada entre o elemental
convocado por Laeral e os minotauros que havia sido conjurados minutos
antes.
Obscura, graças aos encantos
dos vultos e de Khelben, começou a frear sua queda, até
a rocha onde seus alicerces se fundavam repousar no solo do grande
deserto de Anauroch, nos Cumes da Cimitarra. A cidade estava salva,
mas não mais se deslocaria pelos céus. O último
enclave flutuante de Netheril finalmente encontrou o repouso no
solo de Faerûn.
Logo após a cidade se
estabilizar, todos cessaram seus rituais e Khelben disse suas últimas
frases antes partir.
"Telamont... não
existem mais magos como os de Netheril, mas existem em Faerûn
grandes defensores da Justiça. E nós sempre estaremos
prontos para pessoas como você!"
O mago girou seu bastão
negro e desapareceu.
De
Volta à Evereska
Os
encantamentos de teletransporte levaram os heróis às
portas de Evereska, próximo ao acampamento de tendas dos
homens de Águas Profundas. Quando Khelben, por fim, surgiu
e reuniu-se ao grupo houve comemorações. A missão
estava cumprida. A única baixa havia sido Limiekli, transformado
em estátua pelas artes sombrias de Lamorak. Khelben , porém,
era um dos maiores magos dos Reinos e estava em seu alcance reverter
o encanto. Assim, gesticulou o arquimago e Limiekli voltou ao que
era antes.
"O
que aconteceu? Onde estamos?", olhou o ranger e viu seus amigos.
"Já sei! Morremos e estamos no além!"
"Não,
Limiekli", disse Sirius sorrindo do amigo. "A não
ser que no além vida tenha algo como aquilo", apontou
para as torres de Evereska, que despontavam além das altas
muralhas brancas!
"Ah!
Não, Evereska!", exclamou Limiekli, para o qual a cidade
élfica somente significava problemas, levando a mão
à cabeça.
Obscura
jazia ao solo, mas ainda existiam assuntos para aquela Comitiva,
mas naquele final de tarde, somente descansariam e recuperariam
suas forças para o próximo desafio.
Esta
história é uma descrição em teor literário
dos resumos de aventuras jogadas pelo grupo Comitiva da Fé
em Salvador sob o sistema de RPG Advanced Dungeons & Dragons.
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